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Edmund Husserl Contra o Psicologismo: Preleções Informais em torno de uma leitura da Introdução às Investigações Lógicas PDF

720 Pages·1996·2.069 MB·Portuguese
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OlavodeCarvalho Edmund Husserl Contra o Psicologismo Prelec¸o˜es Informais em torno de uma leitura da Introduc¸a˜o a`s Investigac¸o˜es Lo´gicas RiodeJaneiro IAL 1996 i Atenc¸a˜o: Este material na˜o foi revisado por Olavo de Carvalho. Na˜obastacreremDeus;e´precisoacreditartambe´mnodiabo. Emnossotempo,odiabosubstituialo´gicaporumafalsapsicologia. FrithjofSchuon ii Suma´rio 1 Prelec¸a˜oI 3 1.1 Aorigemdalo´gica . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2 As condic¸o˜es essenciais do conhecimento ci- ent´ıfico,ou: aide´iapuradecieˆncia . . . . . . . . . 8 1.3 Condic¸o˜esexistenciaisparaaide´iadecieˆnciapura 19 1.4 Evoluc¸a˜oetransformac¸o˜esdaide´iadecieˆncia . . . 32 1.5 Evoluc¸a˜odaIde´iadeCieˆncia . . . . . . . . . . . . 45 1.6 CaracteresgeraisdaobradeEdmundHusserl . . . 53 2 Prelec¸a˜oII 66 3 Prelec¸a˜oIII 80 4 Prelec¸a˜oIV 106 4.1 Espinhadorsaldahisto´riadafilosofia . . . . . . . 106 5 Prelec¸a˜oV 130 6 Prelec¸a˜oVI 146 6.1 4. Aimperfeic¸a˜oteore´ticadascieˆnciasparticulares 149 6.2 5. Complementac¸a˜o teore´tica das cieˆncias parti- cularespelametaf´ısicaepelateoriadacieˆncia . . . 164 iii Suma´rio 7 Prelec¸a˜oVII 174 7.1 6.Possibilidadeejustificac¸a˜odeumalo´gicacomo teoriadacieˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176 8 Prelec¸a˜oVIII 207 9 Prelec¸a˜oIX 220 10 Prelec¸a˜oX 239 11 Prelec¸a˜oXI 267 12 Prelec¸a˜oXII 273 13 Prelec¸a˜oXIII 294 14 Prelec¸a˜oXIV 326 15 Prelec¸a˜oXV 354 16 Prelec¸a˜oXVI 375 17 Prelec¸a˜oXVII 401 18 Prelec¸a˜oXVIII 420 19 Prelec¸a˜oXIX 448 20 Prelec¸a˜oXX 473 21 Prelec¸a˜oXXI 510 22 Prelec¸a˜oXXII 561 iv Suma´rio 23 Prelec¸a˜oXXIII 584 24 Prelec¸a˜oXXIV 622 25 Prelec¸a˜oXXV 635 26 Prelec¸a˜oXXVI 660 27 Prelec¸a˜oXXVII 676 28 Prelec¸a˜oXXVIII 702 v Introduc¸a˜o EdmundHusserlrepresenta,paramim,oproto´tipodahonestidade intelectual, do rigor fundado na sinceridade de propo´sitos. Perto dele, quase todos os outros filo´sofos do se´culo XX parecem um pouco artificiais. Ele surpreende pela absoluta auseˆncia de pose, pela total boa-fe´, pelo empenho total naquilo que esta´ fazendo e pela completa auseˆncia de motivos secunda´rios de ordem social, litera´ria,pol´ıtica,etc. Esta leitura informal que sera´ feita de algumas pa´ginas de suasInvestigac¸o˜esLo´gicasmostrara´opoderdoesp´ıritofiloso´fico. Na˜o ha´ melhor porta de ingresso ao mundo da filosofia; o u´nico obsta´culoe´ quesetratadeumtextodenso, pesado, queafugenta oprincipianteporsuaapareˆnciatem´ıvel—algocomooretratode Husserlquelhesmostrei,umpardeolhosperfurantesqueparecem julgarcomseveridadeorece´m-chegado,lendonasuaalmaoteor das suas intenc¸o˜es. Ele e´ como um guardia˜o na porta do templo dafilosofia,prontoaafastarointruso,ofarsante,obeletrista. O que mais nos surpreende na biografia de Husserl e´ que no per´ıodo de 1933 a 1938, com a Alemanha ja´ sob o dom´ınio na- zista,ele,queerajudeu,continuasseimperturbavelmenteoseutra- balhofiloso´fico,produzindonessesanosalgunsdeseustrabalhos mais importantes, sem emitir jamais uma queixa, uma lamu´ria, inteiramente dedicado a` u´nica coisa necessa´ria o amor