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Dicionário da literatura medieval galega e portuguesa PDF

365 Pages·1993·58.682 MB·Portuguese
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R, ~ DICIONARIO DA LITERATURA MEDIEVAL GALEGA E PORTUGUESA ORGANIZAÇÃO E COORDENAÇÃO DE GIULIA LANCIANI E GIUSEPPE TAVANI CAM IN i-lO Prefácio A publicação de um novo dicionário parece em qualquer caso justificada, no senti do de que se propõe oferecer aos utilizadores um novo instrumento de consulta, cuja utilidade será maior ou menor, conforme os casos, mas sempre directamente propor cional à complexidade das informações que intentou organizar alfabeticamente. Des te ponto de vista, um dicionário literário pode ser não menos proveitoso que um di cionário linguístico, pois visa um aspecto da actividade do homem que, embora quantitativamente menos apreciável do que o das manifestações linguísticas, revela implicações culturais de grande relevo, e de projecção talvez mais ampla. Mas um dicionário literário apresenta dificuldades notáveis de articulação lexical. Com efeito, se é relativamente fácil distribuir o material linguístico - por definição sincrónico, nos dicionários não históricos - numa série bem definida e circunscrita de entradas dispostas alfabeticamente, cada uma das quais é legitimada por uma tra dição plurissecular, uma fragmentação análoga do material literário nunca será igual mente incontestável, seja pela intrínseca refractariedade deste material - caracteri DICIONÁRIO DA LITERATURA MEDIEVAL GALEGA E PORTUGUESA zado por uma irredutível diacronia - a dispor-se sincronicamente sem perder grande Organização e coordenação: parte da sua historicidade, seja pela sua renitência a caber todo num número delimi Giulia Lanciani e Giuseppe Tavani Traduções: José Colaço Barreiros e Artur Guerra tado de «gavetas» sem deixar inclassificados resíduos importantes e por vezes essen Ilustração da sobrecapa: Monge copista. ciais. Por outras palavras, a literatura não admite, pela sua própria natureza de fenó Iluminura (BN, Ale. 455, fi. 265v) © Editorial Caminho, SA, Lisboa - 1993 meno histórico-cultural e pela complexidade da sua estrutura, uma classificação Tiragem: 3000 exemplares alfabética definitiva e satisfatória de todos os seus aspectos, não aceita facilmente ser Composição: Fotocompográfica Impressão e acabamento: Printer Portuguesa enclausurada nas categorias relativamente exíguas de um dicionário. Data de impressão: Novembro de 1993 Embora sejam próprias de qualquer dicionário literário, estas dificuldades manifes Depósito legal n.O 68334/93 tam-se de maneira ainda mais aguda quando o projecto prevê a lexicalização não ape- ISBN 972-21-0871-9 7 disso, todas remetem para as fichas «Crónica» e «Fernão Lopes». As mesmas consi nas dos produtos, dos dados biográficos, dos elementos contextuais relativos a um derações se podem fazer a respeito de outras entradas, como «Tradição manuscrita único autor, mas também dos produtos, das biografias, dos elementos contextuais de da poesia lírica», onde são examinados os problemas de carácter geral relativos ao as um período histórico que abrange mais de três séculos. Uma vez fixado o âmbito cro sunto, com a remissão para os vários testemunhos dessa tradição, cada um dos quais nológico do Dicionário - das origens à data de publicação do Cancioneiro Geral vem analisado separadamente; ou ainda como «Poesia cortês» - coligada às entradas (1516) -, o problema de maior envergadura que se apresentou aos coordenadores «Trovador», «Jogral», «Tradição manuscrita ... », etc., e «Poesia cortesã», onde o lei foi o de estabelecer que entradas tinham direito a ser incluídas. Não havia dúvidas tor encontrará um quadro complexivo das características deste tipo de poesia, com quanto à exigência de que todos os autores medievais galegos e portugueses tivessem chamadas para «Cancioneiro Geral», «Garcia de Resende», etc. uma entrada própria, e que o mesmo privilégio cabia às obras anónimas; mas só isso As entradas - cada uma delas assinada pelo respectivo autor - podem apresen não seria suficiente para justificar um dicionário: qualquer história da literatura, atra tar, sobre a mesmas questões, conclusões diferentes; nunca foi nossa intenção proce vés do índice analítico, permitia obter as mesmas notícias sem sequer alterar a suces der a uma homogeneização dos pontos de vista dos colaboradores, pois julgámos são histórica dos feitos, o que um dicionário não está em condições de respeitar. Era muito mais útil e produtivo - além de cientificamente mais correcto - mostrar ao então indispensável que este - além dos nomes e dos títulos, que aliás deviam ser utilizador a variedade de opiniões que pode haver sobre determinado problema, em muito mais numerosos do que em qualquer história literária - oferecesse ao utiliza vez de operar uma nivelação que aliás teria sido uma interferência inaceitável: o lei dor informações que os manuais não podem incluir senão muito sumariamente: refe tor sabe que, se encontrar discordância na formulação e nas propostas de solução de rências pormenorizadas aos géneros literários, às técnicas retóricas, métricas, ecdóti uma questão qualquer, isto não depende de descuido nosso, mas antes de uma preci cas, aos manuscritos, às bibliotecas e arquivos, aos fundos principais de interesse sa vontade de respeitar e de dar espaço a todas as hipóteses e a todas as convicções. literário e histórico, e assim por diante. Mas seria realista prever entradas relativas a Também na redacção da bibliografia, a selecção e organização das obras a citar foi todas as técnicas literárias, ou a todos os manuscritos, ou a todas as bibliotecas? Ha deixada inteiramente à responsabilidade do colaborador. veria especialistas que pudessem redigir artigos sobre os fundos portugueses da Bi No Dicionário, como dizíamos, figuram com ficha própria todos os poetas galego blioteca Nacional de Paris ou da Biblioteca do Estado de Berlim? Teria sentido uma -portugueses, praticamente todos os do Cancioneiro de Resende, todos os autores entrada dedicada ao artifício retórico do assíndeto ou outra, especificamente intitula conhecidos de textos literários, hagiográficos, históricos, filosóficos, apologéticos, to da, ao artifício poético das coblas doblas? E, mesmo admitindo a possibilidade de en das as obras anónimas e as mais importantes das atribuídas, todos os géneros poéti trar em pormenores deste género, quanto espaço real era possível dedicar a todos es cos, os movimentos literários ou filosóficos, os maiores estudiosos da Idade Média ses artigos sem exceder as medidas razoáveis de um dicionário? galega e portuguesa (com exclusão dos vivos), os aspectos mais notáveis da técnica A opção que acabou por prevalecer foi a de privilegiar as entradas de carácter mais poética, as instituições culturais; mas são tratados também assuntos que em geral são geral, pequenas monografias sobre a situação dos nossos conhecimentos e dos estu menos frequentes num dicionário deste tipo, como «Autor», «Bilinguismo/plurilin dos relativos ao assunto tratado: na maior parte dos casos, os argumentos são apre guismo na poesia lírica», «Cartografia medieval», «Circulação do livro manuscrito», sentados de maneira problemática, para oferecer ao utilizador, por um lado uma vi «Códice», «Drama litúrgico», «Escrita/oralidade», «Exemplo», «Fábula», «Gramáti são do estado actual da questão, por outro, sugestões e hipóteses de solução sobre ca», «Iconografia e ilustração», «Impossibilia», «Influências e intertextualidade», aspectos ainda em discussão; e, de par com estas, outras entradas de menor extensão «Lexicografia», «Livro», «Manuscritos», «Tipografia», etc. destinadas a ilustrar de modo sucinto os autores objectivamente menos importantes, A sucessão das entradas é rigorosamente alfabética: os autores aparecem sempre mas também os argumentos colaterais ou paralelos, e as obras - mesmo as atribuí pelo primeiro nome e este é sempre dado na forma certificada pelos testemunhos an das - que mereciam maior atenção, com as chamadas oportunas quer para os artigos tigos: assim, os trovadores e jograis são registados nas formas «Fernan», «Joham>, monográficos quer para outros mais ou menos intimamente ligados com os primeiros. «Estevan», «Martin», «Roi», os poetas do Cancioneiro Geral e os outros autores da Uma rede de referências internas preencheria as lacunas, aliás inevitáveis, instituindo uma espécie de discurso