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Cristãos novos na Bahia: história PDF

130 Pages·69.418 MB·Portuguese
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K3'8fí ■sjp m m l « á ; “ *^ -♦'*' ,. ■;■ .-. j.~J* A desmitificação de nossa história tem sido a grande preocupação da historiografia atual. A lúcida análise, que ora nos propõe Anita Novinslcy, comprova-o de maneira expressiva. Retomando e superando as tendências consagradas, a Autora consegue explicitar, de forma nítida e precisa, a dimensão social das questões relativas à ‘‘exclusão” dos cristãos novos na sociedade baiana do século XVn. Trata-se, sobretudo, dc situar o problema eni termos concretos e perceber como as tensões sociais se manifestam “encobertas” no nível religioso. EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ED5TQRA PERSPECTIVA 1p - { i Coleção Estudos Dirigida por J. Guinsburg Conselho Editorial: Anatol Rosenfeld, Anita Novinsky, Aracy Amaral, Boris Schnaiderman, Carlos Guilherme Mota, Celso Lafcr, Gita K. Guinsburg, Haroldo de Campos, Leyla Perrone-Moisés,. Maria de Lourdes Santos Machado, Regina Schnaiderman, Rosa R. Krausz, Sabato Magaldi, Sérgio Miceli e Zulmira Ribeiro Tavares Obra publicada com a colaboração da UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Reitor: Prof. Dr. Migue! Reate EDITÔRA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Comissão Editorial: Presidente — Prof. Dr. Mário Guimarães Ferri (Instituto de Biociências). Membros: Prof. Dr. A. Brito da Cunha (Instituto de Biociências)) Prof. Dr. Carlos da Silva Lacaz (Instituto de Ciências Biomédicas), Prof. Dr. Irineu Strenger (Faculdade de Direito) e Prof. Dr. Pérsio de Souza Santos (Escola Politécnica). Equipe de realização: Revisão: Mary Amazonas Leite dc Barros; Produção: Geraldo Gerson de Souza; Capa: Moysés Baumstein Direitos reservados à - • EDITORA PERSPECTIVA S. A. ISSIi Av. Brig. Luís Antônio, 3025 São Paulo ■ íXy-: " ‘ ~p : M v EfS r FICHA CATALOGRÂFICA (Preparada pelo Centro de Catalogação-na-fonte, Câmara Brasileira do Livro, SP) Em memória do Prof. Lourival Gomes Machado ssp f, m m NovinsJcy, Anita NS41c Cristãos novos na Bahia: 1624-1654. São Paulo, Perspectiva, Ed. da Universidade de São Paulo, %w mim--'.., * 1972. /?. (Estudos, “9) 'íi** 1. Bahia — História 2. Cristãos-novos na Bahia 3. Inquisição. Bahia ' CDD-301.4529608142 72-0213 272.2098142 Q 981.42 índices para catálogo sistemático: 1. Bahia : Cristãos-novos 301.4529608142 2. Bahia : História 9.8142 3. Bahia : Inquisição , 272.2098142 4. Bahia : Judeus conversos ' 301.4529608142 “Au temps ou fécrivais Érasme et VEspagne, je vivais dans iillusion que Vhistoire pouvait être strictement objective. II me semblait, en me plon- geant dans les documents authentiques — livres, lettres, procès d'inquisition — entrer dans la vie même des disciples d’Érasme et de leurs adver- saires..... .Depuis une douzaine d’années........... }’ai pris de plus en plus conscience que ma vision de ce passé était commandée par notre présent et par ma position dans ce présent. II faudrait peut-être que chaque historien surmonte à la fois la pudeitr et Vamour-propre pour confesser com- ment il a pris possession de son sujei.” Marcel Bataillon, “L’Espagne Re- ligieuse Dans Son Histoire.” < “É muito fundo o poço do passado. Não deve­ ríamos antes dizer que é sem fundo esse poço? .....................“Pois quanto mais fundo sondamos, quanto mais abaixo tenteamos e calcamos o mun­ do inferior do passado, tanto mais comprovamos que as bases mais remotas da humanidade, sua história e cultura, se revelam inescrutáveis. Por temerários que sejamos no comprimento que der­ mos à nossa sonda, ela se estira ainda, aprofun­ dando-se cada vez mais. Não é sem .razão que falamos em estirar-se e aprofundar-se, porquanto aquilo que é investigável, de certo modo, zomifa dos nossos ardores inquisitivos; oferece pontos de apoio e metas aparentes, por trás das quais, de­ pois que as atingirrios, surgem ainda novas pro­ víncias do passado, tal como acontece ao que navega ao longo da costa sem encontrar termo para sua viagem, porque traz, de cada promon­ tório de duna argilosa que ele conquista, ponias de terra inesperadas e novas distâncias continuam a negaceá-lo.” Thomas Mann, “José e seus irmãos” *TS - V r -U;! r ;'( " ]-£M ■ ' <V, - '—h>&-|;-' ■ j . 