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Ecos de espelhos-movimento Hip Hop do ABC Paulista: sociabilidade, intervenções ... PDF

328 Pages·2008·2.13 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES ECOS DE ESPELHOS Movimento Hip Hop do ABC Paulista: sociabilidade, intervenções, identificações e mediações sociais, culturais, raciais, comunicacionais e políticas PABLO NABARRETE BASTOS Dissertação apresentada ao programa de Pós- Graduação em Ciências da Comunicação, área de concentração Interfaces Sociais da Comunicação, linha de pesquisa Comunicação e Cultura, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências da Comunicação. Orientadora: PROFESSORA DOUTORA SOLANGE MARTINS COUCEIRO DE LIMA São Paulo 2008 São Paulo 2008 Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Departamento de Comunicações e Artes Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação ECOS DE ESPELHOS Movimento Hip Hop do ABC Paulista: sociabilidade, intervenções, identificações e mediações sociais, culturais, raciais, comunicacionais e políticas PABLO NABARRETE BASTOS Banca Examinadora: ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ Sumário Agradecimentos......................................................................................................3 Resumo....................................................................................................................5 Abstract...................................................................................................................6 Ponto de partida.....................................................................................................7 1. Hip Hop: uma opção teórica e política O norte gramsciano..................................................................................................22 Aproximação e engajamento....................................................................................30 Hip Hop: cultura popular urbana e periférica...........................................................36 2. Hip Hop: movimento social negro e juvenil Para iniciar................................................................................................................49 A juventude do Hip Hop...........................................................................................50 Conceitos de movimento social e juvenil.................................................................56 Breve histórico do movimento negro brasileiro.......................................................65 3. O surgimento Hip Hop nos Estados Unidos....................................................................................81 Universal Zulu Nation...............................................................................................91 4. A “tradução” brasileira Uma síntese histórica.................................................................................................99 Três trajetórias: Nelson Triunfo, King Zulu Nino Brown e MC Levy....................107 5. O Movimento Hip Hop do ABC Paulista Breve histórico do ABC Paulista..............................................................................131 A história: as narrativas............................................................................................138 São Bernardo do Campo: Hip Hop e Posse Hausa...................................................143 Santo André: Hip Hop e Negroatividades................................................................154 São Caetano do Sul: o Hip Hop................................................................................165 Diadema: Hip Hop, Casa do Hip Hop e Zulu Nation Brasil.....................................168 Mauá: o Hip Hop e as tentativas de organização......................................................186 Ribeirão Pires: Hip Hop e Negroatividades..............................................................197 Rio Grande da Serra: Hip Hop e Negroatividades....................................................213 1 6. As Posses do ABC Paulista Posse Hausa............................................................................................................229 Da Negroatividades à Nação Hip Hop Brasil.........................................................252 Zulu Nation Brasil..................................................................................................293 Ponto de chegada ou uma nova partida?............................................................314 Bibliografia.............................................................................................................321 2 Agradecimentos Chego ao final desta trajetória de quase cinco anos de trabalho. Cinco anos porque apesar de ter ingressado no Mestrado em Ciências da Comunicação no início de 2005, eu havia iniciado a pesquisa com o Movimento Hip Hop do ABC Paulista em meados de 2003. Durante dois anos, fiquei estudando e fazendo apenas alguns eventuais trabalhos como fotógrafo, e não poderia deixar de iniciar estes agradecimentos com quem possibilitou a tranqüilidade para eu escolher e me dedicar a este projeto de vida.: minha mãe, Sonia Regina Nabarrete, meu pai, Luiz Carlos Baraldi Bastos, e minha irmã, Marina Nabarrete Bastos, que também acompanhou e foi importante companheira. Ao meu tio, Ricardo Nabarrete, que por vezes interrompeu suas atividades para imprimir meus