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CRISE DE IDENTIDADE: Uma análise dos argumentos de Dissent Magazine sobre a Guerra do PDF

191 Pages·2013·1.17 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA GABRIEL ROMERO LYRA TRIGUEIRO MESTRADO CRISE DE IDENTIDADE: uma análise dos argumentos de Dissent Magazine sobre a Guerra do Afeganistão e a Guerra do Iraque (2000-2006) Niterói, 2013 GABRIEL ROMERO LYRA TRIGUEIRO CRISE DE IDENTIDADE: uma análise dos argumentos de Dissent Magazine sobre a Guerra do Afeganistão e a Guerra do Iraque (2000-2006) Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense, como requisito final para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Poder e Sociedade. Orientadora: Profa. Dra. Cecilia da Silva Azevedo Niterói 2013 GABRIEL ROMERO LYRA TRIGUEIRO CRISE DE IDENTIDADE: uma análise dos argumentos de Dissent Magazine sobre a Guerra do Afeganistão e a Guerra do Iraque (2000-2006) Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense, como requisito final para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Poder e Sociedade. Banca Examinadora Profª. Drª. Cecilia da Silva Azevedo – Orientadora Universidade Federal Fluminense Prof. Dr. Maurício Santoro Fundação Getúlio Vargas Profª. Drª. Sabrina Evangelista Medeiros Universidade Federal do Rio de Janeiro – Instituto de História Comparada Niterói 2013 AGRADECIMENTOS À minha mãe, sempre paciente, encorajadora e amorosa. A maior e melhor incentivadora que alguém poderia querer. Ao meu pai, referência moral e intelectual. A quem tanto devo e sempre deverei. Esse mestrado é a tentativa mais honesta e amorosa que pude fazer para que nos tornássemos mais próximos. Às minhas avós, que tanto amo e que sempre me criaram como filho. Sem elas nada disso teria sido possível. Aos camaradas Rodrigo Farias, Luiz Salgado, Maurício Santoro e Bruno Borges, mestres queridos e amigos de verdade. Às nossas incontáveis conversas e às que ainda estão por vir. À minha orientadora, Professora Cecilia da Silva Azevedo, que apostou desde o início nesta pesquisa e que sempre foi paciente e extremamente generosa comigo. Aos inúmeros professores de quem tive a sorte de ser aluno. À Cris e ao Lainister, melhores amigos e ―família por opção‖. Pessoas que me fizeram atentar, ainda na adolescência, para o quão apaixonante pode ser a discussão e o engajamento político. A Orwell, Judt e Hitchens. Heróis intelectuais que sempre demonstraram que, por contraditório que possa soar, é a conjunção de paixão e racionalidade que gera os debates políticos mais interessantes e profundos. À Sarah, meu grande e verdadeiro amor. Razão disso tudo desde o primeiro momento em que a conheci. A Deus. RESUMO Este trabalho aborda as reações às guerras do Afeganistão e Iraque de diversos intelectuais envolvidos com a revista norte-americana de esquerda Dissent Magazine. Afinados com aquilo que chamo de campo liberal-left, parte substantiva desses intelectuais não hesitou em prover apoio às medidas militares adotadas pelo governo de George W. Bush. As causas originárias desse apoio são examinadas na presente pesquisa, bem como os argumentos daqueles que, no mesmo periódico, membros da mesma cultura política em questão, se puseram a criticar as ações de política externa do governo Republicano – bem como, por conseguinte, seus colegas de revista. A natureza desses embates e as consequências intelectuais para a cultura política liberal- left são investigadas a seguir. Palavras-chave: Dissent Magazine. Liberalismo. Esquerda norte-americana. 11 de Setembro. Guerra do Afeganistão. Guerra do Iraque. Estados Unidos. ABSTRACT This paper discusses the reactions to the wars in Afghanistan and Iraq of many intellectuals involved with the U.S. left-wing magazine Dissent. Attuned to what I call the liberal-left field, a substantial part of these intellectuals did not hesitate to support the military measures taken by the George W. Bush government. The primary causes of this support are examined in this study, as well as the arguments of those who, in the same journal, members of the same political culture in question, began to criticize the foreign policy of the Republican government - and, therefore, their magazine colleagues. The nature of these conflicts and its intellectual consequences to the liberal-left political culture are investigated below. Keywords: Dissent Magazine. Liberalism. American Left. September 11. Afghanistan War. Iraq War. USA. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..............................................................................................9 1. A IDEIA DE INTELECTUAL PÚBLICO NOS EUA ...........................13 PRÓLOGO.......................................................................................................13 1.1 INTELECTUAIS: ALGUMAS DEFINIÇÕES.........................................14 1.2 INTELECTUAL PÚBLICO: UMA ESPÉCIE SOB AMEAÇA?..............21 1.3 NOTAS ACERCA DE ALGUNSPERSONAGENS DA CENA POLÍTICA E CULTURAL NORTE-AMERICANA: LIPPMANN, MENCKEN E STEINBECK.............26 1.4 ―HA HA HA TO PACIFISTIS‖..................................................................33 1.5 GEORGE ORWELL: ANGÚSTIA DA INFLUÊNCIA.............................39 1.6 CONTRA O ―RELATIVISMO MORAL‖..................................................42 1.7 OS GAROTOS DA HISTÓRIA..................................................................60 2. SOBRE MORAL, GUERRA E DISSENSO..............................................69 2.1 OUTONO DE 2000: CONTRA O TRIUNFALISMO.................................69 2.2 OUTONO DE 2001: ―QUEM SÃO ELES?‖................................................76 2.3 INVERNO DE 2001: SOBRE GUERRAS JUSTAS E INJUSTAS.............81 2.4 PRIMAVERA DE 2002: SOBRE A ESQUERDA, VIOLÊNCIA, MEIOS E FINS....................................................................................................................89 2.5 OUTONO DE 2002: POR UM PATRIOTISMO DE ESQUERDA...........119 2.6 INVERNO DE 2002: NOTAS SOBRE O TERROR..................................122 2.7 À GUISA DE BALANÇO ACERCA DA GUERRA DO AFEGANISTÃO ............................................................................................................................136 3. SOBRE O IRAQUE E A AMBIGUIDADE DO IMPÉRIO......................140 3.1 INVERNO DE 2002: QUESTÕES HUMANITÁRIAS, CRITÉRIOS E APLICAÇÕES....................................................................................................140 3.2 PRIMAVERA DE 2003: PAROQUIALISMO X COSMOPOLITISMO ....146 3.3 VERÃO E OUTONO DE 2003: ESQUERDA E IMPÉRIO.........................151 3.4 INVERNO DE 2003: PERGUNTAS E RESPOSTAS..................................154 3.5 PRIMAVERA DE 2004: ―VOCAÇÃO ANTITOTALITÁRIA‖..................161 3.6 INVERNO DE 2004: ―OCUPAÇÕES JUSTAS E INJUSTAS‖....................166 3.7 VERÃO DE 2006: SOBRE ―MUDANÇA DE REGIME‖............................171 3.8 À GUISA DE BALANÇO ACERCA DA GUERRA DO IRAQUE.............173 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................177 FONTES...............................................................................................................186 9 Introdução Com o advento do 11 de Setembro, seguiu-se a tentativa de compreensão não somente das causas primárias dos ataques terroristas, mas também o mundo observava a reação política dos EUA frente ao que seria uma ameaça aterradora e inaudita. Para tal, seria preciso atentar às discussões intelectuais que seriam cada vez mais frequentes. Para se examinar o modo de estruturação do debate público norte-americano, é imperativo que nos detenhamos na análise da arquitetura política desse país. Na verdade, interessa-me aqui, isto sim, o exame dos argumentos e reações de uma cultura política1 norte-americana em específico: a cultura política liberal-left. Aqui me refiro a alguns elementos de memória específicos mobilizados discursivamente – sobretudo tendo em vista a ação política. Refiro-me igualmente ao conjunto compartilhado de crenças, mitos, representações, práticas e tradições de determinados grupamentos políticos norte- americanos. No caso em questão, discorro acerca de segmentos que advogavam uma agenda política, em geral, de apelo progressista. Trata-se, em síntese, de homens e mulheres que, ao longo de suas trajetórias políticas, se pautaram por noções de solidariedade, igualdade social e pelo enfrentamento político das forças conservadoras. O que