COLEÇÃO ESTADO, TRANSNACIONALIDADE E SUSTENTABILIDADE TOMO 02 DIREITO AMBIENTAL E URBANISMO ORGANIZADORES Gabriel Real Ferrer Marcelo Buzaglo Dantas Osvaldo Agripino de Castro Junior COORDENADORES Maria Claudia da Silva Antunes Souza Denise Schmitt Siqueira Garcia Liton Lanes Pilau Sobrinho ISBN: 978-85-7696-184-0 2016 Reitor Diagramação/Revisão Dr. Mário César dos Santos Alexandre Zarske de Mello Heloise Siqueira Garcia Vice-Reitora de Graduação Cássia Ferri Capa Alexandre Zarske de Mello Vice-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa, Heloise Siqueira Garcia Extensão e Cultura Valdir Cechinel Filho Comitê Editorial E-books/PPCJ Vice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional Presidente Carlos Alberto Tomelin Dr. Alexandre Morais da Rosa Procurador Geral da Fundação UNIVALI Diretor Executivo Vilson Sandrini Filho Alexandre Zarske de Mello Diretor Administrativo da Fundação UNIVALI Membros Renato Osvaldo Bretzke Dr. Clovis Demarchi MSc. José Everton da Silva Organizadores Dr. Liton Lanes Pilau Sobrinho Gabriel Real Ferrer Dr. Sérgio Ricardo Fernandes de Aquino Marcelo Buzaglo Dantas Dr. Bruno Smolarek Dias Osvaldo Agripino de Castro Junior Créditos Coordenadores Este e-book foi possível por conta da Maria Claudia da Silva Antunes Souza Editora da UNIVALI e a Comissão Organizadora Denise Schmitt Siqueira Garcia E-books/PPCJ composta pelos Professores Liton Lanes Pilau Sobrinho Doutores: Paulo Márcio Cruz e Alexandre Morais da Rosa e pelo Editor Executivo Autores Alexandre Zarske de Mello. Clovis Demarchi Davi do Espírito Santo Projeto de Fomento Denise Schmitt Siqueira Garcia Obra resultado de Convênio de fomento Eduardo Guerini formulado com o Instituto das Águas e Meio Gilson Jacobsen Ambiente na Universidade de Alicante, bem Heloise Siqueira Garcia como por fomento da CAPES decorrente de Ilton Garcia da Costa Programa Pós-Doutorado no Brasil (Dr. Marcelo Kaira Cristina da Silva Buzaglo Dantas). Lucas de Melo Prado Marcelo Buzaglo Dantas Endereço Marcos Leite Garcia Rua Uruguai nº 458 - Centro - CEP: 88302-901, Maria Cláudia da Silva Antunes de Souza Itajaí - SC – Brasil - Bloco D1 – Sala 419, Mário Martins da Costa Telefone: (47) 3341-7880 Ricardo Stanziola Vieira Rodrigo José de Oliveira Sérgio Ricardo Fernandes de Aquino Vladimir Passos de Freitas William Roberto Alkema do Monte Zenildo Bodnar FICHA CATALOGRÁFICA M72 Direito ambiental e urbanismo [recurso eletrônico] : tomo 02 / autores Clovis Demarchi ... [et al.]. – Itajaí, SC : Ed. da Univali, 2016. – (Coleção estado transnacionalidade e sustentabilidade). Livro eletrônico. Modo de acesso: World Wide Web: <http://www.univali.br/ppcj/ebook> Inclui referências. Vários autores ISBN 978-85-7696-184-0 (e-book) 1. Direito ambiental. 2. Sustentabilidade. 3. Transnacionalidade. I. Demarchi, Clovis. II. Título. III. Série CDU: 349.6 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central Comunitária – UNIVALI SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. VII A TEORIA CIENTIFICA TRANSDISCIPLINAR COMO LÓGICA ESTRUTURAL PARA OS OPERADORES DO DIREITO AMBIENTAL .......................................................................................................................... 10 Eduardo Guerini ............................................................................................................................. 10 Ricardo Stanziola Vieira ................................................................................................................. 10 APORTES INTERDISCIPLINARES PARA COMPREENSÃO DA SUSTENTABILIDADE ............................... 39 Zenildo Bodnar ............................................................................................................................... 39 Vladimir Passos de Freitas ............................................................................................................. 39 Kaira Cristina da Silva ..................................................................................................................... 39 A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: CATADORES DE MATERIAL RECICLÁVEL COMO EXEMPLO DE SUA EFETIVAÇÃO ........................................................ 