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Ecological and Ethnoecological Aspects About Food Composition of Centropomus undecimalis, BLOCH, 1792 (Centropomidae) (Commom Snook) in Paraty, RJ PDF

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Aspectos Ecológicos e Etnoecológicos Sobre a Composição Alimentar de Centropomus undecimalis, BLOCH, 1792 (Centropomidae) (robalo) em Paraty, RJ. Vinicius Nora ¹²; Alpina Begossi ¹²³; Fernanda Mesquita ¹²; Mariana Clauzet ¹²; Matheus Rotundo4 1 FIFO (Fisheries and Food Institute), ECOMAR/UNISANTA, Santos, Brazil 2 ECOMAR/UNISANTA, Rua Oswaldo Cruz, 277, Santos, SP CEP 11045-907, Brazil 3 UNICAMP: CAPESCA, LEPAC (Paraty) and CMU, CP 6023 Campinas, Brazil 4 Acervo Zoológico da Universidade Santa Cecília (AZUSC), Santos, Brasil O presente trabalho tem como objetivo a descrição da composição alimentar encontrada em conteúdos estomacais da espécie Centropomus undecimalis. Os itens mais representativos são: “resto de peixe” (45,5%) - que correspondem aos teleósteos em avançado estado de digestão - seguido por: Caratinga (18,2%), Sardinha (16,4%) e Cangoá (12,7%). Os dados aqui discutidos servem como base para o conhecimento biológico da espécie. Palavras-chave Paraty; Centropomus undecimalis; dieta alimentar; ________________________________________________________________________ Ecological and Ethnoecological Aspects About Food Composition of Centropomus undecimalis, BLOCH, 1792 (Centropomidae) (Commom Snook) in Paraty, RJ. This study describes the items composition found in stomach contents of the species Centropomus undecimalis. The most important items are: “fish waste” (45.5%), which corresponds to teleostean fishes in an advanced state of digestion, followed by: “Caratinga” (18.2%), Sardines (16.4%) and “Cangoá” (12.7%). The data discussed here serve as a basis for biological knowledge of the specie. Key words Paraty; Centropomus undecimalis; diet composition _________________________________________________________________________ INTRODUÇÃO Os Robalos (snook em inglês), como são popularmente conhecidos os peixes da espécie Centropomus undecimalis (BLOCH, 1792) (Centropomidae), são muito apreciados pela qualidade de sua carne. Robalos são considerados recursos pesqueiros de alto valor comercial e de grande importância socioeconômica; sua captura é proveniente basicamente da pesca artesanal (CERQUEIRA, 2002). Pesquisas recentes na região demonstram que o robalo representa aproximadamente 6% da captura entre os anos de 2009 e 2010, o que reforça sua importância como recurso pesqueiro em nível regional (BEGOSSI et al. 2012). Segundo Lopes (2010), o robalo é o peixe mais vendido em Paraty, mas segundo os pescadores locais é um dos recursos que mais diminuíram, em relação à pesca, nas últimas décadas. Esses pescadores relacionam este decréscimo com a pesca de larga escala e com o UNISANTA BioScience – p. 22-27 Vol. 1, nº1 (2012) Página 22 “cerco do robalo1”. Essas informações caracterizam o robalo como uma espécie alvo, de modo que, conhecer a biologia básica dessa espécie é fundamental para manejá-la. Assim, o presente trabalho teve como objetivo obter conhecimento biológico da composição alimentar de Centropomus undecimalis na região de Paraty, na parte central da Baía da Ilha Grande/RJ. MATERIAL E MÉTODOS As comunidades estudadas foram Praia Grande, Tarituba e Perequê, na cidade de Paraty e Angra dos Reis, respectivamente. Essas comunidades estão situadas na porção mais central da BIG, no estado do Rio de Janeiro. Durante 24 meses (6 dias/mês), os conteúdos estomacais de Centropomus undecimalis foram coletados (30 indivíduos abertos aleatoriamente) na “Pescados Sinésio” e na “Peixaria Perequê”. Em Tarituba apenas um peixe foi aberto. Todo material coletado foi fixado em solução formalina a 10%, transferidos para álcool a 70% para posterior identificação científica em laboratório. Os conteúdos estomacais encontrados foram classificados com base em chaves de Figueiredo & Menezes (1978, 1980), Menezes & Figueiredo (1980, 1985) para peixes, Melo (1996) e Costa et al. (2003) para crustáceos e revisados pelo Acervo Zoológico da Universidade Santa Cecília (UNISANTA). Os dados foram avaliados quanto à ocorrência por estômagos e analisados de forma quantitativa e qualitativa. RESULTADOS Foram analisados os conteúdos estomacais presentes em indivíduos da espécie Centropomus undecimalis (n=119) (Tabela 1) sendo este representado por 53,8% de estômagos vazios encontrados, que representaram n=64 indivíduos, e que foram retirados da amostra. Os dados referentes à composição alimentar estão descritos na Figura 1, e foram obtidos através de 55 estômagos que continham algum tipo de conteúdo (46,2%), e são expressos a seguir pelos itens mais encontrados: “resto de peixe” (45,5%), seguido por: Caratinga (18,2%), Sardinha (16,4%) e Cangoá (12,7%). Composição alimentar percentual - Centropomus undecimalis 45,5% 50,0% 40,0% % 30,0% 18,2% 16,4% 20,0% 12,7% 10,0% 3,6% 1,8% 3,6% 1,8% 1,8% 1,8% 1,8% 1,8% 0,0% Etnoespécies Figura 1: Ocorrência Itens encontrados em estômagos com algum conteúdo estomacal. 