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Dissertação Mestrado - Alexandra Ruivo PDF

173 Pages·2010·0.98 MB·English
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VULNERABILIDADES FAMILIARES EM CONTEXTO DE INTERNAMENTO DO DOENTE IDOSO CASO PARTICULAR MEDICINA INTERNA IV, CENTRO HOSPITALAR LISBOA NORTE, HOSPITAL PÚLIDO VALENTE Alexandra Cristina da Silva Ruivo N.º 23244 ___________________________________________________ Dissertação de Mestrado em Sociologia Conhecimento, Educação e Sociedade MARÇO 2010 Trabalho de Dissertação apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Sociologia do Conhecimento, Educação e Sociedade realizado sob a orientação científica de Professor Doutor Luís A. Carvalho Rodrigues. Pag. 2 de 173 DECLARAÇÃO Declaro que esta Dissertação de Mestrado é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia. O candidato, ____________________ Lisboa, 30 de Março de 2010 Declaro que esta Dissertação de Mestrado se encontra em condições de ser apresentada a provas públicas. O orientador,   Luis A. Carvalho Rodrigues  (Departamento de Sociologia) Lisboa, 2010-03-24 Pag. 3 de 173 RESUMO Dissertação de Mestrado em Sociologia do Conhecimento, Educação e Sociedade Masterships Dissertation in Sociology of the Knowledge, Education and Society Alexandra Cristina da Silva Ruivo PALAVRAS-CHAVE: Família, idoso, prestadores de cuidados KEYWORDS: Family, aged, caretakers O presente trabalho visa compreender o envolvimento da família, enquanto prestadores de cuidados, no que concerne à planificação da alta hospitalar de uma pessoa idosa. Através do estudo e análise de diversos autores, enquadra teoricamente o processo de Modernidade e a importância que o mesmo tem na construção de um projecto individual e colectivo, assim como a noção de Confiança e a relevância que a mesma assume no processo de sociabilização. As Redes de Solidariedade e a perspectiva do agir comunicativo integram a ideia de Habermas, no que concerne às diferentes formas de agir estabelecida entre os indivíduos e a importância que as mesmas assumem perante diferentes perspectivas de actuação. Ana Alexandra Fernandes assume, nas questões do envelhecimento, uma importância chave, integrando a população idosa numa ideia de envelhecimento activo, onde o próprio assume o controlo da sua vida enquanto cidadão funcional e capaz na realização das suas actividades de vida diárias. Por fim o enquadramento teórico é fortalecido pela parte empírica, que através da realização de entrevistas a 14 famílias prestadoras de cuidados à pessoa idosa, e consequentemente os tratamentos dos dados obtidos, empreendemos numa tentativa de conjugar o saber adquirido com a prática diária, onde as angústias, medos e frustrações de familiares assumem um papel cimeiro naqueles que inesperadamente se vêem Pag. 4 de 173 envolvidos na prestação de cuidados, sem nunca perspectivarem essa função aquando a elaboração dos seus projectos de vida. The present work aims to understand the involvement of the relatives, while caretakers, with respect to the medical discharge of the aged. Through the study and analysis of diverse authors, it theoretically fits the process of Modernity and the importance that it has in the construction of an individual and collective project, as well as the concept of Trust and the relevance that it assumes in the socialization process. The Solidarity Networks and the perspective of communicative acting integrates the idea of Habermas, with respect to the different ways to act established between the individuals and the importance that the same ones assume before different action perspectives. Ana Alexandra Fernandes assumes, in the questions of the aging, as relevant, integrating the aged population in an idea of active aging, where the proper one assumes the control of its life while functional and capable citizen in the accomplishment of its daily activities. Finally the theoretical framing is fortified by the empirical part, that through the accomplishment of interviews to 14 caretaker relatives to the aged, and therefore the treatments of the gotten data, we attempt to conciliate the acquired knowledge with the daily practice, even when the anguish, fears and frustrations of the relatives assume an uppermost role in those who unexpectedly sees themselves involved in the rendering of cares, without never had foreseen this function at the time of their life project preparatives. Pag. 5 de 173 1.  Introdução ......................................................................................................................................... 7  2.  A abordagem institucional ao internamento hospitalar - O Hospital e a fenomenologia do idoso e da família ................................................................................................................................ 9  3.  A Família e a Modernidade, uma questão de identidade ........................................................ 16  3.1  A Modernidade na construção do Self ........................................................................... 16  3.1.1  O espaço dos Municípios na área Setentrional Lisboa ................................ 18  3.2  A Modernidade, e a dinâmica social e familiar ............................................................ 19  3.3  A Modernidade e a construção colectiva .......................................................................... 24  3.4  A noção de culpa de vergonha: uma consequência da Modernidade? ................... 27  3.5  Instituição família e a relação de confiança: consequências vistas à luz da Modernidade.................................................................................................................................... 28  4.  A confiança ..................................................................................................................................... 30  4.1  A confiança, uma conduta individual ............................................................................ 30  4.2  A confiança, na representação colectiva ........................................................................... 32  4.3  A confiança que leva à estabilidade entre o Hospital e a família ............................ 34  5.  Redes de solidariedade: a perspectiva do agir comunicativo ................................................. 36  5.1  Uma abordagem teórica de Habermas .............................................................................. 36  5.2  A teoria da comunicação, um processo integrado ....................................................... 38  5.3  A ética e a moral na perspectiva de Habermas ............................................................. 39  6.  Sociedade e envelhecimento ........................................................................................................ 43  6.1  O Envelhecimento, uma questão geracional ................................................................... 43  6.2  O Envelhecimento, um processo activo ......................................................................... 48  7.  Metodologia de uma abordagem qualitativa ............................................................................. 50  7.1  A fase exploratória ................................................................................................................ 51  8.  Definição do campo de análise ................................................................................................... 53  9.  A Amostra ....................................................................................................................................... 63  10.  Operacionalização de conceitos e construção do guião de entrevista ............................. 66  11.  Modelo de Análise ..................................................................................................................... 69  12.  A apresentação de resultados .................................................................................................. 71  12.1  A família.............................................................................................................................. 71  12.2  O Doente Idoso ................................................................................................................ 82  12.3  Alta Hospitalar ................................................................................................................. 90  12.4  Redes de Solidariedade Social .................................................................................. 102  13.  Conclusão ................................................................................................................................. 107  13.1  Perspectivas futuras ....................................................................................................... 118  14.  Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 120  15.  Índice Temático / Outros Índices ...................................................................................... 126  ANEXO(S) ........................................................................................................................................... 127  Pag. 6 de 173 1. Introdução O presente trabalho pretende, à luz da prática profissional exercida no Serviço de Medicina Interna, analisar as dinâmicas internas da família, e integrá-las em contexto de internamento com a pessoa idosa. O primeiro capítulo consiste numa apresentação sumária daquilo que é considerado a fenomenologia do idoso e da família integrado numa ideia de Hospital. Este capítulo aborda as ideias de Goffman e Ivan Illich no que concerne à caracterização de uma instituição como o Hospital, considerando a sua organização interna, a diversidade profissional e a relação estabelecida entre profissionais de família. Seguidamente, à luz de autores como Giddens e Touraine, constrói-se e consolida-se o objecto de estudo, a família, integrando-o num conceito de Modernidade. A família, é caracterizada como sendo uma estrutura complexa e dinâmica, que influência e é influenciada por tudo o que a rodeia. Bauman tem um papel fundamental, ao integrar neste trabalho a noção de pureza e de ordem. Numa sociedade naturalmente desordenada e pouco pura, existem dificuldades em garantir a permutabilidade dos pontos de vista que visam garantir a segurança. “… o homem civilizado trocou um quinhão das suas possibilidades de felicidade por um quinhão de segurança….” 1. O indivíduo aposta numa construção individual face à sociedade contemporânea, enquadrando-se numa dinâmica social, colectiva e familiar. Estas dinâmicas corroboram a construção individual inserida num colectivo e, por isso, sujeita a fenómenos de culpa e de medo. Na conjugação, entre aquilo que se pretende para o eu e para o colectivo, geram-se conflitos internos de contornos difíceis, onde a responsabilização individual é importante para a concretização dos planos de vida. Assim a confiança transmitida à família pelos outros enquadra-se num contexto de Modernidade e proporciona estabilidade. Esta estabilidade direcciona-nos o pensamento                                                              1 Bauman, Zymound, (2007), O Mal Estar da Modernidade Jorge Zahar Editor, p. 57 Pag. 7 de 173 para a teoria de Habermas sobre o agir comunicativo, onde as acções são orientadas para a aquisição de conhecimento. Neste trabalho existe, ainda, uma tentativa de entender quais as estruturas de apoio que formam as redes