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davi alexandre tomm paradoxos ficcionais PDF

140 Pages·2016·1.31 MB·Portuguese
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DAVI ALEXANDRE TOMM PARADOXOS FICCIONAIS – LITERATURA, SOLIPSISMO E ESQUIZOFRENIA EM WITTGENSTEIN’S MISTRESS PORTO ALEGRE 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS ÁREA: ESTUDOS DE LITERATURA LINHA DE PESQUISA: TEORIA, CRÍTICA E COMPARATISMO PARADOXOS FICCIONAIS – LITERATURA, SOLIPSISMO E ESQUIZOFRENIA EM WITTGENSTEIN’S MISTRESS AUTOR: Prof. Davi Alexandre Tomm ORIENTADORA: Profa. Dra. Sandra Sirangelo Maggio COORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Barros de Brito Jr. Dissertação de Mestrado em Literatura Comparada submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Letras. PORTO ALEGRE 2016 CIP - Catalogação na Publicação Tomm, Davi Alexandre Paradoxos ficcionais: literatura, solipsismo e esquizofrenia em Wittgenstein's Mistress / Davi Alexandre Tomm. -- 2016. 140 f. Orientadora: Sandra Sirangelo Maggio. Coorientador: Antonio Barros de Brito Junior. Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Letras, Programa de Pós- Graduação em Letras, Porto Alegre, BR-RS, 2016. 1. Literatura e Filosofia. 2. David Markson. 3. Wittgenstein's Mistress. 4. Solipsismo e esquizofrenia. 5. Ludwig Wittgenstein. I. Maggio, Sandra Sirangelo, orient. II. Brito Junior, Antonio Barros de, coorient. III. Título. Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da UFRGS com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Para Ana Gabriela, com todo meu amor. AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pois nada disso seria possível sem ele e sem as maravilhosas pessoas que ele colocou ao meu lado. Agradeço muito à minha família, meu pai João, minha mãe Tânia, meu irmão Daniel e minha tia Nanci (Iá), por todo suporte, pelo amor incondicional e pela segurança que sempre me deram. À mulher que eu amo, Ana Gabriela, agradeço pela compreensão e companheirismo, por me apoiar, me acalentar e por nunca sair do meu lado. Você, mais do que ninguém sabe o que foi o processo de escrita desse trabalho e faz parte dele de um modo inestimável. Obrigado. Agradeço a tantos amigos e colegas que fizeram parte dessa jornada, de algum modo, direta ou indiretamente. Agradeço aos meus dois excelentes orientadores, Sandra e Antonio, que além de profissionais exemplares, são pessoas maravilhosas, e, mais do que orientadores, são amigos que nunca esquecerei. Obrigado pelas conversas, pelas leituras atentas, pelas opiniões importantes e pela paciência com tantas indecisões e reescritas. Por fim, gostaria de agradecer a CAPES e a FAPERGS pela bolsa de estudos. ―Solitude is indeed dangerous for a working intelligence. We need to have around us people who think and speak. When we are alone for a long time we people the void with phantoms.‖ (Guy de Maupassant) Paradoxo: pensamento, proposição ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento humano, ou desafia a opinião consabida, a crença ordinária e compartilhada pela maioria. (Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa) ―É ilusão, é ilusão, diz o sábio. Tudo é ilusão. A gente gasta a vida trabalhando, se esforçando, e afinal que vantagem leva em tudo isso? Pessoas nascem, pessoas morrem, mas o mundo continua sempre o mesmo. O sol continua a nascer, e a se pôr e volta ao seu lugar para começar tudo outra vez. [...] O que aconteceu antes vai acontecer outra vez. O que foi feito antes será feito novamente. Não há nada de novo neste mundo. [...] Ninguém se lembra do que aconteceu no passado; quem vier depois das coisas que vão acontecer no futuro também não vai se lembrar delas.‖ (Eclesiastes 1. 