G. Reale - D. Antiseri HISTÓRIA DA FILOSOFIA 3 Do Humanismo a Descartes Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Reale, Giovanni História da filosofia: do humanismo a Descartes, v. 3 / Giovanni Reale, Dario Antiseri; [tradução Ivo Storniolo]. — São Paulo: Paulus, 2004. Título original: Storia delia filosofia. Bibliografia. ISBN 85-349-2102-4 1. Filosofia - História I. Antiseri, Dario. II. Título. III. Título: Do Humanismo a Descartes. 02-178 CDD-109 índices para catálogo sistemático: 1. Filosofia: História 109 Título original Storia delia filosofia - Volume H: DaifUmanesimo a Kant © Editrice LA SCUOLA, Brescia, Itália, 1997 ISBN 88-350-9271-X Tradução ivo Stomioio Revisão Zoiferino Tonon Impressão e acabamento PAULUS 2a edição, 2005 © PAULUS - 2004 Rua Francisco Cruz, 229 • 04117-091 São Paulo (Brasil) Fax (11) 5579-3627 • Tel. (11) 5084-3066 www.paulus.com.br • [email protected] ISBN 85-349-2102-4 Existem teorias, argumentações e ★ ★ ★ disputas filosóficas pelo fato de existirem pro A história da filosofia é a história blemas filosóficos. Assim como na pesquisa dos problemas filosóficos, das teorias fi científica idéias e teorias científicas são res losóficas e das argumentações filosófi postas a problemas científicos, da mesma cas. É a história das disputas entre filó forma, analogicamente, na pesquisa filosó sofos e dos erros dos filósofos. É sempre fica as teorias filosóficas são tentativas de a história de novas tentativas de versar solução dos problemas filosóficos. sobre questões inevitáveis, na esperança Os problemas filosóficos, portanto, de conhecer sempre melhor a nós mes existem, são inevitáveis e irreprimíveis; en mos e de encontrar orientações para volvem cada homem particular que não nossa vida e motivações menos frágeis renuncie a pensar. A maioria desses pro para nossas escolhas. blemas não deixa em paz: Deus existe, ou A história da filosofia ocidental é a existiriamos apenas nós, perdidos neste história das idéias que in-formaram, ou imenso universo? O mundo é um cosmo seja, que deram forma à história do Oci ou um caos? A história humana tem senti dente. É um patrimônio para não ser dis do? E se tem, qual é? Ou, então, tudo - a sipado, uma riqueza que não se deve glória e a miséria, as grandes conquistas e perder. E exatamente para tal fim os pro os sofrimentos inocentes, vítimas e car- blemas, as teorias, as argumentações e nífices - tudo acabará no absurdo, despro as disputas filosóficas são analiticamente vido de qualquer sentido? E o homem: é explicados, expostos com a maior clareza livre e responsável ou é um simples frag possível. mento insignificante do universo, determi ★ ★ ★ nado em suas ações por rígidas leis natu rais? A ciência pode nos dar certezas? O Uma explicação que pretenda ser cla que é a verdade? Quais são as relações ra e detalhada, a mais compreensível na entre razão científica e fé religiosa? Quan medida do possível, e que ao mesmo tem do podemos dizer que um Estado é demo po ofereça explicações exaustivas compor crático? E quais são os fundamentos da de ta, todavia, um "efeitoperverso", pelo fato mocracia? É possível obter uma justificação de que pode não raramente constituir um racional dos valores mais elevados? E quan obstáculo à "memorização" do complexo do é que somos racionais? pensamento dos filósofos. Eis, portanto, alguns dos problemas Esta é a razão pela qual os autores filosóficos de fundo, que dizem respeito pensaram, seguindo o paradigma clássi às escolhas e ao destino de todo homem, co do Üeberweg, antepor à exposição e com os quais se aventuraram as men analítica dos problemas e das idéias dos tes mais elevadas da humanidade, dei diferentes filósofos uma síntese de tais xando-nos como herança um verdadeiro problemas e idéias, concebida como ins patrimônio de idéias, que constituía iden trumento didático e auxiliar para a me tidade e a grande riqueza do Ocidente. morização. ......... .Apresentação ★ ★ ★ * * * Afirmou-se com justeza que, em linha Ao executar este complexo traçado, geral, um grande filósofo é o gênio de uma os autores se inspiraram em cânones psico- grande idéia: Platão e o mundo das idéias, pedagógicos precisos, a fim de agilizar a Aristóteles e o conceito de Ser, Plotino e a memorização das idéias filosóficas, que são concepção do Uno, Agostinho e a "tercei as mais difíceis de assimilar: seguiram o ra navegação"sobre o lenho da cruz, Des método da repetição de alguns conceitos- cartes e o "cogito", Leibnizeas "mônadas", chave, assim como em círculos cada vez Kanteo transcendental, Hegel e a dialética, mais amplos, que vão justamente da sínte Marx e a alienação do trabalho, Kierke- se à análise e aos textos. Tais repetições, gaard e o "singular", Bergson e a "dura repetidas e amplificadas de modo oportu ção", Wittgenstein e os "jogos de lingua no, ajudam, de modo extremamente efi gem", Popper e a "falsificabilidade" das caz, a fixar na atenção e na memória os teorias científicas, e assim por diante. nexos fundantes e as estruturas que sus Pois bem, os dois autores desta obra tentam o pensamento ocidental. propõem um léxico filosófico, um dicioná •fr ★ ★ rio dos conceitos fundamentais dos diver Buscou-se também oferecerão jovem, sos filósofos, apresentados de maneira di atualmente educado para o pensamento dática totalmente nova. Se as sínteses visual, tabelas que representam sinotica- iniciais são o instrumento didático da me mente mapas conceituais. morização, o léxico foi idealizado e cons Além disso, julgou-se oportuno enri truído como instrumento da conceitualiza- quecer o texto com vasta e seleta série de ção; e, juntos, uma espécie de chave que imagens, que apresentam, além do rosto permita entrar nos escritos dos filósofos e dos filósofos, textos e momentos típicos da deles apresentar interpretações que encon discussão filosófica. trem pontos de apoio mais sólidos nos pró prios textos. ★ ★ ★ Apresentamos, portanto, um texto ci * * * entífica e didaticamente construído, com Sínteses, análises, léxico ligam-se, a intenção de oferecer instrumentos ade portanto, à ampla e meditada escolha dos quados para introduzir nossos jovens a textos, pois os dois autores da presente olhar para a história dos problemas e das obra estão profundamente convencidos idéias filosóficas como para a história gran do fato de que a compreensão de um fi de, fascinante e difícil dos esforços intelec lósofo se alcança de modo adequado não tuais que os mais elevados intelectos do só recebendo aquilo que o autor diz, mas Ocidente nos deixaram como dom, mas lançando sondas intelectuais também nos também como empenho. modos e nos jargões específicos dos tex tos filosóficos. Giovanni Reale - Dario Antiseri *g<e.d» índice de nomes, XV III. Os “profetas” e os “magos” índice de conceitos fundamentais, XIX orientais e pagãos: Hermes Trismegisto, Zoroastro e Orfeu 14 Primeira parte 1. O conhecimento histórico-crítico diferen O HUMANISMO te que os humanistas tiveram da tradição E A RENASCENÇA latina em relação à grega, 14; 2. Hermes Trismegisto e o “Corpus Hermeticum”, 15; 2.1. Hermes e o “Corpus Hermeticum” na realidade histórica, 15; 2.2. Hermes e o Capítulo primeiro “Corpus Hermeticum” na interpretação da O pensamento humanista- Renascença, 16; 3. O “Zoroastro” da Re renascentista nascença, 16; 4. O Orfeu renascentista, 17. e suas características gerais 3 Tfxtos -P- O- Kristeller: 1. Negação do sig nificado filosófico do Humanismo, 18; E. I. O significado Garin: 2. Reivindicação da valência “filo- historiográfico sófico-pragmática” do Humanismo, 18; J. do termo “Humanismo” 3 Burckhardt: 3. O individualismo como mar co original da Renascença, 19; K. Burdach: I. O Humanismo e a valorização das “litte- 4. As raízes da Renascença afundam na Ida rae humanae”, 3; 2. As duas mais signifi de Média, 20. cativas interpretações contemporâneas do Humanismo, 6; 2.1. A interpretação de Kristeller, 6; 2.2. A interpretação de Garin, 7; Capítulo segundo 3. Possível mediação sintética das duas in Os debates sobre problemas morais terpretações opostas, 7. e o Neo-epicurismo 21 II. Conceito historiográfico, I. Os inícios do Humanismo 21 cronologia e características I. Francisco Petrarca, 21; 2. Coluccio Salu- da “Renascença” 9 tati, 22. 