59 Clovis Demarchi .............................................................................................................................. 59 Ilton Garcia da Costa ...................................................................................................................... 59 William Roberto Alkema do Monte ............................................................................................... 59 UNASUL E NOVO CONSTITUCIONALISMO LATINO-AMERICANO: FENÔMENOS CONSIDERADOS A PARTIR DE SUAS RESPECTIVAS MATRIZES DE META-CIDADANIA ECOLÓGICA, TRANSNACIONALIDADE E SUSTENTABILIDADE ................................................................................. 76 Marcos Leite Garcia ....................................................................................................................... 76 Sérgio Ricardo Fernandes de Aquino ............................................................................................. 76 OBJETIVOS DO MILÊNIO E A IMPLEMENTAÇÃO DO SOCIAMBIENTALISMO: UMA ANÁLISE DOS AVANÇOS ALCANÇADOS .................................................................................................................. 101 Heloise Siqueira Garcia ................................................................................................................ 101 Denise Schmitt Siqueira Garcia .................................................................................................... 101 A AÇÃO POLÍTICO-JURÍDICA PARA ALÉM DO DISCURSO ECOLÓGICO OFICIAL ............................... 132 Davi do Espírito Santo .................................................................................................................. 132 A APLICAÇÃO DAS NORMAS DE DIREITO AMBIENTAL EM ÁREAS URBANAS CONSOLIDADAS E O CONFLITO COM OS DIREITOS À MORADIA, À PROPRIEDADE E À LIVRE INICIATIVA ....................... 156 Marcelo Buzaglo Dantas .............................................................................................................. 156 Mário Martins da Costa ............................................................................................................... 156 ÁGUA, METRÓPOLES E RISCOS: desafios ambientais para a Justiça de hoje e de amanhã ............ 183 Gilson Jacobsen ............................................................................................................................ 183 LAND READJUSTMENT E APP EM ÁREA URBANA: MODULAÇÃO TÁCITA E PONDERAÇÃO DE PRINCÍPIOS ....................................................................................................................................... 204 Marcelo Buzaglo Dantas .............................................................................................................. 204 Rodrigo José de Oliveira ............................................................................................................... 204 THE STATUTE OF REFUGEES: IS IT OR IS IT NOT APPLICABLE TO ENVIRONMENTALLY DISPLACED PERSONS? ......................................................................................................................................... 228 Maria Cláudia da Silva Antunes de Souza .................................................................................... 228 Lucas de Melo Prado .................................................................................................................... 228 APRESENTAÇÃO A presente obra “Estado, Transnacionalidade e Sustentabilidade”- Tomo 02- intitulado “Direito Ambiental e Urbanismo” é composta por 10 (dez) capítulos, desenvolvida por pesquisadores vinculados aos Programas de Pós-graduação Stricto Sensu em Direito do Brasil. A organização desta obra conta com a brilhante participação dos Professores Doutores Gabriel Real Ferrer, Marcelo Buzaglo Dantas e Osvaldo Agripino de Castro Jr. e, coordenado pelos Professores Doutores Maria Cláudia da Silva Antunes de Souza, Denise Schmitt Siqueira Garcia e Liton Lanes Pilau Sobrinho. Partes destas pesquisas foram desenvolvidas através do projeto de pesquisa MCTI/CNPQ/UNIVERSAL edital 14/2014 intitulado: “Análise comparada dos limites e