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Dia MunDial Das Doenças RaRas 2013 PDF

112 Pages·2013·1.61 MB·Portuguese
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Câmara dos Deputados ROMÁRIO Deputado Federal Dia MunDial Das Doenças RaRas 2013 Ação do Deputado Federal Romário na Câmara Federal. Centro de Documentação e Informação Coordenação Edições Câmara Brasília – 2013 03345.indd 1 26/07/2013 09:29:34 CÂMARA DOS DEPUTADOS 54a Legislatura – 3a Sessão Legislativa SÉRIE SEPARATAS DE DISCURSOS, PARECERES E PROJETOS No 21/2013 03345.indd 2 26/07/2013 09:29:34 suMáRio apResentação 5 o RaRo eM uM Dia De conscientização MunDial 7 Questões Bioéticas soBRe Doenças Genéticas RaRas 17 paRa uM coMeço De Reflexão soBRe o cuiDaDo Das Doenças RaRas 25 notas taQuiGRáficas Do Dia Das Doenças RaRas 2013 29 03345.indd 3 26/07/2013 09:29:34 03345.indd 4 26/07/2013 09:29:34 apResentação Você recebe em suas mãos o resultado de um dia de ação que foi realizado na Câmara dos Deputados, em fevereiro de 2013. Ao ler as notas taquigráficas poderá perceber o quanto o momento foi permeado de palavras fortes, incisivas e urgentes. Palavras que pos- suem esta característica são formuladas somente quando o sentimento de urgência e de abandono de toda e qualquer ajuda coexistem. O tema que apresento, doenças raras, é novo para mim. E corro o risco de dizer, sem medo de errar, que o é para muitos de nós. Quando comecei a me interar sobre o assunto, devido a procura inicial do Sr. Rogério Lima Barbosa, percebi que a angústia desse pai não era uma exclusividade e mais de 15 milhões de famílias brasileiras poderiam sofrer do mesmo sentimento de abandono do Estado e descriminação da sociedade. Por isso, comecei a dedicar-me a apoiar as pessoas com doenças raras. Em 2012 e 2013 fiz questão de promover o Dia das Doenças Raras no maior auditório da Câmara dos Deputados, o Nereu Ramos. Ainda não temos a tecnologia para repassar os sentimentos mas ao ler as notas que serão apresentadas aqui, você poderá sentir um pouco da emoção que eu e mais de 700 pessoas sentimos no dia 28 de fevereiro de 2013, quando a voz do povo se fez presente em sua casa. Além das notas taquigráficas, apresento três textos que buscam cla- rear a realidade de quem convive com as doenças raras. O primeiro texto, escrito pelo amigo Rogério Lima Barbosa, divulga a origem do Dia das Doenças Raras, seus objetivos, avanços conseguidos em nosso país, embasa a necessidade de transformação do olhar para o paciente e, por fim, defende a criação de um programa para doenças Dia Mundial das Doenças Raras | 5 03345.indd 5 26/07/2013 09:29:34 raras, dentro do Ministério da Saúde, capaz de gerar as informações necessárias e suficientes para toda a população brasileira. O prof. Dr. Natan Monsores, do departamento de saúde coletiva da Universidade de Brasília, centra sua discussão na importância da pes- soa e como são afetas a biociência. O professor ainda esclarece que as pessoas que convivem com alguma doença rara, na concepção do outro, acabam se tornando invisíveis às outras pessoas, intocáveis nas relações sociais e incapazes por precisarem de tecnologias assistivas. Por fim, aborda que a informação é o grande entrave das pessoas que convivem com essa realidade. Dentro da perspectiva de um problema vivido nos mais diferentes países, a prof. Dra. Sílvia Portugal, da Universidade de Coimbra - Por- tugal, contribui com um texto que esmiúça o conceito de raro onde a pessoa ou o paciente deve se tornar agente ativo e ouvido por qualquer interessado na temática. Esclarece que o volume de ações que vem acon- tecendo em nosso país o coloca como referência na América Latina. Ao conhecer os textos percebi que a geração de informação é a linha estrutural que os une. A publicação desses trabalhos é uma forma de gerar informação sobre as doenças raras. E, também, um mecanismo que utilizo para cumprir a minha função parlamentar de ouvir e atender as demandas que me chegam. Com muito orgulho entrego esse material à toda sociedade brasi- leira que, até onde fui informado, é o primeiro a possuir o olhar especí- fico sobre o envolvimento social e as doenças raras em nosso país. Que ele seja a inspiração de muitas outras ações que virão pela frente que, com certeza, estarei disposto a defender e apoiar. ROMÁRIO Deputado Federal 6 | RomáRio • Deputado Federal 03345.indd 6 26/07/2013 09:29:34 o RaRo eM uM Dia De conscientização MunDial RoGéRio liMa BaRBosa Mestrando em sociologia pela Universidade de Coimbra Diretor Presidente da Associação AMAVI [email protected] O Dia das Doenças Raras (DDR), celebrado