De Baixo para cima oaorganizadoras ElianE Costa E GabriEla aGustini m x adailton medeiros anderson Quack iiBinho cultura c eliane costa a GaBriela aGustini GeorGia nicolau B Jailson de souza e silva a Junior perim marcus vinÍcius Faustini r ricardo aBramovay e ricardo sarmento a costa D serGio Branco pteresa Guilhon Barros yasmin thayná © Alguns direitos reservados Eliane Costa e Gabriela Agustini. Coordenação editorial Heloisa Buarque de Hollanda Produção editorial e revisão Jacqueline Barbosa Projeto gráfico e diagramação Adriana Moreno CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ D32 De baixo para cima/organização Eliane Costa, Gabriela Agustini. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Aeroplano, 2014. 352 p.; 12 x 19 cm. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7820-114-2 1. Cultura. 2. Antropologia. I. Costa, Eliane. II. Agustini, Gabriela. 14-18060 CDD: 306 CDU: 316.7 24/11/2014 24/11/2014 Disponível em: http://www.debaixoparacima.com.br Alguns direitos reservados. Aeroplano Editora e Consultoria Ltda. Praia de Botafogo, 210/sala 502 – Botafogo – Rio de Janeiro (RJ) CEP 22.250-040 Tel.: (21) 2529-6974 – Telefax: (21) 2239-7399 www.aeroplanoeditora.com.br – E-mail: [email protected] Facebook: www.facebook.com/Aeroplano.Editora Twitter: www.twitter.com/Ed_Aeroplano Patrocínio: sumário apresentação ............................................................................................6 1. Refletindo sobre o tema ........................................................15 Tropicalizando a economia criativa: desafios brasileiros, na perspectiva das políticas culturais eliane costa ................................16 as periferias roubam a cena cultural carioca Jailson de souza e silva ..................................................................................55 Liberdade de expressão e direito autoral como fundamentos da cultura sergio Branco ...........................................................................79 a economia híbrida do século XXi ricardo abramovay ..................104 Com a palavra... Binho, Faustini, Perim e Quack!...................132 2. Elaborando sobre uma experiência ...........................191 o momento dos laboratórios como espaços de criatividade, inovação e invenção Gabriela agustini ..............................................192 o desafio de uma política de economia criativa aberta e em rede Georgia haddad nicolau .................................................................219 Ponto Cine: arroz, feijão e cinema adailton medeiros ..................242 redes de afeto e pertencimento no carnaval de rua da região portuária carioca ricardo sarmento costa e teresa Guilhon Barros ........271 a vida na era do upload yasmin thayná ...........................................311 Bibliografia reunida ............................................................................330 organizadoras .....................................................................................345 autores/Entrevistados ........................................................................346 apresentação Este é um livro de provo- cações. Sem nenhuma intenção de esgotar o assunto, busca- mos trazer reflexões e pontos de vista que nem sempre têm estado presentes no radar dos debates que se dão em torno da Cultura, da Inovação e de suas interfaces com a chama- da Economia Criativa, concepção que ainda está em aberto para muitos dos intelectuais, pesquisadores, formuladores e agentes do campo cultural brasileiro. A expressão que escolhemos para título deste livro – de baixo para cima – vem sendo utilizada por inúmeros autores. Algumas vezes, mesmo em textos escritos em português, ela aparece no original em inglês, bottom-up, da mesma forma que seu oposto, top-down. Nos últimos anos, de baixo para cima tornou-se uma metáfora forte para descrever processos participativos, de engajamento e colaboração, surgindo, tan- to em discussões sobre liderança e gestão, quanto no desen- volvimento de softwares. Nessas disciplinas, assim como em outras, podemos ser submetidos a processos de baixo para cima ou de cima para baixo. No século XX, o rádio, a televisão e as grandes corpo- rações de mídia consagraram a comunicação no modelo de broadcast, isto é, de um para muitos e de cima para baixo. No apagar das luzes do mesmo século, no entanto, a popu- larização da internet e das tecnologias digitais descentrali- zou os polos de emissão, passando a permitir a circulação, em larga escala, e em todas as direções, de diferentes pontos de vista, vozes, cores e sotaques, em trocas polifônicas, de muitos para muitos: “tudo junto e misturado”, como no rap de MV Bill. No universo da Cultura, ainda são hegemônicas as ações que se desenvolvem de cima para baixo, de forma hierárquica e verticalizada, em um modelo industrial tra- dicional. Nos últimos anos, porém, vêm ganhando corpo iniciativas que se orientam em outro sentido, valorizando o conhecimento comum e as contribuições de cada agente do processo. Constituem o que se poderia identificar como uma “inteligência coletiva criativa”, uma desdobra da pos- tulação do estudioso francês da cultura contemporânea Pierre Lévy. Esta, calcada nas premissas de que ninguém sabe tudo, de que todos têm algo para contribuir e de que a inteligência individual é sempre fruto do que se aprendeu em experiências e interações anteriores com outros indiví- duos, tem como base e objetivo, de acordo com o autor, “o reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas”. Todos os artigos deste livro dialogam, de alguma forma, com articulação, compartilhamento, colaboração, mobili- zação, protagonismo, diversidade e direitos culturais – te- máticas cujos horizontes foram fortemente ampliados, di- reta ou indiretamente, pelos paradigmas comunicacionais contemporâneos. DE Baixo Para Cima 7 A própria internet é uma rede de redes de computado- res, um sistema que foi pensado de baixo para cima. Uma rede emergente e distribuída. Suas pontas são inteligentes e não há um centro que organize os fluxos de dados e infor- mações. Por isso, desenha caminhos que permitem trocas de muitos para muitos. A cultura de baixo para cima tam- bém se movimenta em uma rede distribuída, que articula conceitos, agentes, projetos, programas, políticas, cidadãos e urgências. As experiências em Cultura, Inovação e Economia Cria- tiva focalizadas neste livro nasceram no contexto das redes distribuídas e da popularização das tecnologias digitais, sendo, por conta disso, fundamentalmente marcadas pela ideia de compartilhamento e de construção horizontal do saber. Porém, mais do que a infraestrutura tecnológica des- se cenário, prioriza-se aqui sua apropriação cultural. Procu- ra-se refletir, neste livro, sobre processos emergentes que passaram a modular a criatividade nos últimos anos, bem como sobre realizadores culturais que vêm tensionando modelos concentradores e convencionais. Ao longo das próximas páginas, reunimos o pensa- mento de articulistas que procuram compreender e de- bater as transformações vivenciadas pela produção dos bens simbólicos nos últimos anos, com especial atenção à cidade do Rio de Janeiro. São ensaios, relatos e artigos que refletem, a partir de diferentes perspectivas, sobre a combinação de criatividade, inteligência de rede e desejo de transformação. Boa parte do material procura dialogar com a noção de cultura periférica, seja porque são iniciativas que se desenvolveram nas bordas geográficas e/ou sociais da ci- 8 Organizadoras ELIANE COSTA e GABRIELA AGUSTINI dade – “num processo de disputa do imaginário carioca”, como registra Jailson Souza e Silva, coordenador do Ob- servatório de Favelas e um dos autores convidados –, seja porque se baseiam em uma concepção de inovação social e cidadã, distinta, portanto, da concepção convencional atribuída ao termo. O primeiro caso se funda no papel desempenhado pelo Rio de Janeiro nas últimas décadas do século XX, como celeiro da cultura de baixo para cima, no movimento que passou a ser identificado como “cultura da periferia”. No texto de abertura da coleção Tramas Urbanas, da Editora Aeroplano, Heloisa Buarque de Hollanda se refere a esse fe- nômeno como “um dos movimentos culturais de ponta no país, com feição própria, uma indisfarçável dicção proativa e, claro, projeto de transformação social”. Sucedendo a importante geração de ONGs que se puse- ram em ação na cidade, especialmente a partir da década de 1970, como FASE, ISER, IBASE, CEAP, CECIP, entre outras (e, na maioria dos casos, em forte diálogo com estas), emer- giram, especialmente a partir de 1993, potentes contrapon- tos ao discurso de apartheid social que então dominava a cidade, e que mirava, especialmente, nos jovens e na cultura da favela. Vale lembrar que 1993 foi o ano em que aconteceram, no período de um mês, as chacinas da Candelária e de Vigário Geral, cujas imagens nos envergonham até hoje. Mas é neste ano, também, que se consolida, na mesma favela, o Afro- Reggae, com a proposta de promover justiça social por meio da arte e da cultura afro-brasileira. Ao AfroReggae, seguiu- -se uma geração de projetos cujas lideranças são oriundas das próprias comunidades e territórios populares da cidade. DE Baixo Para Cima 9
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