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Episteme - Filosofia e História das Ciências em Revista vol. 2, n. 4, 1997 PDF

143 Pages·1997·2.1 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE ESTUDOS AVAN˙ADOS GRUPOINTERDISCIPLINAREMFILOSOFIAEHIST(cid:211)RIADASCI˚NCIAS EPISTEME FILOSOFIAEHIST(cid:211)RIADASCI˚NCIASEMREVISTA Episteme, Porto Alegre, v. 2, n. 4, 1997 Episteme/GrupoInterdisciplinaremFilosofiaeHist(cid:243)ria dasCiŒncias.Vol.2,n.4(1997). PortoAlegre:ILEA/UFRGS,1996- ISSN1413-5736 1.Filosofia.2.Epistemologia.3.Hist(cid:243)riadaCiŒncia. 4.FilosofiadaCiŒncia.5.SociologiadaCiŒncia. Cataloga(cid:231)ªonapublica(cid:231)ªo:BibliotecaSetorialdeCiŒncias SociaiseHumanidades. BibliotecÆria:MariaLizeteGomesMendes-CRB10/950 SUM`RIO Editorial...................................................................................05 Entrevista: Conversando com Ubiratan D(cid:146)Ambr(cid:243)sio...............09 Attico Chassot e Gelsa Knijnik Thimoty Lenoir: o pensador da TecnociŒncia .........................27 Jorge Barcellos Registrando a ciŒncia: os textos cient(cid:237)ficos e as materialidades da comunica(cid:231)ªo......................................................................33 Thimoty Lenoir A ciŒncia produzindo a natureza: o museu de hist(cid:243)ria naturalizada ............................................................................55 Thimoty Lenoir A virtualidade na ciŒncia: o caso das cirurgias virtuais ..........73 Thimoty Lenoir Quando os cientistas fazem hist(cid:243)ria.....................................103 Thimoty Lenoir A disciplina da natureza e a natureza das disciplinas: a ciŒncia como produ(cid:231)ªo cultural - relatos de um encontro com Timothy Lenoir ....................................................................................117 Marise Basso Amaral Racionalidade: Uma discussªo lateral com Timothy Lenoir .127 Anna Carolina K. P. Regner e Halina Macedo Leal Resenha - Fazendo a arqueologia de um laborat(cid:243)rio de Qu(cid:237)mica.................................................................................135 Attico Chassot Episteme,PortoAlegre,v.2,n.4,1-138,1997 3 EDITORIAL Episteme (cid:151) uma revista brasileira de Filosofia e Hist(cid:243)ria das CiŒn- cias (cid:151) estÆ no seu quarto nœmero, conseguindo, depois de uma partida que foi Ærdua, manter a periodicidade proposta. Os leitores e as leitoras sabemqueissonªoØmuitofÆcil(enemusual)nasrevistascient(cid:237)ficasde um pa(cid:237)s onde a Educa(cid:231)ªo e a CiŒncia, usualmente, merecem muito des- taque por ocasiªo das campanhas eleitorais para ap(cid:243)s estas nªo serem valorizadas e apoiadas pelos governos. O Grupo Interdisciplinar em Filosofia e Hist(cid:243)ria das CiŒncias do InstitutoLatino-AmericanodeEstudosAvan(cid:231)adosdaUFRGS,porterseu locus em uma Universidade pœblica nªo estÆ imune ao que o governo federal estÆ fazendo, particularmente com as universidades pœblicas. (cid:201) dif(cid:237)cil crer e aceitar as inten(cid:231)ıes de um governo que busca qualificar o ensino com a realiza(cid:231)ªo de provıes