a` sabedo- ria. Muitosalema˜esnota´veis,judeusouna˜o,seespalharamenta˜o 1 Suma´rio pelomundo,representandonoExteriorasobreviveˆnciadoesp´ırito alema˜oaviltadonointeriorpelatirania. Muitosobtiveramemou- trospa´ısesaglo´riamerecida: ThomasMann,Einstein,EricWeil, EricVoegelineoutros. MasHusserl,quepermaneceuesofreuca- lado,foiomaiordetodos. SeDeusna˜odestruiuaAlemanhapor considerarquela´dentrohaviacincojustos,Husserleracertamente umdeles. Quando me pergunto como os nervos desse homem na˜o ce- deram ante o pavor reinante, so´ encontro uma resposta: ele era talvez o u´nico, em todo o mundo, que compreendia realmente o que estava acontecendo. Ele sabia que o horror do se´culo XX tinha ra´ızes profundas, de ordem espiritual e intelectual, que es- capavam a` maioria dos observadores. Essas ra´ızes fincavam-se nosolodacriseintelectualinauguradaapartirdoRenascimento, quando as cieˆncias foram perdendo sua inspirac¸a˜o origina´ria de saber apod´ıctico, para se contentarem cada vez mais com ar- tif´ıcios te´cnicos e o deslumbramento de resultados pra´ticos sem fundamentac¸a˜o intelectual suficiente. Husserl via nesse processo uma traic¸a˜o a` busca da sabedoria, e certamente entendia os ma- les do presente como o efeito inevita´vel de uma longa demissa˜o dainteligeˆnciaanteoreinodestemundo. Enquantooutrosbrada- vamcontraopresentea`svezesiludindo-senaesperanc¸adepoder combater o mal com o mal , ele, dando o presente por perdido, sondava, no passado filoso´fico e cient´ıfico, o mal que corroia as ra´ızes da racionalidade humana, para lanc¸ar as sementes de um futuromelhor. Nestasleituras,tentar-se-a´ recolherumapartedoseulegado. 2 1 Prelec¸a˜o I RiodeJaneiro,18denovembrode1992 1.1 A origem da lo´gica OsQuatroDiscursosesta˜o,dentrodeumprocessohisto´rico,numa constante interac¸a˜o. E´ como se os temas da preocupac¸a˜o hu- mana,emborapermanecendoosmesmos,passassempordistintos n´ıveis de elaborac¸a˜o, de forma que podemos comparar os Qua- tro Discursos a uma a´rvore da qual o Discurso Poe´tico constitui araiz, umaraizquemergulhanomundodarealidademesma, no mundodoscincosentidos,nomundodaexperieˆnciamaisdireta,e dessaexperieˆncia,dessefundo,sedestacamdiferentesorientac¸o˜es humanas, que entram em luta atrave´s do Discurso Reto´rico. A imaginac¸a˜o mostra va´rios objetos, que se tornam objetos de de- sejo. Da´ısurgeamultiplicidadedosdesejos,eosdesejosentram em luta atrave´s do Discurso Reto´rico — o discurso persuasivo. Cada desejo tenta se sobrepor aos outros, expressando sua pre- tensa˜oatrave´sdodiscursoreto´rico. Deva´riosdiscursosreto´ricos, nenhume´maisprobantequeooutro,emboraunspossamsermais persuasivos. Persuasividade,nosentidoemqueseusaotermona TeoriadosQuatroDiscursos,e´opoderdeobteraconcordaˆnciade umdeterminadoouvinte,oudeumdeterminadonu´merodeouvin- tes. Serprobantee´ tercondic¸o˜esdeprovar,na˜oparaumaplate´ia 3 1 Prelec¸a˜oI emparticular,mas,emprinc´ıpio,paratodaequalquerplate´iaca- pazdopensamentoracional. E´ omesmoquecogente,ouforc¸oso. Quandoexaminadosporumainteligeˆnciamaisneutra,nenhum dosdiscursosreto´ricose´maisconvincentequeooutroenenhume´ totalmentecogente,ouprobante. Da´ıosdiscursosreto´ricospode- remseperfilarunsaoladodosoutroscomoconcorrenteseternos. Existemprefereˆncias,e´ verdade,mase´ absolutamenteimposs´ıvel provarporA+B queume´ maisverdadeiroqueooutro. Mesmo