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Dança e Dramaturgia(s) PDF

157 Pages·2016·1.736 MB·Portuguese
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e d a n ç a d r a - m atu r - [s] g i a © Vila das Artes, 2016 © Paulo Caldas, 2016 © Ernesto Gadelha, 2016 coordenação editorial Peter Pál Pelbart e Ricardo Muniz Fernandes d a n ç a e assistente editorial Isabela Sanches tradução Nathália Mello, Rosa Ana Druot de Lima e Sylvain Druot revisão Milena Bandeira e Papel Ofício d r a - revisão técnica Ernesto Gadelha e Paulo Caldas projeto gráfico Renan Costa lima diagramação Jorge Salum e Renan Costa Lima m atu r - Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Odilio Hilario Moreira Junior CRB-8/9949 [s] g i a D173 Dança e Dramaturgias (s) / organizado por Paulo Caldas, Ernesto Gadelha ; traduzido por Nathália Mello, ––––– Rosa Ana Druot de Lima, Sylvain Druot - Fortaleza; São Paulo : Nexus, 2016. orgs. 312 p Paulo Caldas e ernesto g adelha ISBN: 978-85-66943-36-3 1. Dramaturgia. 2. Dança. 3. Coreografia. I. Caldas, Paulo. II. Gadelha, Ernesto. III. Mello, Nathália. IV. Lima, Rosa Ana Druot de. V. Druot, Sylvain. VI. Título. CDD 792.62 CDU 793 2016-434 Índice para catálogo sistemático: Artes : Dança 792.62 Artes : Dança 793 A reprodução parcial sem fins lucrativos deste livro, para uso privado ou coletivo, em qualquer meio, está autorizada, nexus desde que citada a fonte. Se for necessário a reprodução na 2016 íntegra, solicita-se entrar em contato com os editores. |nexus é um selo da n-1 edições| Vila das artes uma aposta do poder público na potência da arte 7 dança e dramaturgia(s) paulo caldas e ernesto gadelha 11 1 e 2 dramaturgias verbete 19 o crime compensa ou o poder da dramaturgia ana pais 25 errância como trabalho andré lepecki 61 corpo verbete 85 o dramaturgista ignorante bojana cvejicć 91 a economia da proximidade bojana kunst 111 moVimento verbete 131 Formando espaços críticos: sumário heidi gilpin 137 pensar o pensamento de ninguém maaike bleeker 149 olhar verbete 173 o processo dramatúrgico marianne van kerkhoven 179 dramaturgia ansiosa myriam van imschoot 191 sentido verbete 215 dramatologias da dança sandra meyer 221 dança, dramaturgia e pensamento dramatúrgico synne k. behrndt 243 – – deriVas de um plano de composição em dança 4 5 thereza rocha 269 reFerências bibliográficas 307 LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 7 (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) ViladasArtes Umaapostadopoderpúbliconapotênciadaarte vila uma aposta Completando um ciclo de gestão à frente da pasta da Cultura do das do poder municípiodeFortaleza,situamosapublicaçãodolivroDançaedra- aRTEs público na maturgia[s] como uma ação ancorada na compreensão de que as potência da políticaspúblicasdagestãoculturalsão,antesdetudo,possibilida- arte desdeampliaçãodoacessoàinformaçãoeàeducação.Noexercí- ciodadinamizaçãodoambientesociopolítico,percebemosessaini- ciativa pela via da qualificação do corpo cultural como aposta no (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) desenvolvimentohumanoenassuasmaisdiversasmanifestações (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) de pensamentos e práticas. No que se refere à construção de ins- trumentosfomentadoresdoscomplexoscamposemquesedãoos processosartístico-culturais,osescritosreunidosnessapublicação apresentam-secomoumbemculturaleconsolidam-secomosubsí- dioparareflexõesestéticasepolíticas;acolhem,assim,adifusãoe afruiçãodepensamentos,numcruzamentoquesinalizacaminhos possíveisparanovosdesdobramentosdeparadigmasartísticosna