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Das origens da arquitectura popular em Portugal no século XIX PDF

302 Pages·2016·27.84 MB·Portuguese
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arquitectura popular Tradição e Vanguarda Tradición y vanguardia © Autores: Paula André, Carlos Sambricio (Coord.) Edição: DINÂMIA’CET-IUL ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa Design Gráfico e Paginação: Bruno Vasconcelos Impressão e Acabamentos: Várzea da Rainha Impressores, S.A. ISBN: 978-989-732-973-9 Depósito Legal: 418209/16 arquitectura popular Tradição e Vanguarda Tradición y vanguardia Coordenação Paula André Carlos Sambricio DINÂMIA’CET-IUL Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa 2016 índice 07 Apresentação 19 Das origens da arquitectura popular em Portugal no século XIX: Arqueologia de uma ideia Paulo Simões Rodrigues 49 Regionalismo y arquitectura en España, 1900-1930. Contexto cultural, ideología y logros concretos Eric Storm 85 Etnogenia, Fotogenia, Etnologia Arquitectura Popular na primeira metade do século XX em Portugal Paula André 145 A arte popular portuguesa no arranjo dos interiores domésticos: uma política de nacionalização das classes médias nos anos 30 e 40 do século XX Vera Marques Alves 165 “TRADICION SIGNIFICA CAMBIO” Sobre la arquitectura popular en la España del primer tercio del XX Carlos Sambricio 193 Transformação da habitação popular em meio rural em Portugal na segunda metade do século XX Isabel Raposo 255 Popular o moderna El dilema entre tradición y cultura arquitectónicas en la periferia madrileña de los años cincuenta Ricardo Sánchez Lampreave Agradecimentos Do sentido da partilha e do interesse pela investigação partiu o desafio que lançámos ao DINÂMIA’CET-IUL do ISCTE-IUL para a edição deste livro, pelo que muito agradecemos à Professora Maria Eduarda Gonçalves anterior directora do DINÂMIA’CET-IUL. Agradecemos também ao Professor Pedro Costa director do DINÂMIA’CET-IUL e à empenhada e dedicada equipa deste Centro de Investigação (Maria José, Bruno Vasconcelos, Maria João Machado, Fátima Santos e Mariana Leite Braga) todo o suporte logístico e criativo. Finalmente agradecemos aos autores que convidámos: Paulo Simões Rodrigues (Universidade de Évora), Vera Marques Alves (Universidade de Coimbra), Isabel Raposo (Universidade de Lisboa), Eric Storm (Universidade de Leiden), e Ricardo Lampreave (Universidade de Zaragoza) aos quais estamos gratos pelos respectivos contributos. Paula André Carlos Sambricio Arquitectura Popular e Morfologia da Cultura Paula André «Digam agora os sábios da Escritura Que segredos são estes da Natura…» (Luís de Camões, Os Lusíadas) Em 1942 Jorge Dias colocava a questão: “Poderá só a raça responder aos problemas que o estudo da mentalidade dum povo levanta? E de modo claro sublinhava que “um povo é um complexo de inúmeras influências; um composto formado de múltiplas causas (étnicas, geográficas, culturais e históricas), que não se pode reduzir a uma fórmula simples e invariável”1. Numa conferência pronunciada na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Santiago de Compostela, Jorge Dias refere: “Cultura Popular é, à letra, tudo aquilo que é criação do povo, ou de que o povo se apropriou, fazendo hoje parte do seu património espiritual, moral ou de capacidade de realização prática”, assinalando que “o conceito povo é duma complexidade enorme”, e que “a cultura popular é o produto de três elementos distintos: o homem – elemento antropológico, a terra – elemento geográfico, e a tradição – conjunto dos valores culturais ou históricos anteriormente adquiridos”2. De modo esclarecedor afirma que “o popular, além do interesse que tem em si como fenómeno de cultura, pode também, pela tendência conservadora que o caracteriza, dar a chave 1 DIAS, Jorge – Acerca do sentimento da natureza entre os povos latinos, in, Ensayos y Estudios IV/5-6, editorial Ferd. Dummlers Verlag, Bonn y Berlin, 1942, p. 3. 2 DIAS, António Jorge – Cultura Popular e Cultura Superior. Santiago de Compostela: Publicaciones del Instituto de Estúdios Portugueses, 1949, p. 10,16,17. 