Documentos ISSN 0101- 6245 149 Versão Eletrônica Dezembro, 2011 Manejo Ambiental na Avicultura ISSN 0101- 6245 Versão Eletrônica Dezembro, 2011 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Suínos e Aves Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Documentos 149 Manejo Ambiental na Avicultura Julio Cesar Pascale Palhares Airton Kunz Editores Embrapa Suínos e Aves Concórdia, SC 2011 Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na: Embrapa Suínos e Aves Rodovia BR 153 - KM 110 89.700-000, Concórdia-SC Caixa Postal 21 Fone: (49) 3441 0400 Fax: (49) 3441 0497 http://www.cnpsa.embrapa.br [email protected] Comitê de Publicações da Embrapa Suínos e Aves Presidente: Luizinho Caron Secretária: Tânia M.B. Celant Membros: Gerson N. Scheuermann Jean C.P.V.B. Souza Helenice Mazzuco Nelson Morés Rejane Schaefer Suplentes: Mônica C. Ledur Rodrigo S. Nicoloso Coordenação editorial: Tânia M.B. Celant Revisão técnica: Cláudio R. de Miranda, Juliano C. Corrêa, Nilse M. Soares, Paulo G. de Abreu, Paulo S. Rosa, Rodrigo da S. Nicoloso e Valéria M. N. Abreu Revisão gramatical: Jean C.P.V.B. Souza Normalização bibliográfica: Claudia A. Arrieche Editoração eletrônica: Vivian Fracasso Fotos da capa: Julio C. P. Palhares 1ª edição Versão eletrônica (2011) Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610). Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Embrapa Suínos e Aves Manejo ambiental na avicultura / Julio Cesar Pascale Palhares, Airton Kunz (Editores). - Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2011. 221p.; 21cm. (Documentos/Embrapa Suínos e Aves, ISSN 0101- 6245; 149). 1. Avicultura. 2. Manejo. 3. Prevenção ambiental. 4. Conservação ambiental. 5. Recursos naturais. 6. Resíduos. I. Palhares, Julio Cesar Pascale (Ed.). II. Kunz, Airton (Ed.). III. Título. IV. Série. CDD 636.5 © Embrapa 2011 Autores Airton Kunz Químico Industrial, D.Sc. em Química, pesquisa- dor da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, SC, [email protected] Eduardo Spillari Viola Engenheiro Agrônomo, D. Sc. em Zootecnia, con- sultor da QualyFoco Consultoria Ltda, Blumenau, SC, [email protected] Gustavo Julio Mello Monteiro de Lima Engenheiro Agrônomo, Ph. D. em Nutrição Animal, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Concór- dia, SC, [email protected] Helenice Mazzuco Zootecnista, Ph. D. em Nutrição Animal, pesquisa- dora da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, SC, [email protected] Juliano Corruli Corrêa Engenheiro Agrônomo, D. Sc. em Agronomia, pes- quisador da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, SC, [email protected] Julio Cesar Pascale Palhares Zootecnista, D.Sc em Ciências da Engenharia Am- biental, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudes- te, São Carlos, SP, [email protected] Karolina Von Zuben Augusto Zootecnista, D.Sc em Engenharia Agrícola, Uni- versidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, [email protected] Marcelo Miele Economista, D. Sc. em Agronegócio, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, SC, [email protected] Teresa Herr Viola Engenheira Agrônoma, D. Sc. em Zootecnia, Con- sultora independente, Blumenau, SC, teresaviola@ terra.com.br Valdir Silveira de Avila Engenheiro Agrônomo, D. Sc. em Zootecnia, pes- quisador da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, SC, [email protected] Virginia Santiago Silva Médica Veterinária, D. Sc. em Epidemiologia Ex- perimental Aplicada as Zoonoses, pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, SC, [email protected] Apresentação A produção animal mundial está passando por um profundo processo de mudança. Os estudiosos denominam este momento como a “Revo- lução da Produção Animal”. Esse processo é marcado pelo aumento da escala produtiva; migração das produções para países e/ou regiões com menor tradição neste tipo de atividade, mas que dispõem de mão de obra, alimento para os animais e recursos naturais em abundância; maior influência das agroindústrias no setor, através da verticalização das produções; avanços genéticos, nutricionais e tecnológicos que pro- porcionam elevados índices produtivos. Outros conceitos também devem ser considerados no cotidiano das cadeias pecuárias como o de segurança dos alimentos; bem estar dos animais; tecnologias de tratamento dos resíduos das produções; cria- ções e produtos livres de antibióticos; rastreabilidade, certificação; avaliação e mitigação dos impactos ambientais; condições de trabalho e do trabalhador. Qualquer