no último dia de feve- reiro, é uma iniciativa da Eurordis1 que desde 2008 promove uma ação de sensibilização nos mais variados países. Em sua primeira edição aconteceu em 18 países. Cinco anos após o seu início, em 2013, sob o tema “Doenças Raras sem Fronteiras”, o DDR chega em mais de 70 paí- ses e em todos os continentes. Seguramente, um crescimento de 394% somente pode acontecer nas mais variadas formas porque existe uma necessidade comum e, principalmente, um problema a ser resolvido por toda a sociedade. O tema do DDR para 2013 leva à comunidade a importância do trabalho e atuação em rede para o atendimento a pessoa com alguma doença rara. Os seus organizadores consideram que por se tratar de poucas pessoas (em números relativos) e, principalmente, por haver pouco tratamento disponível, somente pelo esforço conjunto e inte- grado pode ser possível atender os pacientes e suas famílias2. 1 Europe Rare Disease, www.eurordis.org, associação de pacientes que atua no desen- volvimento de políticas públicas para Europa e realiza diversos estudos para conhecer as comunidades que convivem com alguma doença rara. Atualmente, se posiciona como uma fonte de dados estatísticos sobre esse tema, sendo reconhecida por associações de pacientes, pesquisadores e agentes públicos. 2 A Eurordis mantém um espaço contínuo na internet para divulgar o DDR. As in- formações sobre os temas, slogans, fotos, vídeos de sensibilização e todo material de divulgação podem ser encontrados em http://www.rarediseaseday.org/ Dia Mundial das Doenças Raras | 7 03345.indd 7 26/07/2013 09:29:34 As ações promovidas pelo evento possuem grande foco na sensibili- zação e comunicação de uma realidade que, ainda como base os estudos da Eurordis, atinge de 6% a 8% de toda população. Trazendo as estatís- ticas para nossa realidade e considerando o censo de 2010 são 13 a 16 milhões de famílias brasileiras que sofrem com as restrições impostas pelas doenças raras. Em busca de uma identidade visual comum, o DDR possui uma figura característica criada pela superposição de três mãos onde, no meio, percebe-se a figura de uma pessoa ou criança3. Desta maneira, a Eurordis incentiva a criação de banners, camisas, braceletes, bottons e todo o tipo de material de divulgação com essa figura. Importante res- saltar que não há qualquer forma de incentivo financeiro, por parte da Eurordis, para realização do evento. Com o propósito de criar uma identidade específica para o DDR e considerando outras ações que a associação promove, como a proposi- ção de políticas públicas, realização de pesquisas, formação de parcerias e criação de redes de apoio, recorrendo a Boltanski quando aborda a cité de projetos4, a Eurordis atua como um mediador tanto na formação das redes como, também, no incentivo para que outras organizações se tornem mediadores em sua própria região. “Esta cité apoia-se na atividade do mediador que lança as mãos na formação das redes, de maneira a dotar-lhe de um valor próprio, inde- pendente dos objetivos procurados e das propriedades fundamentais das entidades entre as quais a mediação se realiza. Nesta perspectiva, a media- ção é um valor em si mesmo, ou melhor uma grandeza específica da qual qualquer ator se pode fazer valer quando põe em relação, estabelece laços e contribui por seu intermédio para tecer redes.” (Boltanski, n.d.) 3 Considerando que 80% das doenças raras são de causa genética, há uma grande in- fluência da biotecnologia sobre esse ambiente. A criação da identidade promovida pela Eurordis somado, principalmente, a influência da biotecnologia faz com que, conforme abordado pelo prof. Dr. Arriscado Nunes, se crie “novas formas de divisão e classifi- cação social ou, mais precisamente, biosocial, em função da pertença a certos grupos caracterizados pelos seus perfis genéticos.” 4 O termo cité por projetos é uma analogia com a literatura dos anos 90 relacionado as organizações por projetos. Por analogia o autor conclui que existe uma organização geral da sociedade por projetos. 