7 “o popular, além do interesse que tem em si como fenómeno de cultura, pode também, pela tendência conservadora que o caracteriza, dar a chave de muitos recantos obscuros do passado. São inúmeras as sobrevivências de formas culturais velhíssimas que se encontram pelas aldeias dos nossos países. Não apenas dos romanos, mas de muitos outros povos que, em vagas sucessivas, invadiram o território que é hoje a nossa pátria, e de cuja amálgama e fusão resultou o povo, que nós somos”3. Numa análise exploratória salienta que “há formas de organização comunitária anteriores à romanização que perduram vigorosas. No litoral temos moinhos de madeira com velas feitas de tabuinhas, como os que existem no Noroeste da Europa, e na praia de Mira as casas de madeira fazem lembrar as construções escandinavas”, levando-o à designação de “mare magnum de valores culturais”. Ao contrário da Cultura Popular que tem um carácter localista e anónimo, a Cultura Superior tem um carácter universalista e cosmopolita, mas tal como chama a atenção “não existe nunca o indivíduo completamente liberto do tradicional e das influências do ambiente: em todos existe o popular, em maior ou menor grau de intensidade”, e na verdade “a cultura de cada povo mantém um carácter próprio através de todas as formas que reveste” e “se não fosse esse fundo permanente, que lhe imprime feição específica, perderia o sentido chamar-se a uma francesa, e outra espanhola, inglesa ou italiana”, sendo o estudo dos fenómenos da Cultura Popular “a chave importante para o esclarecimento de muitos aspectos da Cultura em geral”4. Clima e carácter foram operativos na interrogação de finais de Oitocentos sobre a existência de “um tipo portuguez, de casa de habitação”, que por sua vez foi fundadora das seguintes investigações, inquéritos e vícios historiográficos. No entanto, desde a publicação de A Cava de Viriato (1893) de Henrique das Neves, que embora se estabeleça a existência de características similares em algumas construções, não permitem contudo 3 DIAS, António Jorge – Cultura Popular e Cultura Superior. Santiago de Compostela: Publicaciones del Instituto de Estúdios Portugueses, 1949, p. 10. 4 DIAS, António Jorge – Cultura Popular e Cultura Superior. Santiago de Compostela: Publicaciones del Instituto de Estúdios Portugueses, 1949, p. 14. 8 a fixação de um tipo. Segundo Jorge Dias “o amor do tradicional e do passado começou no séc. XIX em todas as sociedades cultas da Europa. Uma das características do Romantismo é precisamente o culto pelos valores populares e nacionais, em oposição ao ideal clássico que, até então, tinha dominado as letras e as artes”, e em contexto dos estudos alemães de Hegel a Spengler a cultura comporta-se como um ser vivo e a moderna concepção da História da Cultura chama-se Kulturmorphologie (Morfologia da Cultura)5. Reveladores de uma morfologia da cultura, de um compromisso com o território e de um conjunto de inquéritos às construções, são os estudos de: - José Leite de Vasconcelos, no seu trabalho “Casa Portuguesa, um inquérito etnográfico” (1916) realizado a partir de um inquérito levado a cabo pelos seus alunos da Faculdade de Letras de Lisboa, onde cada aluno de forma breve e sistematizada apresenta os caracteres da habitação tradicional, salientando a sua integração, tipo e materiais de construção, organização interna do espaço, apresentando por vezes plantas, a utilização do espaço e seu mobiliário, e salientando os modos de habitar; - Vergílio Taborda na sua tese de doutoramento “Alto Trás-os-Montes. Estudo geográfico” (1932), um trabalho de reconhecimento, “multiplicando os inquéritos e as excursões realizados em dezenas de aldeias, junto dos que trabalham a terra e para ela só vivem, excursões que abrangeram no total alguns meses”; - Mariano Feio, no seu livro guia “Le Bas Alentejo et L’Algarve” (1949) resultado da excursão ao sul por ele organizada e percorrida durante sete dias no âmbito do XVI Congres Internacional de Geographie realizado em Lisboa, reunindo um conjunto de mapas e imagens do território, da morfologia da propriedade e do aglomerado, da arquitectura e da habitação. Em 1950 Jorge Dias no I Colóquio Internacional de Estudos Luso- Brasileiros realizado em Washington apresenta um trabalho sobre “Os 5 DIAS, António Jorge – Cultura Popular e Cultura Superior. Santiago de Compostela: Publicaciones del Instituto de Estúdios Portugueses, 1949, p. 19. 9

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Do sentido da partilha e do interesse pela investigação partiu o desafio que lançámos ao DINÂMIA'CET-IUL do ISCTE-IUL para a edição deste livro, pelo que muito agradecemos à Professora Maria Eduarda Gonçalves anterior directora do DINÂMIA'CET-IUL. Agradecemos também ao. Professor
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