atividade pecuária que queira ter competitividade e índices de crescimento constantes terá que desenvolver-se considerando todos estes aspectos. Não é mais possível produzir animais com uma visão estritamente produtivista, pois o consumidor quer consumir carnes, ovos, leite, lã, mel, etc. em quantidade suficiente para saciar suas de- mandas alimentares, mas com padrões de qualidade elevados a fim de suprir suas demandas sociais, ambientais e culturais. A cadeia produtiva de aves, principalmente a de frangos de corte, é talvez o maior exemplo de todas as mudanças que ocorreram ao longo dos anos e fizeram com que a produção de proteína animal brasileira atingisse os níveis de excelência verificados no presente. Certamente, por estar adiantada neste processo, frente a outras cadeias pecuárias, e ter como característica um elevado nível de organização e controle, deve ser uma das primeiras cadeias produtivas a internalizar os novos conceitos em suas rotinas, pois sabe que somente assim poderá manter os seus índices de crescimento. Ambientalmente, o desafio da avicultura nacional é grande, pois: o nú- mero de propriedades que possuem um programa de manejo ambiental é insignificante; poucos Estados possuem lei de licenciamento espe- cífica para atividade; há carência de profissionais especializados em manejo ambiental de atividades avícolas; o nível de educação formal da grande maioria dos avicultores é muito baixo, o que dificulta a trans- ferência de conhecimentos e tecnologias ambientais; a disponibilidade de conhecimento técnico e científico que tenha como foco o manejo ambiental da produção de aves é reduzido no país, fato que influencia a tomada de decisão, a elaboração de legislações e aumenta a intensida- de dos conflitos. Analisando-se a literatura internacional, observa-se que muitos países já possuem um histórico em manejo ambiental da avicultura. Não se deve incorrer em um erro comum aos países em desenvolvimento que é a simples migração dos conhecimentos e tecnologias de outros países. Deve-se aprender com estes, mas, ao mesmo tempo, gerar conheci- mentos considerando a realidade produtiva, econômica, social, ambien- tal e cultural do Brasil. A melhor condição ambiental da produção dos outros países não lhes assegurou a ausência de conflitos entre a sociedade e a produção. Muito menos lhes conferiu uma produção sustentável. Isso atesta o fato que, mesmo diante de uma condição tecnológica e econômica melhor, o desafio é grande e altamente dependente da mobilização da cadeia produtiva e da sociedade. As principais ações que devem ser conduzidas e que provocarão a evo- lução ambiental da avicultura são: • Utilizar estratégias nutricionais que possuam benefícios ambientais, reduzindo o volume e o potencial poluidor dos resíduos, principalmente quanto à excreção de nitrogênio, fósforo e metais. • Implementar sistemas de tratamento dos resíduos, principalmente em territórios e bacias hidrográficas de elevada lotação de unidades animais. • Utilizar práticas de manejo que diminuam e emissão de odores, poeiras e barulhos. • Inserir o conceito de Plano de Manejo de Nutrientes para propriedade e no uso dos resíduos da produção como fertilizante, tendo-se como ele- mentos de referencia o nitrogênio e o fósforo (para área de alta vulnera- bilidade ambiental). • Capacitar técnicos e produtores em manejo ambiental disponibilizando programas constantes. • Documentar todas as informações sobre o manejo ambiental da proprie- dade e dos resíduos. • Desenvolver indicadores a fim de caracterizar o desempenho ambiental da atividade. • Internalizar o conceito de boas práticas ambientais de produção; • Elaborar e implementar programas de zoneamento econômico-ecológico, principalmente, nas áreas caracterizadas pela alta concentração de uni- dades animais e para os territórios a serem ocupados. • Dispor de leis de licenciamento da atividade nos principais Estados pro- dutores e viabilizar a atuação dos órgãos de fiscalização federais, estadu- ais e municipais. • Conhecer o custo econômico das adequações ambientais e inserir o custo ambiental no custo de produção e no valor de remuneração aos produtores. • Viabilizar formas de agregação de valor aos resíduos e pagamento pelos serviços ambientais prestados pelos avicultores. • Desenvolver estudos que estabeleçam a relação entre a produção e sua condição ambiental e a saúde humana e do trabalhador. Julio Cesar Pascale Palhares Pesquisador
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