criaçãoemdançanoBrasil. Dançaedramaturgia[s]éformulaçãoafirmativasemserdogmá- tica.Esequerpública.Longedeapresentar-secomoumacoleção segmentadadeideias,éobrapluralqueinterrogaeaguça,desenca- deandoaproduçãodediferentespercepçõesesentidos.Numasu- peraçãodatendênciaimobilistahabitualdosantecedenteshistóri- – – 6 7 (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 8 LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 9 (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) cosdaspolíticasculturais,estabelecedeformaestruturadaumter- mentosdacidadeeapresenta-secomoespaçoquesepropõeacon- ritório quetece novasconformaçõesdo conhecimento eamplia o tribuirparaapercepçãoeabordagemdadançaapartirdeperspec- campo de ação da dramaturgia; evoca, portanto, ressignificações tivasmúltiplas.Comumcorpodocenteformadoporprofissionais dosprocessoscriativosnocampodaarte. do Brasil e do exterior, seu programa pedagógico promove a for- No âmbito do direito cultural, a Secretaria Municipal da Cul- maçãoeoaperfeiçoamentotécnico,artísticoeteóricoemdançacê- turadeFortaleza(Secultfor),atravésdaViladasArtes,assumeessa nica,proporcionandoaosalunosocontatocomdistintasvisõesso- açãocomoconexãohíbrida,demúltiplasinteraçõesedefunçãoco- breosváriosprocessoseconteúdosdadança. letivaquebuscasedimentarumaexperiênciacomvistasaromper Finalmente,numaperspectivamaisampla,cabemencionarque com a lógica do fazer episódico e demasiadamente localizado. Ao a Vila das Artes, atua, ainda em programas de formação voltados mesmotempoemqueémemória,Dançaedramaturgia[s]étambém para o audiovisual, o teatro e a cultura digital. Instaura assim, na matériaculturalquedeslocaetensionaosespaços,temposeações, rotina cultural de Fortaleza, distintas práticas que redesenham as semnegligenciaravariaçãodecontextoseseusaspectossingulares. relações tecidas entre arte, política e cidade. A presente publica- Considerandoqueaspolíticaspúblicasparaaculturatêmtrajetore- ção,comsuasmúltiplasdramaturgias,torna-se,portanto,umafer- centeesuainstitucionalidadeaindavemacompanhadadedesafios ramentarelevantedeprolongamentoedesdobramentodossaberes merecedoresdeatenção,destacamosqueessainiciativadapublica- efazeresdacenacultural. çãofazconfluirumconjuntodeelementosqueexplicitamosesfor- magelalima çosimpulsionadoreseinauguraisdeumaatuaçãodoentepúblico SecretárioMunicipaldaCulturadeFortaleza napercepçãodaculturacomobemdecoletividadeedemúltiplas cláudiapires autorias.Abertoessenovocampo,hádoisdestacadosdesafiosgera- DiretoradaViladasArtes (cid:31)(cid:29) dos:estabeleceragendasquegarantamacontinuidadedeaçõesque (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) fomentemaproduçãoteóricanocampoculturallocal,bemcomoa (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) criaçãodecanaisdesocializaçãodessaprodução,tornando-amais acessível,abrangenteefluida.Odaquiemdiantejáantecipauma boaprovocação. Valeexpressaroquantocelebramos,nainstânciamunicipal,a efetivaçãodessaaçãopúblicaquealcançaumlugardefinitivonas propostas de política cultural da cidade. A Vila das Artes, equipa- mento público vinculado à Secretaria Municipal da Cultura, idea- lizadora do Dança e dramaturgia[s] através da Escola Pública de Dança, é um espaço formativo que completa 10 anos e tem como premissaaconstruçãodelaçosentreofazereopensar,apostando nesseencontrocomopropulsordeforçascriativas.Rememorando um traço histórico, a Escola Pública de Dança da Vila das Artes surge a partir de discussões travadas com os mais diferentes seg- – – 8 9 (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 11 (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) dança e dRaMa- TuRgia[s] Paulo ErnEsto Caldas GadElha Formado em