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DO ORAL PARA O ESCRITO: A NARRATIVIDADE EM NHEENGATU NO ALTO RIO NEGRO PDF

293 Pages·2015·2.88 MB·Portuguese
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Preview DO ORAL PARA O ESCRITO: A NARRATIVIDADE EM NHEENGATU NO ALTO RIO NEGRO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM PATRÍCIA REGINA VANNETTI VEIGA DO ORAL PARA O ESCRITO: A NARRATIVIDADE EM NHEENGATU NO ALTO RIO NEGRO – AM CAMPINAS, 2015 PATRÍCIA REGINA VANNETTI VEIGA DO ORAL PARA O ESCRITO: A NARRATIVIDADE EM NHEENGATU NO ALTO RIO NEGRO – AM Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestra em Linguística. Orientador: Prof. Dr. Wilmar da Rocha D’Angelis Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação defendida pela aluna Patrícia Regina Vannetti Veiga e orientada pelo Prof. Dr. Wilmar da Rocha D’Angelis CAMPINAS, 2015 Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): FAPESP, 2013/13244-5 Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem Crisllene Queiroz Custódio - CRB 8/8624 Veiga, Patrícia Regina Vannetti, 1983- V533d VeiDo oral para o escrito : a narratividade em nheengatu no Alto Rio Negro - AM / Patrícia Regina Vannetti Veiga. – Campinas, SP : [s.n.], 2015. VeiOrientador: Wilmar da Rocha D'Angelis. VeiDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. Vei1. Índios da América do Sul - Brasil - Alto Rio Negro, Região (AM). 2. Tradição oral. 3. Língua Nheengatu. 4. Educação indigena. 5. Índios - Escrita. 6. Antropologia linguística. I. D'Angelis, Wilmar,1957-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título. Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: From oral to written : storytelling in nheengatu in Upper Rio Negro - Amazonas State Palavras-chave em inglês: Indians of South America - Brazil - Alto Rio Negro, Region (AM) Oral tradition Nheengatu language Indigenous education Indians - Writing Anthropological linguistics Área de concentração: Linguística Titulação: Mestra em Linguística Banca examinadora: Wilmar da Rocha D'Angelis [Orientador] Uruguay Cortazzo González Anna Christina Bentes Data de defesa: 28-08-2015 Programa de Pós-Graduação: Linguística Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) Folha de aprovação A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Dissertação de Mestrado, em sessão pública realizada em 28 de agosto de 2015, considerou a candidata Patrícia Regina Vannetti Veiga aprovada. 1. Prof. Dr. Wilmar da Rocha D’Angelis (IEL/Unicamp) 2. Profa. Dra. Anna Christina Bentes da Silva (IEL/Unicamp) 3. Prof. Dr. Uruguay Cortazzo González (UFPel) A Ata da Defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica da aluna. Dedico este trabalho a todos aqueles que se empenham na construção e compartilhamento dos saberes, principalmente daqueles sufocados pelas amarras sociais, culturais e políticas. AGRADECIMENTOS Como as palavras que voam e ecoam pelo vento, bocas e por onde encontrarem alguma brecha, assim é a vida, que se desenrola por onde o caminho leva. Nessa caminhada os encontros são presentes, de pessoas ou de lugares, em momentos certos e em momentos errados. Quando uma coisa se constrói, seja ponte ou ninho, temos que solidificar as bases. Esses movimentos me levaram a São Gabriel da Cachoeira, na primeira vez, guiada pelo professor Eduardo Navarro. Pela terra das águas e da mata, dos encantados e das pessoas encantadoras; quantos papos e memória da língua não tive com Celina Cruz e Marlene Trindade; quantas vezes fui guiada espiritual e fisicamente por Dani e recebida por sua família, em suas idas e vindas com o Marivaldo. Auxiliadora, com a força de suas caminhadas, impulsionou as minhas buscas; Patrocínio, com a calma do olhar, acalentou algumas angústias. E muitos outros que sabem da importância que tiveram nessas minhas descobertas pelo Rio Negro, inclusive a Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro), que apoiou e abriu caminhos rio adentro. E nessas buscas por revelações, não podia deixar de citar, Marcel Ávila foi importante, pelo nheengatu me desdobrar, pelo ouvido e tradução, que permitiram as análises desta dissertação, como também Antônio Neto pela ajuda de alguns termos decifrar. A todos o meu agradecimento. Os ventos correm e sempre os encontros são marcados, na parceria da querida amiga Juliana Campoi; as