de discut(cid:237)vel eficiŒncia naquilo que dizemavaliar.AcenarcomumanovaLeideDiretrizeseBasesdaEduca- (cid:231)ªo que em nada propicia avan(cid:231)os Ø retroceder. Sonhamos que com a publica(cid:231)ªodeEpistemepossamosajudaracontribuirparaadesestabiliza- (cid:231)ªo de nossa marginal Repœblica da Ignor(cid:226)ncia, inserida nesta AmØrica Latina tªo sofrida. Sabemos que vivemos num pa(cid:237)s muito diferente da- quele que se desenha nas festejadas propagandas do Real, onde nos Ø mostrado um mundo que chega parecer fic(cid:231)ªo. (cid:201) doloroso ver o Presi- dentedaRepœblicaaceitarapresen(cid:231)adosinempregÆveis,quesªoexclu(cid:237)- dos da produ(cid:231)ªo e da frui(cid:231)ªo das riquezas, logo, apÆtridas. Vemos tambØm na publica(cid:231)ªo desta revista uma outra dimensªo, quando se come(cid:231)a questionar a existŒncia de revistas em suporte papel. Queremos ser tambØm uma resposta (cid:224)queles que jÆ prognosticam mara- vilhosos tempos onde a informa(cid:231)ªo cient(cid:237)fica estarÆ toda (cid:224) disposi(cid:231)ªo pelaInternet.AquiØprecisoalertarparaduassitua(cid:231)ıesparadoxais:uma, a significativa exclusªo social que se faz aos numerosos desplugados, os (cid:147)sem-Internet(cid:148); e, outra, a indigŒncia informativa gerada pela opulŒncia da informa(cid:231)ªo, que ocorre pelo fato de o computador despejar em nos- sas telas muito mais informa(cid:231)ıes do que as que se solicitara. Uma e outra destas duas realidades conspiram a disponibilidade da informa(cid:231)ªo posta a servi(cid:231)o da constru(cid:231)ªo da cidadania, e nos obrigam a discutir novas formas de fazer forma(cid:231)ªo com a informa(cid:231)ªo. Parece que neste limiar do SØculo 21, quando publicamos um nœ- mero de Episteme que tem em seu tema central o questionamento (cid:224) modernidade,aindaprecisamosrepetiro(cid:147)Sapereaude!(cid:148)(cid:146)kantianonuma Episteme,PortoAlegre,v.2,n.4,5-8,1997 5 luta igual contra as (cid:148)trevas(cid:147) da ignor(cid:226)ncia, da supersti(cid:231)ªo e da informa- (cid:231)ªo apenas pela informa(cid:231)ªo. Assistimos, num quase paradoxo, se com- pararmosesteocasobimilenarcomoSØculodasLuzes;agora,seexerce umoutrodespotismocomaindisponibilidadedoconhecimento(cid:224)maio- ria das mulheres e dos homens. Esta Episteme, pretensiosamente, quer ajudar a possibilitar o acesso a uma informa(cid:231)ªo que busque contribuir por uma melhor forma(cid:231)ªo. Estaedi(cid:231)ªoseinicia,comojÆØusualemnossarevista,comoCon- versando com... Neste nœmero, temos uma entrevista que sabemos ser muito especial. O entrevistado Ø alguØm que desde quando come(cid:231)Æva- mos a sonhar com a realiza(cid:231)ªo de Episteme, foi um de seus melhores catalisadores e integra nosso Conselho Editorial. Assim, convidamos a leitoraeoleitor,parajuntocomGelsaKnijnikecomigoconversarcomo Professor Ubiratan D(cid:146)Ambr(cid:243)sio, um dos (cid:237)cones da CiŒncia brasileira e umdosnomesmaisrepresentativosdestaCiŒncianoexterior.Estaentre- vista, com caracter(cid:237)sticas p(cid:243)s-modernas em sua realiza(cid:231)ªo, nªo perde as