Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Engenharia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil Estudo Preliminar da Viabilidade do Aproveitamento da Cinza proveniente de Filtro Multiciclone pela Combustão de Lenha de Eucalipto em Caldeira Fumotubular como Adição ao Concreto Nei Ricardo Vaske Porto Alegre 2012 Nei Ricardo Vaske ESTUDO PRELIMINAR DA VIABILIDADE DO APROVEITAMENTO DA CINZA PROVENIENTE DE FILTRO MULTICICLONE PELA COMBUSTÃO DE LENHA DE EUCALIPTO EM CALDEIRA FUMOTUBULAR COMO ADIÇÃO AO CONCRETO Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Engenharia. Porto Alegre 2012 NEI RICARDO VASKE Estudo Preliminar da Viabilidade do Aproveitamento da Cinza proveniente de Filtro Multiciclone pela Combustão de Lenha de Eucalipto em Caldeira Fumotubular como Adição ao Concreto Esta tese de doutorado foi julgada adequada para a obtenção do título de DOUTOR EM ENGENHARIA, Área de Concentração Construção, e aprovada em sua forma final pelo professor orientador e pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 24 de outubro de 2012. Profª. Ângela Borges Masuero Profª. Denise Carpena Coitinho Dal Molin Drª. pela UFRGS Drª pela USP Orientadora Orientadora Prof. Luiz Carlos Pinto da Silva Filho Dr. pela Univ. of Leeds Coordenador do PPGEC/UFRGS BANCA EXAMINADORA Prof. Nilo Cesar Consoli (UFRGS) PhD pela Concordia University Profª. Carla Schwengber ten Caten (UFRGS) Drª. pela UFRGS Prof. André Luiz Bortolacci Geyer (UFG) Dr. pela UFRGS O CIENTISTA Comeu Adão o fruto da Árvore da Ciência e perdeu o Paraíso. E o Sábio disse: ―acrescenta ciência e acrescentarás dor!...‖. Contudo, nem se farta o olho de ver nem o pensamento de analisar. Porque também disse o Sábio: ―Deus criou o mundo e entregou-o às disputas dos homens‖ AGRADECIMENTOS Ao CAPES e CNPq pelo custeio da bolsa de estudo. À Profª. Drª. Ângela Borges Masuero e Profª. Drª. Denise Carpena Coitinho Dal Molin, pela confiança, apoio e orientação prestados durante o desenvolvimento do presente trabalho. Ao Profº Dr. João Ricardo Masuero e Profº Dr. José Luis Duarte Ribeiro pelas valiosas observações no planejamento e análise estatística dos experimentos. Ao Profº. M. Sc. João Luiz Campagnolo, Profº. M. Sc. Dario Klein e Profº. Dr. Luiz Carlos Pinto da Silva Filho por propiciar parte da infraestrutura necessária para a execução de alguns ensaios. Ao Profº. Dr. Hélio Adão Greven pelas palavras de estímulo. Ao Profº. Dr. Carlos Perez Bergmann pelos inúmeros ensaios realizados pelo LACER. Ao Profº Dr. Cláudio de Souza Kazmierczak e a Engª M. Sc. Daiana Cristina Metz Arnold pelos ensaios de porosimetria por intrusão de mercúrio. Aos Técnicos Eurípedes Martins Fontes, Edgar Wallace Pereira Lucas, Airton Luis Freitas e Gilmar Vieira dos Santos pela disposição e eficiência demonstrada. A Lilliani Gaeversen Mazzali, Carmen Luiza Zanotta Rodrigues, Ana Luiza Azevedo Felix de Oliveira e aos acadêmicos de Engenharia Civil Camila Viviane Lopes, Marlon Augusto Longhi e Allan Baptista pela presteza e colaboração ao longo deste trabalho. Ao Adm. Marcos Odorico Oderich e ao Eng. Cláudio Oderich, Diretores da Conservas Oderich S/A, pelo apoio recebido na realização deste trabalho. ―Não sei como aparecerei para o mundo. Para mim mesmo, me vejo como um garoto, brincando na praia, divertindo-se aqui e ali por achar uma pedra mais polida ou uma concha mais bonita que as outras, enquanto o grande oceano da verdade permanece desconhecido em minha frente‖. Isaac Newton RESUMO VASKE, N. R. Estudo Preliminar da Viabilidade do Aproveitamento da Cinza Proveniente de Filtro Multiciclone pela Combustão de Lenha de Eucalipto em Caldeira Fumotubular como Adição ao Concreto. 2012. Tese (Doutorado em Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre. A lenha é o principal combustível utilizado por diversos setores econômicos do estado e do país, gerando grande quantidade de cinza, sendo a maior parte descartada sem um mínimo controle, com risco de contaminação do solo e lençol freático, e parte dispersa na atmosfera poluindo o ar. Este trabalho teve por objetivo iniciar os estudos da viabilidade de utilização da cinza coletada em filtro multiciclone pela combustão de lenha de eucalipto em caldeira fumotubular para produção de vapor, visando sua incorporação ao concreto. O estudo compreendeu três fases experimentais. Na primeira foi realizada a caracterização da cinza através de ensaios