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das memórias às veredas PDF

342 Pages·2016·4.31 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO DEPARTAMENTO DE LÍNGUA E LITERATURA VERNÁCULAS PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA DAS MEMÓRIAS ÀS VEREDAS Revista USP – letras, cenas e sons Lucia de Oliveira Almeida Florianópolis/SC 2008 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. Lucia de Oliveira Almeida DAS MEMÓRIAS ÀS VEREDAS Revista USP – letras, cenas e sons Tese apresentada ao curso de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina, sob a orientação da Profa Dra Maria Lucia de Barros Camargo, como requisito para a obtenção do título de “Doutor em Literatura”, área de concentração em Teoria Literária. Florianópolis/SC 2008 1 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos que tiveram participação direta ou indireta na realização desta pesquisa. Aos professores Carlos Eduardo Capela e Jair Tadeu da Fonseca, pelos conselhos. Aos professores, Raul Antelo, Gema Areta Marigó, Susana Scramim e Tereza Virgínia. Aos demais professores do Curso de Letras. Aos companheiros do projeto Poéticas Contemporâneas. Às amigas Renata Telles e Nilcéia Valdati, pelas leituras e sugestões. À Capes, pela bolsa que me possibilitou dedicação exclusiva à pesquisa e pela oportunidade de realizar um Estágio de Doutorado na Universidad de Sevilla. Especialmente a Maria Lucia, minha orientadora, pela troca constante. 2 RESUMO Esta tese tenta configurar o espaço ocupado pela literatura na Revista USP, partindo da reflexão que ali se realiza sobre a arte produzida nos anos 80 e 90. As criações recentes da música popular, do teatro e do cinema são submetidas a um balanço enquanto a literatura não recebe o mesmo tipo de abordagem crítica. Investigar as motivações e desdobramentos de tal postura por parte da revista é a principal proposição desta pesquisa, que busca desenvolver a seguinte hipótese: um vasto conjunto de ensaios publicados na Revista USP compõe um mosaico, no qual a reflexão acerca da literatura brasileira se configura através da constituição de um eixo monumental, formado por Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. Estas duas obras sustentam e demarcam os limites do cânone proposto pela revista, que posiciona a obra de Guimarães Rosa como última baliza do ciclo criativo da literatura brasileira. Entretanto, é possível perceber algumas sombras que conturbam o desenho nítido do referido eixo. A primeira delas é Grande sertão: veredas enquanto texto neobarroco e a segunda é uma antologia de poesia brasileira publicada na revista Universidad de México. 3 ABSTRACT This thesis tries to configure the space occupied by literature in Revista USP magazine, starting from the reflection about the art produced in the 80’s and 90’s. The popular music, the theater and the movies are submitted to an evaluation of their recent creations while the literature does not receive the same kind of critical approach. Investigating motivations and consequences of this attitude is the main proposition of this research, which intends to develop the following hypothesis: a great amount of texts published in Revista USP composes a mosaic, in which the reflection about Brazilian literature configures itself through the constitution of a monumental axle, formed by Memórias póstumas de Brás Cubas, written by Machado de Assis and Grande sertão: veredas, by João Guimarães Rosa. These books mark and support the limits of the canon proposed by the magazine, which considers Guimarães Rosa’s narrative as the last sign of creativity in Brazilian literature. Although, it’s possible to perceive some shadows that disturb the clearness of this axle. The first one is Grande sertão: veredas seen as a “neobarroco” text, and the second is an anthology of Brazilian poetry published at Universidad de México magazine. 4 SUMÁRIO DIRETRIZES DO OLHAR.....................................................................................6 1 – LEITURAS DO “PRESENTE”.......................................................................24 1.1 A face oculta....................................................................................,...........................31 1.2 O desarme dos consensos............................................................................................36 1.3 O grunhido de Tinhorão.......................................................................................41 1.4 O gênero, o Jeca e o mito fundador.......................................................................50 1.5 O tom da música popular.....................................................................................62 1.6 Abrem-se as cortinas. E o texto?...........................................................................75 2 – DAS MEMÓRIAS DE MACHADO ÀS METÁFORAS DE LEZAMA.........82 2.1 Articulações críticas: Memórias em foco...............................................................87 2.2 Um princípio em estudo.......................................................................................91 2.3 Notas sobre “O caso Machado de Assis”...............................................................96 2.4 Palavras em trânsito...........................................................................................102 2.5 A influência da vida e da arte.............................................................................107 2.6 Uma imagem