denomino cultura política liberal-left diz respeito às coalizões históricas (ainda que intermitentes e aparentemente frágeis) costuradas entre basicamente duas tradições políticas progressistas norte-americanas: uma de caráter mais reformista (a liberal) e outra de apelo mais radical (os segmentos à esquerda dos liberais). O elemento de diferenciação mais pronunciado dos liberais foi aquilo que Kevin Mattson2 chamou de ―ética de reforma‖. Ao contrário de parte da esquerda dos EUA que via com ceticismo os mecanismos formais da democracia americana – criticavam a falta de representatividade de grupos sociais, por exemplo –, e apostavam em rupturas radicais com a ordem vigente, os liberais criam que parte substantiva da agenda progressista só fora exitosa, ao longo da história dos EUA, devido a um impulso reformista. Acerca da cultura política liberal-left, dois traços importantes podem ser destacados: um otimismo antropológico e a ideia de que a reforma do sistema político e econômico dos EUA 1 O conceito de cultura política será explicitado mais adiante. 2 Professor de História vinculado à Universidade de Ohio e membro do corpo editorial de Dissent. Cf. MATTSON, Kevin. When America was Great: The Fighting Faith of Postwar Liberalism. USA: Routledge, 2004. 10 deveria se dar sob uma rubrica americanista. Com relação ao primeiro traço mencionado, é possível recorrer à Cheryl Greenberg, historiadora vinculada ao Trinity College. Ela argumenta acerca do comprometimento da cultura política liberal-left com aquilo que chamou de globalismo – outros, no entanto, chamam de internacionalismo. Para Greenberg (2000)3, o desfecho da Segunda Guerra Mundial, juntamente com a Guerra Fria, impeliu o campo liberal-left a adotar uma atitude simpática com relação à ideia de que os EUA deveriam servir de modelo às demais nações ao redor do globo, bem como atuar como ―polícia‖ do sistema internacional. O país passava, mais do que nunca, a ser visto como uma força moral para o bem, triunfante na batalha travada para a proteção da democracia e dos direitos humanos. Esse ponto de vista começou a motivar um comprometimento ainda maior com uma política externa ativa e intervencionista – sempre a fim de promover e proteger os chamados ―valores americanos‖. Já com relação ao segundo traço mencionado, Mattson (2004)4 afirma que a agenda do campo liberal-left pode ser entendida como o uso sistemático de determinadas ideias e programas políticos testados ao longo da história dos EUA. Ele argumenta que em muitos momentos os liberais, e intelectuais de diversos segmentos da esquerda, recorreram a ideias e argumentos vindos dos Pais Fundadores, de Abraham Lincoln, Theodore Roosevelt e Franklin Delano Roosevelt. Intelectuais liberais como Schlesinger, Niebuhr e Galbraith invariavelmente se preocuparam em demonstrar que seus programas políticos estavam inscritos em uma longeva tradição norte-americana. Esse é um ponto importante. Intelectuais identificados com o campo liberal-left se ocuparam em destacar que suas ideias possuíam um caráter intrinsecamente americanista. Não se tratava de advogar causas progressistas se valendo de um referencial discursivo e teórico exógeno. Segundo a versão desses intelectuais, seria a própria tradição política norte-americana que atuaria como bússola política e moral. A partir do 11 de Setembro, notei que alguns intelectuais historicamente afinados com esse campo se puseram a tecer defesas às iniciativas de política externa do governo de George W. Bush. Notadamente às guerras do Afeganistão e Iraque. Isso, na época, me parecia um processo 3 GREENBERG, Cheryl. Twentieth-Century Liberalisms: Transformations of an Ideology. In: SITKOFF, Harvard. Perspectives on Modern America: Making Sense of the Twentieth Century, USA: Oxford University Press, 2000. 4 MATTSON, Kevin. Op. cit.

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esquerda poderiam promover uma aliança tácita com um governo beligerante e conservador? A presente . Ademais, o argumento de Alpers é basicamente o de que o anti-intelectualismo conservador se estruturou de modo http://www.lrb.co.uk/v28/n18/tony-judt/bushs-useful-idiots. Acessado em:
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