global, capaz ao mesmo tempo de restabelecer a dimensão segunda metade do século XIV e do século xv nas formas «Anrique» , «Fernão» , «João», «Martim», «Rui», etc.; os estudiosos modernos sempre pelo último apelido histórica, diacrónica, dos fenómenos, e de reintegrar produtos e produtores - deslo (<<Lapa, Manuel Rodrigues»). As epígrafes relativas aos textos levam o título mais cados pela ordem alfabética - na sua efectiva sucessão cronológica. vulgar, mas quando a mesma obra é mencionada também por outro título, este apare Por exemplo, um autor como Fernão Lopes merecia sem dúvida um artigo mono ce em seu lugar, com a remissão para a entrada principal. gráfico que desse todas as notícias relativas ao autor, à sua actividade, à sua produ O Dicionário da Literatura Medieval Galega e Portuguesa que apresentamos à ava ção, aos problemas de carácter geral que envolvem toda a sua obra; mas numa entra liação dos leitores é o resultado de um trabalho colectivo de 84 colaboradores: muitos da desse tipo corria-se o perigo de não dar o relevo suficiente a cada uma das deles são autoridades bem conhecidas e universalmente apreciadas, outros são jovens crónicas; e por isso, cada crónica do grande historiador tem uma entrada particular, investigadores: todos são especialistas dos assuntos que aceitaram tratar. A todos eles destinada a tratar em pormenor dela e dos problemas que lhe dizem respeito; além 9 8 os agradecimentos mais cordiais do editor e dos coordenadores: sem a disponibilida Citações bibliográficas abreviadas de humana, a competência científica e o entusiasmo com que nos gratificaram, a rea lização desta obra não teria sido possível. Mas três deles merecem um agradecimento especial: Elsa Gonçalves, José Mattoso e Augusto Aires Nascimento, que não se limi taram a contribuir com um grande número de artigos para o bom êxito desta empre sa, mas nos ofereceram, com o carinho da amizade verdadeira, os frutos da sua expe riência científica, e conselhos, sugestões, propostas que sempre se revelaram preciosos. Outro agradecimento não menos afectuoso ao Dr. Zeferino Coelho, que ideou o Dicionário e nos deu toda a confiança, toda a liberdade, todas as facilidades de que necessitávamos. E juntamente com ele, um «obrigado» especial a Rita Pais, cuja es merada paciência pôs ordem e rigor redaccional no material bruto que nós lhe íamos entregando a pouco e pouco. G. L. e G. T. A = *Cancioneiro da Ajuda Alc. = Alcobacense ANTT = *A rquivo Nacional da Torre do Tombo B = *Cancioneiro da Biblioteca Nacional, antigo Colocci-Brancuti BN = *Biblioteca Nacional BPM = *Biblioteca Pública Municipal C = *Tavola Colocciana Autori Portughesi Lapa, Escarnho = M[ anuel] Rodrigues Lapa, Cantigas d' escarnho e de mal dizer dos cancioneiros medievais galego-portugueses. Edição crítica pelo prof. -, [Vigo], Editorial Galaxia, 1. a ed., 1965; 2: ed., revista e acrescentada, ibid., 1970 Martins, ECM = Mário Martins, Estudos de Cultura Medieval, I, Lisboa, Editorial Verbo, 1969; II, Braga, Edições Magnificat, 1972; II, 2: ed., Lisboa, Edições Brotéria, 1980; III, Lisboa, Edições Brotéria, 1983 Martins, ELM = Mário Martins, Estudos de Literatura Medieval, Braga, Livraria Cruz, 1956 Mattoso, A nobreza = José Mattoso, A nobreza medieval portuguesa. A família e o poder, 2: ed., Lisboa, Editorial Estampa, 1987 Mattoso, Fragmentos = José Mattoso, Fragmentos de uma composição medieval, 2: ed., Lisboa, Editorial Estampa, 1990 (1. a ed., 1987). Mattoso, Religião = José Mattoso, Religião e cultura na Idade Média portuguesa, Lis boa, Imprensa Nacional, 1982 Mattoso, Ricos-homens = José Mattoso, Ricos-homens, infanções e cavaleiros. A no breza medieval portuguesa nos séculos XI a XIII, 1: ed., Lisboa, Editorial Estam pa, 1981; 2: ed., Lisboa, Guimarães Editora, 1985 10 11 Menéndez Pidal, Poesía juglaresca = Ramon Menéndez Pidal, Poesía juglaresca y ju glares. Aspectos de la historia !iteraria e cultural de Espana, 7. a ed., Madrid, Es pasa-Calpe, 1975 (1. a ed., 1942) Michaelis, CA = Carolina Michaelis de Vasconcellos, Cancioneiro da Ajuda. Edição cri tica e commentada por -, 2 vols., Halle a. S., Max Niemeyer, 1904; reimpressões anastáticas: Torino, Bottega di Erasmo, 1966; Hilesheim-New York, Georg Olms, 1980; Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1990 (com a adição do glossário publicado in RL, XXIII, 1920 [sep. 1922], e com um prefácio de I. Castro) Nunes, Amigo = José Joaquim Nunes, Cantigas d'Amigo dos trovadores galego-por tugueses. Edição crítica acompanhada de introdução, comentário, Variantes e glossário por -, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1926-1928; reimpressão: Nunes, Amor = José Joaquim Nunes, Cantigas d'Amor dos trovadores galego-portu gueses. Edição crítica acompanhada de introdução, comentário, Variantes e glos sário por -, 3 vols., Coimbra, Imprensa da Universidade, 1932; reimpressão: Pimpão, Idade Média = Álvaro Júlio da Costa Pimpão, História da Literatura Portu guesa. Idade Média, 2. a ed., Coimbra, Atlântida, 1959 RL = Revista Lusitana Tavani, GRLMA = Giuseppe Tavani, «La poesia lirica galego-portoghese», in Grun driss der Romanischen Literaturen des Mittelalters, voI. II, Les genres lyriques, tome I, fase. 6, Heidelberg, Carl Winter Universitãtsverlag, 1980; tome I, fase. 8 (Partie documentaire), Heidelberg, Carl Winter Universitãtsverlag, 1983 Tavani, Poesia Lírica 1990 = Giuseppe Tavani, A poesia lírica galego-portuguesa, Lis ABRIL PERES. Jogral, muito provavelmente ADYNATA. Ver Impossibilia. boa, Editorial Comunicação, 1990 (3.a ed. de Tavani, GRLMA, em trad. portu galego, activo na primeira metade do sécu guesa) lo XIII. Em 1221 encontra-se na região de Lis Tavani, Poesía Lírica 1986 = Giuseppe Tavani, A poesía lírica galego-portuguesa, boa, fazendo parte do séquito da poderosa li AFONS'EANES DO COTON. Segrel galego, Vigo, Editorial Galaxia, 1986 (2.a ed. de Tavani, GRLMA, em trad. galega); nhagem dos Sousas. A presença de dois provavelmente originário de Negreira (Coru membros desta família, D. *Gonçalo Garcia e nha), que frequentou a corte de *Fernando III 2. a ed., ibid., 1988 D. *Garcia Mendiz d'Eixo, em Leão durante e vivia ainda nos primeiros anos do reinado de Tavani, RM = Giuseppe Tavani, Repertorio Metrico della lirica galego-portoghese, parte da década anterior, as ligações do segun *A lfonso X. Sabemos pouco do seu estado so Roma, Edizioni dell'Ateneo, 1967 (a abreviatura, seguida por dois algarismos se do à linhagem galega dos de Toronho, onde ca cial: alguns autores consideram-no de classe so parados por vírgula, refere-se ao «Indice dei Poeti», pp. 373-518; dois algarismos sa, e as relações literárias de Abril Peres com o cial elevada e outros de condição humilde. Ele jogral galego *Bernal de Bonaval, apontam pa próprio chama-se escudeiro. Alguns trovadores separados por dois pontos remetem para as fórmulas métrico-silábicas do «Re ra a atribuição de uma naturalidade galega a es criticam a sua vida dissoluta, pois era amigo do pertorio metrico», pp. 47-281) te jogral e, combinadas com a indicação crono jogo, das mulheres e do vinho, e fazem escár V = *Cancioneiro da Vaticana lógica acima mencionada, para o abandono das nio do seu corpo deforme. Conservam-se dele va = Três fólios não numerados do volume miscelâneo Vat. Lat. 7182 da *Biblioteca anteriores propostas de identificação deste au 24 composições: 3 *cantigas de amigo, 4 *canti tor. A sua condição de jogral permitirá, enfim, gas de amor, 2 *tenções, 1 *sátira literária e Apostólica Vaticana (onde receberam modernamente os núms. 276 a 278); con equacionar com segurança o significado da úni 14 *cantigas de escárnio e maldizer. Das 3 can têm os cinco *lais de Bretanha transmitidos também pelo *Cancioneiro da Biblio ca composição a que aparece associado, uma tigas de amigo (V 411-413, B 825-827; a última teca Nacional (B) *tenção com Bernal de Bonaval sobre a «coita» atribuída em V 241, B 640 a *Pai Soarez), 2 tra Viterbo, Elucidário = Fr. Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, Elucidário das pala e o valor das respectivas «donas». tam tópicos usuais: a tristeza do amigo (a 2.") e a indignação da amiga porque o namorado não vras, termos e frases que em Portugal antigamente se usaram e que hoje regular BrnL.: Tavani, RM, 1, 1; Oliveira, A. Resende de, «Do voltou e faltou à promessa (a 3."). Na 1.", dialo mente se ignoram ... , edição crítica ... por Mário Fiúza, 2 vols., Porto-Lisboa, Li Cancioneiro da Ajuda ao "Livro das Cantigas" do conde gada, a amiga pergunta ao amigo por que razão D. Pedro, Análise do acrescento à secção das cantigas de ami vraria Civilização, 1965-1966 go de w, in Revista de História das Ideias, 10, Coimbra, 1988, está triste, respondendo ele: «mal estou eu, se 720-21; López Ferreiro, A., História de la Santa A. M.Iglesia o vós non sabedes». Das cantigas de amor são de Santiago de Compostela, V, Santiago de Compostela, 1902, propriamente de amor A gram dereyto lazerey 375; Michaelis, CA, II, 298-300 e 655; Lapa, Escarnho, 144-45 Nota: As remissões para outras entradas deste Dicionário são indicadas, no texto, por um asterisco (atribuída a ele em B 971 e a *A iras Engeitado (vejam-se igualmente as edições da obra de Bernal de Bona anteposto à primeira palavra da epígrafe dessas entradas. As remissões entre parênteses são, pelo contrá vaI). em V 558), em que põe o amor em relação com rio, indicadas por vid. A. Resende de Oliveira o serviço feudal, e um fragmento de 4 vv. 12 13 AFONSO III DE PORTUGAL AFONSO DE ALPRÃO (V 557, B 970). As outras duas (V 555, 1113; arremete contra a soldadeira Orraca Lopes, que primogénito deste casamento fizesse sete anos) nho foi trovador e membro da aristocracia ao B 968, 1581) são paródias de amor, de carácter está doente, aproveitando para chamar-lhe ve e Castela ficava entretanto com as suas rendas. seu serviço, assim como *Johan Lobeira, *Gon burlesco. Na I." o poeta, que viaja de Castro a lha e lembrar-lhe que tenha cuidado com a Mas os conflitos em torno destes territórios não çalo Garcia, *Fernan Garcia Esgaravy.nha, Burgos, Palença e Carrion e volta a Castro, es morte, que chega aos velhos. Na 11." (incom acabaram logo, continuaram até à paz definitiva *Fernan Velho e *Johan Soarez Coelho. E difí tá supostamente triste por uma dona que assim pleta?) critica uma soldadeira que tem consigo em 1264. A eliminação total dos direitos ou das cil fixar o lugar exacto da actividade de outros o faz andar, que pode ser casada, viúva ou sol uma velha rabugenta por companheira. Na 12." pretensões de Leão e Castela à coroa portugue trovadores sobre os quais não temos documen teira, religiosa, monja ou freira. Na 2." lamen escarnece de Pero da Ponte, que é «peor talha sa apenas se deu em 1267. D. Afonso III fez tos históricos, em parte porque podem ter via ta-se de que a sua dona está grávida por culpa do» do que o próprio Coton e o mouro João um enorme esforço para conseguir a organiza jado entre as cortes portuguesa e castelhana, de alguém, quando sabemos que foi ele próprio Fernandes. As cantigas 13." e 14." são atribuí ção interna do país e o seu repovoamento; da em parte porque alguns dos que citámos assim o autor do feito. Na tenção (V 556, B 969) cen das em V a Coton e em B a *Pero Viviaez. Na tam desta época os foros de Beja, Monforte, o fizeram, como, por exemplo) Fernan Velho e sura *Pero da Ponte porque numa cantiga se 13.", incompleta, critica um rico-homem, o pior Estremoz, Valença do Minho, Viana e Monção, Johan Soarez Coelho. Isto implica que todos os fez passar por escudeiro e trovador quando se indivíduo do mundo. Deus, que lhe pode acres não se esquecendo, antes pelo contrário, das que se relacionaram com eles o puderam fazer deveria chamar segrel, pois pede uma recom centar as riquezas, já não tem poder para o fa terras recém-conquistadas. As cidades reuni num ou noutro país) ou nos dois. Sirva como pensa. Pero da Ponte replica que se chama es zer pior do que é. Na 14." utiliza uma lingua ram-se pela primeira vez em cortes, em Leiria exemplo das dificuldades o caso de *Johan Zor cudeiro porque o é e que faz bem em servir do gem obscena ao maravilhar-se porque Marinha (1254), e a reforma legislativa foi profunda. No ro: a sua posição nos cancioneiros e a referên nas e pedir algo, deixando a outros que ganhem não rebenta quando ele fornica com ela. Esta entanto, como era tradicional na monarquia cia ao rei de Portugal e a Lisboa fazem pensar a vida nos torneios. Há também um fragmento última cantiga tem uma estrutura métrica origi portuguesa, chocou com os direitos e as exigên na corte de D. Afonso III, período em que es de 5 vv. em que se fala de Pero da Ponte nal: começa com uma quadra (esquema abba) e cias da Igreja. Em primeiro lugar, foi o seu ca teve muito na moda a poesia de tipo tradicio (V 1148, B 1615), atribuída nos códices a *Fer depois continua com 5 pareados e um verso fi samento com Beatriz, celebrado quando ainda nal. Mas esta não foi desconhecida na corte de nan Rodriguez Redondo, composto depois da nal que tem função de *refram. vivia a sua primeira esposa) Matilde de Bolo D. *Denis. conquista de Jaen (em 1247). Na sátira literária nha, um conflito que só acabou após a morte A corte portuguesa pôde ser nesta altura a (V 1117, B 1585) critica Sueiro Eanes, um mau BmL.: Tavani, RM n.o 2, 1-24, 375-377; Tavani, GRLMA, trovador também vilipendiado por outros auto fase. 6, 90; fase. 8, 9-10, 60-61, 76; Tavani, Poesía Lírica 1986, desta em 1258; .contudo, a legitimação do casa porta de entrada de correntes francesas na pe res. Ele adopta a sua defe'sa contra o ataque 145,277; Tavani, Poesia Lírica 1990, 145, 277; Nunes, Amigo, mento (no qual havia problemas de consangui nínsula. Parece seguro que foi Roi Gomez de dos outros, mas esta defesa converte-se em es I, 252-254; II, 209-212; III, 207-208; Nunes, Amor, 387-388; nidade) e da descendência só foi alcançada em Briteiros quem adaptou o rondeau (*rondel), Lapa, EscaTllho, 68-90; Antología de la poesía gallego cárnio, pois atribui os acertos na rima ou na -portuguesa. Selección, estudio y notas de C. Alvar y V. Bel 1262. D. Afonso III quis, desde o início do seu mas a própria moda da poesia de tipo tradicio medida dos versos ao jogral que executa os tran, Madrid, Alhambra, 1984, 106-109 [cap. V: "Afons'Eanes reinado, restaurar os direitos da coroa; os bis nal - praticada então simultaneamente em poemas. As restantes 14 (V 1111-1112, 1114- do Coton» 1; Alvar, C., «Maestre Nicolás y las cantigas de es pos de Braga, Coimbra, Viseu, Porto e Guarda Portugal e Castela - procedia de França, onde B-1 1151769,-11158108,- 11518223-1,151844,9 1, 51861-4195b9is1, , 11165106;, incn°a rG8n5iro,a n1gd9ae8l 1lDe, gi1coi3-op3no-1ár4trui0og; udPeaas anLsui»nte,z riaiont,u rRSae. ,v Pi«sotAratu fogdnues e'sELaia tneere dasat u drToae oCXrioLat oILInIi», soe nintitrearmdi-tsoe ep repjaurdtiircaamdo ps aer ae mR o1m26a7. dNeacsl acraorratems eDroal ec o(nc.h e1c2i2d0a) ,d iemsditea doo ,R otammabné mde nGesutiell aausmpeec tdoe, 1616bis, 1617) são cantigas de escarnho e maldi terária, dir. por J. J. Cochofel, I, Lisboa, 1977, 69-70. de Santarém (1273), o rei declarou que aceitava pelo Roman de la Violette. Hoje parece tam zer e nelas consegue mostrar uma grande capa as exigências pontifícias, mas a sua actuação pa bém muito provável que tenha sido a corte de R. Lorenzo cidade para censurar costumes e modas, com receu insuficiente e o legado, rompidas as nego D. Afonso III, certamente familiarizado com as muita ironia e às vezes utilizando um vocabulá ciações no final de 1277, lançou o interdito e letras francesas, a via de entrada da vulgata ar rio obsceno e irreverente. Na 1." o poeta, re AFONSO III DE PORTUGAL. Rei de Portu abandonou o reino. D. Afonso III haveria de túrica em prosa na Península Ibérica. cém-casado, pede a uma abadessa com expe gal (1248-1282) irmão de D. Sancho II, com reconciliar-se no momento da sua morte, que BmL.: Herculano, A., História de Portugal, com notas de riência que lhe ensine a fazer amor. Na 2.", cuj a coroa viria a ficar. Embora só se intitulasse ocorreu a 16 de Fevereiro de 1279. J. Mattoso, III, Lisboa, 1982; Tavani, Poesia Lírica 1990; Bel contra os infanções que sofrem problemas eco rei em Maio de 1248, a sua governação, por de Um reinado longo e pacífico e um rei culto tran, V., «RondeI y relram intercalar en la lírica gallego nómicos, D. Fagundo, para dar de comer a dois legação pontifícia) já tinha começado no final parecem ter sido as notas dominantes deste pe -portuguesa», em Stl/di Medio/atini e Volgari, XXX, 1984, 69- cavaleiros, corta pedaços da vaca, ficando ad de 1245 ou início de 1246, altura em que de ríodo. Durante o seu exílio em França, Afonso -90. V. Beltran mirado que morra. Na 3.", incompleta, Fernam sembarcou em Portugal fortemente apoiado pe ligou-se, como já se disse, à condessa Matilde Gil sente-se ameaçado por