trabalhos. Aos meus queridos amigos, parceiros de sempre. E para finalizar o núcleo íntimo, agradeço ao meu grande amor e grande parceira, Denise. Quando optei pela vida acadêmica, a primeira pessoa com quem conversei e mostrei os meus primeiros rascunhos, recortes de jornal e questionamentos foi Celso Frederico, a quem agradeço pelas primeiras orientações. Foi ele quem me indicou Luiz Roberto Alves, que me convidou a trabalhar como voluntário na Cátedra Prefeito Celso Daniel de Gestão de Cidades, onde tive contato com pessoas e idéias, que possibilitaram o amadurecimento do meu então projeto de pesquisa. Foi Luiz Roberto Alves quem propôs que eu pensasse em políticas públicas para o Hip Hop. É uma referência intelectual e política nesta Dissertação de Mestrado. Foi ele também quem indicou minha orientadora, Solange Martins Couceiro de Lima, por quem tenho grande admiração, carinho e gratidão, por também ter escolhido trabalhar comigo, pelas sempre ricas contribuições e por ter se tornado grande parceira durante esta trajetória. À Maria Immacolata Vassallo de Lopes e Rosângela Malachias, pelas argüições que fizeram no Exame de Qualificação e que proporcionaram maior solidez metodológica para o encaminhamento desta pesquisa. Às funcionárias e funcionários da Secretaria de Pós-Graduação da ECA, do Departamento de Comunicações e Artes e do Multi Ofício, que sempre foram muito atenciosos. À Daniela Jakubaszko, pela revisão dos textos. Ao Joel Ghivelder, pela parceria ao traduzir o resumo para o inglês. Às lideranças do Movimento Hip Hop das sete cidades do ABC Paulista, que me concederam tempo, atenção, informações, contatos, e com quem muito aprendi e amadureci como intelectual e ser humano. São os sujeitos desta pesquisa e podem se sentir co-autores 3 deste trabalho, sobretudo os que compartilharam comigo suas histórias de vida: King Zulu Nino Brown, o primeiro entrevistado, ainda em 2004, membro fundador da Posse Hausa, primeiro integrante da Universal Zulu Nation no País e coordenador-geral da Zulu Nation Brasil; Nelson Triunfo, considerado o precursor do Hip Hop no Brasil; Honerê, coordenador- geral da Posse Hausa; Marcelo Buraco, membro fundador da Posse Negroatividades e membro fundador e coordenador nacional de organização da Nação Hip Hop Brasil; MC Levy, vice-coordenador da Zulu Nation Brasil; Beto Louco, DJ de Mauá e integrante da Nação Hip Hop Brasil; Beto Teoria, MC de Ribeirão Pires e dirigente estadual da Nação Hip Hop Brasil; e Bete, integrante da Nação Hip Hop Brasil e principal liderança de Rio Grande da Serra. Agradeço também: Fábio Féter, MC do grupo Sistema Racional, importante liderança de Santo André e membro da Nação Hip Hop Brasil; Tota, um dos maiores nomes do graffiti, membro da Zulu Nation Brasil e da Nação Hip Hop Brasil; Walter Limonada, rapper e fanzineiro de São Bernardo do Campo; Blackalquimista, um dos primeiros MCs e membro fundador da Posse Hausa; Liu MR, rapper de São Caetano do Sul; Drica, b.girl, arte- educadora de Diadema e membro da crew Back Spin; e Banks, b.boy e membro da Back Spin. Aos gestores de Cultura das sete cidades do ABC Paulista, que dedicaram seu tempo para expor suas formas de enxergar e conceber políticas públicas para o Hip Hop. São eles: Vânia Ribeiro, Coordenadora do Centro de Referência da Juventude – CRJ – de Santo André; Neusa Borges, agente cultural do Departamento de Cultura de São Bernardo do Campo; Dinamares Pinheiro, Diretora de Ações Culturais do Departamento de Cultura de São Bernardo do Campo; Sonia Xavier, Diretora de Cultura de São Caetano do Sul; Sérgio Lara, Diretor de Cultura de Diadema; Valter Carriel, Coordenador de Cultura de Mauá; Egle Munhoz, Gerente de Cultura da Ribeirão Pires; e Toninho Serra Samba, Diretor de Cultura de Rio Grande da Serra. À FAPESP, pela bolsa concedida, que me proporcionou tranqüilidade para concretizar no trabalho a paixão pela pesquisa com o Movimento Hip Hop do ABC Paulista. In memorian, meus agradecimentos a Maria Lourdes Motter, com quem tive a primeira aula na ECA. Seus ensinamentos e sua boa alma são inesquecíveis. 4 Resumo Esta pesquisa tem como objetivo compreender os sentidos do Movimento Hip Hop do ABC Paulista, a partir da história de vida de agentes sociais das sete cidades pesquisadas - Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. O enfoque recai sobre o trabalho das posses que atuam na região: Posse Hausa, Nação Hip Hop Brasil e Associação Cultural e Educacional Zulu Nation Brasil. As posses são entidades constituídas por intelectuais orgânicos do Hip Hop, os agentes do Movimento Hip Hop organizado, que trabalham os quatro elementos artísticos do Hip Hop – MC, DJ, dança de rua e graffiti - em torno de um posicionamento político-ideológico e de um trabalho de formação e intervenção cultural, que eles entendem e denominam como o quinto elemento do Hip Hop. É sobretudo a forma de trabalhar o quinto elemento que distingue uma posse da outra. O enfoque desta pesquisa também recai sobre o processo de constituição histórica das posses,,suas relações com os meios de comunicação de massa e com o poder público das cidades analisadas; seus processos de lutas, negociações e trocas simbólicas. A partir da observação participante foi possível perceber como através do Hip Hop são construídos referenciais de classe, raça, cultura e geração, nos quais a juventude da periferia se espelha na