Do português arcaico ao português brasileiro outras histórias Klebson Oliveira Hirão F. Cunha e Souza Juliana Soledade (orgs.) SciELO Books SciELO Livros SciELO Libros OLIVEIRA, K., CUNHA E SOUZA, HF., and SOLEDADE, J., orgs. Do português arcaico ao português brasileiro: outras histórias [online]. Salvador: EDUFBA, 2009. ISBN 978-85-232-0871-4. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported. Do português arcaico ao português brasileiro: outras histórias Universidade Federal da Bahia Reitor Naomar Monteiro de Almeida Filho Vice Reitor Francisco José Gomes Mesquita Editora da Universidade Federal da Bahia Diretora Flávia M. Garcia Rosa Conselho Editorial Ângelo Szaniecki Perret Serpa Caiuby Alves da Costa Charbel Ninõ El-Hani Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti José Teixeira Cavalcante Filho Maria do Carmo Soares Freitas Suplentes Alberto Brum Novaes Antônio Fernando Guerreiro de Freitas Armindo Jorge de Carvalho Bião Evelina de Carvalho Sá Hoisel Cleise Furtado Mendes Maria Vidal de Negreiros Camargo Klebson Oliveira Hirão F. Cunha e Souza Juliana Soledade (organizadores) do português arcaico ao português brasileiro: outras histórias Salvador Edufba/2009 ©2009 by autores Direitos para esta edição, cedidos à Editora da Universidade Federal da Bahia. Feito o depósito legal. Concepção da capa: Juliana Soledade Execução e arte final: Fábio Ramon Revisão: Organizadores Sistema de Bibliotecas - UFBA Do português arcaico ao português brasileiro [livro eletrônico] : outras histórias / Kebson Oliveira, Hirão F. Cunha e Souza, Juliana Soledade (Orgs.). - Salvador : EDUFBA, 2009. 5232 Kb ; ePUB ISBN 978-85-232-0871-4 1. Língua portuguesa - Português arcaico - Até 1500 - Coletânea. 2. Língua portuguesa - Brasil - História - Coletânea. I. Oliveira, Klebson. II. Souza, Hirão F. Cunha e. III. Soledade, Juliana. CDD - 4690981 Editora afiliada à: EDUFBA Rua Barão de Jeremoabo, s/n Campus de Ondina 40.170-115 Salvador-Bahia-Brasil Telefax: (71) 3283-6160/6164/6777 [email protected] www.edufba.ufba.br Agradecimentos: • A Flávia Garcia Rosa, tão generosa e gentil, por ter apostado neste Projeto • A Veronica de Souza Santos, Wagner Carvalho de Argolo Nobre e Pascásia Coelho da Costa Reis, pelo auxílio indispensável no que foi preciso Prefácio É com grande satisfação que faço este Prefácio da quarta coletânea do PROHPOR (Programa para a história da língua portuguesa), grupo de pesquisa que ainda coordeno. Intitulada a coletânea de do português arcaico ao português brasileiro: outras histórias, esta, diferentemente da primeira e da segunda, respectivamente, A carta de Caminha: testemunho linguístico de 1500 e O português quinhentista: estudos lingüisticos, que foram resultados de projetos coletivos do PROHPOR, se afina com a terceira, do português arcaico ao português brasileiro, porque apresenta trabalhos de projetos de membros do PROHPOR e não projetos coletivos. Constituída de quinze capítulos, vê-se que os capítulos primeiro e quinto tratam de aspectos do léxico (o primeiro de Rosa Virgínia Mattos e Silva e o quinto de Sônia Bastos Borba Costa); os capítulos quarto, sexto, oitavo e nono, da sintaxe (respectivamente, o de Pascásia Coelho da Costa, o de Maria da Conceição Hélio Silva com Mariana de Oliveira, o de Emília H. P. Monteiro de Souza com Therezinha M. Mello Barreto e o de Regina Lúcia Bittencourt); os capítulos segundo, terceiro e décimo segundo abraçam estudos no âmbito da morfologia (respectivamente, o de Antônia Vieira dos Santos, o de Aurelina Ariadne Domingues Almeida com Juliana Soledade Barbosa Coelho e, por último, o de Lucas Campos); os capítulos sétimo, décimo primeiro, décimo terceiro, décimo quarto e décimo quinto tratam de aspectos da sócio-história, cujos autores são, respectivamente, Klebson Oliveira, Hirão Fernandes Cunha e Souza com Luís Gomes e Ricardo Nascimento Abreu, Alex Batista Lins, Rosa Virgínia Mattos e Silva com Américo Venâncio Lopes Machado Filho e, por último, o de autoria de Tânia Conceição Freire Lobo. O capítulo décimo, redigido pelos punhos de Klebson Oliveira, se circunscreve no âmbito da fonética. Dos dezenove autores, uns são doutores, outros mestres e outros mestrandos e doutorandos. Pelos títulos dos capítulos, que são longos e não cabem, a meu ver, em um Prefácio, uns se centram no português no seu período arcaico e outros no português brasileiro, dos séculos XVIII ao XX. Alegra-me e até orgulho-me do crescimento do nosso Grupo de Pesquisa e da diversidade da temática dos trabalhos desta