aventuras por barcos e canoas, até a nossa chegada pela primeira vez à comunidade de Assunção do Rio Içana, na casa daqueles que desde o começo perceberam que surgiria uma forte parceria que poderia dar bons frutos, e deu, Seu Miguel Piloto, Dona Maria Bidoca e a família toda, aquele agradecimento. Do começo deste trabalho, regado por envolventes narrações, agradeço a Celina Cruz, Marlene Trindade, Miguel Piloto, Maria Bidoca, Amarildo Livino, Divinória Gaudencio e Marivaldo Almeida, que na maloca contaram e compartilharam o conhecimento de gerações. Que pelas mãos de Suzana Akemi viraram um vídeo com lindas edições. E pelas bandas de Assunção, todos aqueles educadores da escola Kariamã, comprometidos que estiveram; empenhados na escrita, na elaboração e na vontade de se educar com aquilo próximo, com aquela realidade vivida, onde pisamos o pé no chão e já sabemos quem nele pisou, as marcas continuam na cabeça e no coração, por isso, esse empenho na missão: Alzira Castro Bitencourt, Amarildo Livino Castro, Cláudio Martins Rocha, Divinória Cecílio Gaudencio, Edelson Luciano Ricardo, Estevão Fontes Olímpio, Elisangela Fontes, Félix Figueiredo da Silva, Liliana Luciano Fontes, Lucinda Martíns da Silva, Rubens Augusto da Silva Caldas, Sônia Bitencourt Fontes, Miguel Piloto, Maria Bidoca e o gestor Luiz Antônio, a todos o meu agradecimento. E essa luta reverberou, fez um livro brotar, graças a visão da professora Maria Silvia Cintra, que acreditou nesse trabalho e na importância de essas palavras espalhar, junto com outras tantas difundidas pela Revista LEETRA Indígena da UFSCar. Em pisar sou levada a minha raiz, família, a origem de onde a existência começou e continua por todo crescimento da vida; pai, mãe, irmã, irmão, cunhada, sobrinho, tia avó, tios e primos (Alaor, Sônia, Mônica, André, Luana, Antônio, Noêmia, Ivandro, Paola, Amadeu, Amanda e Jorge). Sem me esquecer dos que transcenderam, mas deixam marcas visíveis em palavras e jeitos, que continuarão (vó Irene – in memoriam), a todos o meu agradecimento, por me ajudarem a ser quem eu sou. Esses estudos e saberes, que não se acabam nesse papel, mas ganham forças por palavras que serão transmitidas para aqueles ouvidos que querem ouvir, aqueles curiosos que buscarão pela leitura ou pela prosa o sabor desses alimentos. Assim também fez crescer as sementes desses saberes Carolina Garcia von Zuben, no acompanhar das ideias, no olhar a esses textos e no deliciar dos frutos secos e maduros, colhidos ou cultivados, em eterna parceria, a ela o meu agradecimento. E o nosso jardim é grande, as frutas e árvores estão unidas, a família que a nossa vida constrói: Juliane, Aline, Lívia, Luandinha, Bia, Baltazar, Benê, Magnólia, Nisdê, Bá, Fidel, Lila, Chiquinho, Yayá, Bruno saci, Renatinha, Carol, Carolzinha, Suzana, Emy, Nina, Marina, Marissel, Mel, Salô, Luan, Téo, Babi, Rô e muitas outras tantas flores. As redes vão crescendo, novos brotos frutificando, e foi assim que da novidade encontrei a Linguística, em um caminho cruzado; o encontro com o professor Wilmar da Rocha D’Angelis se fez como trilha, que nela fui buscar a água para nutrir pequenas mudas, das quais não sabia em que iam dar. Deram de tudo, brotos coloridos e espinhosos, os quais também colhi e com eles também cresci. E dessa estada de apoios, grandes pessoas pude encontrar; dos almoços, diálogos, moradas e reuniões, tinha sempre a aproveitar: Juliana Santos, Ivana, Mário, Raphael, Caroline, Rogério, Selmo, Nayara, prof. Angel e todo o pequeno grande grupo das Línguas Indígenas do IEL/ Unicamp. Desses momentos de idas e voltas, de sim e de não, estive sempre com Vinicius, cravado em meu coração. Nos caminhos de estudos, das buscas por respostas, da vida compartida e de tudo o que mais gosto, do olhar acalentador e das risadas de verdade, se tem um texto a ser mostrado, é porque nele o seu sorriso aparece, meu amado. Não podia deixar de lembrar daqueles que com olhos atentos desbravaram o meu texto; dos comentários, sugestões e opiniões que ampliaram a qualidade desta dissertação, ao professor Uruguay Cortazzo González, à professora Anna Christina Bentes e ao professor Wilmar da Rocha D’Angelis os meus agradecimentos. * * * Agradeço também ao Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, principalmente aos funcionários da secretaria de pós-graduação