1 Tecnologia de pesca criada na região de Paraty, onde os robalos são cercados com redes e em seguida abatidos por mergulhadores, sem o auxílio de cilindro. UNISANTA BioScience – p. 22-27 Vol. 1, nº1 (2012) Página 23 Os resultados obtidos acerca da identificação científica dos organismos coletados foram comparados com os nomes populares, citados por locais durante a abertura e coleta dos estômagos (Tabela 1). Tabela 1: Nomeclatura científica e composição percentual dos itens encontrados em estômagos cheios; Etnoespécie* (N=55) Classificação Científica** Caracteríscas Comum em estuários e rios; jovens se desenvolvem Diapterus rhombeus (Curvier, Caratinga junto as praias e mangues em águas rasas (MENEZES 1829) & FIGUEIREDO, 1980). Formam cardumes; hábitos costeiros, entrando em Família Clupeidae baías e estuários (FIGUEIREDO & MENEZES, Sardinha 1978). Harengula clupeola (Curvier, Capturada em arrastos de praia (FIGUEIREDO & 1829) MENEZES, 1978). Esqueleto ósseo; grupo taxonômico altamente “Resto de peixe”*** Fragmetos de Teleostei heterogêneo (FIGUEIREDO & MENEZES, 1978). Xiphopenaeus kroeyrii (Heller, Presente em águas rasas até 70m de profundidade Camarão sete-barbas 1862) (COSTA et al., 2003) Stellifer rastrifer (Jordan, Águas litorâneas, sobre fundos de areia e lama, Cangoá 1889) principalmente em regiões estuarinas (MENEZES & Stellifer sp. FIGUEIREDO, 1978). Loligo sanpaulensis Habita toda a zona nerítica, desde praias até os 60m de Lula (Brakoniecki, 1984) profundidade (VASKE JÚNIOR, 2011). Família Engraulidae Hábitos costeiros; preferência por águas e baixa Manjuba Anchoviella sp. salinidade (FIGUEIREDO & MENEZES, 1978). Anchoa sp. Sardinha Pirapeba ou Cetengraulis edentulus Frequente em arrastos de praia (FIGUEIREDO & Sardinha Boca-torta (Cuvier, 1828) MENEZES, 1978). Haemulon steidachneri (Jordan Águas costeiras e associadas a fundos de pedra Cocoroca & Gilbert, 1882) (FIGUEIREDO & MENEZES, 1980). Encontrada em grandes cardumes e abundante em Mugil curema (Valenciennes, ambientes estuarinos, praias, arenosos e Parati 1836) desembocadura de rios (MENEZES & FIGUEIREDO, 1985). Anchovia clupeoides Preferência por águas salobras (FIGUEIREDO & Sardinha Xingó (Swainson, 1839) MENEZES, 1978). Barata-do-mar Isopoda Falta informação. *Nomes usados localmente (etnoespécies); **Foram levados para identificação científica em laboratório 27 amostras de conteúdos estomacais. ***A categoria “resto de peixe” corresponde a peixes em avançado estado de digestão, e foi caracterizada por pescadores limpadores como “resto de peixe”. DISCUSSÃO Os resultados obtidos (Tabela 1) sobre Centropomus undecimalis demonstram que este é carnívoro com grande tendência piscívora, o que está de acordo com os dados obtidos para esta espécie por Figueiredo e Menezes (1980), Martinelli (2010) e Froese & Pauly (2012). Estes peixes possuem uma zona de alimentação de relativa alta diversidade, predando pequenos peixes, crustáceos e moluscos em ambientes que podem ir desde ambientes estuarinos, como os mangues, a outros ambientes marinhos (Tabela 1). As famílias Engraulidae e Clupeidae representam 23,64% do conteúdo estomacal analisado. Estes peixes são conhecidos pelos pescadores locais como “comidiu” e correspondem às sardinhas, que apresentam intensa exploração, o que se difere das manjubas, onde apenas a espécie Anchoviella lepidentostole tem importância comercial marcante UNISANTA BioScience – p. 22-27 Vol. 1, nº1 (2012) Página 24 (FIGUEIREDO & MENZES, 1980). As duas famílias são amplamente utilizadas pela frota atuneira como isca-viva em algumas pescarias de atum, sendo a sardinha, relacionada como o principal recurso pesqueiro do país (DOS SANTOS, 2003). Segundo o pescador Arthur, 67 anos, "O Robalo acompanha o comidiu, e a sardinha influi, é o alimento dele. Se não tem o alimento ele vai embora" (comunicação pessoal). Essa observação é comum entre os pescadores locais mais experientes que atribuem esse resultado ao impacto da pesca industrial. GRAÇA LOPES et al.. (2002), identificaram no resíduo da frota camaroeira (by-catch) do estado de São Paulo alguns dos conteúdos