marcas da afetividade e da emo(cid:231)ªo que o Ubiratan bonitamente vai tecendo ao olhar sua trajet(cid:243)ria intelectual e construir suas reflexıes so- bre as dimensıes Øticas e pol(cid:237)ticas da CiŒncia nos dias de hoje. Como aqueles e aquelas que acompanharem a abertura deste nœmero poderªo constatar, Ubiratan continua sendo um homem incomum, sempre com idØiaspolŒmicas. O Grupo Interdisciplinar em Filosofia e Hist(cid:243)ria das CiŒncias (GIFHC) teve neste mŒs de junho de 1997 um privilØgio. Privamos por quase uma semana com o Prof. Dr. Timothy Lenoir, da Universidade de Stanford(Calif(cid:243)rnia,USA),umdosreferenciaismaisinovadoresnopano- rama da Filosofia e da Hist(cid:243)ria da CiŒncia, que os leitores e leitoras de EpistemejÆconheceramnonœmero2nainstiganteentrevistacomAnna Carolina Krebs Pereira Regner. A decisªo de priorizar este tema decorreu de sugestªo dos partici- pantesqueestiverampresentes,durantetrŒsnoites,nocursoTecnoCiŒn- cia(cid:151)OconceitodeCiŒncianosnovosespa(cid:231)ostecnol(cid:243)gicos,noaudit(cid:243)- rioJosØBaldi,noHospitaldeCl(cid:237)nicasdePortoAlegre,etambØmdaque- les que compareceram aos dois workshops matinais, que ocorreram no SalªodeAtosdaUFRGS.Porestarazªo,oProfessorLenoiresuasdiscus- sıes estªo como tema principal desse nœmero. Esta parte abre com um texto de Jorge Barcellos que faz um relato da estada do Professor Lenoir emPortoAlegre,apresentaelementosdesuatrajet(cid:243)riaacadŒmicaeana- lisaosignificadodesuaprodu(cid:231)ªointelectual.Temos,emseguida,a(cid:237)nte- gra das trŒs palestras do curso: Registrando a ciŒncia: os textos cient(cid:237)fi- 6 Episteme,PortoAlegre,v.2,n.4,5-8,1997 coseasmaterialidadesdacomunica(cid:231)ªo,ondeoautorexploraosproces- sos de inscri(cid:231)ªo que conferem sentido (cid:224) ciŒncia, discutindo tendŒncias recentes dos Sciences Studies e das teorias semi(cid:243)ticas e sem(cid:226)nticas desconstrutivistas,AciŒnciaproduzindoaNatureza:omuseudehist(cid:243)ria naturalizada, onde o autor enfatiza a constru(cid:231)ªo social e filos(cid:243)fica da pr(cid:243)pria visªo de Natureza como objeto de investiga(cid:231)ªo, os museus de- sempenhando uma fun(cid:231)ªo pedag(cid:243)gica mediadora apresentada como (cid:147)reveladora(cid:148)danatureza,eAvirtualidadenaciŒncia:ocasodascirurgi- asvirtuais,ondeLenoirseocupadetidamentedasprofundastransforma- (cid:231)ıes operadas pela revolu(cid:231)ªo tecnol(cid:243)gica nos meios de visualiza(cid:231)ªo e comunica(cid:231)ªononossomododeconcebereo(cid:147)real(cid:148),a(cid:147)teoria(cid:148),o(cid:147)expe- rimento(cid:148), o (cid:147)autor(cid:148), o (cid:147)corpo(cid:148), a (cid:147)subjetividade(cid:148), o (cid:147)discurso(cid:148) e neles e comelesinteragir.AestastrŒspalestrassegue-seumtextoinØdito(cid:147)Quan- do os cientistas fazem Hist(cid:243)ria(cid:148). Estes quatro textos tem uma esmerada tradu(cid:231)ªo, realizada por Aldo Melender de Araœjo, Alfredo Veiga-Neto, AnnaCarolinaKrebsPereiraRegner,DaisyLaradeOliveira,membrosdo GIFHC.Segue-seumaleituraqueMariseBassoAmaralfazsobreumdos workshops. Encerramos