um «rapaz» que «é la Igreja e parte da nobreza. Definitivamente da Bolonha e a uma família que protegera as le mui seu natural». Na 4." critica a lesbiana Maria resolvida a questão sucessória, após a morte de tras. Philippe Hurepel, antecessor de Afonso AFONSO DE ALPRÃO. Autor de uma Ars Mateu, que gosta tanto dos homens como das Sancho II, D. Afonso III concluiu a conquista no leito conjugal de Matilde, morto em 1234, predicandi, único tratado de retórica sob nome mulheres. Na 5.", anterior a 1253, ataca o Mes do Algarve (1249-1250) com a ocupação de Fa aparece como personagem do Roman de la Vio português que nos ficou da Idade Média, fez a tre Nicolás, um médico da corte de Castela, re ro, Loulé e outras praças, facto que o opôs aos lette, de Gerbert de Montreuil, que fora buscar sua formação na Universidade de Bolonha e aí cém-chegado de Mompilher, que, no começo da castelhanos, que consideravam o reino de Nie esta técnica ao Roman de la Rose ou de Guil escreveu aquela sua obra em 1397, tendo à data sua carreira, faz alarde dos seus pretensos co bla como área da sua expansão. Em 1251 conti laume de Dole, de Jean Renart. O próprio já o título de bacharel (conforme atestação do nhecimentos. Na 6." censura os romeiros que, nuou a sua acção contra os muçulmanos com a Afonso é elogiado pelo trouvere Moniot d'Ar cólofon de um dos testemunhos da tradição, o supostamente, vão ao Ultramar e passam peri conquista de Aroche e Aracena; tudo isto pro ras, que tem uma composição sua no Roman de ms. Hamilton 44 da Bibl. Bodleiana de Ox gos nas lides, quando a verdade é que não saí vocou uma guerra com Castela, de que há ante Montreuil. No seu séquito figuravam, nesta al ford). ram da Península. Na 7. a apresenta um furibun cedentes em 1250; o resultado final foi um pac tura, dois aristocratas que viriam a suceder-se, São escassas as informações biográficas que do escarnho contra uma velha coscuvilheira que to (1253) segundo o qual D. Afonso III casava depois da sua subida ao trono, no cargo de possuímos a seu respeito, mas elas são suficien sempre estivera contra ele. Na 8." escarnece de com D. Beatriz, filha natural de *A lfonso X, mordomo-mor da corte: *Roi Gomez de Britei tes para conhecermos a sua personalidade e o Maria Garcia porque não lhe pagou por ele fazer Portugal recebia a soberania sobre o Algarve ros e *Johan Perez d'Avoin; os dois foram tro prestígio de que gozou. Deve ter regressado a amor com ela. Na 9." e na lO." (incompleta?) (que exerceria com plenos direitos quando o vadores. Também *Fernan Fernandez Cogomi- Portugal após ter recebido o grau de mestre em 14 15 AFONSO FERNANDEZ CEBOLHILHA AFONSO LOPEZ DE BAIAN Teologia e ocupou cargos de relevo na Provín aplicação progressiva das «distinções» ou subdi BmL.: Nunes, Amor, 14-17; Marroni, G., «Afonso Fernán AFONSO (ALVARO?) GOMEZ, JOGRAR cia Franciscana Portuguesa. Em 1407 é vigário visões. Afonso de Alprão procede de forma pu dez Cebolhilha e iI suo minuscuIo canzoniere», em Sllldi Me DE SARRIA. Jogral, provavelmente galego, ac e comissário do ministro geral; em 1412 recebe ramente expositiva e nunca dialecticamente; diolatini e Volgari, XVIII, 1970, 71-75; Id., «Sull'entità deI do papa João XXIII comissão para conferir apenas uma vez se depreende um juízo sobre canzoniere di Men Rodrigues Tenoiro», em Studi di filologia tivo na segunda metade do século XIII. Dele res romanza offerti a Silvio Pellegrini, Padova, Liviana Editrice tam exclusivamente as notícias - no seu con grau de mestre a Fr. Afonso de Benavente' em tendências modernas que considera estetica 1971, .267-277. ' junto escassas e actualmente indecifráveis - 1413 é nomeado inquisidor-mor, invocando o mente menos recomendáveis do que a sua pro V. Minervini oferecidas pela rubrica com que a única *canti documento papal «os seus conhecimentos de le posta (I. 4. 7: «De septima specie introductionis tras, a pureza de fé e maturidade de costumes». quae fit per divisionem», sub fine). Se a inten ga de escarnho que lhe é seguramente atribuível Nada consta de alguma intervenção sua no de ção didáctica é prevalecente, a estética está pa AFONSO FERNANDEZ CUBEL. Trovador (Martin Moxa, a mha alma se perca) e apresen sempenho destas funções, o que é interpretado tente .t~mbém nos ritmos da exemplificação e é português, activo na segunda metade do sécu tada nos Cancioneiros italianos e na *Tavola por críticos como A. Herculano em abono da especIfIcamente recomendada na modalidade lo XIII ou nos inícios do século seguinte. Uma li Colocciana: «A. Gomez, jograr de Sarria, fez s~~ personalidade ~ondescendente. O cargo, da pergunta: «forma questionem in rythmis pul nhagem de cavaleiros com o apelido deste autor esta cantiga a Martim Moxa.» Incerto o desfe alIas, deve-lhe ter sIdo confiado por proposta chris». O espírito analítico do teorizador não ~ncontrava-se sediada no Norte de Portugal, cho do resumo, fica também incerta a real for do rei D. João I, que o escolheu para seu con esquece assim a associação do docere e do de Junto ao rio Lima. Na verdade, os inquiridores ma do nome próprio; igualmente imprecisável a fessor. Nesta qualidade terá porventura influen lect.are, ainda que o seu ensino se fixe no pri de D. *Denis anotaram, em 1288, algumas das localidade de proveniência, sendo difícil orien ciado a espiritualidade do rei e da corte e não meno. actividades de Estêvão CubeI nas povoações de tar-se entre as numerosas «Sarria» ou «Sarriá». lhe terão sido estranhas as iniciativas tomadas S. Pedro de Arcos e de Bertiandos. Admitimos Mais consistentes as referências a *Martin Mo para a tradução de obras de piedade em portu BmL.:_ Hauf, A. G., «El "Ars praedicandi" de Fr. Alfonso estar perante um familiar do trovador, even xa, embora também a biografia do clérigo d~ Alprao, OFM. Aportación aI estudio de la teoría de la pre guês, como os Evangelhos e o Livro de Horas. dlcaclOn en la Península Ibérica» Archivum Franciscanum tualmente um seu irmão, a avaliar pela cronolo -trovador se reconstrua por via indirecta e a sua A Ars praedicandi, conferendi, collationandi, Historicum, 72, 1979, 233-329; FéÚx Lopes, F., «À volta de gia que a colocação de Afonso Fernandes nos actividade só se possa localizar com certeza no arengandi secundum multiplicem modum é um FI. André do Prado», in Colectânea de Estudos 2." sér. 2 cancioneiros permite atribuir-lhe. Situado na brevíssimo arco de tempo que vai de 1270 a 1951, 121-132. ' " breve tratado retórico, marcado por um nítido Aires A. Nascimento parte final da secção das *cantigas de escarnho 1280. A sorridente piscadela de olho ao pecado cunho didáctico e que se distingue de outros e de maldizer dos cancioneiros quinhentistas (o «foder») atribuída a Moxa faz reconhecer em (vid. Cancioneiro da Biblioteca Nacional e Can h?mólogos que o precederam no contexto pe A. Gomez um «amigo» e «contemporâneo» do mnsular (nomeadamente o de Francisco Eixi AFONSO FERNANDEZ CEBOLHILHA. cioneiro da Vaticana) e junto de *Estevan Fer «pecador», enquanto o apelo à destruição de nandiz Barreto e de *Johan Velho de Pedro menis e Martinho de Córdova) pela omissão de Descende provavelmente da nobre família sevi Barcelona por parte de Almansor (985) não é gaez, trovadores portugueses cuja actividade se juízos relativos à personalidade do orador e ao l~ana. dos CebolliIIa. A sua colocação nos Can apenas uma alusão jocosa à veneranda idade do acto da pregação. A exposição teórica é, por CIOneiros faz supor que realizou a sua activida desenvolveu no último quartel do século XIII e trovador, mas também o modo como o jogral no primeiro do seguinte, Afonso Fernandes te outro lado, acompanhada de exemplificação de na segunda metade do século XIII. De facto, de Sarria recorda do seu país longínquo, preci rá sido contemporâneo destes compositores correspondente. Compõe-se a obra de um pe nada s~ sabe deste poeta, de quem é incerto até tendo-os igualmente acompanhado na sua inte~ samente a Galiza, um episódio trágico na histó queno prologus e de um processus, servindo o o terceno elemento do nome: «Cobolhilha», na gração na compilação colectiva que deu origem ria da região catalã-aragonesa da qual possivel primeiro para enunciar as partes componentes *Tavo~a .C:0locciana, e - legível apenas na sua aos cancioneiros quinhentistas. A única compo mente provinha Martin Moxa. do tratado e compreendendo a explanação três parte Imclal, «Coboli ... » - no princípio de B sição deste autor por eles