identificados neste trabalho, dentre eles: Haemulon steindachneri, Diapterus rhombeus, Stellifer spp., Loligo sanpaulensis e Xiphopenaeus kroeyri. Tais literaturas podem reforçar as informações dos pescadores locais relativas ao declínio na pesca do robalo na região de Paraty em função da diminuição das presas da espécie, que são capturadas nas atividades de pesca industrial, tanto de atuns, quanto de camarões. Contudo, o alerta de pescadores sobre a incidência da pesca predatória sobre as presas de peixes importantes para a pesca artesanal local, pode indicar a existência de uma zona de competição pelo recurso, entre pesca predatória e as espécies alvo de alto valor comercial para a pesca artesanal, como os robalos, uma vez que a sobreexplotação do estoque das presas tende a diminuir a disponibilidade de alimento de C. undecimalis nas áreas onde esse tipo de pescaria é praticada, corroborando a hipótese já levantada por pescadores em relação à pesca industrial como um dos fatores responsáveis pelo declínio da pesca na região (BEGOSSI, et al., 2010). CONCLUSÃO Os dados aqui discutidos servem como base para o conhecimento biológico da dieta de Centropomus undecimalis, mostrando que o mesmo possui grande diversidade de tipos de ambientes de alimentação, de acordo com a distribuição de suas presas e que o conhecimento dos aspectos alimentares de espécies-alvo é de fundamental importância para o manejo da pesca. Além da dieta, informações sobre a reprodução e o comportamento migratório também se fazem necessárias para qualquer processo que possa envolver algum tipo de regulamentação da pesca dos robalos. Em suma, espera-se que o presente trabalho contribua com dados biológicos relevantes que possam ser considerados futuramente em processos de co-manejo, incluindo também o conhecimento tradicional e as regras locais de exploração dos recursos dos pescadores locais, visando à conservação de espécies de peixes de importância socioeconômica para diversas comunidades litorâneas. AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer os financiamentos que tornaram este estudo possível. Agradecemos ao IDRC e FAPESP (N.º 104519-004 e 2009/11154-3, respectivamente), a bolsa FAPESP dos autores: Vinicius Nora (11/14701-5) e Fernanda Mesquita (11/15629-6) e ainda, a participação e apoio dos Pescadores das comunidades estudadas e as Peixarias: Sinésio, Perequê e Lara. UNISANTA BioScience – p. 22-27 Vol. 1, nº1 (2012) Página 25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEGOSSI, A. (ORG.). Ecologia de Pescadores da Baía da Ilha Grande. RIMA, São Carlos. 2010. BEGOSSI, A.; SALIVONCHYK, S. V.; NORA, V.; LOPES, P. F.; SILVANO, R. A. M. The paraty artisanal fishery (southeastern Brazilian coast): ethnoecology and management of a social-ecological system (SES). Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine doi:10.1186/1746-4269-8-22. 2012 (a). CERQUEIRA, V. R. C. Cultivo do Robalo, Aspectos da Reprodução. Larvicultura e Engorda. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Laboratório de Piscicultura Marinha (LAPMAR). 2002. COSTA, R. C.; FRANSOZO, A.; MELO, G. A. S.; FREIRE, F. A. M. Chave Ilustrada para Identificação dos Camarões (Dendrobranchiata) do Litoral norte do Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica. v3 (n1) - BN01503012003. 2003. DOS SANTOS, R.C. & RODRIGUES-RIBEIRO, M. Demanda de iscas vivas para a frota atuneira Catarinense na Safra de 1998/99: CPUE, Composição e Distribuição das Capturas. Revista Brasileira de Ciência e Tecnologia aquática (FACIMAR), Itajaí, SC. 2000. FIGUEIREDO, J. L & MENEZES, N. A. Manual de Peixes marinhos do sudeste do Brasil. II. Teleostei (1). São Paulo, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. 110 p. 1978. FIGUEIREDO, J. L. & MENEZES, N. A. Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. III. Teleostei (2). São Paulo, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. 90 p. 1980. MENEZES, N. A. & FIGUEIREDO, J. L. 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S., SEVERINO RODRIGUES, E.; PUZZI, A. Fauna Acompanhante da Pesca Camaroeira no Litoral do Estado de São Paulo, Brasil. Boletim do Instituto de Pesca. São Paulo, 28(2): 173 – 188. 2002. UNISANTA BioScience – p. 22-27 Vol. 1, nº1 (2012) Página 26 VASKE JÚNIOR, T.; COSTA, F. A. P. Lulas e Polvos da Costa Brasileira. Universidade Federal do Ceará (UFC), Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), Fortaleza, CE, e Universidade Santa Cecília (UNISANTA), Santos, SP. 2011. UNISANTA BioScience – p. 22-27 Vol. 1, nº1 (2012) Página 27

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