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Dom Pedro II - Um Tradutor Imperial PDF

264 Pages·5.038 MB·Portuguese
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Noêmia Guimarães Soares, Rosane de Souza, Sergio Romanelli (Organizadores) Dom Pedro II: Um Tradutor Imperial PGET/UFSC Florianópolis, 2013 Tubarão, 2013 Publicação do NUPROC (Núcleo de Estudos do Processo Criativo) do Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras da Universidade Federal de Santa Catarina. Coordenador: Prof. Sergio Romanelli. Endereço: Universidade Federal de Santa Catarina Campus Universitário – Trindade, CCE, Bloco B, Sala 130 E-mail: [email protected] Organizadores: Apresentação: Prof. Sergio Romanelli Prof. Sergio Romanelli Profa. Noêmia Guimarães Soares Profa. Noêmia Guimarães Soares Rosane de Souza Rosane de Souza Revisores: Projeto Gráfico, Diagramação e Capa: Profa. Noêmia Guimarães Soares Annye Cristiny Tessaro (Lagoa Editora) Prof. Sergio Romanelli Impressão: Revisão do português: Gráfica e Editora Copiart Profa. Noêmia Guimarães Soares D63 Dom Pedro II: um tradutor imperial / Noêmia Guimarães Soares, Rosane de Souza, Sergio Romanelli (org.) - - Tubarão : Ed. Copiart; Florianópolis : PGET/UFSC, 2013. 260 p. ; 21 cm ISBN 978-85-99554-93-7 1. Tradução e interpretação. 2. Literatura. 3. Pedro II, Imperador do Brasil, 1825-1891. I. Soares, Noêmia Guimarães. II. Souza, Rosane de. III. Romanelli, Sergio. CDD (21. ed.) 418.02 Elaborada por: Sibele Meneghel Bittencourt – CRB 14/244 Apoio: Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina Madrigal recusado Não sou mais que um poeta lírico, Nada sei do vasto mundo... Viva o amor que eu te dedico, Viva Dom Pedro Segundo! (Mário Quintana) Sumário Prefácio 7 Prof. Aurélio Schommer Introdução – Dom Pedro II: um tradutor Imperial 11 Os organizadores I – A tradução das Mil e uma noites 41 Rosane de Souza II – Orientalismo e tradução: a questão dos nomes próprios na tradução do livro do (cid:43)(cid:76)(cid:87)(cid:82)(cid:83)(cid:68)(cid:71)(cid:72)(cid:280)(cid:68) 95 Adriano Mafra III – O processo criativo na tradução do episódio de “Paolo e Francesca” da Divina Comédia 117 Romeu Porto Daros IV – Tradução do espanhol: Excertos de La Araucana 185 Ana Maria B. C. Sackl V – A tradução do italiano de “Il cinque maggio” de Alessandro Manzoni 203 Rosana Andreatta Carvalho Schmidt e Sergio Romanelli Prefácio Como julgar Dom Pedro II? Pelos números? Não será um critério favorável ao intelectual marcado pela sensibilidade, bondade coerente entre vida privada e gestão pública. O Brasil chegou a 1890 com renda per capita de US$ 794, enquanto a Argentina, em geral pessimamente governada no século XIX, apresentava US$ 2.152 e os Estados Unidos, US$ 3.392. Nem a comparação é injusta, nem poderia alegar o último Bragança a governar a América Portuguesa ter recebido herança maldita, pois, em 1820, seu avô, Dom João VI, mandava num país com renda per capita de US$ 646, enquanto James Monroe, na mesma data, presidia uma economia capaz de gerar US$ 1.257 por habitante/ ano. Tivesse apenas acompanhado o ritmo de crescimento do irmão do norte, o Brasil deveria ter PIB duas vezes maior que o apresentado no final do período monárquico. Esqueçamos os números, são frios, não devem ser aplicados como critério para enxergarmos um homem quente, apaixonado pela vida, pelas letras, por todas as culturas, pelos saberes e hábitos de outros homens, fossem iletrados de tribos distantes ou próximas, da Palestina aos tupis-guaranis, fossem intelectuais, músicos, historiadores e cientistas da aldeia verdadeiramente global, ávida de intercâmbios, do século da profusão de todas as luzes. Apaixonado também pelas mulheres (não pela imperatriz Teresa Cristina, muito feia em sua opinião), filiou-se ao Romantismo, Dom Pedro II: Um Tradutor Imperial 7 Prefácio a mirar as inatingíveis através da literatura, somente por ela, talvez para não seguir o exemplo das estripulias do pai, Pedro I, pelas alcovas. Mesmo levando em consideração apenas a vida pública, relevem-se os critérios objetivos. O imperador fez de pedaços esparsos de lusotropicalismo nação una e coerente. Através do IHGB, ao qual se dedicou com pertinácia, justificou-a, deu-lhe um passado, uma tradição. Foi austero, presente, magnânimo, justo e viril na única ocasião em que a integridade do país esteve de fato em perigo, por ação invasiva do tirano, em tudo seu antípoda, Solano López, quando, contra todos os conselhos, o monarca brasileiro pôs-se pessoalmente na frente de batalha. Abundaram os episódios que desmentem a propaganda positivista/republicana quanto ao exercício efetivo do governo por Pedro II. Imperou e governou de fato e direito, indicando presidentes de províncias e do Conselho de Ministros e cobrando-lhes resultados. Se de sua ação o país não colheu resultados imediatos, não os colheria depois, na República, não fosse a herança bendita legada pelo imperador-cidadão. Dispondo de menos de 20 mil funcionários públicos (em 1872), dependente de empréstimos externos e internos e do protecionismo com intenções fiscais (o imposto de importação representou de 50% a 70% da receita de seu governo), Dom Pedro II não teve forças para desafiar a elite agrária, majoritária entre as forças políticas, e implantar seus dois mais caros projetos: a abolição da escravatura (tardia, aprovada pelo Parlamento e sancionada por sua filha apenas em 1888) e a melhoria do ensino público, em lastimável patamar no final do século XIX. Ainda que o julgamento do governante e do homem Pedro de Alcântara deva se revestir de severidade, há dois aspectos a considerar em seu favor. O primeiro é o absoluto respeito à liberdade de imprensa. Os jornais o ridicularizavam como seus congêneres não ousariam repetir em Londres, Washington, Paris ou em qualquer outra capital dos raros países democráticos de 8 Dom Pedro II: Um Tradutor Imperial

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