1-11) RESUMO Esta dissertação apresenta um estudo do livro Wittgenstein‟s mistress (1988), do escritor estadunidense David Markson (1927 – 2010), cujo texto é narrado em primeira pessoa por uma mulher que se autodenomina Kate e que se apresenta como sendo o último ser humano sobrevivente no mundo. Habitando uma casa em alguma praia, ela senta-se diante da máquina de escrever e divaga sobre suas lembranças e viagens, misturando memória e imaginação, de forma a deixar-nos, nós, os leitores, sem um lastro firme para identificar o que é realidade e o que é ilusão. A análise aqui realizada aborda a estrutura paradoxal desse texto, que não consegue estabelecer de modo concreto um mundo ficcional no qual a personagem narradora habita, ou seja, não podemos saber o que realmente acontece ou não com ela. Esse efeito se dá principalmente por um estilo esquizofrênico que será relacionado com as reflexões e observações que o filósofo Ludwig Wittgenstein denomina ―doenças do intelecto‖, as quais, segundo o professor de psicologia clínica e escritor Louis A. Sass, aproximam-se da esquizofrenia. O objetivo desta pesquisa é examinar a maneira como se imbricam as relações entre a linguagem ficcional do livro de Markson e a realidade extratextual, através de uma visão wittgensteiniana que coloca a linguagem imersa na nossa forma de vida, ancorada sempre nas práticas e costumes compartilhados pela sociedade. A análise mostrará que mesmo em um texto onde predomina esse estilo esquizofrênico que faz a linguagem se fechar no mundo interior da personagem, e também no mundo intratextual, ainda há a possibilidade de rompimento deste solipsismo textual, conectando essa linguagem à esfera intersubjetiva e comunitária. Esse rompimento só é possível através da apresentação (ou exteriorização) de vivências, que depende de uma confiança na linguagem como prática social e imersa na nossa forma de vida, assim como de uma confiança na prática de contar histórias. Palavras-chaves: 1. David Markson. 2. Ludwig Wittgenstein. 3. Solipsismo. 4. Esquizofrenia. 5. Literatura e filosofia. ABSTRACT This M.A. thesis analyses Wittgenstein‟s Mistress (1988), a book written by the American author David Markson (1927-2010), whose text is narrated, in the first person, by a woman who calls herself Kate. Declaring that she is the last remaining person alive in the world, Kate sits in front of her typewriter, in a house on a beach somewhere, revisiting her recollections and her travels. Memory and imagination are mixed in such a way that Kate leaves us, the readers, without a solid basis to separate reality from delusion. The focus of my research is the analysis of the paradoxal structure of this text that cannot sets up a fictional world in a concrete way. We cannot find a fictional world in which the narrator lives and so we cannot really know what happens or not happens to her. This effect exists mainly in a schizophrenic style which will be related to the reflections and observations made by the philosopher Ludwig Wittgenstein about the ―sicknesses of the understanding‖ – which according to professor of clinical psychology and writer Louis A. Sass, come close to the realm of schizophrenia. The aim of this research is to examine the imbrications respecting the fictional language of Markson‘s book and the extratextual reality. This will be done through a Wittgensteinian perspective of language as something absorbed in our form of life, and grounded in practices and mores shared by society. The analysis will show that even in a text in which that schizophrenic style prevails, which makes language close itself in the internal world of the character and the text, there is still the possibility to break with this textual solipsism and connect language to the intersubjective and communal sphere. This break can only occur through the presentation (or exteriorization) of experiences that depend on a trust in language as a social practice immersed in our form of life, and on the trust in the practice of telling stories. Key-words: 1. David Markson. 2. Ludwig Wittgenstein. 3. Solipsism. 4. Schizophrenia. 5. Literature and Philosophy. SUMÁRIO CONSIDERAÇÕES INICIAIS – SOB O SIGNO DE WITTGENSTEIN.........................10 1 “TIME OUT OF MIND” – O PANO DE FUNDO, O TEMPO E OS MUNDOS .........15 1.1 O PANO DE FUNDO…...………......................................................................................16 1.1.1 Seguir Regras e o Pano de Fundo.................................................................................19 1.2 TIME OUT OF MIND COMO ESQUECIMENTO E O TEMPO SUBJETIVO...............25 1.3 TIME OUT OF MIND COMO LOUCURA, E O PROBLEMA DOS MUNDOS.............32 1.4 MUNDOS DENTRO E FORA: PANO DE FUNDO, FORMA DE VIDA E FICÇÃO....38 2 PELOS MEANDROS PARADOXAIS DE ALGUNS TRAÇOS ESQUIZOFRÊNI- COS..........................................................................................................................................54 2.1 UMA OUTRA VISÃO DA LOUCURA............................................................................54 2.2 TRAÇOS DE ESQUIZOFRENIA NO TEXTO DE KATE...............................................57 2.3 ―ESPELHO, ESPELHO MEU, EXISTE ALGUÉM ALÉM DE MIM?