químico, físico, mineralógico, microestrutural e impacto ambiental, concluindo-se que o resíduo indicava seu uso no concreto como fíler. Realizou-se um estudo estatístico com o teor de CaO e o diâmetro médio, concluindo-se que estas variáveis ocorrem de forma estável ao longo do processo de produção. Numa segunda fase estudou-se os efeitos da adição da cinza em teores de adição de 0%, 15%, 30% e 45% nos ensaios de temperatura de hidratação do cimento em pastas e nos ensaios de resistência à compressão e absorção por capilaridade e aspecto econômico em concretos com valores de m de 6,0, 7,5 e 9,0. Pela avaliação dos resultados o teor de adição de 15% e m=7,5 se apresentaram como os que melhor otimizaram as propriedades estudadas nas pastas e concretos ensaiados. Numa fase final realizou-se ensaios complementares em pastas, argamassas e concretos com teor de adição de 15% de cinza e m=7,5. Os resultados mostraram que a cinza de lenha de eucalipto pode ser utilizada como adição ao concreto, com efeito predominante de fíler, em percentual de 15%, trazendo benefícios econômicos, técnicos e ambientais. Palavras chave: concreto; cinza de Eucalipto; resistência mecânica; durabilidade. ABSTRACT VASKE, N. R. Estudo Preliminar da Viabilidade do Aproveitamento da Cinza Proveniente de Filtro Multiciclone pela Combustão de Lenha de Eucalipto em Caldeira Fumotubular como Adição ao Concreto. 2012. Tese (Doutorado em Engenharia) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre. Firewood is the main fuel used by various economic sectors of the state and the country, generating large amounts of ash, with most being discarded without a minimum control with risk of contamination of soil and groundwater, and partly dispersed in the atmosphere polluting the air. This study aimed to initiate studies of the feasibility of using the ash collected in the filter multicyclone wood-burning eucalyptus fumotubular boiler to produce steam, for their incorporation into the concrete. The study involved three phases. On the first characterization was carried out by testing the ash chemical, physical, mineralogical, microstructural and environmental impact, concluding that the residue indicated its use as filler in concrete. We performed a statistical analysis with the CaO content and the average diameter, ending up those variables that occur in a stable manner over manufacturing process. A second step we studied the effects of adding the ash levels of addition of 0%, 15%, 30% and 45% in the assays temperature of hydration of the cement pastes and the resistance of the compression and absorption by capillarity and in economics with specific values of m of 6,0, 7,5 and 9,0. For the evaluation of the results the addition content of 15% and m = 7,5 are presented as ones that best optimized properties studied in specific folders and tested. In a final stage took place in testing pastes, mortars and concretes with addition content of 15% ash and m = 7,5. The results showed that ash firewood eucalyptus can be used as an addition to concrete, with predominant effect of fillers, a percentage of 15%, bringing economic, technical and environmental. Keywords: concrete, ash Eucalyptus; mechanical strength, durability SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 23 1.1 IMPORTÂNCIA DA PESQUISA ................................................................ 24 1.2 OBJETIVO DA PESQUISA ......................................................................... 24 1.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA .................................................................... 25 1.4 ESTRUTURAÇÃO DA PESQUISA ............................................................ 25 2 ADIÇÕES MINERAIS EM CONCRETO .................................................. 28 2.1 ESTRUTURA DO CONCRETO .................................................................. 28 2.1.1 A fase agregado ...................................................................................... 29 2.1.2 A pasta endurecida .................................................................................. 29 2.1.2.1 Sólidos na pasta de cimento hidratado ................................................................. 30 2.1.2.2 Vazios na pasta endurecida................................................................................... 30 2.1.2.3 Água na pasta endurecida ..................................................................................... 