1. A interpretação oitocentista da “Renas II. Os debates sobre temas ético- cença” como surgimento de novo espíri to e de nova cultura que valorizam o mun políticos em L. Bruni, do antigo em oposição à Idade Média, 10; P. Bracciolini, L. B. Alberti__ 23 2. A nova interpretação da “Renascença” como “renovatio” e a “volta aos antigos” 1. Leonardo Bruni, 23; 2. Poggio Bracciolini, como “volta aos princípios”, 11; 3. Re 24; 3. Leon Battista Alberti, 24; 4. Outros flexões conclusivas sobre o conceito de humanistas do Quatrocentos, 25. “Renascença”, 11; 4. Cronologia e temas III. Lourenço Valia 26 do Humanismo e da Renascença, 12; 5. Relações entre Renascença e Idade Mé 1. O Neo-epicurismo de Valia, 26; 2. A su dia, 12. peração de Epicuro, 26; 3. A filologia de VIII CTndice gera! Valia: a “palavra” como suporte da verda Textos - Nicolau de Cusa: 1. O conceito de de, 27. “douta ignorância”, 46; 2. A “coincidência dos opostos” em Deus, 47; 3. O princípio Textos - F. Petrarca: 1. Verdadeira sabedo “tudo está em tudo” e seu significado, 49; ria, 28; L. Valia: 2. A defesa da própria in 4. O máximo absoluto e a natureza do ho terpretação da “voluptas”, 29. mem como microcosmo, 51; M. Ficino: 5. A concepção da alma como “copula mundi”, 52; Pico delia Mirandola: 6. A dig Capítulo terceiro nidade do homem, 53. O Neoplatonismo renascentista— 31 I. Acenos sobre Capítulo quarto a tradição platônica em geral O Aristotelismo renascentista e sobre os doutos bizantinos e a revivescência do Ceticismo— 55 do séc. XV 31 I. Os problemas I. Revivescência do platonismo, 31. da tradição aristotélica II. Nicolau de Cusa: na era do Humanismo--------- 55 a “douta ignorância” I. As três interpretações tradicionais de em relação ao infinito 33 Aristóteles, 55; 2. As temáticas aristotélicas 1. A vida, as obras e o delineamento cultu tratadas na Renascença, 56; 3. A complexa ral de Nicolau de Cusa, 34; 2. A “douta ig questão da “dupla verdade”, 56; 4. Valência norância”, 34; 2.1. A busca por aproxima do Aristotelismo renascentista, 57. ção, 34; 2.2. A “coincidência dos opostos” II. Pedro Pomponazzi_________ 58 no infinito, 35; 2.3. Os três graus do conhe cimento, 35; 3. A relação entre Deus e o uni 1. O debate sobre a imortalidade da alma, verso, 36; 4. O significado do princípio 58; 2. A natureza da alma e a virtude hu “tudo está em tudo”, 36; 5. A proclamação mana, 59; 3. O “princípio da naturalida do homem como “microcosmo”, 36. de”, 59; 4. O privilégio que deve ser dado à experiência, 80. III. Marsílio Ficino e a Academia platônica III. Renascimento florentina------------------------- 38 de uma forma moderada de Ceticismo--------------------- 61 1. A posição de Ficino no pensamento renascentista e as características de sua obra, 1. Revivescências das filosofias helenísticas na 38; 2. Ficino como tradutor, 39; 3. Os pon Renascença, 61; 2. Michel de Montaigne e o tos fundamentais do pensamento filosófico ceticismo como fundamento de sabedoria, 61. de Ficino, 39; 4. A filosofia como “revela ção” divina, 40; 5. A estrutura hierárquica Textos - P. Pomponazzi: 1. A questão da imortalidade da alma, 63; M. de Montaigne: do real e a alma como “copula mundi”, 40; 2. Filosofar é aprender a morrer, 65. 6. A teoria do “amor platônico” e sua difu são, 40; 7. A doutrina mágica de Ficino e sua importância, 41. Capítulo quinto IV. Pico delia Mirandola A Renascença e a Religião------- 67 entre platonismo, I. Erasmo de Rotterdam aristotelismo, e a “philosophia Christi”____ 67 cabala e religião 42 1. A posição, a vida e a obra de Erasmo, 67; 1. O pensamento de Pico, 42; 2. Pico e a 2. Concepção humanista da filosofia cristã, 68; cabala, 42; 3. Pico e a doutrina da dignida de do bomem, 44. 