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Durkheim, Apesar do Século: novas interpretações entre Sociologia e Filosofia (completo) PDF

420 Pages·2018·3.134 MB·Portuguese
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Em um momento de desespero logo após a publicação de Sui- .) s cídio, Durkheim deu a entender a Marcel Mauss que pensava g em um retorno à fi losofi a, na verdade, à história da fi losofi a r O que ocupava e ainda ocupa a maior parte de suas aulas. Isso teria ( sido um erro: Durkheim queria fazer sociologia, isto é, colocar a re- s s fl exão fi losófi ca em contato com as realidades empíricas, aquelas i e que ele denominava de “fatos sociais”. Signifi caria isso que a fi loso- W Durkheim, Apesar do Século fi a de Durkheim não deve reter a atenção do sociólogo? Signifi ca- , o ria que as esta� s� cas devem nos fazer esquecer Kant e Renouvier, t Novas Interpretações Entre Sociologia e Filosofia Hegel e Spinoza? Ou que o deslocamento que Durkheim opera, ao e N problema� zar a “morte voluntária” como fracasso do processo de s socialização, indexando-a em seguida a dados esta� s� cos – as ta- e xas de preservação ou de agravamento – nada tem a ver com a fi - m André Magnelli o losofi a? Pensar isso seria nada compreender de sua sociologia que, G Jayme Gomes Neto de Da Divisão do Trabalho Social a Formas Elementares da Vida , Religiosa, trazia em conjunto refl exão teórica e pesquisa empírica. li Raquel Weiss l e Os estudos reunidos neste volume partem do fato de que Émi- n le Durkheim, o fundador da sociologia francesa, era um fi - g (Organizadores) lósofo, um normaliano com agregação em fi losofi a. Essa ca- a M racterís� ca não lhe é própria, já que muitos dos sociólogos franceses que lhe sucederam – Raymond Aron, Pierre Bourdieu, Raymond Boudon, dentre outros – seguiram o mesmo caminho. É importante, portanto, retornar a essa caracterís� ca e, especialmen- o te, ao momento fundador, isto é, àquele pelo qual Durkheim vai operar l u um deslocamento passando da fi losofi a à sociologia. Obcecado pelos c efeitos dessa mudança, muito real, esquece-se hoje, com demasiada é facilidade, os momentos anteriores, estes que, ao longo do intenso S trabalho de preparação na Escola Normal Superior e, depois, na agre- o gação, fi zeram-no adquirir um sólido conhecimento fi losófi co que não d � nha como deixar de marcar duravelmente o jovem Émile Durkheim. r A colheita é rica. O primeiro estudo mostra o quanto os debates a herdados do espiritualismo fi losófi co sobre o determinismo e o li- s vre arbítrio marcaram a refl exão de Durkheim; o segundo ressalta as e questões postas pelo individualismo que se afi rma ao longo do sé- p culo, a fi m de fazer ressair a dimensão polí� ca da obra de Durkheim. A O seguinte retoma a importância da fi losofi a de Kant que serve de , m pano de fundo para as refl exões fi nais das Formas Elementares. In- vertendo o eixo do tempo e prevalecendo-se de uma leitura estra- ei tégica e de um direito de “pilhagem” dos textos, o úl� mo interpre- h ta a obra à luz dos trabalhos de Michel Foucault e da abordagem k relacional de Felix Gua� ari e Gilles Deleuze. Um gesto de despre- r zo? Não, mas a consideração dos elementos fl uídos da vida social u presentes nos úl� mos parágrafos do primeiro capítulo de Regras D do Método Sociológico, aqueles que Durkheim havia se contenta- do a pôr de lado no começo de seu empreendimento sociológico. Philippe Steiner DURKHEIM, APESAR DO SÉCULO NOVAS INTERPRETAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA E FILOSOFIA André Magnelli Jayme Gomes Neto Raquel Weiss Organizadores DURKHEIM, APESAR DO SÉCULO NOVAS INTERPRETAÇÕES ENTRE SOCIOLOGIA E FILOSOFIA André Magnelli Jayme Gomes Neto Raquel Weiss Organizadores Durkheim, Apesar do Século Novas Interpretações entre Sociologia e Filosofia Projeto, Produção e Capa Coletivo Gráfico Annablume Annablume Editora Conselho Editorial Eugênio Trivinho Gabriele Cornelli Gustavo Bernardo Krause Iram Jácome Rodrigues Pedro Paulo Funari Pedro Roberto Jacobi 1ª edição: Junho de 2018 © André Magnelli | Jayme Gomes Neto | Raquel Weiss Annablume Editora Rua dos Três Irmãos, 489 – Conj. 3 05615-190 . São Paulo . SP . Brasil Televendas: (11) 3539-0225 –Tel.: (11) 3539-0226 www.annablume.com.br SUMÁRIO PREFÁCIO 7 Raquel Weiss e Frédéric Vandenberghe APRESENTAÇÃO DOS AUTORES 11 INTRODUÇÃO DOS ORGANIZADORES 13 CAPÍTULO I Esforço, Hábito e Moralidade: Interlocuções entre a Sociologia Durkheimiana e o Espiritualismo 31 Rodolfo Amaro CAPÍTULO II Da Força ao Símbolo: Ontologia Vitalista, Antropologia dos Afetos e Simbolismo Social 117 André Magnelli CAPÍTULO III As Categorias Socio-lógicas do Pensamento: Durkheim, Herdeiro Crítico de Kant 241 Jayme Gomes Neto CAPÍTULO IV Por Uma Sociologia Menor: Uma Leitura (Im)Possível 329 Marcelo de Oliveira REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 393 PREFÁCIO Raquel Weiss e Frédéric Vandenberghe A obra de Émile Durkheim percorreu uma trajetória ímpar pelo universo das ciências sociais. Seu começo auspicioso foi marcado pelo engajamento de jovens notáveis em torno do projeto do mes- tre de institucionalizar a sociologia como ciência e como disciplina acadêmica. Com disposição e rigor característicos de um ambicioso chefe de escola, Durkheim foi exitoso em fundar um periódico per- feitamente interdisciplinar e inteiramente dedicado a consolidar as bases de seu pensamento, contando