das possibilidades da avaliação ambiental estratégica e sua efetivação com vistas a contribuir para uma melhor gestão ambiental da atividade portuária no Brasil e na Espanha” e; no grupo de pesquisa: “Direito Ambiental, Transnacionalidade e Sustentabilidade”, cadastrado CNPq e vinculado ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Os trabalhos científicos produzidos contribuem com relevante valor teórico e rigor da pesquisa, provocando discussões empolgantes e propondo novos desafios para a construção de uma sociedade capaz de gerenciar as questões ambientais, sociais e econômicas, com forte perspectiva da governança ambiental. Inicia-se a obra com a discussão sobre a necessidade premente de uma alternativa paradigmática para a resolução dos conflitos sociais, pois se o paradigma unidisciplinar não resolve os questionamentos humanos, quiçá os paradigmas científicos multi, pluri ou interdisciplinar, cujo titulo é “a teoria cientifica transdisciplinar como lógica estrutural para os operadores do direito ambiental” dos autores Eduardo Guerini e Ricardo Stanziola Vieira. No segundo capítulo, os autores Zenildo Bodnar, Vladimir Passos de Freitas e Kaira Cristina da Silva apresentam os “aportes interdisciplinares para compreensão da sustentabilidade” através do conjunto amplo de possibilidades que o mundo do conhecimento oferece definitivamente não permite ou consente com um labor acastelado, da caserna ou paroquial, pois na atitude de fazer ciência é fundamental que se empreenda uma perspectiva aberta, democrática e acolhedora para todas as formas e modos do saber. Na sequência, o terceiro capítulo trata “a sustentabilidade ambiental e a dignidade da pessoa humana: catadores de material reciclável como exemplo de sua efetivação” autoria de VII Clovis Demarchi, Ilton Garcia da Costa e William Roberto Alkema do Monte que discutem a reutilização e a reciclagem de materiais que configuram etapas da diretriz estabelecida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei nº 12.305/10. Com efeito, por meio da referida diretriz, prevista no art. 9º, tanto o Poder Público como o setor empresarial e a coletividade devem observar, na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. No quarto capítulo, intitulado “Unasul e novo constitucionalismo latino-americano: fenômenos considerados a partir de suas respectivas matrizes de meta-cidadania ecológica, transnacionalidade e sustentabilidade” de autoria de Marcos Leite Garcia e Sérgio Ricardo Fernandes de Aquino. Analisam as recentes transformações sócio-histórico-culturais ocorridas na América Latina, favoreceram o resgate de sua identidade, de seus saberes, de sua multiculturalidade. A lógica democrática e jurídica europeia e norte-americana, aos poucos, deixa de se tornar o eixo fundamental na resolução dos conflitos e esses povos começam a se tornar seus protagonistas, especialmente quando estabeleceram a vontade comum de constituir as bases para o seu momento presente e futuro. O capítulo quinto, aborda os “objetivos do milênio e a implementação do sociambientalismo: uma análise dos avanços alcançados” de autoria de Heloise Siqueira Garcia e Denise Schmitt Siqueira Garcia analisam doutrinas ambientais no âmbito da sustentabilidade e do socioambientalismo, assim como relatórios e dados da ONU e do PNUD sobre os resultados alcançados pelo Brasil em relação aos Objetivos do Milênio. Por conseguinte, o capitulo sexto intitulado “a ação político-jurídica para além do discurso ecológico oficial” de autoria de Davi do Espirito Santo destaca que o discurso ecológico oficial, embora limitado no que respeita à eclosão de uma ordem social alternativa viável, foi decisivo para a afirmação dos princípios de fundamentais de proteção ao meio ambiente e para acolhimento destes por constituições e legislações infraconstitucionais de diversos países, como o Brasil. No capítulo sétimo intitulado “a aplicação das normas de direito ambiental em áreas urbanas consolidadas e o conflito com os direitos à moradia, à propriedade e à livre iniciativa” de autoria Marcelo Buzaglo Dantas e Mário Martins da Costa estudam a aplicabilidade das normas de proteção ambiental nas áreas