3. O conceito erasmiano de “loucura”, 69. V. Francisco Patrizi 45 II. Martinho Lutero 70 1. Patrizi: exemplo da continuidade da men 1. Lutero e suas relações com a filosofia, talidade hermética, 45. 70; 2. As relações de Lutero com o pensa IX CMdice gera! mento renascentista, 71; 3. Os pontos bási IV. Jean Bodin cos da teologia de Lutero, 72; 3.1. O ho e a soberania absoluta mem se justifica apenas pela fé e sem as do Estado 99 obras, 72; 3.2. A “Escritura” como a fonte de verdade, 73; 3.3. O livre exame da “Es 1. A idéia de “soberania” do Estado no pen critura”, 74; 4. Conotações pessimistas e samento de Bodin, 99. irracionalistas do pensamento de Lutero, 74. V. Hugo Grotius III. Ulrich Zwínglio, e a fundação o reformador de Zurique----- 76 do jusnaturalismo 100 1. A posição doutrinai de Zwínglio, 76. 1. Grotius e a teoria do direito natural, 100. IV. Calvino Textos - N. Maquiavel: 1. A necessidade e a reforma de Genebra 77 de “ir diretamente à verdade efetiva da coi sa”, 101; 2. A sorte é árbitra da metade de 1. Os pontos fundamentais da teoria de nossas ações, 101. Calvino, 77. V. Outros teólogos da Reforma Capítulo sétimo e figuras ligadas Vértices e resultados conclusivos ao movimento protestante__ 79 do pensamento renascentista: 1. Intérpretes importantes do movimento Leonardo, Telésio, protestante, 79. Bruno e Campanella__________ 103 VI. Contra-reforma I. Natureza, ciência e arte e Reforma católica------------- 80 em Leonardo 103 1. Os conceitos historiográficos de “Con I. Vida e obras, 103; A ordem mecanicista tra-reforma” e de “Reforma católica”, 80; da natureza, 104; 3. “Cogitação mental” e 2. O Concilio de Trento, 81; 3. O relança “experiência”, 105. mento da Escolástica, 83. II. Bernardino Telésio: Textos - Erasmo: 1. Erasmo: o elogio da a investigação da natureza loucura, 84; M. Lutero: 2. O primado da fé em Cristo sobre as obras, 88; 3. Sobre o ser- segundo vo-arbítrio do homem, 89; J. Calvino: 4. Deus seus próprios princípios 106 predestinou alguns homens à salvação, ou 1. Vida e obras, 106; 2. A novidade da físi tros à danação, 90. ca telesiana, 107; 3. Os princípios próprios da natureza, 108; 4. O homem como reali Capítulo sexto dade natural, 109; 5. A moral natural, 109; 6. A transcendência divina e a alma como A Renascença e a Política______ 93 ente supra-sensível, 110. I. Nicolau Maquiavel 93 III. Giordano Bruno: I. A posição de Maquiavel, 93; 2. O realis universo infinito mo de Maquiavel, 94; 3. A “virtude” do e “heróico furor” 111 príncipe, 94; 4. Liberdade e “sorte”, 94; 5. O “retorno aos princípios”, 95; 1. Vida e obras, 112; 2. A característica de fundo do pensamento de Bruno, 113; II. Guicciardini e Botero 96 3. Arte da memória (mnemotécnica) e ar te mágico-hermética, 114; 4. O universo 1. A natureza do homem, a sorte e a vida de Bruno e seu significado, 114; 5. A in- política em Guicciardini e Botero, 96. finitude do Todo e o significado impresso III. Tomás Morus 97 por Bruno à revolução copernicana, 115; 6. Os “heróicos furores”, 116; 7. Conclu 1. Imagem emblemática e conceito de “Uto sões, 117. pia”, 97; 2. Os princípios morais e sociais em que se inspiram os habitantes de Uto Mapa conceitual - A derivação do univer pia, 98. ’ so de Deus e o “heróico furor”, 118. IV. Tomás Campanella: prática, 147; 4. Os instrumentos científi naturalismo, magia e anseio cos como parte integrante do saber cientí fico, 148. de reforma universal 119 1. A vida e as obras, 120; 2. A natureza e o significado do conhecimento filosófico e o Capítulo nono repensamento do sensismo telesiano, 121; A revolução científica 3. A autoconsciência, 122; 4. A metafísica e a tradição mágico-hermética__151 campanelliana: as três “primalidades” do ser, 123; 5. O pan-psiquismo e a magia, 123; I. Presença e rejeição da tradição 6. A “Cidade do