e da biblioteca, e ao apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), processo n° 2013/13244-5, que auxiliaram e viabilizaram o desenvolvimento desta pesquisa de mestrado. A férrea lei da história coloca à sociedade uma escolha: permanecer esmagada pelas monstruosas contradições do sistema capitalista ou criar novas relações sociais, sobre a base da liquidação do domínio do homem sobre o homem, estabelecendo a mútua colaboração entre eles e a direção racional do desenvolvimento das forças sociais. (Karl Marx e Frederich Engels, em Cultura, Arte e Literatura: textos escolhidos) No momento em que um homem foi reconhecido por outro como um ser sensível, pensante e semelhante a ele, o desejo ou a necessidade de comunicar-lhe os próprios sentimentos e os próprios pensamentos fez com que procurasse os meios de fazê-lo. Esses meios somente podem ser extraídos dos sentidos, os únicos instrumentos através dos quais um homem pode agir sobre outro. (Jean-Jacques Rousseau, em Ensaio sobre a origem das línguas) RESUMO Esta pesquisa investiga os processos de escrita das narrativas orais pelos professores indígenas baniwa, falantes de nheengatu na região do Baixo Rio Içana, Alto Rio Negro (AM). Contextualizamos o cenário com os apontamentos históricos sobre a região amazônica e sobre a língua geral, para depois entrarmos na reflexão teórica sobre as abordagens do oral e do escrito; tanto as que abordam hierarquicamente essas diferentes modalidades da linguagem e da comunicação, quanto aquelas que encaram essa retextualização como um processo em que as formas locais e as especificidades culturais criam hibridismos, transformando a escrita pelas práticas social e comunicativa tradicionais dos grupos. Para analisarmos essas transformações textuais nas narrativas e na narratividade da tradição oral, na língua indígena materna e no português, usamos a metodologia etnográfica e participativa, em que os atores indígenas narraram oralmente e depois escreveram as narrativas, portanto, o corpus está contextualizado na linguagem em uso e em funcionamento comunicativo. Os recursos da linguagem estão relacionados aos modos de expressão, conhecimento e organização das concepções indígenas transmitidas pelas narrativas, sendo assim, a pesquisa contou com uma fundamentação teórica de campos interdisciplinares, como da Antropologia, Linguística e Educação, principalmente com os estudos da Análise da Conversação e da Linguística Antropológica. A partir da confrontação entre a linguagem empregada no oral e na escrita, em ambas as línguas, percebemos que os recursos da oralidade – por meio dos recursos gestuais, prosódicos, poéticas paralelísticas, entre outros –, que contribuem para a articulação do pensamento, a efetividade da tradição e a contextualização cultural, estruturalmente foram alterados com a escrita, que prevê uma eliminação das repetições, uma ordenação dos fatos e acontecimentos narrativos e uma neutralidade e universalidade do conhecimento. No entanto, as formas orais foram inseridas na escrita por meio de ênfases, onomatopeias, uso de marcadores conversacionais, entre outros, mantendo a expressividade comunicativa e a construção de sentidos dos textos narrativos, a partir de recursos interacionais e semióticos. O uso de desenhos compostos junto com o texto alfabético cria referencialidades que dialogam com a complexa semântica dos grafismos baniwa e da articulação da linguagem oral. Portanto, a retextualização é resultado de hibridismos, formando um tipo de escrita característica da tradição oral indígena. Essas construções sincréticas se apresentam mais possíveis na escrita pela língua indígena materna do que na escrita em português; ao compararmos as transformações na forma de organização dos textos e dos conhecimentos expressos em ambas as línguas, percebemos que as influências dos padrões ocidentais foram mais significativas no português, presentes inclusive na narração oral nesta língua. Disso decorre a importância de fortalecer os espaços de uso das línguas indígenas e da escrita relacionados aos modos próprios de comunicação e não submetidos aos modelos hegemônicos da sociedade nacional. Palavras chave: Tradição Oral – Narrativas – Nheengatu – Escrita e Educação Indígenas – Linguística Antropológica

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