‖ – ESPELHOS, ESPAÇOS E ILUSÕES IMAGINATIVAS..............................................................................83 2.3.1 “Quem Sou Essa que no Espelho me Reflito?”...........................................................84 3 EM BUSCA DE UMA EXPERIÊNCIA E DE UM MUNDO: A CONFIANÇA RES- TITUÍDA ATRAVÉS DA EXTERIORIZAÇÃO DA ANGÚSTIA...................................95 3.1 PRIMEIRO PASSO PARA OS QUADROS: AINDA A VACUIDADE DO MUNDO...96 3.1.1 Lidando com Imagens: Ver-Como e o Rompimento com a Linguagem Privada....99 3.2 O QUE PODE LEVAR AO SOLIPSISMO E A CONFIANÇA NA FICÇÃO...............111 3.2.1 A Morte e a Contingência: Uma Angústia Epistemológica e Ontológica...............119 3.3 ESQUIZOFRENIA E MODERNISMO: AS IMPOSSIBILIDADES DA LIN- GUAGEM...............................................................................................................................125 CONSIDERAÇÕES FINAIS – SOBRE AS (IM)POSSIBILIDADES DO FIM.............132 REFERÊNCIAS....................................................................................................................136 10 CONSIDERAÇÕES INICIAIS – SOB O SIGNO DE WITTGENSTEIN No prefácio do seu livro A Escada de Wittgenstein: A Linguagem Poética e o Estranhamento do Cotidiano, Marjorie Perloff (2008) fala de um encontro anual do Instituto de Humanidades do Oeste, em outubro de 1984, em Berkeley, e afirma que uma das sessões desse encontro ―marcou o começo de uma década em que um número cada vez maior de poetas, escritores, dramaturgos e artistas produziam obras que eram realizadas, explícita ou implicitamente, sob o signo de Wittgenstein‖ (p. 13). O livro de David Markson, que é o objeto de estudo dessa dissertação, pertence a essa década, e seu nome já parece colocar o signo wittgensteiniano de forma explícita. Aparecem de forma explicita no livro várias questões pensadas pelo filósofo austríaco, principalmente aquelas que tratam da relação entre linguagem e realidade, e os desdobramentos que se desenvolvem desse núcleo, como as questões envolvendo o solipsismo. O objetivo dessa dissertação é tratar de alguns desses pontos de cruzamento entre o texto de David Markson e os pensamentos de Wittgenstein. Para tal, focarei na relação entre aquilo que Wittgenstein chamou de ―doenças do intelecto‖ e a esquizofrenia, aproximação feita pelo professor de psicologia clínica da Universidade Rutgers, e autor de dois livros que serão fundamentais neste trabalho, Louis Sass. Um ponto importante que é preciso esclarecer logo de início é quanto à forma como irei discutir dois elementos fundamentais do trabalho: a loucura (em específico a esquizofrenia) e estas ―doenças do intelecto‖ (em específico o solipsismo). Não se trata de diagnosticar ou rotular Kate como uma coisa ou outra, ou como as duas; não se trata de buscar uma visão essencialista da questão, pois estou lidando com o pensamento de um filósofo que justamente buscou romper com essa visão e com um livro que também não encoraja essa possibilidade de leitura. Ao falar desses dois problemas, buscarei mostrar alguns de seus traços no texto de Kate, principalmente no que concerne à possível relação entre a esquizofrenia e o solipsismo. Sendo assim, seguindo até mesmo o tipo de rompimento que Sass defende em seus livros – rompimento quanto a uma postura meramente diagnosticadora, que enquadra o paciente em determinados quadros, através de uma lista de sintomas pré-definidos, sem olhar para esse paciente na sua particularidade e subjetividade –, meu trabalho não irá enquadrar Kate em uma categoria específica como A esquizofrênica, A solipsista, ou A louca. Ao mostrar como os traços que Sass encontra, por

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RESUMO. Esta dissertação apresenta um estudo do livro Wittgenstein‟s mistress (1988), do . Instituto de Humanidades do Oeste, em outubro de 1984, em Berkeley, e afirma que uma das sessões .. described as a private, intentional act of consciousness grounded in innate mental capacities‖
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