1 2 De Pé no Chão Também se Aprende a Ler (1961-64) Uma escola democrática 3 Coleção EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO Volume 3 Direção de VANILDA P. PAIVA Conselho Consultivo CARLOS ALBERTO JAMIL CURY GUIOMAR NAMO DE MELO MAURICIO TRAGTENBERG VALDEMAR SGUISSARDI 4 Moacyr de Góes De Pé no Chão Também se Aprende a Ler (1961-64) Uma escola democrática 5 Diagramação: ANA MARIA SILVA DE ARAÚJO Revisão: UMBERTO F. PINTO MÁRIO ÉLBER DOS S. SANTOS CRISTINA M. PAES DA CUNHA Direitos desta edição reservados à EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A. Rua Muniz Barreto, 91/93 Rio de Janeiro – RJ 1980 ___________________________________________ Impresso no Brasil Printed in Brazil 6 Em memória de: Djalma Maranhão Luiz Ignácio Maranhão Filho Luiz Gonzaga dos Santos Aos pobres – que tentaram construir a sua escola na Cidade do Natal, Rio Grande do Norte, de 1961 a 1964 Para Conceição – mulher e companheira 7 SUMÁRIO Introdução 9 Agradecimentos 10 I. Natal, RN – O Quadro Político em Dois Tempos 11 1. Do “cafeísmo” ao golpe de Estado de 1964 11 1.1 O “cafeísmo” e Djalma Maranhão 12 1.2 A cidade na virada da década 17 1.3 A política no começo dos anos 60 18 2. Quando um Governo faz da educação a meta número um 22 2.1 As eleições de 1960 e o nascimento de De Pé no Chão 26 2.2 De Pé no Chão: uma frente de cristãos e marxistas 31 II. Os Movimentos de Alfabetização, Educação Popular e Cultura Popular nos anos 60 36 1. As posições do Governo, do PCB e da Igreja 36 2. Cultura Popular e Paulo Freire 39 2.1 O Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (MCP) 39 2.2 O Sistema Paulo Freire 41 2.3 O Movimento de Educação de Base (MEB) 43 2.4 O Centro Popular de Cultura (CPCs da UNE e de Natal) 44 2.5 Fundação da Campanha de Educação Popular da Paraíba (CEPLAR) 46 3. O fundo do quadro de outubro de 1961 a abril de 1964 47 III. A Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler 53 1. A história fatual 53 1.1 De Pé no Chão em oito fases 54 1.2 A engenharia escolar, ou, como diria Brecht: o que mantém viva De Pé no Chão 60 8 1.3 Uma política cultural globalizante 73 2. A história interpretativa: o caráter inovador 81 2.1 Escola não é prédio escolar 81 2.2 A escola que começa pela práxis 83 2.3 O partido arquitetônico do Acampamento Escolar 96 2.4 O corpo discente 97 2.5 Educação e Trabalho 97 2.6 As professorinhas 98 2.7 Círculos de Pais e Professores: um depoimento 99 2.8 Pierre Furter: “em Natal uma nova mentalidade” 103 3. A história interpretativa: discussão de documentos 105 3.1 O primeiro Relatório de Orientação Pedagógica 106 3.2 As “Unidades de Trabalho” 107 3.3 Relatórios de pesquisas 108 3.4 Outros papéis legais 110 3.5 Cartilha de alfabetização de adultos: o livro de uma escola democrática 113 3.6 Última proposta ideológica 118 3.7 Conclusões 119 4. A repressão de 1964 120 4.1 “ – Prendam o mimeógrafo” 123 4.2 Uma interpretação de 1964 124 4.3 Caça às bruxas 126 IV. Uma visão retrospectiva 15 anos depois 128 1. Quadro-síntese da Campanha De Pé no Chão 130 2. O processo político-ideológico: da reprodução do sistema à proposta do socialismo 132 Apêndice 135 1. Estatísticas 135 2. Primeiro Relatório da Orientação Técnico-Pedagógica 143 3. Relatórios da pesquisa domiciliar do Grupo de Trabalho de educação popular 154 4. “Unidade de Trabalho” aplicada pela Orientação técnico-pedagógica 163 9 INTRODUÇÃO Este livro pretende discutir a experiência educacional do movimento de cultura popular De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, vivida em Natal, Rio Grande do Norte, de fevereiro de 1961 a abril de 1964. Parto do princípio de que todo livro busca responder a uma pergunta importante – importância avaliada, evidentemente, pela ótica do autor. A minha pergunta pode ser desdobrada em duas: 1 – Que fazer quando, no curso de um processo histórico, os fatos são narrados e interpretados de forma deliberadamente truncada? 