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Construir e habitar PDF

369 Pages·2018·63.725 MB·Portuguese
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./t fft 1~,.: (1 - - Richard Sennett • e Tradução de CLÓVIS MARQUES lª edição EDITORA RECORO klO OE JANEll<O • SÁO PAULO 2018 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Sennett, Richard S48lc Construir e habitar: ética para uma cidade aberta/ Richard Sennett; tradução de Cléwi, Marques. - l• ed. - Rio de Janeiro: Record, 2018. Tradução de: Building and dwelling: ethks for the city Inclui índice ISBN 978-85-01-08392-0 l. Arquitetura. 2. Urbanismo - Sociologia urbana - P1anejamento urbano - Política urbana. 3. Política social.1. Marques, Clóvis. li. Título. CDD: 306.76 18-49554 CDU: 316.334.56 Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária - CRB-7/6439 Copyright© Richard Sennett, 2018 Título original em inglh: Building and dwelling: ethics for the city Todas as medidas necessárias foram tomadas para entrar em contato com os detentores de direitos autorais. Eventuais erros ou omissões serão de bom grado corrigidos pelos editores em futuras edições. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito. Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Llngua Portuguesa. Direitos exclusivo, de publicação em lingua portuguesa para o Brasil adquiridos pela EDITORA RECORD LTDA. Rua Argentina. 171 - 20921-380 - Rio de Janeiro, RJ - Tel.: (21) 2585-2000, que se reserva a propriedade literária desta tradução. Impresso no Bruil ISBN 978-85-01-08392-0 Seja um leitor preferencial Record. Cadastre-se em www.record.com.br e receba informações sobre nossos lançamentos e nossas promoçõei;. Atendimento e venda direta ao leitor: [email protected] ou (21) 2585-2002 Para Ricky e Mika Burdett Sumário Agradecimentos 9 1. Introdução: Torta, aberta, modesta 11 PRIMEIRA PARTE As duas cidades 2. Alicerces instáveis 33 3. O divórcio entre cité e ville 79 SEGUNDA PARTE A dificuldade de habitar 4. O anjo de Klee deixa a Europa 111 5. O peso dos outros 141 6. Tocqueville em Tecnópolis 167 TERCEIRA PARTE Abrir a cidade 197 7. O urbanita competente 233 8. Cinco formas abertas 273 9. O vínculo pelo fazer QUARTA PARTE Uma ética da cidade 10. As sombras do tempo 299 Conclusão: Um dentre muitos 325 Notas 335 Índice 355 Agradecimentos Alguns anos atrás, o Anjo da Morte me fez uma visita inicial de reconhe cimento na forma de um derrame (tabaco). Quem cuidou de mim nessa época foram o médico Rom Naidoo e a fisioterapeuta Jayne Wedge; meu enteado Hilary Koob-Sassen atuou como sargento fiscalizador na prática dos exercícios; meus ajudantes nas caminhadas eram Dominic Parczuk, Ian Bostridge e Lucasta Miller. Num momento particularmente deprimente, Wolf Lepenies mostrou por que as estatísticas médicas não devem deter minar nossa visão da vida. Como se costuma fazer depois de uma doença grave, tratei de identificar o que realmente era importante para mim. Nessa retrospectiva, constatei minha especial satisfação corri o programa de estudos urbanísticos que Richard Burdett e eu criamos na London School of Economics há quinze anos. O projeto que Ricky e eu lançamos procura vincular a maneira como as cidades são construídas à maneira como se vive nelas - que vem a ser o tema deste livro, e o motivo pelo qual é dedicado a Ricky e sua mulher, Mika. John Lindsay, que me deu meu primeiro trabalho na juventude, tinha uma visão de Nova York como uma cidade aberta a todos, e se manteve firme nessa convicção em meio à violência racial e às tensões étnicas, numa cidade profundamente dividida economicamente, e fisicamente em decadência. O fato de ele não ser capaz de resolver esses problemas não torna equivocada sua visão; em Construir e habitar, tento entender de que modo ela pode ser levada adiante: como as cidades da nossa época podem se abrir. 10 CONSTRUIR E HABITAR Pelas nossas conversas tão úteis na criação deste livro, gostaria de agrade cer à falecida Janet Abu-Lughod, ao falecido Stuart Hall, a Ash Amin, Kwame Anthony Appiah, Homi Bhabha, John Bingham-Hall, Craig Calhoun, Daniel Cohen, Diane Davis, Mitchell Duneier, Richard Foley, David Harvey, Eric Klinenberg, John Jungclaussen, Adam Kaasa, Monika Krause, Rahul Mehrotra, Caries Muro, Henk Ovink, Anne-Marie Slaughter e sobretudo a minha parceira de trinta anos, Saskia Sassen: crítica, bonne vivante, compa nheira de todas as horas. Graças a ela é que comecei a entender as dimensões éticas da vida urbana. Günter Gassner me ajudou a explorar o ambiente construído, assim como meus alunos na Faculdade de Pós-graduação em Design da Universidade de Harvard e no Departamento de Arquitetura da Universidade de Cambridge. Por fim, quero agradecer aos que trabalharam na produção do livro, es pecialmente dois editores, Alexander Star e Stuart Proffitt, que se revelaram os mais cuidadosos leitores; um agente, o sempre vigilante e atencioso Cullen Stanley; e um ex-assistente, hoje meu colega e amigo, Dominick Bagnato, que me impediu de afundar esse tempo todo. 1. Introdução: Torta, aberta, modesta 1. Torta No início do cristianismo, "cidade" designava duas cidades: a Cidade de Deus e a Cidade do Homem. Santo Agostinho usava a cidade como metá fora do projeto de fé de Deus, mas o antigo leitor de Santo Agostinho que percorresse os becos e praças de mercado de Roma não podia ter ideia de como Deus agia como planejador urbano. Mesmo com o crescente desuso dessa metáfora cristã, persistiu a ideia de que "cidade" significava duas coi sas diferentes: um lugar físico e uma mentalidade formada de percepções, comportamentos e crenças. A língua francesa foi a primeira a clarificar essa distinção, usando duas palavras diferentes: ville_ ~ç_ité.1 Inicialmente, os dois nomes designavam o grande e o pequeno: vil/e referia-se à cidade como um todo, ao passo que cité era um determinado lugar. Em algum momento do século XVI, _cité passou a significar o modo 9e vida num-bairro, os sentimentos de cada um em relação aos vizinhos e aos estranhos, e sua vinculação com o lugar. Essa antiga distinção já não existe hoje, pelo menos na França; cité atualmente quase sempre remete às áreas sinistras onde se amontoam os pobres nas periferias das cidades. Mas o antigo significado deve ser resgatado, pois corporifica uma distinção fun damental: o ambiente construído é uma coisa, a maneira como as pessoas nele habitam, outra. Hoje, em Nova York, os engarrafamentos nos túneis mal concebidos pertencem à ville, enquanto a corrida de ratos que leva muitos nova-iorquinos aos túneis ao amanhecer pertence à cité. CONSTRUIR E HABITAR 12 Além de se referir à antropologia da cité, •citéntambém remete a u~ t~ de consciênçia. Proust configura com as percepções dos seus personagens ~obre as lojas, os apartamentos, as ruas e os palácios em que habitam uma imagem de Paris como um todo, criando uma espécie de consciência de lugar coletiva. Isso contrasta com Balzac, que nos diz o que existe realmente na cidade, ;ão importando o que pensem seus personagens. A consciência da cité também pode representar a maneira como se quer viver coletivamente, como nas sublevações em Paris no século XIX, quando os revoltosos expres savam suas aspirações de forma mais genérica do que eventuais exigências específicas sobre impostos mais baixos ou o preço do pão; eles queriam uma nova cité, ou seja, uma nova mentalidade política.~a ver~ade, cité está ~ ,,,.. próxima de citoyem;eté, cidadania. A expressão inglesa "~lt environmerJf\ ambiente con~truído, nã_o f~z justiça à ideia da ville,_se a palavra "amb_iente" for tomada como a concha do caracol revestindo o organismo urbano viyo lá dentro. Os prédios ra ramente são fatos isolados. As formas urbanas têm sua própria dinâmica interna; por exemplo, na maneira como os prédios se relacionam uns com os outros, com os espaços abertos, as infraestruturas subterrâneas, a natureza. Na construção da Torre Eiffel, por exemplo, constatamos por documentos de planejamento da década de 1880 que foram investigados lugares da região leste de Paris muito distantes do local onde ela afinal foi erguida, na tentativa de avaliar seus efeitos de alcance urbanístico. Além disso, o financiamento da Torre Eiffel não explica por si só a sua concepção; a mesma quantidade prodigiosa de dinheiro podia ter sido gasta em outro tipo de monumento, como uma igreja triunfal, que era a preferência dos colegas conservadores de Eiffel. Uma vez decidida, contudo, a forma da torre não era tanto determinada pelas circunstâncias, envolvendo escolhas: , estacas retas e não curvas teriam sido muito mais baratas, mas a visão de . ~iffel não era moldada apenas pela eficiência.p que se aplica de n1odo mais , genérico: o ambiente construído é mais que um reflexo da econon1ia ou da ' política; para além dessas condições, as formas do ambiente construído são resultado de uma vontade. y, Poderia parecer que cité e ville devessem combinar harmoniosamente: a maneira como se quer viver deveria ser expressa na n1aneira con o as 1

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