preservada - uma capítulos: introdução, divisão, distinção. A «in 404, e quase de certeza «Cebolhilha» no fim de cantiga de escárnio em que se insurge contra BmL.: Martin Moxa, Le poesie, Edizione critica, introduzio tcroondsuiçdeãro~» ao ceuspcoal haa p daort ete fmuan,d aams esunatasl ceo nndeilçaõ eses B15 ;3.9fo7i, Ja.p Je.n a*sN «uAnefso n(sAom Foerr, npan. dXeXzX»I I)a nqtuese md es uV numua rr eai ,s enrvãoir anpoemsaera ddoe, poo rq eulael teprr osmideot ee spcoonlitai nmea, , cEodmizmioennit od eel lg'Alotsesnaerioo, a1 9c6u8r.a di L. Stegagno Picchio, Ro e respectivos modos. O tema é uma frase toma genu a forma pela qual é agora designado. Cer V. Minervini do dos seus bens e privilégios -, sem trazer da tamente não se confunde com o quase homóni da d~ ~agrada Escritura a partir da qual se dos cronológicos precisos aponta, de qualquer constitUI a explanação doutrinária dirigida ao mo ~ Afonso Fernandez CubeI, cavaleiro, autor de uma *cantiga de escárnio (De como mi ora modo, para uma actividade do autor dentro do ensinamento (do povo) ou ao louvor (de Deus). con el-Rey aveo, B 1610 - V 1143). Também o período acima referido. Reflectindo, com efei AFONSO LOPEZ DE BAIAN. Trovador por O seu tratamento deve preservar o sentido ori valor do seu cancioneiro foi durante muito tem to, o descontentamento da nobreza perante me tuguês da segunda metade do século XIII perten ginário das palavras, pelo que deve observar didas régias que impunham alguma contenção cente a uma das famílias mais antigas e mais po difícil de determinar, pois os códices italia três modalidades inter-relacionadas: real (equi ao alargamento do seu património, a cantiga te importantes da nobreza portuguesa, tal como é nos não estão de acordo: B e a Tavola atri valência sinonímica), vocálica (em caso de am buem-lhe cinco *cantigas de amor (398-402) e a rá sido composta depois de 1260 e, mais prova confirmado no Livro Vello (cfr. Mon. Lus., biguidade por homonímia), mixta (vocálica e sobrev~vente primeira estrofe de uma *cantiga velmente, durante o reinado de D. Denis, altu XIV, c. 5). Apesar de a Primeira Crónica Gene real: uso das mesmas palavras com idêntico va ~e .aml?o (403) que, embora apoiando-se nas ra em que aquelas medidas se intensificaram. ral (cap. 1066) o citar como um dos acompa lor de significação). Os modos de desenvolvi mdlcaç~es de V, se demonstrou (Marroni) que Os elementos aduzidos tornam pouco provável nhantes do infante D. Afonso, irmão de ~ent? do t~ma são dez: silogismo, consequên pertencia a *Men Rodrigues Tenoiro. A sua a sua identificação com o trovador castelhano D. Sancho II, na conquista de Jaen - cidade CIa, mduçao, exemplo (analogia), original *A fonso Fernandez Cebolhilha, hipótese aco produção, portanto, reduz-se drasticamente a que se rende às tropas cristãs nos últimos dias (entenda-se, texto patrístico), autoridade de fi lhida por alguns investigadores. apenas duas cantigas de amor (Senhor fremosa, de Fevereiro de 1246 -, não temos qualquer l~s~fos_ (in~luindo os antigos poetas), divisão, des quando vus vy e Muy gram sabor avedes, BmL.: Tavani, RM, 4, 1; Tavani, Poesia Lírica ]990, 260 e documentação histórica que nos permita garan dlstmçao, figura e pergunta. Maior explanação mha senh?~: B 404-405, V 15-16), nas quais o 276; D'Heur, Recherches Internes SUl' la Lyriqlle Amollreuse tir este facto. Do mesmo modo, o Livro dei Re é dada ao modo silogístico. As regras têm, por tema tradiCional da coyta de amor é desenvolvi des Troubadollrs Galiciens-Portugais (XII-XIV siecles) [Liege] partimiento (1253) dá notícia da sua presença seu lado, exemplificação num tema concreto do através de uma habilidade técnica em nada -19927.5 (policopiado), 26 (n.o 366) e 568-69; Lapa ' Esca1'l1ho , 91~ na conquista de Sevilha, ocupada em 23 de No «ln capite eius corona» (Apoc., 12, 1), com desprezível. A. Resende de Oliveira vembro de 1248, façanha que fará com que ele 16 17 AFONSO LOPEZ DE BAIAN AFONSO LOPEZ DE BAIAN receba como recompensa, e das mãos do rei uma rubrica escrita na segunda coluna da folha Sevilha) na cantiga Don Afonso Lopez de da tradição rolandiana que introduz a enigmáti castelhano *A lfonso X, algumas «herdades». 88v. A Tavola e o apógrafo italiano concordam Baian quer (B 1625-V 1159). ca modulação Aoi. Mais: tudo parece apontar Durante o reinado de *A fonso III, o Bolo quanto à numeração correspondente às cantigas Os outros dois textos conservados são sátiras para o facto de Afonso Lopez de Baian ter usa nhês, assina um grande número de documentos de amigo e d'escarnho. Na secção das cantigas políticas, que têm como alvo das críticas o no do expressamente esta marca, dado que era su e diplomas ao lado de outros trovadores conheci de amigo de B comete-se um erro na numera bre Men Rodrigues de Briteiros. A famosa ficientemente distintiva para remeter para um dos, como *Johan Perez d'Avoin, *Johan Soarez ção, ao ser aplicado um mesmo número (con «gesta de maldizer» - tal como a denomina a modelo arcaico, mas inconfundível, para a ges Coelho, Roi e *Men Rodrigues de Briteiros, cretamente o 738) a duas cantigas diferentes. rubrica que a precede nos manuscritos - Sedia tas gloriosa por excelência. Do ponto de vista *Fernan Garcia Esgaravunha, etc. Desempe Nas cantigas de amor, Afonso Lopez de -xi don Belpelho en hita sa mayson (B 1470-V métrico, o texto mantém a forma poética da nhou cargos muito importantes, pois foi alcaide Baian desenvolve o conhecido topos peninsular 1080) é um texto fundamental nas letras penin «laisse», que, neste caso, são três de compri de Alenquer e governador das terras de Sousa da «coita de amor», causado no primeiro texto sulares, dado que é um documento precioso mento diferente e carácter monorrimo; as duas entre 1253 e 1277, e, a partir deste último ano, (Senhor, que grav'oj'a mi é, que contém um que testemunha a divulgação no Ocidente his primeiras apresentam uma rima aguda em -on e da comarca de Riba de Minho, onde exercerá o *« dobre» perfeito) pela urgência da partida, e, pânico da Chanson de Roland. O escarnecido é -an, respectivamente, e a terceira em -eira. seu cargo até ao ano de 1280. Casou com Dona no segundo (O meu Senhor [Deus] me guisou), um filho de Roi Gomez de Briteiros, o qual, A opção por estes tons agudos, e não por ou Mór Gonçalves, que era uma das netas do Con enviado por D. *Sancho II para representar os tros, não parece ser por acaso, tendo em conta pelo silêncio atormentado do enamorado, que de Don Meendo Gonçalves I de Sousa, famosas não se atreve a revelar os seus sentimentos à se interesses da Coroa no concílio de Lyon, não que, tanto na versão franco-italiana do ms. V4 pelas sátiras que lhes havia dedicado o trovador teve o menor reparo em passar-se para o lado como nos códices rimados do Roland, as rimas nhor (substantivo que funciona como palavra *Martin Soarez (cfr. Pois boas donas som de do conde de Boulogne, que o haveria de re em ã e õ são umas das mais frequentes. O tro -rima no refrão). Os dois textos são *cantigas senparadas, B 172) por ocasião do rapto que compensar anos mais tarde elevando-o de in vador português conserva igualmente alguns de refram, construídas com uma série de *oc *Roi Gomez de Briteiros fizera de uma delas fanção a rico-homem de pendão e caldeira. Mas traços estilísticos próprios do registo épico, já tossílabos agudos que obedecem ao mesmo es (concretamente de D. Elvira Anes da Maya). o texto não se coloca dentro dos acontecimen que constrói as suas estrofes utilizando o pro quema de *rimas (abbacc). A última documentação que possuímos do se tos que marcaram a história de Portugal depois cesso das «séries semelhantes». Quanto ao ver No seu cancioneiro de amigo introduz tam nhor de Baian é constituída por umas doações do ano de 1245, já que o atacado não é D. Roi, so, é óbvio que o hendecassílabo - nas suas bém dois temas convencionais da canção de que assinou no ano de 1280, já, portanto, no que desempenhou realmente um papel relevan variedades aguda e grave - é o maioritaria mulher galego-portuguesa, servindo-se três ve reinado do rei D. *Denis. te no derrube do rei, mas sim um dos seus fi mente utilizado, seguindo-se-lhe o decassílabo e zes do tema da romaria (neste caso ao Mosteiro A sua produção que chegou até nós é a se lhos. D. Men é, a partir do ano de 1252, um o dodecassílabo, enquanto os de treze pés, jun de Santa Maria das Leiras), e utilizando noutra guinte: duas *cantigas de amor, quatro *canti dos homens de primeira fila da corte de tamente com o alexandrino e o *eneassílabo fe gas de amigo, duas *sátiras políticas e duas das suas cantigas a hipérbole do <<morrer de D. Afonso III, sendo precisamente o encarre minino são completamente excepcionais. A va *cantigas d'escarnho. A posição do cancioneiro amor» provocada pela demora do amigo. Ape gado da administração militar da zona da Maia, riedade na medida do verso, a introdução em de Afonso Lopez de Baian nos manuscritos não sar de serem «cantigas de refram», estes quatro pelo que são mais do que justificadas as mofas duas séries da rima aguda em -on e -an e a utili apresenta dificuldades nem problemas de atri textos apresentam uma grande variedade de de Afonso Lopez de Baian, dado o cargo que zação da rima consoante apontam para o co buição. Todos os textos foram copiados em medidas, pois o trovador usa o *decassílabo, o Belpelho desempenhava. A essência do poema nhecimento de outras versões da gesta francesa B e V, além de em A, onde estão inseridas as *octossílabo, a combinação de hendecassílabo e encontra-se no contrafactum que se faz da ma sem ser a de Oxford. Afonso Lopez de Baian suas duas cantigas de amor. Não há dúvidas de octossílabo grave mais *heptassílabo para o re téria épica francesa à custa de um conhecido não podia deixar de saber que a rima assonante que os textos são da autoria do trovador portu frão e, uma vez, concretamente em Disseron-mi que, pertencendo a uma corte como a do Bolo estava ultrapassada na poesia épica desde a se guês, dado que os apógrafos renascentistas hunhas novas de que m' é muy gram ben - de nhês, teria imediatamente compreendido o es gunda metade do século XII, data a partir da B e V contêm as rubricas que apresentam o no senvolvida de acordo com um esquema parale pírito da caricatura. O momento evocado no qual proliferam precisamente os manuscritos do me do poeta em cada uma das partes em que os lístico - serve-se do verso de treze sílabas para poema é o da mobilização de tropas. Todos os Roland rimado. A transformação rítmica provo textos são copiados. A sua obra aparece dividi o corpus estrófico e de um octossílabo grave e elementos são sistematicamente degradados, cara nestas novas versões outras transformações da, nos códices italianos, em três secções dife um hendecassílabo agudo para o refrão. produzindo-se no texto uma inversão total dos métricas que, à medida que o tempo passou, se rentes que correspondem à divisão feita no ar A produção satírica do senhor de Baian in valores cavaleirescos: o que deveria ser nobre é tornaram mais evidentes, pelo que, tanto na quétipo em função dos três grandes géneros clui quatro textos de conteúdo diversificado. No simplesmente vulgar. Por isso o trovador sen versão de Châteauroux como na chamada V7 se praticados no Ocidente peninsular. O primeiro primeiro deles troça de um tal Alvelo (talvez o tencia naquela «cobla esparsa» igualmente dedi encontram, além de alexandrinos, versos de 9, grupo, dedicado à secção de amor, compreen mesmo Martin Alvelo atacado por Johan Soa cada a D. Belpelho: «qual rico-homem tal vas 11 e 13 sílabas. De todos estes dados se conclui de, em A, os números 224-225, em B 395 e 396, rez Coelho em V 1025), o qual, apesar de já ter salo/qual concelho tal campana». Uma leitura que Afonso Lopez de Baian conheceu pelo me e em V os números 5-6; o segundo, reservado uma certa idade e de estar há muito prometido atenta da gesta mostra os numerosos galicismos, nos duas versões da gesta francesa: a assonante, para as cantigas de amigo, ocupa em B os nú a uma mulher, não tem nenhuma intenção de se tanto léxicos como sintácticos, introduzidos pe a única que apresenta a modulação Aoi, e uma meros 738-740 e em V 339-342; e, finalmente, submeter à instituição matrimonial. Na cantiga lo autor. Esta particularidade, juntamente com rimada, cuja expansão na Península Ibérica é atestada, entre outros, pelo De rebus Hispaniae as suas cantigas d'escarnho e maldizer apare En Arouca hUa casa faria, de claro sentido obs a estrutura épica da cantiga, a selecção do tema (1243) do arcebispo de Toledo Jiménez de Ra cem na terceira secção dos manuscritos com os ceno, o trovador, que pretende os favores de parodiado, o adoubement - assunto típico dos da, e a segunda parte da Primeira Crónica Ge número B 1469 - [1471 bis] e V 1079-1082. Os uma abadessa do Mosteiro de Arouca (D. Luca cantares franceses e que nunca aparece desen neral, terminada em 1284. números B 394 a 396 são atribuídos, na *Tavola Rodrigues), brinca com o significado erótico volvido na épica castelhana -, e o próprio títu Colocciana, a *Sancho Sanchez - pelo que dos sintagmas casa e madeira nova. Responderá lo que lhe é dado pela rubrica (gesta) dão um BIBL.: Horrent, J., La ChallSon de Roland dans les littéralu *Colocci, não registou uma mudança de autor a este texto o almirante *Pai Gomez Charinho tom afrancesado à canção. Tendo em conta o res française el espagnole au moyen age, Paris, 1951 (especial no catálogo, já que ele próprio havia atribuído (com quem o autor português certamente se en Eoy que fecha cada uma das tiradas, um dos mente, 451-455); Tavani, GRLMA, II, 8, 10. os números 395-396 ao nosso autor em B com controu na corte castelhana e na conquista de seus modelos foi o de Oxford, único manuscrito P. Lorenzo 18 19 AFONSO MENDES DE BESTEIROS AFONSO SANCHEZ AFONSO MENDES DE BESTEIROS. Trova Afonso há duas composições que são *sirvente tir uma eventual ligação de Afonso Paez aos tros para dar conta de curas operadas milagro dor português cuja actividade poética decorre ses políticos. O poema la [hi IlUllca pediram Briteiros e, por via destes, à corte régia. Esta samente naquele local no decurso de três me no período de aproximadamente 1250 a 1275. (B 1559) está ligado a acontecimentos relacio hipótese, que exigirá confirmação documental, ses, entre o final de 1342 e o início de 1343. A asserção de Nunes de que o poeta é descen nados com a destronização de D. Sancho II. é pelo menos sugerida pelo facto de Bragas e Desconhece-se o autor da iniciativa de confiar dente de uma família muito antiga não tem o Um certo Don Foan, não identificado de outra Briteiros serem naturais de uma mesma região ao tabelião o registo dos milagres, mas ela deve apoio dos *Livros de Linhagens, que não men maneira, renuncia ao seu castelo com o pretex e ainda em virtude de Afonso Paez aparecer as estar relacionada com a difusão do culto de cionam a descendência de Besteiros. Por isso to de que lhe faltam mantimentos para o defen sociado, pela sua colocação nos cancioneiros, a Nossa Senhora da Oliveira. O destinatário, tal podemos assumir que ele pertence ao estrato der, mas o poeta, como verdadeiro mestre da D. *Men Rodrigues e a D. *Johan Mendiz de como vem expresso, é certamente o rei, a quem menos proeminente na nobreza portuguesa. Se ironia e do sarcasmo, acrescenta maliciosamen Briteiros, ricos-homens cuja presença nas cortes o tabelião se dirige logo de entrada: «Senhor: ria talvez natural de Santa Maria de Besteiros, te que ele só tinha o que precisava para a defe de D. *A fonso III e de D. *Denis está atestada Affonso Perez, taballiom na vossa Villa de Gui hoje conhecido por Tondela, ao sul de Viseu, sa. A sua obra-prima é o sirventês Don Foão, nas chancelarias de ambos os monarcas portu marães, faço saber a V. M .... » Fosse mera fór no vale de Besteiros, mas outras ocorrências do que eu sei que á preço de livão (B 1558), mere gueses. Contemporâneo de D. Men Rodrigues, mula de expediente ou não, o livro ficou entre nome Besteiros na toponímia tornam a identifi cidamente famosa pelas suas imagens naturalis as composições do trovador em estudo poderão os demais do mesmo tabelião quando eles pas cação do seu local de nascimento algo incerta. tas pitorescas e o seu esquema métrico invulgar. ter sido preservadas com as dos Briteiros, tendo saram, certamente por sua morte, para o seu O poema la [hi nunca pediran (B 1559) mostra O poema escarnece de um fidalgo português confluído juntas para a compilação colectiva sucessor nas funções, Antoninho Lourenço. -o como partidário de D. Sancho II na sua luta pela sua cobardia durante as guerras andaluzas. que, confeccionada por volta de meados do sé A este foi reclamado em 1351 para treslado pe contra o conde de Bolonha, o futuro D. Afonso A menção dos genetes, cavaleiros africanos ve culo XIV, esteve na origem dos cancioneiros qui lo cónego