2 – Que fazer quando, por um longo período desde 1964, só se conhece uma versão oficial desses fatos – e essa versão é marcadamente passional? A minha resposta é que a sociedade, neste caso, deve reivindicar a tarefa de restabelecer a verdade histórica ou, pelo menos, conhecer e discutir uma interpretação alternativa. A proposta do livro está de acordo com essa resposta. Por outro lado, também é dever de justiça resgatar para a História fatos importantes da vida de um povo e neles dar voz aos mortos: aqueles que tiveram participação ativa nesses fatos e que, por isso mesmo, foram silenciados. Cito e homenageio: o Prefeito Djalma Maranhão (morto no exílio no Uruguai), o Vice-Prefeito Luiz Gonzaga dos Santos (morto num cárcere no Recife), o Professor e ex-Deputado Luís Ignácio Maranhão Filho, membro do Comitê Central do PCB e irmão do Prefeito Djalma Maranhão (dado como “desaparecido” desde 1974). No memento dos vivos, rezo por todos aqueles que tiveram suas vidas destroçadas pelo crime de participarem de movimentos de cultura popular no Brasil e particularmente em Natal. Por tais razões, este é um livro político, engajado, mas que procura com todo o rigor ser fiel à verdade. Quase 200 notas de referência, incluídas no final do volume, apóiam e amparam essa intenção. Longe de ressentimentos, isento de veleidades literárias, o livro pretende contar uma história. Aliás, uma bela história, tendo como cenário uma pequena cidade do Nordeste brasileiro. Como personagens, pessoas idealistas e pessoas pobres em torno da idéia de construir escolas pobres. A história termina nos primeiros dias de abril de 1964. Com final nada feliz. M.G. Rio de Janeiro, janeiro de 1980. 10 AGRADECIMENTOS Muitos são os agradecimentos a fazer, pois muitos foram os amigos que me ajudaram. Ao Dr. Jessé Pinto Freire agradeço a oportunidade de elaboração deste livro. O agradecimento é extensivo ao Dr. Mauricio de Magalhães Carvalho, Diretor-Geral do Senac. Agradeço aos companheiros que pacientemente leram e corrigiram os originais: Nei Leandro de Castro, Moacy Cirne, Geniberto Paiva Campos, Maria Conceição Pinto de Góes e Danilo Bessa. Agradeço aos colegas que por longas horas gravaram os seus depoimentos, resgatando pela memória documentos destruídos e ajudando dessa forma a reconstruir dados históricos: Ornar Fernandes Pimenta, Margarida de Jesus Cortez, Mailde Ferreira de Almeida (hoje, Mailde Ferreira Pinto Galvão), José Fernandes Machado, Josemá Azevedo, Geniberto Paiva Campos, Helio Xavier de Vasconcelos, Maria Conceição Pinto de Góes, Ivis Bezerra, Marcos Guerra e Juliano Siqueira. Agradeço a José Willington Germano (que no momento prepara uma tese de mestrado sobre De Pé no Chão) o acesso ao seu arquivo e as trocas de idéias a respeito dos movimentos de cultura popular dos anos 60. Este agradecimento é extensivo, pelos mesmos motivos, a Osmar Fávero e Paulo Rosas. Agradeço a Gil Soares as informações sobre João Café Filho, suas atividades e idéias políticas – conhecidas no meu Estado como “cafeísmo”. Agradeço a Bernadete Ribeiro Dantas, José Fernandes Machado, Dilma Siqueira, Roberto Furtado e Clívia Marinho Lopes as pesquisas em documentos e jornais da época. Com esses amigos divido os acertos deste livro. As opiniões e os erros são de minha exclusiva responsabilidade.
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