6 * - •-'-7 ; o-Afvvtúi^ t - ;<s*í fiwííjíiáil] , , ; \{^ 1 ,Tr«fH’ '\3ati>eni . } Q5;)-lH<f^ J/ A baía ile Todos os Santos e a cidade do Salvador ■ .! _• Prefácio O presente estudo é o resultado de dez anos de trabalho, dos quais os últimos cinco foram dedicados quase que exclu­ sivamente à pesquisa e leitura de documentos manuscritos. As idéias que tínhamos sobre os cristãos novos portu­ gueses no Brasil ao iniciarmos este trabalho sofreram, à me­ dida que prosseguimos em nossas investigações, profundas modificações. Do ponto de vista metodológico mostraram- -nos a necessidade da revisão da historiografia tradicional, tendo em vista o perigo da utilização das fontes oficiais sem a pesquisa persistente e cuidadosa de outros materiais. Esforçamo-nos por ser precisos na menção da biblio­ grafia manuscrita em que baseamos a maior parte deste tra­ balho. Certas dificuldades não puderam ser transpostas, pois parte deste material não se encontra mencionado nos catá­ logos e Guias Gerais do Arquivo Nacional de Lisboa. Assim, por exemplo, também a numeração dos Cadernos ou Papéis do Promotor de Lisboa, que tanto foram utilizados e que sofreram, enquanto trabalhávamos, completa modificação. Tencionamos publicar, quando possível, os documentos men­ cionados na tese, para permitir novas consultas e interpreta­ ções. Estendemos nossa gratidão ao Professor Dr. João Cruz Costa, por cujo conselho nos dedicamos a estes estudos e que há duas décadas percebeu sua importância para a História do Brasil; ao Professor Dr. Sérgio Buarque de Hollanda, que com boa vontade se prontificou a orientar esta tese, acompa­ nhando-a desde o início com anotações minuciosas e conse- XIII lhos e a quem devemos muito de sua forma atual; à Profes­ Desejo expressar meu reconhecimento a Maurício No- sora Dr^ Myriam Ellis, que nos ajudou na difícil fase final, vinsky pela ajuda prestada durante anos, lendo e criticando guiando e orientando em numerosas dificuldades que se nos o trabalho e pelo espírito com que o acompanhou. depararam; ao Professor Dr. Haim Beinart, da Universidade Hebraica de Jerusalém, que vem acompanhando minuciosa­ mente nossos estudos, e nos tem servido de guia em nume­ Anita Novinsky rosas ocasiões; ao Professor Dr. Leon Feldman, da Rutgers State University, New Brunswick, que nos prestou auxílio inestimável provendo-nos de material inacessível no Brasil, São Paulo, fevereiro de 1970. como livros, revistas, artigos dé difícil acesso e a cujo estí­ i mulo e amizade tanto devemos; ao Professor Dr. Manuel Nunes Dias, que nos aconselhou em diversos pontos técnicos do esquema inicial; ao Prof. I. Reváh do Collège de France, que nos guiou no Arquivo Nacional de Lisboa; à Professora _Dr? Alice Cannabrava, que nos encorajou a enfrentar as pri­ meiras dificuldades, ao Prof. Dr. Eurípides Simões de Paula, pela dedicação e apoio que nos concedeu, e aos amigos que pacientemente nos traduziram textos hebraicos necessários a este trabalho. Registramos com reconhecimento o nome da saudosa Dr^ Emilia Felix, ex-Diretora do Arquivo Nacional, em Lis­ boa, que pôs à nossa disposição documentos raros, facili­ tando e aconselhando nas consultas, e ao ilustre Dr. José Pereira da Costa, atual Diretor do. Arquivo Nacional da Tor­ re do Tombo que, com a máxima boa vontade, compreensão e amizade, tudo fez para facilitar nosso trabalho, e a D. Ma­ ria Isabel de Albuquerque que durante anos colaborou co-. nosco. Com simpatia nos reportamos ao Dr. M. Amzalack, ao Dr. E. Baruel e ao Dr. S. Sequerra, da Comunidade Israe­ lita de Lisboa, como a outros amigos portugueses, pela calo­ rosa acolhida que sempre nos dispensaram, nas nossas fre­ quentes estadas em Portugal. Lembramos ainda o quanto devemos a Jacó Ciuinsburg, que muito nos ajudou a compreender o complexo problemjr judeu è cristão novo, a Sérgio Miceli, pela paciência com que leu e corrigiu o trabalho manuscrito, assim como a todos aqueles que nos ajudaram com confiança, no estrangeiro e no Brasil, a percorrer este caminho. Agradecemos à Fundação Calouste Gulbenkian, cujos subsídios nos permitiram continuar nossos estudos nos Arqui­ vos Portugueses, sem o que seria totalmente impossível rea­ lizar este trabalho. XIV XV Sumário ;i í ■ s .. t V Capítulo 1. Um Problema de Historiografia '................. 3 Posição dos autores tradicionais em relação à Inquisição e ao problema cristão novo. A “realidade” do marra- nismo. Fontes Oficiais e fontes judaicas. Bibliografia portuguesa e brasileira. Fontes utilizadas, dificuldades a enfrentar. Propósitos do trabalho presente. Temas abor­ dados. Capítulo 2. O Cristão Novo em Portugal no Século XVII ........................................... 23 Aspectos da estrutura social portuguesa e judaica na Idade Média. O Problema dos conversos. Diferença entre as condições espanholas e portuguesas no século XV. A es­ tratificação social e o preconceito nas sociedades ibéricas. O estabelecimento da Inquisição e o marranismo. Os estatutos de pureza de sangue e os “mitos” das sociedades ibéricas. A legislação contra o cristão novo. Luta do Santo Ofício contra a Restauração portuguesa. O papei de Vieira e as críticas à Inquisição. Capítulo 3. A Posição dos Cristãos Novos na Sociedade Baiana ............................................................ 57 A transferência do cristão novo para o Brasil e as novas condições. O cristão novo na estrutura social da colónia. A mudança do status social. Contribuições dos cristãos i; novos e sua significação. A importância do Relatório de Manuel Temudo. O papel do governador Antonio Teles XVII

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