coletânea, o que demonstra a maturidade do Grupo, adolescente de dezesseis anos. Alguns estudos são na linha funcionalista (como o de Sônia Bastos Borba Costa, o de Regina Bittencourt, o de Lucas Campos e o de Maria da Conceição Hélio Silva com Mariana Oliveira); outros descritivistas (como o de Rosa Virgínia Mattos e Silva, o de Antônia Vieira Santos, o de Pascásia Coelho da Costa, o de Aurelina Ariadne Domingues Almeida com Juliana Soledade Barbosa Coelho e o de Klebson Oliveira que se refere à fonética); os que abordam a sócio-história apresentam (o de Klebson Oliveira sobre as tábuas votivas do século XVIII ao XX, o de Hirão Fernandes Cunha, escrito juntamente com Luís Gomes e Ricardo Nascimento Abreu, o de Alex Batista Lins, o de Rosa Virgínia Mattos e Silva com Américo Venâncio Lopes Machado Filho e o de Tânia Conceição Freire Lobo), como não poderia deixar de ser, interpretações qualitativas. Assim sendo, termino este Prefácio e convido os Leitores à leitura dos referidos quinze capítulos, esperando que deles tirem bom proveito. Rosa Virgínia Mattos e Silva Professora Titular de Língua Portuguesa/UFBA O conceito relativo de neologismo e arcaísmo: um estudo pancrônico Rosa Virgínia MATTOS E SILVA (UFBA/PROHPOR/CNPq) Introdução Afinal o que vem a ser o léxico de uma língua? Para Fernão de Oliveira (1536[2000], p. 118), primeiro gramático descritivista da língua portuguesa, será “Dição, vocabolo ou palavra, tudo que dizem a mesma coisa. E podemos assi dar sua definição: palavra é a voz que significa cousa, auto ou modo” Mais adiante classifica as “dições” como “alheas; comuns; apartadas ou simprezes ou singelas; juntas ou compostas; velhas e novas; dições usadas e dições próprias”. Aqui interessam sobretudo as dições novas e dições velhas: As dições novas são aquelas que novamente ou de todo fingimos ou em parte achamos [...] mas porém se achássemos hua cousa nova em nossa terra, bem lhe podemos dar nome novo [...]. Achar dições novas [... ] é quando para fazer a voz nova que nos é necessária, nos fundamos em hua cousa como em bombarda [...] o qual vocábolo chamarom assi por amor do som que ele lança [... ] e daqui também tiramos estrouto isso mesmo novo, esbombardear (1536[2000], p. 50-51). Quanto às dições velhas, são as que já foram usadas, mas agora são esquecidas, como Egas, Sancho, Dinis, nomes próprios e ruão, que quis dizer cidadão [...]. Pois em tempo del-rei dom Afonso Henriques capa pelle era o nome de uma certa vestidura [...]; nossos pais tinham alghumas palavras que já não são agora ouvidas, como compengar que quer dizer comer o pão com a outra vianda, e nemigalha, segundo se declarou poucos dias hua velha a este tempo quando isto disse, de cento e dezasseis anos de sua idade (1536[2000], p. 49). Com essa introdução delineam-se os objetivos deste trabalho: definir o léxico, verificar como são relativos os conceitos de neologismo e de arcaísmo, bem exemplificados nas dições novas e dições velhas por Fernão de Oliveira na sua Gramática da linguagem portuguesa, de 1536, re-editada no final do século XX. 1 O léxico Em 2007, Isquerdo & Alves (2007, p. 10) referem-se à palavra “como a unidade básica do léxico de uma língua, de maneira mais clássica como unidade lexical”. Já Biderman (2001, p. 98) ressalta a notória dificuldade de estudar o léxico de uma língua, o que “se deve ao fato de ser este um sistema aberto, contrariamente aos demais domínios linguísticos”. Enquanto isso, Mário Vilela, em artigo de 1997, diz: O léxico é, numa perspectiva cognitivo-representativa, a codificação da realidade extralinguística interiorizada no saber de uma comunidade linguística. Ou numa perspectiva comunicativa é o conjunto de palavras por meio das quais os membros de uma comunidade linguística comunicam entre si ( p. 31). Distingue o autor vocabulário e léxico. O primeiro “é o conjunto de vocábulos realmente existentes num determinado lugar e num determinado tempo. Tempo e lugar ocupados por uma comunidade linguística” (p. 31). O léxico, entretanto, “é o conjunto das palavras fundamentais das palavras ideais duma língua” ( p. 31). Já Carolina Michaelis de Vasconcelos, nas suas Lições de filologia portuguesa, ministradas em 1911/1912 e 1912/1913, que, embora antigas, mas sempre atuais, diz: Lexicon designou originariamente, e designa até hoje, o conjunto de palavras, das formas e modismos peculiares de um autor [...]; em sentido lato e moderno designa o conjunto das palavras de uma língua ([1956], p. 261).
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