Dança Graduado em Pedagogia da A oprincipiarumbrevetexto em que transcreve e edita Contemporânea na Escola Dança pela Ballettakademie aspalavrasrecolhidasnumasériedeencontrosintitulada Angel Vianna (RJ), o Köln / Rheinische Conversations on Choreography1, realizada entre 1999 e coreógrafo Paulo Caldas é Musikschule e pós-graduado 2000, Scott deLahunta (2000) admite que, não obstante sua “evo- diretor da companhia de em Dança Contemporânea lução”,adramaturgiapermaneciauma“práticadesconcertante” e dança Staccato e codiretor pela Folkwang Universität der do dança em foco – Festival Künste, atua como professor, queasquestõesquantoa“[…]suadefinição(oqueédramaturgia?) Internacional de Vídeo & gestor e curador em diversos e metodologias (o que faz o dramaturgista?) constantemente pre- Dança. Bacharel em Filosofia, projetos. Atualmente, faciamcadalivro,simpósioouaulasobreotema”(p.25,tradução é mestre e doutorando em coordena a Escola Pública de nossa). Educação. Atualmente, Dança da Vila das Artes e faz a (cid:31)(cid:29) Poiséassimque,dealgumamaneira,repetimoscomoprimeira (cid:31)(cid:29) é professor dos cursos de direção artística e pedagógica bacharelado e licenciatura em da Bienal Internacional de (cid:30)(cid:28) aquestão“oqueédramaturgia?”aoabrirostextosensaísticosaqui (cid:30)(cid:28) Dança da UFC. Dança do Ceará. reunidos já com um primeiro verbete da obra coletiva De quoi la _ – dramaturgie est-elle le nom? (boudier et al., 2014): pois ali, a par- tirdabreveobradeJosephDanan(2010),quefazdaquelaquestão seutítulo(Qu’est-cequeladramaturgie?),sãolistadosdoissentidos porquedistintosdoisfazeres:nosentido1,diríamossumariamente, adramaturgiaéafirmadacomoumfazersobretudotextual,produ- tordeliteraturadramática;nosentido2,comoumfazerligadome- nosatextosdoqueatessituras,amatériasesentidosparaalémda 1 O texto refere-se às duas primeiras sessões do projeto, realizadas em Ams- terdam (março de 1999) e em Barcelona (novembro de 1999); entre os partici- pantes, além do próprio Scott deLahunta, listam-se nomes como André Lepecki, Heidi Gilpin e Myriam Van Imschoot, além de Diana Theodores, Hildegard De Vuyst e Isabelle Ginot. – – 10 11 orgs. (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 12 LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 13 (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) (eventual) dimensão propriamente textual, um fazer afinal copro- Paraalémdapergunta“oqueédramaturgia?”–perguntaque dutordecena,deencenação.Eémesmonestesentido2que,hoje, nãoquerresposta,masfazerproblema–,econsideradaapaisagem reconhecemosalgoque cênicanacionalhoje,importacomigualpertinênciaaindaumaou- tra:comopensardramaturgianaausênciadestafiguraqueencarna está,claramente,nabasedetodacriaçãoartística,quersetratedemon- epersonificaatarefadoseufazer?Maissimplesmente:comopen- tarumapeçaoudedarumconcerto.Nóslidamosotempotodocom dramaturgia,atéquandonósnãolidamoscomela.Desdequesesaiba sar dramaturgia sem dramaturgista? Pois é fato que, à diferença noqueconsisteadramaturgia,pode-sevê-laeencontrá-laemtodos do que se passa talvez em outras paisagens — sobretudo, sabida- oslugares(lamers,apudkerkhoven,1997,p.19).2 mente,naalemãenabelga—,adramaturgianadançasefazques- Alínguaalemã,aquelaapartirdaqualo“moderno”3 sentido2 tãoentrenóspredominantementenaausênciadaquelafigura.Daí que,emboraalgunsdosensaiosaquirecolhidospareçamocupar-se dapalavradramaturgiaemergiu,soubeevitaraequivocidadenano- dela,importa—mesmoneles—pensarsobretudoosfazeresvários meaçãodasfigurasàsquaisseatribuemaquelesfazeres;assim,as subsumidospelapalavradramaturgia,oque,materialeimaterial- palavrasDramatiker(oautordetextosdramáticos)eDramaturg(o mente,implicaofazerdramatúrgico.Importapensar,afinal,aquilo coautordetessiturascênicas)distinguemfazeresdeumamaneira queBernardDort(1986,p.8,traduçãonossa)chamou,desdeapai- quenãoserepetenaslínguasinglesa,francesaouportuguesa,nas sagemteatralfrancesa,de“estadodeespíritodramatúrgico”: quaisaspalavrasdramaturg,dramaturgeedramaturgo,respectiva- mente,recobremambosossentidos. Areflexãodramatúrgicaestápresente(conscientementeounão)em Noentanto,aqui,assumimosotermonãocompletamentedicio- todososníveisdarealização.