KYWZA JOANNA FIDELES PEREIRA DOS SANTOS DOS ORIXÁS AO BLACK IS BEAUTIFUL: A ESTÉTICA DA NEGRITUDE NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA RECIFE 2014 KYWZA JOANNA FIDELES PEREIRA DOS SANTOS DOS ORIXÁS AO BLACK IS BEAUTIFUL: A ESTÉTICA DA NEGRITUDE NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA Tese apresentada como requisito final para a obtenção do título de Doutora em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco. Orientador: Prof. Dr. Felipe da Costa Trotta. Linha de Pesquisa: Estética e Cultura da Imagem e do Som. RECIFE 2014 Catalogação na fonte Bibliotecária Maria Valéria Baltar de Abreu Vasconcelos, CRB4-439 S237d Santos, Kywza Joanna Fidelis Pereira dos Dos orixás ao black is beautiful: a estética da negritude na música popular brasileira / Kywza Joanna Fidelis Pereira dos Santos. – Recife: O Autor, 2014. 184 f. Orientador: Felipe da Costa Trotta. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco, CAC. Comunicação, 2014. Inclui referências. 1. Comunicação. 2. Música popular – Brasil. 3. Negros – Identidade social. I. Trotta, Felipe da Costa (Orientador). II. Titulo. 302 .23 CDD (22.ed.) UFPE (CAC 2015-101) FOLHA DE APROVAÇÃO Autora do trabalho: Kywza Joanna Fideles Pereira dos Santos. Título: “Dos Orixás ao Black is Beautiful: a estética da negritude na música popular brasileira”. Tese apresentada no dia 23 de maio de 2014 ao curso de Pós-Graduação em Comunicação, como requisito final para a obtenção do título de Doutora pela Universidade Federal de Pernambuco, sob orientação do Prof. Dr. Felipe da Costa Trotta, tendo sido aprovada nesta mesma data. BANCA EXAMINADORA. Orientador: Prof. Dr. Felipe da Costa Trotta Membro interno 1: Profª. Drª. Angela Prysthon (PPGCOM/UFPE) Membro interno 2: Prof. Dr. Jeder Janotti Junior (PPGCOM/UFPE) Membro externo 1: Prof. Dr. Carlos Sandroni (PPGA/UFPE) Membro externo 2: Prof. Dr. Paulo Marcondes Ferreira Soares (PPGS/UFPE) RECIFE 2014 A Maria Nilce Pereira dos Santos, minha mãe. AGRADECIMENTOS A Capes pelo fomento da pesquisa através da Bolsa de demanda social e do Programa de Estágio Doutoral no Exterior -PDSE. Ao Professor-Orientador Felipe Trotta, pela paciência, bom humor e criticidade, durante essa empreitada muitas vezes difícil que é orientar. Ao Professor co-orientador Christopher Dunn, pela disponibilidade e compreensão, além do compromisso com a co-orientação da pesquisa, durante o estágio de doutorado sanduíche, na Tulane University, New Orleans, EUA. A Tulane University pelo acolhimento e aprendizado proporcionado. Aos secretários do Programa de Pós Graduação em Comunicação, José Carlos, Cláudia e Lucy, sempre solícitos e compreensivos. Aos Professores do PPGCOM/UFPE pelos diálogos e ensinamentos. Ao Museu da Imagem e do Som, e em especial aos funcionários Gabrielle Moreira e Luiz Antônio de Almeida. Ao meu anjo, João Alexandre de Sousa Neto, pela paciência e providência antes, durante e depois. Ao amigo Pedro Lapera pela força e carinho. A Biblioteca Nacional – Divisão de Música na figura da funcionária Valéria, pela disponibilidade e atenção, inclusive compartilhando dados do seu acervo pessoal sobre Clara Nunes. Aos amigos queridos e hospitaleiros Jan e Jeremias, pela amizade, carinho e atenção, transmitidos pelo aconchego do seu lar nos últimos e mais cruciais momentos da escrita. Aos velhos amigos: Fernanda Andrade, Adriana dos Santos, Lívia Cirne, Gabriela Parente, Camila Junqueira, Cida Alves, Diógenes Luna, Mariano Hebenbrok, e entre outros que acompanharam e me poiaram nessa trajetória. Aos novos amigos feitos em New Orleans, com quem as trocas e vivências foram profundas e transformadoras, em especial a Misleine, Stefan, Giancarlo, Kyle, Diana Soto e Stefan. Aos colegas do PPGCOM/ UFPE, em especial a Fábio Ramalho, Luciana Almeida, Daiane Dantas, Rafael Queiroz, pelos diálogos construtivos e ajuda para desatar os nós. Aos meus familiares pelo amor e compreensão. Mas que nada Sai da minha frente eu quero passar O samba está animado Que eu quero é sambar E esse samba que é misto de maracatu É samba de preto velho Samba de preto tu Oooô ariá raiô Obá Obá Obá Oooô ooô ooô ariá raió Obá Obá Obá Mas que nada Sai da minha frente eu quero passar O samba está animado Que eu quero é sambar E esse samba que é misto de maracatu É samba de preto velho Samba de preto tu (Jorge Ben Jor, 1963) RESUMO No âmbito da música popular brasileira, as questões de “raça” encontram-se