de olhar ausente............................................................................116 2.7 Somente o difícil é estimulante...........................................................................127 3 – PERCORRENDO O SERTÃO......................................................................141 3.1 Uma ode a Grande sertão: veredas.....................................................................144 3.2 Grande sertão: veredas - um retrato do Brasil.....................................................150 3.3 Octavio Paz: nascimentos políticos e poéticos.....................................................162 3.4 De volta ao sertão..............................................................................................175 O MOSAICO E AS SOMBRAS..........................................................................182 BIBLIOGRAFIA..................................................................................................186 ANEXOS..............................................................................................................197 ENTREVISTA - Francisco Costa.................................................................................198 CATÁLOGO – Revista USP (1989-1999)......................................................................201 Apresentação..........................................................................................................202 Metodologia de catalogação....................................................................................206 Indexação...............................................................................................................210 Estatísticas.............................................................................................................330 5 PREÂMBULO DIRETRIZES DO OLHAR1 Bajo la denominación genérica de crítica se reúnen una serie de operaciones discursivas cuyo lazo común no resulta fácil de identificar. El comentario de un libro en el suplemento literario de un periódico, la biografía de un escritor, la historia de un tema literario, el análisis de un poema, en fin, una amplia gama de objetos y de discursos caen bajo la categoría de la crítica o de la labor del crítico. “Las redes de la crítica” Literatura/Sociedad Carlos Altamirano e Beatriz Sarlo Uma multiplicidade de operações discursivas evidencia os traços de várias rotas, muitas delas paralelas, outras transversais e algumas em que ocasionalmente não se vislumbra saída. Ensaios, resenhas, poemas e editoriais se aglutinam em uma compilação avultada, na qual se busca divisar a configuração de uma imagem. Uma figura que não cessa de insinuar a combinação de seus fragmentos. Trata-se de uma imagem-mosaico. Sua existência depende da participação de pequenas peças que formam áreas de maior e menor nitidez. Imagens dentro da imagem. Há peças que faltam, que deixam ocos na figura que se quer una. Esse desejo de unidade se materializa sob o nome de Revista USP. Uma denominação que aposta no peso da tradição institucional como única identificação necessária. A partir desse olhar tradicional, ocorre um jogo de presenças e ausências como conseqüência das forças que atuam na tessitura das eleições realizadas. A compreensão desse jogo constitui um desafio. O foco se dirige a uma figura agigantada, que não permite, sob pena de que não se perceba seu 1 A presente pesquisa, com enfoque na Revista USP, está vinculada ao projeto “Poéticas Contemporâneas”, sediado no Núcleo de Estudos Literários e Culturais, na UFSC, sob a Coordenação da Prof.a Dr.a Maria Lucia de Barros Camargo (minha orientadora). Os componentes do projeto empreendem um mapeamento de periódicos literários e culturais publicados a partir da década de 60, visando à observação do papel dos mesmos enquanto instrumentos de mediação cultural no processo de constituição e veiculação das diferentes textualidades contemporâneas. Os trabalhos ligados ao projeto percorrem basicamente duas etapas indissociáveis: a primeira consiste em efetuar a indexação de todos os artigos dos periódicos em uma base de dados, cujas informações constituem um valioso instrumento de pesquisa; a segunda etapa, já com o suporte dos dados indexados, consiste na análise detida dos jornais e revistas catalogados. Um processo de trabalho que já resulta em monografias e teses que relacionam periodismo cultural e literatura. Em relação à Revista USP, a primeira etapa do trabalho tem como produto final o catálogo dos quarenta primeiros números do periódico, publicados entre 1989 e 1999. 6 engendramento e seus contornos, a fixação em nenhuma parte. O movimento será de entrar e sair, de guardar distância, para logo realizar aproximações à imagem desmesurada. Aqui, o olhar traça um percurso no qual busca desocultar algumas conexões entre os fragmentos que compõem essa imagem, alguns diálogos surdos entre peças aparentemente distantes na elaboração intelectual que ali se realiza. Uma elaboração enleada por alguns silêncios e murmúrios que, inclusive, extrapolam os limites das páginas do periódico. Essa leitura em deslocamento e, para dizer com Severo Sarduy, com mirada anamorfótica, implica uma "lectura frontal", em primeiro plano, e uma "lectura marginal", mediante deslocamento do sujeito, que se situa “al borde” da representação, pois o leitor de anamorfose, quer dizer, “el que bajo aparente amalgama de colores, sombras y trazos sin concierto, descubre, gracias a su propio