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Dialética do Desenvolvimento PDF

88 Pages·1964·2.628 MB·Portuguese
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N D O d e U L T U R A DIALÉTICA DO DESENVOLVIMENTO Celso Furtado UNIVERSIDADE DE CAMPINAS Biblioteca Centrai EDITORA FUNDO DE CULTURA BRASIL PORTUGAL •# Primeiro edição: junho de 1964 Segunda edição: setembro de 1964 X íM cL 5 W ' K : / v / / 02. f © Copyright by CELSO FURTADO Reservados todos os direitos de publicação, total ou parcial, em língua portuguesa, pela EDITÔRA FUNDO DE CULTURA S. A. Rua db Ouvidor, n.9 86 - 2.° andar, Rio de Janeiro, Rua Rêgo Freitas, N.° 574 - 3.° andar, São Paulo e Rua da Madalena, N.° 211 - 3.° andar, Lisboa. Lembrai-vos sempre de que não existe felicidade sem liberdade, e de que o fundamento da liberdade é a coragem. PÉRicLEs, Discurso aos Atenienses, citado por Tucídides em A Guerra do Peloponeso, Livro 2. Aos companheiros da Sudene, peregrinos da Ordem do Desenvolvimento. PLANO DA OBRA INTRODUÇÃO PRIMEIRA PARTE: DIALÉTICA DO DESENVOLVIMENTO 1. Reencontro da Dialética 2. 0 Desenvolvimento Econômico no Processo de Mudança Cultural 3. As Lutas de Classes no Desenvolvimento das Instituições Políticas 4. As Ideologias de Classe na Luta Pelo Poder 5. Dialética do Desenvolvimento Capitalista 6. Projeções Políticas do Subdesenvolvimento SECUNDA PARTE: DIAGNÓSTICO DA CRISE BRASILEIRA 1 . A Economia Brasileira: Visão do Conjunto 2. As Causas Econômicas da Crise Atual 3. O Processo Revolucionário no Nordeste INTRODUÇÃO A responsabilidade dos intelectuais em nenhuma época foi tão grande como no presente. E essa responsabilidade vem sendo traída pela ação de uns e a omissão de outros. Os cientistas, responsáveis pela manipulação dessa suprema criação do intelecto humano que ê a ciência expei imcntal, puseram-se a serviço de mitologias políticas contra a humani­ dade, transformando o destino do homem sôbie a Terra em simples dado de um problema político, a ser enfrentado cada dia, problema que por sua pròpiia natineza está essencialmen­ te constituído de elementos irracionais. For seu lado o cientista social, a quem cabe projetar alguma luz sòbre as prováveis cunscqiiências das ações cios responsáveis pela salvuguai da do interesse público — o que pode significar pievcuir em tempo atos que, por terem sido praticados com inconsciência, não são menores crimes contra a coletividade —, é o grande omisso da época presente, por comodismo ou covardia. \ ’ão se pretende que exista uma moral dos intelectuais por cima de quaisquer escalas de valores, as quais estão necessariamente inseridas nal­ gum contexto social. Mas, não se pode desconhecer que o inte­ lectual tem uma responsabilidade social particular, sendo como é o único (demento dentro de uma sociedade que não somente pode, mas deve sobrepor-se aos condicionantes sociais mais imediatos do comportamento iudpiidual. Isto lhe faculta mover-se num plano de racionalidade mais elevado e lhe ou­ torga uma responsabilidade tàda especial: a da inteligência. 10 DIALÉTICA DO DESENVOLVIMENTO Porque tem essa responsabilidade, o intelectual não se pode negar a ver mais longe do que lhe facultam as lealdades de grupo e as vinculações de cultura. Seu compromisso supremo é com a dignidade da pessoa humana — atributo inalienável no ser do intelectual. Os ensaios reunidos no presente volume são o resultado de um esforço realizado partindo de ângulos diversos, para captar a essência do problema do subdesenvolvimento e iden­ tificar as causas da crise de transformação que atravessa o Brasil. Êsse esforço, no que tem de fundamental, foi realizado em tempo extremamente reduzido: os dias que se sucederam à tentativa de instauração do estado de sitio no pais, em se­ tembro passado. Em face da precipitação dos acontecimentos, que parecia iminente, senti que a responsabilidade do traba­ lhador intelectual se sobrepunha a tôdas as demais, e uma vez mais pude comprovar que são as circunstâncias que dizem quanta sobrecarga de trabalho pode alguém impor-se. O pri­ meiro capítulo da 2.a parte, escrito originalmente para público não brasileiro, foi aqui incluído porque pode servir de tela de fundo à análise apresentada nos dois capítulos subsequen­ tes, que carecem da perspectiva histórica e dos dados concretos ali apresentados. C. F. Recife, janeiro de 1964. PRIMEIRA PARTE DIALÉTICA DO DESENVOLVIMENTO 1 REENCONTRO DA DIALÉTICA O F.SFÔRCO realizado por Hegcl para formular os princí­ pios de uma lógica do processo histórico constituiu o ponto de partida do mais importante movimento de renova­ ção do pensamento social no século XIX. ITegel instituiu o princípio de que o mundo não eslá constituído por coisas acabadas, e sim por um conjunto de processos e de que so­ mente uma lógica do desenvolvimento nos poderá capacitar para compreender êsses processos, denominando a essa lógica de dialética. Se bem que cm sua preocuparão de tudo abarcar em um “sistema filosófico" 1 legei deu uma excessiva extensão à aplicabilidade do método dialético, seu ponto de partida foi indubitavelmente a idéia de desenvolvimento que lhe veio de detida observação dos processos históricos. Com a dialética ele pretendeu a um tempo entender a história e demonstrar que existe uma “necessidade histórica". Cada período histó­ rico teria um caráter próprio que unificaria tôdas as institui­ ções de uma época, tais como religião, política, artes, etc. Uma modificação fundamental introduzida em qualquer dessas ins­ tituições teria repercussões em tôdas as demais; mas tais mo­ dificações não se produziriam de forma caótica, e sim como resposta a outras modificações anteriores e dentro de uma lógica cujo princípio básico traduziria o fato de que os pro­ cessos históricos se produzem por contrários. A dialética leva a compreender a história como uma oposição de forças em equilíbrio móvel. O impulso criador da história está no con­ flito de forças contrárias, mas é porque existe um equilíbrio

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