de solidariedade e fornecem uma resposta adequada às necessidades das famílias, analisando a sua capacidade de romper com a prática normativa e burocrática, com o fim de encontrarem um bem comum. As famílias prestadoras de cuidados à pessoa idosa em situação de dependência seguem uma lógica de agir baseada num uso pragmático, ético e moral da razão prática. A concluir teremos a apresentação dos dados empíricos, através de uma abordagem qualitativa, com a realização de entrevistas semi-directivas a catorze familiares prestadores de cuidados, remetendo para a conclusão e, simultaneamente, para novas linhas para a investigação. Pag. 8 de 173 2. A abordagem institucional ao internamento hospitalar - O Hospital e a fenomenologia do idoso e da família Entender o Hospital enquanto instituição, integrado no tempo e no espaço, nem sempre se converte numa tarefa fácil. Associado ao seu principal objectivo que consiste na atribuição de assistência clínica às populações, este poderá ser entendido como “uma instituição formal, altamente especializada, cuja missão exige rigor científico e vanguarda nos modelos terapêuticos que utiliza para suprir as mais complexas necessidades de saúde dos utilizadores. Está equipado com modernas tecnologias e é dotado de um corpo técnico especializado. É altamente estratificado em termos organizacionais, de acessibilidade, de funcionamento e de flexibilidade. Realiza funções diversificadas como tratar doentes, treinar profissionais de saúde, conduzir investigações médicas, providencias laboratórios e educar para a saúde.”2 Ao longo dos anos, nomeadamente no decorrer do século XX, o Hospital tem-se submetido a transformações marcantes, com uma posição na sociedade, influenciada pelas inúmeras dinâmicas sociais, tais como doenças, migrações, aumentos populacionais, entre outros. Na década de 60 o Hospital foi encarado por um “quadro legal que evidencia a influência das ideologias políticas no sentido do reforço da orientação hospitalocêntrica”3, mas sempre num domínio da perspectiva normativa, perspectiva esta que Campos retrata como sendo um fenómeno marcante da Administração Pública da Saúde4. Se entre 1946 e até ao início dos anos 60 o Hospital foi considerado uma peça fundamental no sistema central de saúde, a partir dos anos 60, Graça Carapinheiro identifica o Hospital como sendo uma “peça superior”5 do sistema de saúde. Esta mudança deveu-se essencialmente a uma tentativa de “remover as concepções de assistência médico-sanitária, de índole predominantemente caritativa predominantes                                                              2 NOGUEIRA, Maria, José; ANTUNES, Josélia, Pedroso, (2005); O Hospital Miguel Bombarda: um equipamento no tecido urbano na cidade de Lisboa, in Fórum Socioógico, n.º 13/14 (2.ª série), pp. 301e 302. 3 CARAPINHEIRO, Graça (2005) Saberes e Poderes no Hospital –Uma Sociologia dos Serviços Hospitalares; Edições Afrontamento e Centro de Estudos Sociais, p.19 4 CAMPOS, A.C. (1984), Os Hospitais no Sistema de Saúde Português; Lisboa, Visita de Estudo da Federação Internacional dos Hospitais, p. 8 5 CARAPINHEIRO, Graça, (2005), op.cit, Edições Afrontamento e Centro de Estudos Sociais, p.19 Pag. 9 de 173 desde o princípio do século” 6, onde o Estado desempenhava um papel de complemento às iniciativas particulares “traduzidas na organização da Providência Social, segundo os princípios cooperativos dos Estado Novo” 7. Assim, surge progressivamente um reconhecimento do direito à saúde a todos os cidadãos e simultaneamente a resposta às “variadas necessidades de saúde e aos objectivos de descentralização e desconcentração de recursos, orientando-se para a progressiva erradicação das assimetrias sociais e regionais que marcavam a distribuição e o acesso aos serviços de saúde” 8. Surgem então duas concepções distintas entre si, que nos apoiaram numa caracterização de Hospital, enquanto instituição com características particulares: a de Goffman e a de Illich. Goffman enquadra o Hospital no âmbito das instituições totais, podendo ser entendido como “ um local de residência e de trabalho onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, levam uma vida fechada e formalmente administrada” 9. De acordo com a visão do autor, este carácter total é caracterizado pela barreira à relação social dos seus moradores do Hospital em relação ao mundo externo. As instituições totais tendem a colocar uma barreira entre a pessoa que se encontra internada e o mundo externo, de modo a que esta possa interiorizar as regras da instituição e seguir a sua rotina. Goffman identifica cinco tipos de instituições totais10. As primeiras voltam-se para o atendimento de pessoas consideradas incapazes mas inofensivas, cujas limitações psicológicas e motoras se encaminham para a necessidade de terceiros na prestação de cuidados; as segundas dirigem-se a pessoas incapazes de cuidar de si mesmas, quer seja por motivos de saúde física ou mental; as terceiras direccionam-se para as pessoas consideradas perigosas para os outros e que por isso precisam de estar afastadas das relações sociais; o quarto tipo serão aquelas que se justificam pela dinâmica profissional imposta aos seus trabalhadores e, por fim, temos as instituições totais construídas para                                                              6 CARAPINHEIRO, Graça, (2005), op.cit, Edições Afrontamento e Centro de Estudos Sociais, p.20 7 Idem, p.20 8 Idem, p.20 9 GOFFMAN, Erving, (1974), Manicómios, Prisões e Conventos; São Paulo, Perspectiva, p.11 10 Idem, p.11 Pag. 10 de 173

Description:
Masterships Dissertation in Sociology of the Knowledge, Education and Society 38 GIDDENS, Anthony, (2005), op. cit, Celta Editora, p. 27.
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