desplazamiento, una figura, o el que bajo la imagen explícita, enunciada, descubre la otra, 'real', no dista en la oscilación que le impone su trabajo, de la práctica analítica".2 Nessa análise em constante movimento, ao mesmo tempo, vislumbra-se o panorama, a organização dos campos de força, a combinação das peças em atuação, sem que isso implique necessariamente o despiste dos bastidores, do que se situa para além do cenário. Em tal processo, torna-se premente a observação do papel de mediação cultural exercido pelo periodismo, particularmente, nos intercâmbios de crítica e ficção, pois estes são campos em que as publicações periódicas têm participação fundamental na configuração de diversificados fóruns de reflexão. Com isso, configura-se um espaço que funciona como uma espécie de vaso comunicante, de zona de aderência, entre setores independentes da produção intelectual, entre estes e a academia, entre criação artística e público receptor. Para Mabel Moraña, além de operar como um veículo, não raras vezes, polêmico, de crítica e de gosto, as revistas, tanto acadêmicas como independentes, têm influxo contínuo no desenho das culturas nacionais e transnacionais. A autora acrescenta que "la revista es casi siempre una empresa educativa - política y pedagógica - aunque no sea más que por las maneras en que organiza y filtra los relatos de identidad y traza los vínculos entre el campo cultural y sus afueras".3 No caso ora enfocado, esse aspecto assume destacadíssima relevância devido ao vínculo da revista com uma instituição de caráter explicitamente educativo como a Universidade de São Paulo (USP). A maior universidade brasileira apresenta a publicação como uma sorte de emblema, cujo desenho deve reproduzir, através da difusão da pesquisa de seu corpo docente, sua “imagem e semelhança”. Essa postura acrescenta ao periódico, no contexto de mediação 2 SARDUY, Severo. La simulación. In: Ensayos generales sobre el barroco. México – Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 1987, p.64. 3 MORAÑA, Mabel. Revistas culturales y mediación letrada en América Latina. In: Crítica impura: estudios de literatura y cultura latinoamericanos. Madrid – Frankfurt: Iberoamericana – Vervuert, 2004, p.240. 7 cultural no qual se insere, um considerável capital simbólico e torna exigência básica a realização de uma leitura que o vislumbre enquanto texto institucional, com a observação do lugar de onde falam seus colaboradores e das forças que atuam na configuração de seu perfil. Precisa-se ter em vista a atuação da universidade na consolidação da criação artística e da crítica como saberes acadêmicos, algo destacado por Altamirano e Sarlo quando afirmam que a universidade “transmite tradiciones letradas, algunas de carácter cosmopolita, otras cuya matriz de elaboración es predominantemente local, inculca técnicas bibliográficas y paradigmas de discursos críticos, ideales de composición literária y de uso artístico del lenguaje”.4 Uma agenda que filtra o processo de circulação, reciclagem e preservação da tradição empreendido em um periódico como a Revista USP, que, no cenário das publicações ora editadas, pode ser classificada como “revista cultural acadêmica”. Maria Lucia de Barros Camargo esclarece que esse tipo de revista, caracterizada por ser preponderantemente ensaística, dirige-se a um público mais intelectualizado, universitário, e pode estar ligada a instituições de ensino superior, institutos de pesquisa, editoras e ainda a instituições culturais.5 No periódico pesquisado, o vínculo com a Universidade de São Paulo é explorado não apenas através do nome da revista, mas também através dos destaques que compõem o pequeno texto de apresentação escrito pelo então reitor José Goldemberg, que ressalta os possíveis dividendos e as potencialidades do periódico em virtude do elo com a USP. Segundo ele, a publicação deve atuar como uma espécie de imã para o “imenso talento” que existe na universidade, “disperso nos seus centros, departamentos e institutos”. Goldemberg acrescenta que a nossa experiência mostra que quando este talento é mobilizado em torno de praticamente qualquer questão (...), o reservatório de qualidade e competência que é a USP com seus cinco mil professores pode fazer contribuições significantes para a cultura e até para os destinos do País. É nossa esperança que a REVISTA USP cumpra este papel.6 O periódico, editado mais de cinqüenta anos depois da fundação da universidade paulista, em um contexto histórico bastante distinto, ainda assim, vem respaldado por um discurso acerca de sua possível influência muito semelhante àquele que preponderava no 4 ALTAMIRANO, Carlos; SARLO, Beatriz. Del campo intelectual y las instituciones literarias. In: Literatura / Sociedad. Buenos Aires: Libreria Achette, 1983, p.92. 5 CAMARGO, Maria Lucia de Barros. Sobre revistas, periódicos e qualis tais. Travessia 40/ Outra travessia 1. Florianópolis: Curso de Pós-graduação em Literatura (UFSC), 2o semestre de 2003, p.33. 6 GOLDEMBERG, José. Aos leitores. Revista USP n.1. São Paulo: 1989, p.3. 8

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uma visão de mundo negativa, que pode ser definida como “estupidez”, “ignomínias” ou. “legado de nossa poco después de la edición de la revista Cuadernos del Valle de México (1933-1934). 355 ULACIA Creative Method), Berges De La Loire (Margens do Loire), Apocalissi. (Apocalipses),
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