Sol”, 124; 7. Conclusões, mágico-hermética-------------151 124. I. Resultados do pensamento mágico-her- Mapa conceitual - Os fundamentos da mético sobre a ciência moderna, 152; 2. A metafísica, 126. união estreita entre astrologia, magia e ciên Textos - Leonardo da Vinci: 1. As caracte cia moderna, 153; 3. Características da as rísticas da ciência, 127; B. Telésio: 2. A na trologia, 154; 4. Fisiognomonia, quiroman- tureza deve ser explicada segundo seus cia e metoposcopia, 154; 5. Características princípios, 129; G. Bruno: 3. Unidade e infi- da magia, 155. nitude do universo, 130; 4. O mito de Actéon, 132; T. Campanella: 5. A doutrina do co II. Reuchlin nhecimento, 133; 6. A estrutura metafísica e a tradição cabalística. da realidade, 135. Agripa: “magia branca” e “magia negra”----------------- 156 Segunda parte 1. Reuchlin e a cabala, 156; 2. Agripa e a A REVOLUÇÃO magia, 156. CIENTÍFICA III. O programa iatroquímico de Paracelso 158 1. Paracelso: da magia à medicina natural, Capítulo oitavo 158. Origens e traços gerais IV. Três “magos” italianos: da revolução científica 139 Fracastoro, Cardano I. A revolução científica: e Delia Porta 160 o que muda com ela 139 1. Jerônimo Fracastoro, fundador da epide- 1. Como a imagem do universo muda, 141; miologia, 161; 2. Jerônimo Cardano, um 2. A terra não é mais o centro do universo: mago que foi médico e matemático, 162; conseqüências filosóficas desta “descober 3. Giambattista Delia Porta, entre ótica e ta”, 143; 3. A ciência torna-se saber experi magia, 163. mental, 143; 4. A autonomia da ciência em relação à fé, 144; 5. A ciência não é saber Capítulo décimo de essências, 144; 6. Pressupostos filosó ficos da ciência moderna, 144; 7. Magia e De Copérnico a Kepler 165 ciência moderna, 145. I. Nicolau Copérnico II. A formação e o novo paradigma de novo tipo de saber, da teoria heliocêntrica 165 que requer a união de ciência 1. O significado filosófico da “revolução e técnica 146 copernicana”, 166; 2. A interpretação ins 1. A revolução científica cria o cientista ex trumentalista da obra de Copérnico, 167; perimental moderno, 146; 2. A revolução 3. O realismo e o Neoplatonismo de Copér científica: fusão da técnica com o saber, nico, 168; 4. A situação problemática da 146; 3. A ciência moderna reúne teoria e astronomia pré-copernicana, 169; 5. A teo XI CJndice gernl ria de Copérnico, 170; 6. Copérnico e a IV. Galileu: tensão essencial entre tradição e revolução, as raízes do choque 171. com a Igreja II. Tycho Brahe: e a crítica nem “a velha do instrumentalismo distribuição ptolemaica” de Belarmino 199 nem “a moderna 1. A origem dos dissídios entre Galileu e a inovação introduzida Igreja, 199; 2. As relações entre Galileu e pelo grande Copérnico” 173 Belarmino, 200. 1. Uma restauração contendo os germes V. A incomensurabilidade da revolução, 173; 2. O sistema tychônico, entre ciência e fé___________ 202 174. 1. A Sagrada Escritura não se refere à estru IILJohannes Kepler: tura do cosmo, 202; 2. Autonomia da ciên cia em relação às Escrituras, 202; 3. As Escri a passagem do “círculo” turas se referem à nossa salvação, 203. para a “elipse” e a sistematização matemática VI. O primeiro processo 205 do sistema copernicano 176 1. Primeira advertência a Galileu para não 1. Kepler: vida e obras, 177; 1.1. Kepler, ma sustentar a teoria copernicana, 205. temático imperial em Praga, 178; 1.2. Kepler VII. A derrocada da cosmologia em Linz: as “Tábuas rodolfinas” e a “Har aristotélica monia do mundo”, 179; 2. O “Mysterium cosmographicum”: em busca da divina or e o segundo processo 206 dem matemática dos céus, 180; 3. Do “cír 1. Uma só física basta para o mundo celeste culo” à “elipse”. As “três leis de Kepler”, e o terrestre, 206; 2. O princípio de relativi 181; 4. O sol como causa dos movimentos dade galileano, 207; 3. O segundo proces planetários, 183. so: a condenação e a abjuração, 208. Textos - N. Copérnico: 1. A novidade da VIII. A