Dedico este livro ao meu primeiro neto, às minhas filhas Bruna e Cecília, aos meus filhos Lucas e Pedro e à minha companheira Bianca Santana. AGRADECIMENTOS Agradeço às minhas colegas e aos meus colegas do Laboratório de Tecnologias Livres da Universidade Federal do ABC pelos novos horizontes abertos. Não poderia deixar de agradecer à equipe das Edições Sesc pelo apoio e pelas orientações. Também não conseguiria redigir este livro sem o apoio da Fapesp à pesquisa que coordeno, chamada “Regulação algorítmica no setor público: mapeamento teórico e programático”. Acusamos o objeto técnico de transformar o homem em escravo: isso é perfeitamente verdade, mas o homem é realmente um escravo de si mesmo porque o aceita quando se entrega a objetos técnicos; entrega-se a eles como a alma é dada ao diabo, pelo desejo de poder, de glória ou de riqueza; a tentação não vem do objeto, mas do que o sujeito pensa ver no objeto que ele media... Gilbert Simondon Modelos são opiniões embutidas na matemática. Cathy O'Neil Existe sempre uma diferença entre autocracia e democracia, já que naquela o segredo de estado é uma regra e nesta uma exceção regulada por leis que não lhe permitem uma extensão indébita. Norberto Bobbio SUMÁRIO Apresentação Introdução Capítulo 1 Algoritmos e sociedade Capítulo 2 A teoria democrática e a sociedade informacional Capítulo 3 Como os algoritmos afetam a democracia Condições e procedimentos indispensáveis à existência da democracia Modulação algorítmica dos processos de formatação da opinião pública Privacidade, servidão maquínica e vigilância pervasiva dos dispositivos Capítulo 4 Opacidade algorítmica, concentração de tráfego e poder econômico A ideia da democracia diante dos algoritmos A Fábrica Algorítmica Invisível Liberdade de expressão e liberdade de visualização Capítulo 5 Os algoritmos podem servir à democracia? Referências Sobre o autor Créditos D ESDE FINS DOS ANOS 1990, com a difusão da internet, palavras como interação, colaboração, troca, recombinação e compartilhamento passaram a não apenas organizar a gramática das redes digitais, mas também a influenciar a própria dinâmica social. Trata-se de um conjunto de expressões ligadas a formas de produção e distribuição de informações e saberes que descortinam novos cenários, cobrando-nos esforços reflexivos para compreender seus efeitos, tanto pelas perspectivas da comunicação e da cultura, como pelos vieses da educação, da economia e da política. Hoje, é patente o alcance das redes de conexão digital num país de dimensões continentais como o Brasil. Se, por um lado, a internet promove a dinamização sem precedentes das interações remotas e o exponencial incremento do acesso e da produção de conteúdo, por outro, nota-se em seus ambientes uma acirrada disputa pelas atenções (e adesões), que se vão revelando concentradas num leque limitado de plataformas, sites e aplicativos. Sob o crescimento do uso das redes no País, temas como liberdade, direitos humanos, igualdade social, censura, gênero e raça povoam o cotidiano dos fóruns virtuais, não raro facultando alternativas ao tipo de abordagem desenvolvida nos meios tradicionais de comunicação, como o rádio, a TV e a imprensa escrita. Isto se deve, entre outros fatores, à relativização da divisão entre aqueles que pautam e aqueles que consomem a informação, na medida em que essa fronteira vai sendo apagada. Uma vez que a expansão da rede alavanca a multiplicação do volume de dados e da sua correlata disseminação na esfera pública, assim como estimula a participação de crescente número de pessoas nas discussões sobre assuntos de interesse comum, caberia nos perguntarmos sobre o real impacto, no debate público, dessa forma de circulação de informações e vozes. Nesse sentido, é promissora a constituição de uma coleção que se proponha a reunir autores brasileiros dedicados a pensar as dinâmicas ensejadas pelas redes digitais de conexão, investigando a sua influência sobre os rumos da democracia. Organizada pelo sociólogo e doutor em Ciência Política Sergio Amadeu da Silveira, a coleção Democracia Digital convida pesquisadores do campo da cultura digital a se debruçarem, a partir de diferentes abordagens, sobre a recente história dessa ambivalente relação. Neste Democracia e os códigos invisíveis, quinto título da coleção, o professor e sociólogo Sergio Amadeu da Silveira aborda a relação entre o avanço de sistemas digitais baseados em algoritmos e o debate democrático. Num esforço de compreensão sobre o modo como as redes digitais tomam parte em nosso cotidiano, o autor lança o olhar sobre o papel dos algoritmos na mediação e na modulação da opinião pública. Como escreve: “Estruturas algorítmicas, compostas de bancos de dados, modelos matemáticos e softwares que os efetivam, se tornaram fundamentais nos processos de formação da opinião pública e na disputa pelas preferências políticas do eleitorado”. Pautando-se por uma linguagem clara e direta, a coleção Democracia Digital pretende despertar, em igual medida, o interesse tanto de pesquisadores da área de tecnologia e comunicação como de um público leitor mais abrangente, que se vê envolvido no seu cotidiano com aparatos tecnológicos permanentemente conectados. Em formato digital, faz uso de um suporte hábil em ampliar as possibilidades de acesso a estudos acerca de aspectos centrais da vida contemporânea. Dessa forma, reforça o papel da leitura como expediente-chave da educação concebida em bases emancipatórias, utilizando a tecnologia digital como ferramenta propícia a um espaço social crítico, inventivo e renovador. Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo