“Existem livros tão nobres e preciosos que gerações inteiras de estudiosos são bem empregadas se, graças ao seu esfor ço, tais livros são conservados inteiros e inteligíveis” (Nietzsche). O veredicto dos séculos não dá margem a dúvida: o De Anima é um desses livros. Eis o espírito com que devemos saudar a publicação da primeira versão integral e propriamente acadêmica em língua portuguesa do tra tado de Aristóteles. A leitura do De Anima não é tarefa fácil. Obra esotérica, constituída por ano tações usadas por Aristóteles no Liceu, ela requer um elevado grau de empenho e dis ciplina por parte dos que se animam a es- tudá-la. Mais que isso: as idéias de Aris tóteles sobre a alma — entendida aqui co mo psykbê ou princípio comum a tudo o que vive, ou seja, a todos os seres anima dos (dotados de anima) — cobram uma contextualização e análise cuidadosas pa ra se alcançar uma compreensão de sua pertinência e originalidade. Daí a importância do trabalho em preendido por Maria Cecília Gomes dos Reis ao preparar esta edição. Nela o lei tor encontrará não apenas a tradução da obra, feita diretamente do grego, mas tu do o que necessita para tirar o melhor pro veito de sua incursão pela psicologia aris- totélica: um ensaio introdutório situando o De Anima na história das idéias e ma peando os conceitos e problemas abor dados; um sumário analítico demarcan do os passos lógicos e explicitando a es trutura da argumentação; quase duzentas páginas de notas explicativas e comen tários minuciosos elucidando as princi- 16 3 2 13 5 10 11 8 9 6 7 12 4 15 14 1 Aristóteles DE ANIMA Livros I, II e III Apresentação, tradução e notas de Maria Cecília Gomes dos Reis editoraH34 Editora 34 Ltda. Rua Hungria, 592 Jardim Europa CEP 01455-000 São Paulo - SP Brasil Tel/Fax (11) 3816-6777 www.editora34.com.br Copyright © Editora 34 Ltda., 2006 Tradução © Maria Cecília Gomes dos Reis, 2006 A FOTOCÓPIA DE QUALQUER FOLHA DESTE LIVRO É ILEGAL, E CONFIGURA UMA APROPRIAÇÃO INDEVIDA DOS DIREITOS INTELECTUAIS E PATRIMONIAIS DO AUTOR. Título original: Feri Fsykbês Capa, projeto gráfico e editoração eletrônica: Bracher & Malta Produção Gráfica Revisão: Carlos A. Inada Oliver Tolle Fabrício Corsaletti Ia Edição - 2006 (Ia Reimpressão - 2007) CIP- Brasil. Catalogação-na-Fonte (Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ, Brasil) Aristóteles, 384-322 a.C A75d De Anima / Aristóteles; apresentação, tradução e notas de Maria Cecília Gomes dos Reis. — São Paulo: Ed. 34, 2006. 360 p. ISBN 85-7326-351-2 Tradução de: Peri Psykhês 1. Filosofia antiga. 2. Filosofia aristotélica. I. Reis, Maria Cecília Gomes dos. II. Título. CDD - 185 SUMÁRIO Prefácio........................................................................................... 9 Abreviações................................................................................... 13 Introdução..................................................................................... 15 Sinopse do tradutor.................................................................... 40 De Anima Livro 1.............................................................................................. 45 Livro II........................................................................................... 71 Livro III.......................................................................................... 103 Notas do tradutor Sumário analítico......................................................................... 135 Notas ao livro 1............................................................................ 145 Notas ao livro II.......................................................................... 203 Notas ao livro III......................................................................... 273 Léxico.............................................................................................. 343 Bibliografia.................................................................................... 346 À minha irmã, Maria Luiza Prefácio O objetivo desta publicação do tratado De Anima de Aris tóteles é oferecer uma tradução que possa ser utilizada pelo estu dante que não lê grego, sem nenhuma pretensão à erudição. Ado tei o texto da Oxford Classical Texts, editado por W. D. Ross (1956), indiquei em nota de rodapé uma ou outra variante esco lhida e limitei-me a acusar nas notas finais as principais passagens em que problemas no estabelecimento do texto têm impacto em questões gerais de interpretação. Os comentadores consultados, que são a fonte das referên cias a outras passagens do corpus e estão na base das interpreta ções compiladas, foram quatro. O comentário de Tomás de Aqui- no, produzido no século XIII, foi seguido freqüentemente para a divisão do texto em partes. O de R. D. Hicks (1907), por sua vez, foi inestimável para as minuciosas questões de interpretação. Não tendo trabalhado diretamente com os comentadores gregos e la tinos do tratado, encontrei no trabalho de G. Rodier (1900) mui tas citações dos antigos, que por vezes iluminaram as dificulda des. Por fim, os comentários de W. D. Ross (1961) ofereceram um padrão enxuto de apresentação dos problemas levantados por Aristóteles. As notas de D. W. Hamlyn (1968) à sua tradução do tratado, sem terem o caráter de um comentário, foram consulta das regularmente. Não tive, desse modo, nenhuma pretensão à originalidade, embora tenha me esforçado para levar ao leitor uma análise cuidadosa e acessível dos argumentos envolvidos. Em relação à tradução, uma ou duas palavras talvez pos sam esclarecer ao leitor a linha geral do procedimento. Tentei 9