última grande obra: concepção copernicana, 185; T. Brahe: 2. Entre tradição e inovação, 187. os Discursos e demonstrações matemáticas em torno Capítulo décimo primeiro de duas novas ciências 209 O drama de Galileu 1. Estrutura da matéria e estática, 209; 2. A e a fundação célebre experiência do plano inclinado, 210. da ciência moderna 189 IX. A imagem galileana I. Galileu Galilei: da ciência 212 a vida e as obras 192 1. A ciência nos diz “como vai o céu” e a fé I. As etapas mais importantes na vida de “como se vai ao céu”, 212; 2. Contra o Galileu, 192. autoritarismo filosófico, 212; 3. A atitude jus ta em relação à tradição, 212; 4. A ciência II. Galileu e a “fé” na luneta 195 nos diz verdadeiramente como é feito o mun do, 213f 5. A ciência é objetiva, porque des 1. A luneta como instrumento científico, creve as qualidades mensuráveis dos corpos, 195. 213; 6. O pressuposto neoplatônico da ciên III. O Sidereus Nuncius cia galileana, 214; 7. A ciência não busca as e as confirmações essências, e todavia o homem possui alguns conhecimentos definitivos e não revisíveis, do sistema copernicano 197 215; 8. O universo determinístico de Galileu 1. O universo torna-se maior, 197; 2. O cho não é mais o universo antropocêntrico de que entre os máximos sistemas do mundo, Aristóteles, 215; 9. Contra o vazio e a insen 197. satez de algumas teorias tradicionais, 216. XII C7ndice geral X. A questão do método: 1. A importância da física newtoniana na “experiências sensatas” história da ciência, 241. e/ou “demonstrações VIII. A descoberta do cálculo necessárias ” ? 217 infinitesimal 1. A experiência científica é o experimento, e a polêmica com Leibniz _ 242 217; 2. A mente constrói a experiência cien 1. Os estudos matemáticos de Newton, 242; tífica, 218; 3. Um exemplo de como a ob 2. Newton e o cálculo infinitesimal, 243; 3. A servação depende das teorias, 219. polêmica entre Newton e Leibniz, 244. Textos - G. Galilei: 1. O telescópio na re volução astronômica, 220; 2. Ciência e fé, Textos - I. Newton: 1. As quatro regras do método experimental, 245; 2. Deus e a or 221; 3. Método e experiência, 225; 4. Ciên dem do mundo, 246. cia e técnica, 226; R. Belarmino: 5. A inter pretação instrumentalista do Copernicanis- mo, 227. Capítulo décimo terceiro As ciências da vida, Capítulo décimo segundo as Academias Sistema do mundo, e as Sociedades científicas 249 metodologia e filosofia na obra I. Desenvolvimentos das ciências de Isaac Newton 229 da vida 249 1. O avanço da pesquisa anatômica, 250; I. O significado filosófico 2. Harvey: a descoberta da circulação do san da obra de Newton 232 gue e o mecanicismo biológico, 250; 3. Fran I. A teoria metodológica de Newton, 232. cisco Redi contra a teoria da geração espon tânea, 251. II. A vida e as obras 233 II. As Academias 1. Como Newton soube ler a queda de uma e as Sociedades científicas 253 maçã, 233; 2. A polêmica com Hooke, 234. 1. A Academia dos Linceus, 254; 2. A Aca III. As “regras do filosofar” demia do Cimento, 254; 3. A “Royal Socie- e a “ontologia” ty” de Londres, 256; 4. A Academia Real que elas pressupõem 236 das Ciências na França, 257. 1. Três regras metodológicas, 236; 2. A teo Textos - F. Redi: 1. Contra a teoria da ge ria corpuscular, 236; 3. A gravitação uni ração espontânea, 258. versal, 237. IV. A ordem do mundo Terceira Parte e a existência de Deus 238 1. O sistema do mundo é uma grande má BACON E DESCARTES quina, 238. V. O significado da sentença metodológica: Capítulo décimo quarto “hypotheses non fingo” 238 FrancisJBacon: 1. O método de Newton: formular hipóte filósofo da era industrial 263 ses e prová-las, 238. I. Francis Bacon: VI. A grande máquina do mundo 239 a vida e o projeto cultural___ 263 1. As três leis do movimento, 239; 2. A lei I. Bacon: o filósofo da era industrial, 263. de gravitação universal, 240. VII. A mecânica de Newton II. Os escritos de Bacon como programa de pesquisa_ 241 e seu significado 265