Desenvolvimento e Cultura O problema do estetismo no Brasil MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Ministro de Estado Embaixador Celso Amorim Secretário-Geral Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO Presidente Embaixador Jeronimo Moscardo A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública nacional para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira. Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo, Sala 1 70170-900 Brasília, DF Telefones: (61) 3411-6033/6034/6847 Fax: (61) 3411-9125 Site: www.funag.gov.br Mario Vieira de Mello Desenvolvimento e Cultura O problema do estetismo no Brasil 3ª Edição Brasília, 2009 Direitos de publicação reservados à Fundação Alexandre de Gusmão Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo 70170-900 Brasília – DF Telefones: (61) 3411 6033/6034/6847/6028 Fax: (61) 3411 9125 Site: www.funag.gov.br E-mail: [email protected] Capa: Juan Del Prete Composición Abstracta con fondo negro, 1933 Equipe Técnica Coordenação: Maria Marta Cezar Lopes Eliane Miranda Paiva Cíntia Rejane Sousa Araújo Gonçalves Programação Visual e Diagramação: Juliana Orem e Maria Loureiro Impresso no Brasil 2009 Mello, Mario Vieira de. Desenvolvimento e cultura : o problema do estetismo no Brasil / Mario Vieira de Mello. 3. ed. - Brasília : Fundação Alexandre de Gusmão, 2009. 328p. ISBN: 978-85-7631-147-8 1. Desenvolvimento econômico - Brasil. 2. Cultura - Brasil. I. Título. II. Título: O problema do estetismo no Brasil. CDU 338:008(81) Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme Lei n° 10.994, de 14/12/2004. A beleza é uma coisa terrível e assustadora! Terrível porque indefinível, e não a podemos definir porque Deus não nos oferece senão enigmas. Nela os extremos se tocam, nela coabitam todas as contradições. Sou um homem sem cultura, querido irmão, mas refleti muito sobre essas coisas. Há mistérios demais no mundo. Uma quantidade excessiva de enigmas pesa sobre o homem nessa terra. É preciso resolvê-los como for possível e procurar manter-nos enxutos dentro d’água. A beleza! O que não posso suportar é que um homem, de coração nobre e mesmo de grande inteligência, comece pelo ideal da Madonna para terminar com o ideal de Sodoma. Mais aterrador ainda é aquele que cultivando já o ideal de Sodoma não rejeita todavia o ideal da Madonna, aquele cujo coração continua inflamado por ele e inflamado de verdade como nos seus jovens anos de inocência. Não, a natureza do homem é vasta, demasiadamente vasta mesmo, seria necessário torná-la mais limitada. É uma coisa simplesmente intolerável! O que para a razão parece ser vergonhoso é, para o coração, apenas beleza. É em Sodoma que se encontra a beleza? Podes crer-me que é precisamente em Sodoma que ela se encontra para a imensa maioria dos homens. Conheces esse mistério? O estranho é que a beleza é uma coisa não somente terrível como também misteriosa. É o diabo em luta com Deus e o campo de batalha é o coração dos homens. Dmitri, nos Irmãos Karamazov de Dostoievsky. S UMÁRIO Prefácio........................................................................................................9 Prefácio da Primeira Edição.........................................................................15 Prefácio da Segunda Edição........................................................................19 I. País novo e País subdesenvolvido. Desenvolvimento e desenvolvimentismo. Explicação natural e explicação doutrinária do subdesenvolvimento ...................................................29 II. Fontes da explicação do subdesenvolvimento. Duas atitudes diante do pensamento europeu: subserviência e revolta. A consciência alienada.......................................................................49 III. Análise do processo desenvolvimentista e suas conseqüências. O historicismo. O critério da autenticidade.........................................69 IV. O desenvolvimento como necessidade histórica dos países novos. O “New Deal” das emoções. A cultura como fator de desenvolvimento...........................................................................93 V. Situação cultural européia. Variedade e conflito de tradições. O princípio ético e o princípio estético: Dostoievsky, Kant, Kierkegaard e Nietzsche....................................................................105 VI. Compreensão brasileira do problema europeu. O Século das Luzes e Rousseau. Os diferentes tipos de Romantismo europeu. O espírito estetizante: o “homem cordial” e o “herói da inteligência”......................................................................189 VII. Matéria e Memória. Incidência do Romantismo francês sobre a cultura brasileira: o Beletrismo, o Positivismo, Machado de Assis e o Modernismo. Universiversalismo e particularismo da cultura......239 VIII. A procura de soluções. Maior ênfase no princípio ético. A oposição entre o transcendente e o imanente, entendida como oposição entre o ético e o estético. Atualidade de Sócrates.....293 P REFÁCIO