Éimpossívellimitá-laaumelementoou narizadodramaturgista4paraoperaremnossalínguaaqueladistin- aumato.Concernetantoàelaboraçãodocenário,aomododerepre- ção,mesmoque,entrenós,nãosejaincomumoperá-larepetindoa sentardosatores,comoaotrabalhodo“dramaturgista”propriamente (cid:31)(cid:29) originalalemãDramaturg.Assumimos,assim,otermoquetemse (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) dito.Impossívelcircunscrevernoteatroumdomíniodramatúrgico.En- (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) consolidado em razão de seu uso por aqueles – falantes do portu- (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) tão,emvezdetrabalhodramatúrgico,falareideestadodeespíritodra- (cid:30)(cid:28) matúrgico. guês–quetratamdedramaturgia:indagadoaesserespeito,André Lepeckimuitosimplesmenterespondeu:“[…]foicomosempreusei ÉporassimdefiniradramaturgiaqueDort(idem,p.10)podedi- otermoemportuguês,dadoquedramaturgo significatambémou zer,talvezpolemicamente:“Odramaturgistaétransitório.[…]Uma principalmente,escritordepeçasdeteatro,edramaturgmeparece vezpartilhadooestadodeespíritoportodos,odramaturgistaserá nãoportuguês”.5 supérfluo”. O fazer dramatúrgico se quer portanto plural, errático, trans- versal,distributivoeexpansívelsobrevariadosdomínioscênicose artísticos,nutridoporvariadosdomíniosnãonecessariamentecê- 2 nicos nem artísticos, ligado a uma poética de sentido inscrita no Consultar a presente publicacão, p. 179. 3 Consultar Pavis, 1999. espaço-temposingulardecadaobra–decadaumadesuasefetua- 4 Como escreve Fátima Saadi (2010, p. 102), “só a partir da década de 1990 çõesperformativas–,operandodasmediatasdecisõesdassalasde a palavra dramaturgista começou a ser utilizada na imprensa e, aos poucos, nas fichas técnicas dos espetáculos de teatro”. 5 E-mail aos editores. – – 12 13 (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 14 LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 15 (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) ensaioatéasimediatasdecisõesquemodulamumgestocadavez giaquenosinteressa,poisqueseanunciacomouma“[…]‘prática’ queéperformado. (aberta)quevisaquestionareaproduzirpensamento”(idem),alheia Daí que a dramaturgia seja repetidamente afirmada, hoje – aqualquerdesejodeprescreverprocedimentosearbitrarsentidos. exista ou não a figura do dramaturgista –, como um fazer com- Ostextosaquicoletadospretendem,portanto,nãomaisdoque partilhado,um“campocoativo”emque“nãotantoumtexto,mas isso: questionar e produzir pensamento. Sua disposição obedece à uma textura é tecida, entrelaçada, suturada”6, um espaço comum mera e arbitrária ordem alfabética de nomes: diante do único de- poisocupadoportodoscomapropriedadedeseussaberesecom sejodedaralertextosreferenciais–dondeumcertosabordeanto- o exercício de seus não saberes. Fazer in situ, a dramaturgia não logiaeapredominânciadeescritoseuropeus–,qualqueroutracon- podesupor(pre)determinaçõesgeneralizantes. figuraçãopareceu-nosartificiosa:portanto,nãoháaquinemblocos Recuando a Lessing, de fato, ao preterir o inicialmente consi- temáticos,nemumaordenaçãocronológica,masumasériedeen- deradotítuloDidascáliasdeHamburgo(oquetalvezerroneamente