porqueasbasescomasquaissedemonstrariaasuperioridadede um discurso na˜o servem para o outro discurso. Eles partem de premissasdiferentes—eadecisa˜oracionale´ imposs´ıvel. Assim, acompetic¸a˜odosdiscursosreto´ricose´ intermina´vel,noplanoem quesecoloca. Pore´m, os va´rios discursos reto´ricos confrontados — de um ponto-de-vista neutro — revelam determinados pontos comuns. Revelam certas premissas que esta˜o por baixo, e que podem ser comunsatodoseles.Pode-semesmo,comumpoucodepacieˆncia, descobrirque ospressupostos diferentesde quepartemse assen- tam,porsuavez,empremissascomuns,diversamenteenfocadas. E´ combasenessaspremissasqueelespodera˜oser,sena˜ojulgados, aomenoscombinadosdedeterminadamaneira,queenta˜opermi- tira´ encontrar uma verdade para ale´m do confronto de opinio˜es. E essa verdade se encontra no momento em que, confrontando va´riosdiscursosdeopinia˜o,va´riasprefereˆncias,percebe-sequea discussa˜otodaesta´baseada—demaneiraquasesempreimpl´ıcita e ate´ subconsciente — num certo nu´mero de princ´ıpios, que por serem auto-evidentes, podem servir de crite´rio para a avaliac¸a˜o e correc¸a˜o mu´tua dos va´rios discursos. Confrontar discursos reto´ricos, reduzi-los a um denominador comum, encontrar um princ´ıpiodebasenoqualelespossamserjulgados,essae´afunc¸a˜o doDiscursoDiale´tico. Uma vez, pore´m, encontrados esses princ´ıpios, verificamos 4 1 Prelec¸a˜oI que eles dizem respeito a aspectos muito gerais, muito univer- sais da realidade. Mas na˜o estamos querendo conhecer somente princ´ıpiosgerais,estamosquerendoumconhecimentoefetivoso- bre determinadas particularidades, a fim de estender nosso co- nhecimentodorealefetivo(na˜odemerasgeneralidadeslo´gicas), e nesse sentido e´ que tiramos consequ¨eˆncias mais particulariza- das dos princ´ıpios colocados, estabelecendo assim crite´rios para queosprinc´ıpiospossamsetransformaremmeiosdejulgamento das va´rias opinio˜es, de uma maneira apod´ıctica, infal´ıvel, indes- trut´ıvel. Eissoe´ exatamenteoquesechamaoDiscursoLo´gico. Essa progressa˜o dos Quatro Discursos corresponde a um mo- vimento histo´rico. Todos os temas da discussa˜o humana proveˆm da imaginac¸a˜o poe´tica, da imaginac¸a˜o m´ıtica, simbo´lica. Desse caldodeimagensedes´ımbolose´ queseformamasvontadeshu- manasopostaseemluta—da´ısurgindoadiscussa˜o.Dadiscussa˜o surge,aolongodotempo,umprinc´ıpiodearbitragemquesetorna, por sua vez, a base de demonstrac¸o˜es cient´ıficas. Esse processo mostra tambe´m um estreitamento do leque dos temas; daqueles sugeridos pela imaginac¸a˜o poe´tica somente algumas linhas sera˜o desenvolvidas ate´ chegar-se a um conhecimento cient´ıfico do as- sunto. Oconhecimentocient´ıfico, porsuavez, forneceumabase so´lidaparaaac¸a˜ohumana,queretroagesobreomundoexistente, real, e o transforma mediante a te´cnica. A te´cnica, inspirada na cieˆncia,mudaafacedomundoemudaaexperieˆnciahumana;da´ı surgemnovostemasenovasformasimaginativaseassimociclo prossegueindefinidamente. E´ importantena˜oatribuiraessecicloumadurac¸a˜odefinida. O mesmocicloe´percorridodentrodeumaculturava´riasvezesecom velocidadesdiferentes. Omesmoocorrenomicrocosmodamente deumindiv´ıduo. Podemostomarcomoexemploosurgimentode umaide´iacient´ıficaqualquer: e´ evidentequeaside´iascient´ıficas surgemnoplanodaimaginac¸a˜o,comomerashipo´tesesposs´ıveis, 5

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