esta parte com uma instigante conversa lateral que Anna Carolina Krebs Pereira Regner e Halina Macedo Leal tiveram com nosso convidado. Acreditamos que, para aqueles e aquelas que tiveram o privilØgio deouviroProfessorLenoir,aleituradestestextosofereceumaoportuni- dade de retomar aqueles fØrteis momentos de enriquecimento intelectu- al. Aos seus demais leitores e leitoras, Episteme enseja uma oportunida- de de uma inØdita colet(cid:226)nea de textos. Ainda, na tentativa de socializar um livro que recebemos, neste nœmeropode-selerumaresenhadeDemonstraroumanipular?OLabo- rat(cid:243)riodeQu(cid:237)micaMineraldaEscolaPolitØcnicadeLisboa(1884-1894) produ(cid:231)ªodoCentroInterdisciplinardeCiŒncia,TecnologiaeSociedade daUniversidadedeLisboa(CICTSUL),coordenado,pelaprofessoraDra. Anna Luiza Janeira que, em julho de 1995 esteve entre n(cid:243)s. Neste livro, oCICTSUL(cid:151)umgrupomuitosemelhanteaonossoemseusobjetivos(cid:151) faz uma arqueologia de um laborat(cid:243)rio de Qu(cid:237)mica. O livro aqui rese- nhadonªosedestacaapenasporsuariquezaiconogrÆfica,masoportuniza o conhecimento dos meandros e das rela(cid:231)ıes de poder, produzidas em um Laborat(cid:243)rio de Qu(cid:237)mica hÆ cem anos. Assim Ø o quarto nœmero de Episteme. Uma vez, mais renovamos o pedido de ajuda para sua divulga(cid:231)ªo, e ampliarmos, assim, a comunidade dos envolvidos na Filosofia e na Hist(cid:243)ria da CiŒncia: isso Ø decisivo para a continuidadedestarevistanocontextodaspublica(cid:231)ıescient(cid:237)ficas. Episteme,PortoAlegre,v.2,n.4,5-8,1997 7 Chamamos ainda a aten(cid:231)ªo de todos que desejam submeter (cid:224) aprecia(cid:231)ªosuasprodu(cid:231)ıesparaospr(cid:243)ximosnœmeros(cid:151)eaquiØpreciso dizer o quanto n(cid:243)s as aguardamos (cid:151) que as normas gerais de publica- (cid:231)ıes de trabalhos da revista estªo na terceira capa. Estamos dispon(cid:237)veis para informa(cid:231)ıes adicionais nos diferentes endere(cid:231)os que estªo no ex- pediente, acrescentando que em nosso endere(cid:231)o na rede www estªo (cid:224) disposi(cid:231)ªo os resumos deste e dos nœmeros anteriores, bem como ou- tras informa(cid:231)ıes sobre o Grupo Interdisciplinar em Filosofia e Hist(cid:243)ria das CiŒncias do Instituto Latino-Americano de Estudos Avan(cid:231)ados da UFRGS. (cid:201)bomterumavezmaisoprest(cid:237)giodecadaumedecadaumados que sªo nossos parceiros na leitura de mais um nœmero que termina de ser gestado. Sempre imaginamos (cid:151) e aqui vivifico o significado desse verbo (cid:151) cada uma e cada um dos que dialogarªo conosco numa das mais fantÆsticas realiza(cid:231)ıes concebidas pela mente humana: bin(cid:244)mio fecundo escrita-leitura. Este diÆlogo serÆ mais pleno na medida em que recebermos os comentÆrios daqueles que fazem a segunda parte do bin(cid:244)mio.Terminamosaquiaetapadoescrever.Aleituratornar-se-Æmais fØrtil nos comentÆrios (cid:224)s interroga(cid:231)ıes que estªo nesse nœmero de Episteme. AtticoChassot,co-editor 8 Episteme,PortoAlegre,v.2,n.4,5-8,1997

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