com a colaboração de um grupo entusiasmado com a possibilidade de realizar uma investigação da realidade social que fosse ao mesmo tempo científica e socialmente relevante. Além da fundação de L`Année Sociologique, o professor da Sorbonne não mediu esforços para ajudar seus jovens discípulos a encontrar posições em instituições importantes dentro do sistema universitário francês, garantindo que sua sociologia logo fizesse es- cola e consolidasse sua reputação. Todavia, esse período de ebulição inicial não sobreviveu ao trauma infringido pela Primeira Guerra. Muitos de seus principais colaboradores jamais retornaram com vida do combate, inclusive seu filho André, em quem Durkheim depositava as mais altas expectativas. Os efeitos desse momento sombrio afetaram o grupo como um todo, inclusive Durkheim, que mergulhou em um processo de profunda tristeza, comprometendo seu trabalho intelectual e afetando sua saúde de forma irreversível. Após sua morte, em 15 de Novembro de 1917, o grupo passou por um lento processo de desintegração, e os autores que faziam parte da assim chamada “escola durkheimiana” aos poucos seguiram na direção de trajetórias mais individuais, ora mais, ora menos fieis aos pressupostos estabelecidos pelo velho mestre. Algumas décadas depois, finda a Segunda Guerra, Durkheim ha- via se convertido em apenas um nome - já meio desbotado - a figurar na memória coletiva dos intelectuais franceses. Podemos pensar que se não fosse pelos esforços de Talcott Parsons, Lévi-Strauss e Pierre Bourdieu o seu legado teria se evaporado como cinzas no cemitério das ideias mortas. A redescoberta nos anos 60 da linguística estru- tural de Saussure, cuja obra mostra uma clara influência de Dur- kheim, e a sua mescla com o Marxismo, deu uma segunda vida ao Durkheimismo. Às vezes o seu cientificismo foi frisado, outras vezes o seu republicanismo. Alguns autores achavam que tudo já fora dito na Divisão do trabalho social; outros consideravam as Formas elemen- tares como sua obra principal. Com certeza, Durkheim é um clássico, não só no sentido canônico, mas também e ainda mais no sentido estilístico, como alguém que soube integrar tendências opostas numa síntese bem equilibrada. Na sua obra, ele integrou o cientificismo de Auguste Comte com o socialismo utópico de Saint-Simon. Com- binou também o pragmatismo de William James com o vitalismo de Georg Simmel. O romantismo de Tönnies com o darwinismo social de Herbert Spencer, etc. O resultado é uma obra complexa, um pensamento em movimento, que podemos talvez comparar ao carburador de Rolls Royce que Erwin Panofsky analisou com tanto (t)alento.1 Como este, a obra de Durkheim integra linhas mais duras e correntes mais livres numa figura geométrica bem equilibrada com um toque de art nouveau. O mais curioso dessa história que já completou um século, é que a figura de Durkheim nunca desapareceu dos livros de sociologia e sua obra fundadora seguiu caminhos singulares pela pena de seus 1. Panofsky, Erwin: “The Ideological Antecedents of the Rolls-Royce Radiator”, pp. 127-164 in Three Essays on Style. Cambridge, Ma.: MIT Press. 8 muitos intérpretes. Um olhar mais ou menos cuidadoso sobre as imagens construídas nos diferentes países ao longo do tempo revela a completa ausência de cânones interpretativos, ainda que seja possível encontrar algumas tendências mais recorrentes e cristalizadas. Na introdução ao presente livro, somos confrontados com um panorama sucinto desse percurso, permitindo ao leitor uma ideia da pluralidade constitutiva da história da recepção desse autor no campo das ciências sociais. A questão é se apesar de um século de recepção realmente avançamos no entendimento de Durkheim. Será que realmente há ordem e progresso na interpretação dos textos? Que as leituras mais recentes superam as mais velhas? Que a nova Durkheimologia nos permite “entender o autor melhor do que ele mesmo”, como dizem os hermeneutas? Duvidamos. Em todo caso, o que é possível afirmar é que desde a década de 1980 tem havido um movimento de profunda renova- ção no campo dos estudos durkheimianos. Em resumo, destaca-se a descoberta de documentos, como cartas e manuscritos, a reinter- pretação teórica que confere novos sentidos a seus escritos e a incor- poração de novos aspectos de seu pensamento para a construção de perspectivas teóricas originais. Com certeza, não dá mais para inter- pretar Durkheim como conservador (na verdade, ele era socialista, universalista, republicano e cosmopolita), como positivista (apesar daquilo que ele mesmo pensava, era bem mais estruturalista e realista do que empirista e nominalista), ou ainda como moralista (ele era humanista, personalista e individualista). Em termos de uma história das ideias bem presentista, poderíamos até nos arriscar em dizer que ele era uma pré-encarnação perfeita de Parsons e Giddens, Bourdieu e Habermas numa figura só! Essa marca de inteligência e de irreverência é particularmente clara no trabalho da nova geração de pesquisadores, da qual fazem parte os autores deste livro. Conforme o leitor terá ocasião de descobrir, na medida em que avançar as páginas, os textos aqui reunidos, conquanto diversos em suas temáticas e formas de construir suas narrativas inter- pretativas, compartilham dois elementos centrais, que em si mesmos já bastam para justificar a leitura. Ao construir aproximações entre so- 9

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