dispostas em fronteiras identitárias, nas trincheiras das disputas simbólicas. A MPB, como representante da identidade nacional, conquista seu status de legitimidade através de processos conflitivos que também estiveram ligados à racialização cultural. Assim, a música, que não poderia estar à margem desses processos, tornanou-se um vetor de discursos identitários e/ou racializados. Portanto, os discursos em torno das identidades negras e mestiças vão permear o repertório da música popular brasileira, em especial, durante o século XX. Entre os primeiros acionamentos das tradições afro-religiosas, no samba, e os diálogos transatlânticos com a cultura da diáspora negra, podemos constatar a emergência de uma estética da negritude. Esta é marcada pelos seguintes eixos temáticos: ancestralidade, religiosidade, africanidade, mestiçagem, brasilidade e orgulho negro; dentro das fronteiras culturais entre raça e identidade, em constante reconfiguração e ressignificação. Investigamos o processo de surgimento, delineamento e consolidação da estética da negritude na música popular brasileira, a partir de meados século XX. Para tanto, recorremos a compositores e intérpretes de grande circulação, consumo e legitimidade, que ocupam um lugar privilegiado no mainstream: Clara Nunes, Martinho da Vila e Gilberto Gil; os quais têm um papel fundamental para a consolidação da estética da negritude, mas, e para a história da música popular brasileira. Buscamos, portanto, compreender os contornos e desdobramentos das práticas musicais em torno das identidades racializadas. Palavras-chave: Música Popular. Música Negra. Identidades. Negritude ABSTRACT In Brazilian popular music, the issues of race are always arranged in boundaries of identity, in the trenches of disputes symbolic. The MPB, as a legitimate representative of national identity, conquest your status of legitimacy through conflictive processes that were also linked to cultural racialization. So, the music could not be on the margins of these processes, becoming a vector of identitary and racialized discouses. Therefore, the discourse around the black and mestizo identities will permeate the repertoire of Brazilian popular music of the 20th century. Among the first drives traditions of afro-religious, the samba, and the transatlantic dialogs with the culture of the black diaspora, we can see the emergence of an aesthetics of blackness. This is marked by the following thematic axes: ancestry, religiosity, Africanity, miscegenation, Brazilianness and Black proud; within the cultural boundaries between race and identity, in constant reconfiguration and resignification. We investigated the process of emergence, design and consolidation of aesthetics of blackness in Brazilian popular music from the mid 20th century. For this, we resorted to composers and performers of wide circulation, consumption and legitimacy, which occupy a privileged place in mainstream: Clara Nunes, Martinho da Vila and Gilberto Gil; which has a crucial role not only for the consolidation of the aesthetics of blackness, but, for the history of Brazilian popular music. We seek, therefore, understand the contours and consequences of musical practices around of racialized identities. Keywords: Popular Music. Black Music. Identities. Blackness. Lista de Quadros Quadro 1– Samba-Enredo ........................................................................................................... 132 Quadro 2 – Sambas Enredo 2014 ................................................................................................ 135 Quadro 3 - Festa de Candomblé .................................................................................................. 137 Quadro 4 - Mistura de Raça, Negros Odores............................................................................... 139 Quadro 5- Roda Ciranda .............................................................................................................. 141 Quadro 6 - Odeliê Odeliá............................................................................................................. 143 Quadro 7- Babá Alapalá .............................................................................................................. 157 Quadro 8 - Sarará Miolo .............................................................................................................. 163
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