Das Sinfonias ao Samba O Imaginário das Metrópoles no Cinema Brasileiro UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO DENISE LEZO Das Sinfonias ao Samba O Imaginário das Metrópoles no Cinema Brasileiro São Carlos 2 016 DENISE LEZO Das Sinfonias ao Samba O Imaginário das Metrópoles no Cinema Brasileiro Versão Corrigida Tese apresentada ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Doutora em Arquitetura e Urbanismo Área de Concentração: Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Ferreira Martins São Carlos 2 016 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Dedico este trabalho aos meus pais. Agradecimentos Ao professor Carlos Martins, pela orientação e por todo apoio – e por ter sempre acreditado nesta pesquisa, mesmo quando pensei em desistir; Aos professores que me auxiliaram com suas valiosas contribuições, tanto no âmbito de suas disciplinas como fora delas, em especial Renato Anelli, Robert Moses Pechman e Ruy Sardinha Lopes; Aos colegas, professores e funcionários do Instituto de Arquitetura e Urbanismo, que colaboraram, direta ou indiretamente, com a elaboração deste trabalho. À Ancine, por ter me possibilitado um período essencial de dedicação integral para a redação da tese, e a todos os colegas que contribuíram para tal, seja na Comissão de Pós-Graduação, na Gerência de Recursos Humanos, ou na SFO – em especial Marcial Campos, Felipe Vogas e Renata Del Giudice. Aos amigos e colegas da Ancine, em especial à equipe da CAC-Feliz, pelo companheirismo durante esta jornada; a Alexandre, Clarice e Antônio, que seguraram as pontas quando precisei me ausentar. À minha família, pelo apoio incondicional. Aos amigos, por existirem, e por terem compartilhado os risos e as lágrimas deixados pelo caminho. Ao Rodrigo, por tudo. Resumo LEZO, D. Das Sinfonias ao samba: o imaginário das metrópoles no cinema brasileiro. 2016. 277f. Tese (Doutorado em Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo). Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2016. As décadas de 1950 e 1960, demarcadas por um intenso crescimento urbano e por um contexto de efervescência cultural, que contava também com o amadurecimento da produção e da crítica cinematográficas no país, configuraram um momento de profícuo diálogo entre as cidades e suas representações cinematográficas na conformação de seus aspectos imaginários e indenitários. Os filmes urbanos, entretanto, não eram um consenso no período, já que parte da crítica acreditava que as raízes da verdadeira “brasilidade” residiam no ambiente rural, ainda não “corrompido” pelo cosmopolitismo metropolitano. Assim, além de pouco numerosos, os filmes que tratavam dos grandes centros urbanos praticamente se resumiam a duas localidades, cada uma dotada de uma composição identitária própria: Rio de Janeiro, capital federal até 1960, e São Paulo, que passava por um acelerado processo de urbanização e industrialização, e que viria se tornar a cidade mais populosa do país. Observa-se que a capital paulista, marcada desde muito cedo por um imaginário ligado ao “progresso” – aos avanços tecnológicos, à atividade industrial – teve nas Sinfonias Urbanas – filmes documentais realizados na década de 1920, que retratavam as cidades como ambientes universais, locus do artifício e da tecnologia, ritmadas pelo funcionamento ordenado da máquina – uma importante influência, que permaneceu relevante até meados da década de 1960, em filmes como Simão, o Caolho (Alberto Cavalcanti, 1952), Noite Vazia (Walter Hugo Khouri, 1964) e São Paulo Sociedade Anônima (Luis Sérgio Person, 1965). Já o Rio de Janeiro, cuja exuberância da paisagem natural foi constantemente evidenciada em suas representações cinematográficas da primeira metade do século XX, passou a ser representada como Metrópole – impactada pelos processos de modernização, para além do cartão-postal – apenas em meados da década de 1950. Através da análise dos filmes Rio, Quarenta Graus (Nelson Pereira dos Santos, 1954), Cinco Vezes Favela (Marcos Farias, Miguel Borges, Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman, 1962) e A Grande Cidade (Cacá Diegues, 1966), observa-se uma urbanidade marcadamente desigual e contrastante, que buscava se equilibrar sobre uma tênue linha entre ordem e caos. Para o Rio de Janeiro cinematográfico, adequar-se ao comando e ao ritmo da máquina não se mostrava uma resposta eficaz, sendo necessária a criação de mecanismos de resistência a essa ordem – muitas vezes encontrados no senso de comunidade presente no ambiente das favelas, representado pelas manifestações populares, em especial o carnaval e o samba. Palavras-Chave: Cidade. Cinema. Representações. São Paulo. Rio de Janeiro.
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