urbanas, bem como a exposição das alternativas de solução de VIII conflitos entre essas e os direitos fundamentais à moradia, à livre iniciativa e à propriedade. Por conseguinte, o oitavo capítulo intitulado “água, metrópoles e riscos: desafios ambientais para a justiça de hoje e de amanhã”, de autoria de Gilson Jacobsen, amplia a discussão sobre o espectro dos riscos que envolvem os recursos hídricos, com especial destaque para o que se passa com a água em nossas metrópoles, sejam elas megacidades ou ainda não. O capítulo nono com o título “land readjustment e app em área urbana: modulação tácita e ponderação de princípios” de Marcelo Buzaglo Dantas e Rodrigo José de Oliveira provocam uma reflexão sobre a mudança de paradigma e a tentativa de se buscar o meio termo, a efetiva harmonização entre os direitos colidentes, passando pela utilização dos instrumentos urbanísticos existentes, de forma que as soluções para cada caso concreto se tornem possíveis e viáveis economicamente, levando-se em consideração as situações consolidadas, a perda das funções ou as reais funções ambientais ainda exercidas pelos bens tutelados. Por fim, o capitulo décimo intitulado “the statute of refugees: is it or is it not applicable to environmentally displaced persons?” verifica em que circunstâncias o sistema global de proteção dos refugiados aplica-se aos deslocados ambientais, suprindo a ausência de normas que instituam seu estatuto e assegurem a proteção de seus direitos fundamentais. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de se construir um sistema de proteção específico para os deslocados ambientais, que garanta uma efetiva proteção às pessoas que se encontram nessa condição. Com muito prazer e satisfação convidamos o leitor a participar do debate proposto por esta obra, composta por talentosos pesquisadores, oportunidade na qual os agradeço por aceitarem o desafio de registrar sua pesquisa sobre sustentabilidade e meio ambiente nesta obra. Maria Cláudia da Silva Antunes de Souza, Drª. Vice-Coordenadora do Curso de Mestrado em Ciência Jurídica do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica da Universidade do Vale do Itajaí– PPCJ/UNIVALI IX A TEORIA CIENTIFICA TRANSDISCIPLINAR COMO LÓGICA ESTRUTURAL PARA OS OPERADORES DO DIREITO AMBIENTAL Eduardo Guerini1 Ricardo Stanziola Vieira2 INTRODUÇÃO A unidisciplinaridade cunhada pelo método cartesiano há muito já não consegue resolver os questionamentos humanos e nenhum cientista sério neste inicio do terceiro milênio se atreve a querer resolver as questões humanas a partir de um único enfoque, um único olhar, uma única visão. Existe a necessidade premente de uma alternativa paradigmática para a resolução dos conflitos sociais, pois se o paradigma unidisciplinar não resolve os questionamentos humanos, quiçá os paradigmas científicos multi, pluri ou interdisciplinar. Como uma alternativa civilizatória ou ponto de bifurcação surge a Teoria Cientifica Transdisciplinar que se constitui numa possibilidade de mudança dentro da lógica estrutural para os operadores do direito. A Transdisciplinaridade pode ser utilizada, ainda, como ferramenta para a real efetivação do Direito Ambiental. 1. O CAMINHAR HISTÓRICO DO SABER E O PARADIGMA TRANSDISCIPLINAR 1.1. Primeiro momento: a construção cartesiana do saber Desde o inicio do seu Discurso do Método fica extremamente clara a postura pessoal filosófica adotada por Descartes, pautada no antropocentrismo, onde em comparação com o homem as demais formas de vida são relegadas a planos inferiores, sejam elas animais (a colocação da inexistência da “alma” e da “razão” eram circunstâncias depreciativas e sinais de inferioridade na escala da evolução) ou vegetais. 1 Economista. Mestre em Sociologia Politica pela UFSC. Professor do Programa de Mestrado em Gestão de Políticas Publicas/PMGPP da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Email: [email protected] 2 Professor dos programas de mestrado e doutorado em Ciências Jurídicas/PPCJ e mestrado em Gestão de Políticas Públicas/PMGPP da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Email: [email protected] 10
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