saiosmaisoumenoscurtos,intervalados,eventualmente,orapor insinuasseumdesejodeinstrução,indicaçãooumesmodenorma- algunsaforismos,oraporalgumdoscincoverbetescolhidosdentre tização de procedimentos, à maneira de escritos aristotélicos) em osmaisdetrintapublicadosnorecentee,diríamos,jáfundamental favor de Dramaturgia de Hamburgo, ele permite-se “decidir o que De quoi la dramaturgie est-elle le nom?, um léxico produzido pelo [nela]incluirounão”(s/d,p.488)7,nãosemlembraraseusleitores LaboratoireAgôn–Dramaturgiesdesartsdelascène,deLyon.8 –sacrificando-se“[…]oaxiomadanão-contradição,apretensãode Aqui,estãoabarcadasaproximadamenteduasdécadas:dosemi- coerênciaprópria,queassumimoscomoobrigatóriosparatodosos naldossiêDanseetdramaturgiepublicadopelaNouvellesdeDanse, queescrevemefalam”,conformeescreveaessepropósitoHannah em1997,atéarecém-publicadacoletâneaorganizadaporPilHan- Arendt(2008,p.11)–que seneDarceyCallison,de2015,extraímostextosassinadosporno- (cid:31)(cid:29) estasfolhascontémtudomenosumsistemadramático.Portanto,não (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) mes notabilizados como pensadores e fazedores de dramaturgia. (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) souobrigadoaresolvertodasasdificuldadesquecrio.Meuspensamen- (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) Evidentemente,teriasidopossível–nãofosseadimensãolimitada (cid:30)(cid:28) tospodemparecercadavezmenosconexos,podemmesmoparecerse denossoprojetoeditorial–,multiplicá-los.Esperamosqueoutras contradizer,poucoimporta,desdequesejampensamentosemquese iniciativasofaçam,hajavistaaatualidadedotemanadançaena encontrematériaparapensar!Aqui,queroapenasdisseminarfermenta cenaqueproduzimoshojenoBrasil. cognitionis(lessing,s/d,p.479,traduçãonossa). EsteDançaedramaturgia[s] quer,portanto,sobretudo,colabo- Daíquea“revoluçãooperadaporLessing”(danan,2010,p.14), rarcomaformaçãodeumabibliografiaemlínguaportuguesasobre mesmoaliondenãosetrataaindapropriamentedaquestãodaen- otema,eambicionaterseustextostransitandoentreaquelesque cenação,talcomoveioaseestabelecerapartirdefinsdoséculoxix, pensamefazemdramaturgiatantonocontextoartísticoquantono instaure dimensões que, diríamos, permanecem caras à dramatur- acadêmico.Porisso,mesmoseuprojetográficosequerfavorecedor 6 8 Conforme Lepecki, na presente publicacão, p. 61. AgradecemosaoseditoresMarionBoudier,AliceCarré,SylvainDiazeBarbara 7 EmLESSING,lemos:Ihadhadtheintentionofcallingmyjournalthe‘Hamburg Métais-Chastanier, assim como à editora L’Harmattan pela gentil concessão Didaskalia’. But the title sounded too foreign and now I am very glad I dos direitos de tradução e publicação dos verbetes aqui apresentados. Para preferred the present one. What I chose to bring or not to bring into a acessar a produção textual do laboratório, consultar a Agôn: Revue des arts Dramaturgy, rested with me”. de la scène, no link: agon.ens-lyon.fr/. – – 14 15 (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 16 LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 17 (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) desuacirculaçãoemoutrosformatos:aproporçãodesuaspáginas, Referência a posição de sua área impressa, o contraste e o tamanho de seus arendt,Hannah.Homensemtempossombrios.SãoPaulo:Compa- caracteres,osespaçosvaziosqueladeiamseustextos(equeconvi- • nhiadasLetras,2008. damaanotações)queremalegrementefacilitarareprodução,des- tinosabidoefundamentalparaumaefetivacapilarizaçãodeprodu- danan, Joseph. Qu’est-ce que la dramaturgie? Arles: Actes Sud, • çõesimpressas,diantedenossarealidadesocialeeducacional:afo- 2010. tocópiadequalquerfolhadestelivroélegal,diríamos,contrariando delahunta, Scott. Dance dramaturgy: speculations and reflexi- apraxeeditorial. • ons.DanceTheatreJournal,v.16n.1,2000,p.20–25. AgradecemosaoInstitutodeCulturaeArte(ica)eaoscursos dort.Bernard.L’étatd’espritdramaturgique.Théâtre/Public,Dra- debachareladoelicenciaturaemDançadaUniversidadeFederaldo • maturgie,n.67,1986. Ceará,dosquaisfazemparteosprofessoresPauloCaldaseThereza Rocha. kerkhoven,MarianneVan.Lesprocessusdramaturgique.Nouvel- • Agradecemosimensamenteaosautoreseeditoras,sobretudoà lesdeDanse.Dossierdanseetdramaturgie,n.31.Bruxelas:Con- sarma – Laboratory for discursive practices and expanded publica- tredanse,1997. tion9,plataformaonlinemantenedoradeumimportanteacervode lessing, Gotthold Ephraim. Hamburg dramaturgy. Londres: Wil- documentos escritos e sonoros, inclusive de antologias de textos • liamClowesandSons,Ltd.s/d. deAndréLepeckieMarianneVanKerkhoven(daqualgentilmente pavis,Patrice.Dicionáriodeteatro.SãoPaulo:EditoraPerspectiva, noscedeuodireitodetraduçãoepublicação). • 1999. AAndréLepeckieArmandoMenicacci,nossosagradecimentos (cid:31)(cid:29) peloapoioepeloestímuloaodesenvolvimentodesteprojeto. (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) saadi, Fátima. Dramaturgia/Dramaturgista. In: nora, Sigrid. Te- (cid:31)(cid:29) • (cid:30)(cid:28) Porfim,gostaríamosdeagradeceràPetrobrasporpatrocinara (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) masparaadançabrasileira.SãoPaulo:Ediçõessescsp,2010. (cid:30)(cid:28) realizaçãodestapublicação,frutodapolíticadeapoioàproduçãoe difusãodeconhecimentoemdançadaViladasArtes,equipamento culturalligadoàSecretariaMunicipaldaCulturadeFortaleza. ernestogadelhaepaulocaldas 9 Consultar: sarma.be/pages/Index . – – 16 17 (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) LIVRO 16 de dezembro de 2016 22:36 Page 19 (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28) BoudIer, Marion et al. 1 e 2 caldas, “O qeéadramaturgia?”,pergunta,comrazão,numa De quoi la dramaturgie paulo; est-elle le nom? Paris: gadelha, obra epônima, Joseph Danan (2010), que relembra a l15’h-a1r8mattan, 2014. p. drama- ernesto. duplaacepçãodestetermonalínguafrancesa.Adra- Dança e dra- maturgia,emprimeirolugar,é“[…]aartedacomposiçãodepeças maturgia[s]. turgias são Paulo: de teatro” (p. 7), seguindo uma definição que prevalece desde Lit- nexus, 2016. tréatéPatricePavis,comorelembraoensaístaquefalade“drama- turgianosentido1”,ou“dramaturgia1”.1 Adramaturgiaé,emse- gundolugar,deacordocomadefiniçãodortiana,retomadaesinte- tizadaporJosephDanan,o“[…]pensamentodapassagemàcena (cid:31)(cid:29) (cid:31)(cid:29) das peças de teatro” (idem, p. 8) que se encontra designado como (cid:30)(cid:28) (cid:30)(cid:28) “dramaturgianosentido2”,ou“dramaturgia2”. Essa segunda acepção foi herdada de uma prática alemã inici- ada no século xviii por Lessing, que, em Hamburgo, trabalha em nadamenos que uma reformado teatro.2 Trata-se, especialmente, dedesfazerosistemadoprincipadoentreosatores,queatéentão eraregra—oatorprincipalseimpondocomoempresárioediretor artístico da companhia. Tal empreitada se dá pela introdução, na instituiçãoteatral,deumterceiro,queestariaencarregadodefavo- receracolaboraçãoentreadireçãodoteatro—queescolheasobras 1DANAN, Joseph. Qu’est-ce que la dramaturgie? Arles: Actes Sud, 2010. p.7. (Coleção Apprendre). 2LESSING, Gotthold Ephraim. Dramaturgie de Hambourg. Tradução de Jean-Marie Valentin. Paris: Klincksieck, 2010 [1769]. p.4. (Coleção Germanistique). – – 18 19 (cid:31)(cid:29) (cid:30)(cid:28)

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