constituição de suas identidades e na mediação das construções e disputas simbólicas do processo histórico. Palavras-chave: Comunicação; Cultura popular; Política, Mediações e Movimento Hip Hop. 5 Abstract The objective of this research is to understand the meaning of the ABC Paulista Hip Hop Movement using as starting point the life story of social agents in the researched seven towns: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. The focus befalls upon the work of the posses acting in the region: Posse Hausa (Hausa Posse), Nação Hip Hop Brasil (Hip Hop Brazil Nation), and Associação Cultural e Educacional Zulu Nation Brasil (Zulu Nation Brazil Cultural and Educational Association). The posses are entities composed by Hip Hop organic intellectuals, agents of the organized Hip Hop Movement, that strive the four Hip Hop artistic elements - MC (Master of Ceremonies), DJ (Disc-Jockey), street dance and grafitti - around a political-ideological position and a cultural intervention and formation work, which they understand and dominate as Hip Hop’s fifth element. Above all, the manner of working out the fifth element is what distinguishes one posse from another. The focus of this research also befalls on the process of historic constitution of the posses, their relation with the means of mass communication and public power of the analysed cities; their processes of struggling, negotiating and symbolic exchanging. From this participant observation on it was possible to perceive how, through Hip Hop, class, race, culture and generation references are built up, in which the young people living in the outskirts mirror themselves in constituting their identities and in mediating the historical process constructions and symbolic disputes. Key words: Communication; Popular Culture; Politics; Mediations and Hip Hop Movement. 6 Ponto de Partida - E aí mano1, como nós vamo2 colá3 na quebrada4? - Então, meu caro, eu preparei um mapa sofisticado. Começamos pela via central através de Antônio Gramsci, depois pegamos as vias de acesso da hegemonia, das ideologias e das culturas populares, entramos nos estudos culturais com Stuart Hall e Jesús Martin Barbero... - Ce tá louco Jão5! Os mano precisa de nós. Demorô! Se for dar esse rolê6 todo, desencana7. Eu conheço os atalho. - Mas você nem está falando o português correto, meu caro, como quer chegar a algum lugar? - Algum lugar eu não sei, mas na minha quebrada eu vou chegar, já você mano... Por baixo do funcionamento da cultura massiva, atravessando-o e interferindo constantemente, a “cultura pobre” traça seu próprio caminho transformando o sentido das expressões e dos conteúdos. (...) Estas culturas falam um idioma que desconhecemos quase por completo e para cujo aprendizado nosso sofisticado instrumental é freqüentemente mais um obstáculo que uma ajuda. (MARTÍN-BARBERO, 2004, p. 104). Construí o diálogo, acima exposto, e inseri a citação de Jesús Martin-Barbero como ponto de partida para demonstrar a complexa tarefa, inquestionavelmente de envergadura 1 Mano é a forma como os integrantes do Movimento Hip Hop chamam uns aos outros. As meninas são chamadas de mina. 2 Além do alto uso de gírias, na linguagem de rua e no cotidiano os manos do Hip Hop dificilmente usam o plural. É um aspecto curioso, pois, de fato, alguns têm uma formação escolar bastante precária e não possuem as mínimas noções do português; mas outros parecem falar errado por um processo de identificação, para se diferenciar do discurso correto, elaborado, identificado como sendo o discurso das classes dominantes, do outro, do boy. Nesse caso, falar sem gírias e corretamente é coisa de boy. “Um estudo sobre a gíria das gangues nas cidades do Meio-Oeste inglês nos anos 90 deste século descobre que, por maior que fosse a animosidade entre gangues rivais, elas compartilhavam uma gíria comum e, fundamentalmente, seu maior rancor estava reservado para a cultura dominante. (...) Usado pelos vagabundos do século XVII, por Artful Dodger (nome de um jovem ladrão em David Cooperfield, de Charles Dikens, publicado em 1849) ou adolescentes sul –africanos de classe média, parece haver um consenso de que a gíria faz parte de uma rebelião intencional...cria uma realidade alternativa, que é construída exatamente para funcionar em alternância. É a linguagem da anti-sociedade”. (BEIER apud BURKE, 1997, p.117). 3 Colar é uma gíria que significa chegar, se aproximar, comparecer. Outro exemplo: “cola aí mano”. Um mano pedindo pro outro se aproximar ou vir para onde ele está. 4 Quebrada é uma gíria que significa o local onde um mano mora: o bairro, a comunidade ou favela. 5 É a forma que um mano se refere a outro quando este está agindo de forma inadequada, quando está vacilando. 6 Rolê quer dizer dar uma volta, ou o percurso dessa volta. Dizer que pra chegar em determinado destino é “mó rolê”, quer dizer que é muito longe. 7 Um mano fala desencana pro outro quando quer que esse desista de alguma idéia ou alguma atitude que queira tomar. 7

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universo, a mensagem, o funk, Planet Rock Music, com informações dos LP's do Afrika. Bambaataa, música mundial, música Hip Hop, Afrika Bambaataa, mudaram o nome para SME – Só os Manos Envolvidos. Havia alguns grupos de rap do município que já ganhavam algum destaque pela
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