Estêvão Anes, procurador «da obra III. O seu conhecimento da cobardia de muitos lozes e muito temidos, pode indicar que o epi nhentistas (vid. Cancioneiro da Biblioteca Na de Sancta Maria da Oliveira». A cópia que che fidalgos hispânicos durante as guerras andaluzas sódio referido é a rebelião mourisca de 1264. cional e Cancioneiro da Vaticana). É, com gou até nós é de 1645 e apresenta acrescentos pode servir de indicação de que ele se exilou Vemos o fidalgo fugir apressadamente, como efeito, através destes que acedemos hoje à sua de outras origens. em Castela depois da destronização do rei um boi picado por um moscardo (come boi que produção poética, constituída por 5 *cantigas O assento de Afonso Peres constitui a pri D. Sancho, e que participou nas expedições mi fel' tavão), como um bezerrinho (come bezerro de amor. Não fugindo aos tópicos habituais do meira colecção de milagres conhecida escrita litares de D. *A lfonso X contra os mouros da tenreiro), e como um cão saindo da jaula (come serviço amoroso tal como ele foi delineado pe em português e identificada como tal. O teor é Andaluzia. can que sal de grade). A menção da palavra ten los trovadores da primeira metade do sécu estruturalmente tabeliónico, com data, identifi Afonso Mendes de Besteiros é autor dum to reiro levou Carolina Michaelis (vid. Vasconce lo XIII, e chegando mesmo a repetir idênticas cação do miraculado, seu nome e filiação, lugar tal de catorze poemas, dos três géneros princi los, Carolina Michaelis de) a suspeitar que o fi ideias e vocábulos em composições diferentes de origem, natureza da doença, reconhecimen pais: nove *cantigas de amor, duas *cantigas de dalgo, referido apenas como Don Foão, talvez (cf. a primeira estrofe de B 854/V 440 e a se to do milagre por intervenção eclesiástica (que amigo e três poemas de escarnho (vid. Cantiga possa ser identificado como D. João Pires de gunda de B 855/V 441), Afonso Paez integra soleniza o acontecimento com uma procissão), de escarnho e maldizer). As suas cantigas de Vasconcelos, conhecido pela alcunha de O Ten -os, no entanto, em esquemas estróficos varia enumeração de testemunhas (não é de somenos dos. A imagem «sse eu fosse enperador ou rey» amor tratam os motivos tradicionais da coita, a reiro. O poema O arraiz de Roi Garcia importância reconhecer entre elas o arcebispo (B 856/V 442) e a referência a uma Sancha loucura amorosa e a morte por amor. Descreve (B 1560) escarnece do fidalgo Roi Garcia por de Braga e o conde D. Pedro). O valor literário Garcia numa composição da qual resta apenas a a sua coita com a habitual hipérbole e encontra manter relações homossexuais com o seu arraiz. é diminuto e o registo tem mais a ver com o primeira estrofe (B 857/V 443), constituem as um prazer desenfreado na sua sandice, causada Roi Garcia é talvez um rico-homem do mesmo prestígio e relação de um grupo com a escrita únicas notas pessoais num cancioneiro ao qual, por um amor não correspondido. O poema Oi nome que frequentava a corte do Bolonhês. do que com um texto de narrativa. nas palavras de G. Tavani, «não falta elegân mais quer' eu punhal' de me partir (A 438) foca liza o desejo do poeta de deixar este mundo fal BrnL.: Tavani, RM, 7, 1-14; Nunes, Amigo, l, 255-58; Mi cia». BIBL.: Martins, M., «O Livro dos Milagres de Nossa Senho chaelis, CA, II, 560-64; Lapa, Escarnho, 102-106; Tavani, Poe ra da Oliveira, de Afonso Peres», Revista de Guimarães, 63, so porque a sua amada morreu. Num passo sía Lírica 1986, 278. BIBL.: Tavani, RM, 8, 1. 5; Oliveira, A. Resende de, «Do 1953, 83-132; Costa, A. de Jesus da, Documentos da Colegiada deste poema, reminiscente da fraseologia do Cancioneiro da Ajuda ao "Livro das Cantigas" do Conde de Guimarães, Coimbra, 1947, 39-40. F. Jensen D. Pedro. Análise do acrescento à secção das cantigas de ami *pranto, declara que, tendo ela desaparecido, «ja go de roo>, in Revista de História das Ideias, 10, Coimbra, 1988, Aires A. Nascimento non é prez nem valor / eno mundo» (vv. 12-13). 722-23; Tavani, GRLM, 11; Nunes, Amor, 259-68. Os restantes cinco poemas de amor são curtas AFONSO PAEZ DE BRAGA. Trovador por A. Resende de Oliveira composições de uma só estrofe e como tal estão AFONSO SANCHEZ. Trovador, Filho d'EI tuguês activo no terceiro quartel do século XIII. muito provavelmente incompletos. Uma das Se a linhagem da pequena nobreza a que per -Rey Don Denis de Portugal, como apontam as suas cantigas de amigo concentra-se no tema do tencia era originária de Braga, como parece in AFONSO PERES. Tabelião de Guimarães em rubricas dos cancioneiros e da *Tavola Colo c amigo falso, acusado de estar apaixonado por dicar o nome de família, o facto é que os inte período talvez dilatado (se é verdade que se po ciana que lhe atribuem nove *cantigas d'amor outra donzela. O outro poema de amigo evolui resses do trovador se situavam já na região de de identificar com um do mesmo nome que ces (B 406-413/V 17-24), duas *cantigas d'amigo em torno do motivo tradicional da mãe que não Guimarães. Com efeito, as Inquirições de 1258 sa funções por limitação do número de tabe (B 783-784/V 367-368), uma «tenção d'amor» mostra nenhuma compaixão pelo amigo da fi registaram alguns dos seus bens junto a este liães naquela localidade em 1321, devido a (como a definiu G. Tavani) com *Vasco Mar lha, o qual sofre profundos tormentos de amor. centro urbano, e o mesmo documento constitui, disposição de D. Denis), escreve, entre 1342 e tinz de Resende (B 416/V 27, também conser A donzela decide ir ter com o seu amigo contra ao mesmo tempo, um bom ponto de apoio para 1343, o Livro de Milagres de Santa Maria de vada nas duas folhas soltas do século XVII, da a vontade da mãe. O que neste poema nos leva colocarmos a actividade deste autor à volta do Guimarães. São 46 assentos por ele lavrados: o BPM e da Biblioteca Nac. de Madrid) e três para além da pura convencionalidade é o epíte terceiro quartel do século XIII. OS elementos de primeiro, para assinalar o prodígio do reverde *cantigas de escarnho (B 415, 781-782/ V 26, to desmesurada «cruel» ou «sem coração», que que dispomos nada nos dizem sobre os meios cimento de um velho tronco de oliveira, aquan 365-366). Desconhece-se a sua data de nasci a donzela não hesita em utilizar para caracteri cortesãos onde terá desenvolvido as suas apti do da implantação de uma cruz trazida para a mento (provavelmente na década de 1280) da zar a atitude da mãe. Entre a poesia satírica de dões poético-musicais, embora possamos adrni- «alvaçaria», por indicação celeste; todos os ou- tando-se a 1329 o ano da sua morte. Bastardo 20 21 AFONSO SANCHEZ AFONSO SOAREZ SARRAÇA de D. *Denis e D. Aldonça Rodrigues de Te infere de um exame do seu cancioneiro, a partir nhor vigiada por um «guarda», desabafa contra sen! a por que trob'e [vós] sabê-lo-edes», dedu lha, dama pertencente à nobreza secundária do das duas cantigas d'amigo. A n.o I, fragmentá ela: «por que vós por mha demanda nunca des zimos a intenção irónica de Afonso Sanchez. Minho e filha de Roy Gomes de Telha, antigo ria, de apenas uma *cobra, mas com um esque tes hiía palha» (vv. 20-21). A n.o IX inscreve-se fidalgo da corte de *A fonso III, a identificar ma métrico-estrófico único de seis *decassílabos de forma explícita na série de escarnhos d' a BIBL.: Nunes, Amor, 18-36; Nunes, Amigo, II, 180-181; La pa, Escarnho, 107-112; Tavani, RM, 380-382; Magne, A., Um possivelmente com o homónimo a que faz refe rimados abcacb, desenvolve o tópico da namo mor; o trovador aconselha de forma explícita a trovador do período post-dionisiano. D. Afonso Sanches rência *Pero Gomez Barroso num seu escar rada ciumenta que se propõe verificar, quando amada a escolher só « ... aquel que vós tem em (1279-1329), in «Revista de Philologia e de História», Rio de nho. O infante resulta, portanto, o primeiro de o amigo voltar, se ele ainda «. .. tem no coraçon! desdém e leixade mim que vos quero bem> (vv. Janeiro, 1931, 58-88; Cartlllário do Mosteiro de Santa Clara de nove filhos ilegítimos de D. Denis e meio-irmão /a donzela por que sempre trobou» (vv. 5-6). 