8 | RomáRio • Deputado Federal 03345.indd 8 26/07/2013 09:29:34 Posta a grande influência da Eurordis na realização do DDR, sua articulação com as associações e interessados nos mais diferentes países e o incentivo para formação dos agentes mediadores locais, podendo até ser de maneira involuntária, voltamos o foco de nossa atenção para os acontecimentos em nosso país. No Brasil, de acordo com o blog Deficiente Alerta5, a primeira ação relacionada ao DDR aconteceu em São Paulo, em 2010, por meio do evento 1º Caminhada de apoio aos pacientes com doenças raras. Con- forme as informações do blog a organização dessa atividade ficou ao cargo da Fundação GEISER, Grupo de Estudos de Doenças Raras , Ins- tituto Canguru, Aliança Brasileira de Genética e FOPPESP –Com apoio de Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Redu- zida e Subprefeitura Santana Tucuruvi. A partir do final de 2010, em Brasília, inicia a execução de uma série de atividades realizadas pela Associação AMAVI, de atenção aos fami- liares e pacientes com doenças raras, que busca atingir a sociedade nos mesmos moldes da Eurordis. Em 2011, como primeiro evento dessa associação, aconteceu no Clube da Associação dos Servidores do Banco Central, sob o slogan Porque Raro é ser IGUAL!!! - Nossa Ação Afirmativa!, o 1º Dia das Doenças Raras que contou com a participação de 300 pessoas dentre parlamentares, pesquisadores, pacientes e familiares de pessoas com alguma doença rara. Deste evento, foi formada a primeira diretoria da AMAVI com pessoas que tinham em comum apenas a convivência com a realidade das doenças raras por meio de um familiar, filho, pai ou a própria pessoa. A história de criação da AMAVI não faz parte do escopo desse trabalho sendo assunto de outro texto6. Aqui serão abordadas, não de maneira profunda, as questões no contexto do DDR, articulado 5 A primeira informação sobre realização do evento consta desse blog. O blog possui uma postagem que sinaliza ser o release do Dia das Doenças Raras. http://deficientealer- ta.blogspot.com.br/2010/02/primeira-caminhada-de-apoio-ao-paciente.html 6 As motivações que me levaram a criar a AMAVI, as ações realizadas para mobiliza- ção e análise das redes criadas a partir de sua criação podem ser encontradas no artigo Uma análise sobre a teoria das redes – O caso da AMAVI, publicado pela Universidade de Coimbra, na séria Oficina do CES sob o n. 386, em julho de 2012. Dia Mundial das Doenças Raras | 9 03345.indd 9 26/07/2013 09:29:34 e promovido pela associação, uma vez que reforçaram o processo de mudança no Brasil que, antes de 2012, era realizado de maneira local. Em 2012 e 2013, com o apoio do Deputado Romário Farias e arti- culado pela AMAVI, o DDR aconteceu dentro do Congresso Nacional, no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, considerado o maior auditório do local, com aproximadamente 300 lugares. Esse evento foi motivador para o início de uma visão realmente efetiva para realidade das doenças raras em nosso país. Pessoalmente esse tema é de extrema importância porque fui envol- vido por uma questão familiar e sou um dos fundadores da Associação AMAVI. O diagnóstico de Neurofibromatose mudou todo o meu enten- dimento sobre a vida e a associação foi a forma encontrada por mim, e por outros que passam pela mesma situação, de demonstrar à sociedade a realidade de exclusão que invade a nossa vida e que muitos ainda acre- ditam que nunca acontecerá em casa. Devido a grande influência da maneira de pesquisar do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, esse texto tem o objetivo de divulgar a ação ainda quando faz sentido no contexto histórico que se encontra. Desta maneira se enquadra dentro da perspectiva do inves- tigador militante7. O evento realizado em 2012, sob o tema um Dia Raro, aconteceu sob o apoio de muitos parlamentares e contou com a participação de, aproximadamente, 600 pessoas circulantes. Nesse evento, as Associa- ções de Pacientes com doenças raras organizaram um Manifesto8 que foi entregue nas mãos do Ministro da Saúde (MS), Sr. Dr. Alexandre Padilha. Dentre as diversas solicitações do Manifesto, houve um grande enfoque para geração de informação uma vez que definições básicas, 7 O investigador militante, conforme o prof. Dr. Boaventura Souza Santos em palestra proferida no III Colóquio dos Doutorandos do CES, em novembro de 2012, na Uni- versidade de Coimbra, deve atentar para não fazer da divulgação da prática social uma publicação de “jornal velho” uma vez que corre o risco de perder o seu potencial de apoiar os movimentos sociais com saberes relativos a realidade que se encontram dentro do espaço histórico que favoreça a mudança requerida pela sociedade. 8 O manifesto bem como o relatório de atividades do evento pode ser encontrado no site da AMAVI, www.amavi.org, ou encaminhado por email, [email protected] 10 | RomáRio • Deputado Federal 03345.indd 10 26/07/2013 09:29:34

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de qualquer política pública para doenças raras no Brasil: falta infor- lição”, de Mitch Albom, que contava exatamente a história de um profes-.
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