31 2.1.2.4 Resistência na pasta endurecida ........................................................................... 32 2.1.2.5 Estabilidade dimensional da pasta endurecida ..................................................... 33 2.1.2.6 Durabilidade. ........................................................................................................ 33 2.1.3 A zona de transição do concreto ............................................................. 34 2.1.3.1 Resistência da zona de transição .......................................................................... 34 2.1.3.2 Influência da zona de transição nas propriedades do concreto. ............................ 35 2.2 ADIÇÕES MINERAIS ................................................................................. 37 2.3 CLASSIFICAÇÃO DAS ADIÇÕES ............................................................ 39 2.4 ADIÇÕES DE CINZAS DE BIOMASSA .................................................... 42 2.4.1 Cinza de casca de arroz ........................................................................... 44 2.4.2 Cinza do bagaço da cana-de-açúcar ........................................................ 50 2.4.3 Cinza da casca da castanha do caju ........................................................ 54 2.4.4 Cinza da casca da castanha-do-Pará ....................................................... 55 2.4.5 Cinza dos resíduos do dendezeiro........................................................... 56 2.5 CONSIDERAÇÕES ...................................................................................... 59 3 PROGRAMA EXPERIMENTAL – 1ª PARTE - CARACTERIZAÇÃO DA CINZA DE LENHA DE EUCALIPTO .................................................... 62 3.1 AMOSTRAGEM .......................................................................................... 63 3.1 1 Procedência ............................................................................................. 63 3.1.2 Quantidade disponível ............................................................................ 65 3.1.3 Coleta ...................................................................................................... 66 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ....................................................... 69 3.2.1 Caracterização química ........................................................................... 69 3.2.1.1 Óxidos ................................................................................................................... 70 3.2.1.2 Óxido de cálcio livre ............................................................................................ 74 3.2.1.3 pH ......................................................................................................................... 75 3.2.1.4 Teor de umidade ................................................................................................... 75 3.2.1.5 Perda ao fogo ........................................................................................................ 75 3.2.2 Caracterização física ............................................................................... 75 3.2.2.1 Distribuição granulométrica ................................................................................. 76 3.2.2.2 Massa específica ................................................................................................... 77 3.2.2.3 Superfície específica ............................................................................................. 77 3.2.2.4 Índice de atividade pozolânica ............................................................................. 77 3.2.3 Caracterização mineralógica ................................................................... 78 3.2.3.1 Difratometria de raios X ....................................................................................... 78 3.2.4 Caracterização microestrutural ............................................................... 79 3.2.5 Caracterização ambiental ........................................................................ 81 3.2.5.1 Ensaio de lixiviação da cinza ............................................................................... 82 3.2.5.2 Ensaio de solubilização da cinza .......................................................................... 83
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