5-6). Mas é a partir da última cobra que se re Vila do Conde, ed. por C. da Silva Tarouca, Vila do Conde, 1986 (ed. faes. da «Revista de Arqueologia e História", 8.' sé de D. *Pedro conde de Barcelos, sendo ambos A lírica seguinte, a II, constitui, quanto à origi vela a intenção do vitupério: «. .. e poys ficardes rie, IV, 1947), does. XI-XVII; XXIX; Mattoso, J., «A guerra mencionados pela primeira vez em 1289 numa nalidade da estrutura, um dos mais belos exem con el des enton/ coçar-vos-edes com a mãao do civil de 1319-1324», in Portugal Medieval. Novas Interpreta doação de bens feita pelo rei. É na corte de seu plos de cantiga d'amigo: 4 cobras de *heptas peixe» (vv. 20-21), sublinhando ainda na *fiin ções, Lisboa, INCM, 1985, 293-307; Michaelis de Vasconcelos, pai que o trovador terá tido conhecimento da sílabos femininos com *refram trissilábico da: «Do que diran poys .. .1 por vós, senhor, C., «Randglossen zum altportugiesischen Liederbuch», XV, «Vasco Martinz und Afonso Sanchez», in Zeitschrift fiir Roma «arte de trovar», assegurando ao mesmo tempo masculino, intercalado no dístico e depois repe quantos no mundo son! dade todo e fazed'end nische Philologie, XXIX, 1905, 683-711; Gonçalves, E., Ra uma posição política bastante vantajosa. Tendo tido no fim, dentro do esquema de rimas abab. 'hun peixe». O poeta revela uma profunda ca mos, M. A., A Lírica Galego-Portuguesa, Lisboa, Editorial casado no início do primeiro quartel do sécu O motivo da «coyta» e da saudade do amigo pacidade técnica na organização retórica dos Comunicação, 1983, 318-320; Pellegrini, S., AuslVahl Altportu giesischer Lieder, Halle/Saale, 1928, 33. lo XIV com D. Teresa Martins, filha do primeiro ausente é desenvolvido na forma mais autêntica textos, pelo que se chama a atenção para o efei conde de Barcelos, D. João Afonso de Albu da retórica do *paralelismo típica do género: to estilístico de figuras como a acumulação ou a M. Barbieri querque, a ascensão política do bastardo régio «Dizia la fremosinha! -ai Deus, val! .. .1 ... Dizia repetição poliptótica, o frequente uso do enjam é rápida. Depois de uma longa contenda com o la bem talhada .. .1 Com'estou d'amor coita bement, também na estrutura de *atá fUnda (I) AFONSO SOAREZ SARRAÇA. Trovador ga conde D. Martim Gil de Riba de Vizela, tam da .. .I-ai, Deus, vali ... Com'estou d'amor feri e as correspondências anafóricas fixas na conca bém ele herdeiro de D. João Afonso, morto em da/». As nove líricas d'amor inscrevem-se, tenação das cobras (capdenals: I-IV; capfinidas lego, activo por volta de meados do século XIII. 1304, o trovador, com a favorável sentença ré quanto à temática e textura formal, no número II; capcaudadas I, IV, VII). Salienta-se o em Filho de Soeiro Aires (Sarraça?) e de Maria gia de 1312, titula-se «senhor de Albuquerque e das mais requintadas do género, como exem prego original da *palavra-rima na lírica VIII (La Afonso, bastarda de D. Alfonso IX de Leão, de Castelo de Cadeceira» no Alto Alentejo. plos de *cantiga de mestria à maneira proven cob. guarda/aguarda; 2.a leva/leva, dia/dia; 3." terá participado, com o irmão Pero Soares, na A seguir, em 1313, o infante aparece como çal. Com efeito, os temas, as estruturas métri manda/demanda). conquista de Sevilha, caso possam ser identifi «mordomo-mor» de seu pai, que lhe atribui vá co-estróficas e a retórica revelam um poeta O primeiro escarnho (I) tem como alvo uma cados com os homónimos que, lado a lado, fo rias herdades régias desde a Estremadura até culto e conhecedor da tradição poética, embora donzela a qual, como sublinha o poeta ironica ram beneficiados no Repartimento daquela ci Entre Douro e Minho. Em 1318 apoia, junta capaz de variações por meio do registo irónico mente, vai mudar de nome (Dona Biringela, dade. Sabemo-lo ainda vivo em 1262, ano em mente com a mulher, a fundação do Mosteiro que, na última cantiga (IX), adquire um aberto Dona Ousenda, Dona Gondrode, Dona Gonti que é mencionado no testamento de sua mu de Santa Clara de Vila do Conde, beneficiando carácter de troça do formalismo trovadoresco. nha) segundo as circunstâncias e também se lher, Teresa Anes de Deza, que pede para ser sepultada no Mosteiro de Santa Maria de Aci -o com doações e privilégios. É por volta de Tópico basilar das primeiras líricas (I-VII) é gundo os vários tipos de prestação sexual. 1319 que explode a contenda entre o infante o da vassalagem amorosa e da coita do amor A cantiga seguinte (II) é dirigida contra um ri beiro, na actual província de Pontevedra. De acordo com o mesmo documento, os filhos de trovador e o filho legítimo de D. Denis, o futu- . não correspondido. Aos «muytos» que dizem come da nobreza secundária que na corte só se ambos, Fernão e Mor Afonso, seriam já adul ro Afonso IV, filho da rainha Santa Isabel, o que tem servido inutilmente a senhor, o trova senta com os colchões, e um texto fragmentário tos nesta altura, embora Fernão Afonso não que provoca divisões dentro da alta e baixa no dor responde que o seu serviço não foi inútil, e enigmático em que se satiriza um tal Afons'A fosse ainda casado. Para a identificação deste breza portuguesa, sendo a primeira partidária por ser seu «bem> o mal que ganhou por isso. fonses que pretende baptizar um seu criado sem autor, cujo nome aparece transformado em do herdeiro e a segunda de Afonso Sanchez e O ciclo continua com o motivo da indiferença a ajuda do padre (III). Finalmente a «tenção «Afonso Soarez Sança» nos cancioneiros qui da política de centralização de D. Denis. da amada (II) e a seguir ainda com o tema do d'amor» com Vasco Martinz de Resende, única nhentistas (vid. Cancioneiro da Biblioteca Na O conflito chega ao ponto de desencadear a «mal» como único «bem> recebido (III). O for dos Cancioneiros trovadorescos, e também o cional e Cancioneiro da Vaticana), socorremo guerra civil, mas chega-se a um acordo e o tro mulário tradicional parece renovar-se na líri único texto conservado em quatro testemunhos -nos de Teresa Lopes e de Pero Marinho, dois vador retira-se provisoriamente para os seus do ca IV em que o poeta confessa não ser capaz de manuscritos. A composição estrutura-se em personagens visàdos na sua *cantiga de escar mínios de Castela. Quando da morte de D. De distinguir se é ben ou mal o que lhe procura a 4 coblas dobles e 2 fUndas de 3 vv. que repetem nho e pertencentes a linhagens com as quais os nis, em 1325, já rei, Afonso IV retira ao vassalagem d'amor. Referência particular mere as rimas dos últimos 3 vv. das estr. III-IV, dentro Sarraças estabeleceram relações de parentesco meio-irmão todos os cargos, rendas e bens de cem a V, fragmentária, com a apóstrofe aos do esquema 10'a/lOb lOb lO'a lOc 10c 10'a! e no século XIII. A composição permite-nos, por que tinha sido beneficiado pelo pai. Afonso amigos em que o poeta lamenta ter perdido o fiindas, 10c 10c 10'a. A interpretação é bastante outro lado, situar com grande probabilidade no Sanchez revolta-se e invade Portugal com o «sém e. .. o dormir», ao perder a senhor, e a VI, enigmática: o trovador quer saber de Vasco segundo quartel do século XIII a actividade de apoio de tropas castelhanas. O conflito acaba com a rara imagem da reunião com a dama de Martinz porque ele continua a «trobar» por Afonso Soares como compositor. Teresa Lopes em 1328 com a mediação da rainha Santa, que pois da morte: «. .. se lá vir o seu bem parecer/ uma senhor já falecida: é provável que este, do é identificada, no verso 15 da cantiga, como obtém para o exilado a restituição dos bens /coita nem mal outro non poss'aver/ eno infer qual desconhecemos a obra, tenha «trobado» «dona de capelo». Tratar-se-á, portanto, de Te confiscados. No entanto, o infante morre no no, se con ela for» (vv. 9-11). A seguir (VII), o por uma mulher também apaixonada por ele resa Lopes de Ulhoa, casada com Fernão Pais ano seguinte, e só mais tarde o seu corpo foi trovador queixa-se de a dama ter concedido o até <<fiorrer d'amor», segundo o tópico lugar Varela, «o do Capelo», alcunha justificada no trazido para o Mosteiro de Vila do Conde. seu favor a outro que a não ama e nem a quer -comum. Baseando-se nesta interpretação a lei Livro de Linhagens do Conde D. Pedro (vid. A obra poética de Afonso Sanchez apresenta «servir». O tema é retomado na cantiga VIII, tura da tenção resulta mais fácil, assim como a Livros de Linhagens) pelo facto de este cavalei características das mais singulares dentro do bastante deturpada nos dois códices e com difi da resposta de Vasco Martinz na última fiinda: ro ter apanhado uma «porrada em o capelo de âmbito da lírica galego-portuguesa. É o que se culdade de interpretação. Depois de aludir à se- «. .. , vós sabede bem! que viva é a comprida de ferro que trazia na cabeça» na batalha de Navas 22 23

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