ebook img

Construção e expansão do complexo industrial-militar norte-americano PDF

109 Pages·2013·0.57 MB·Portuguese
by  
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Construção e expansão do complexo industrial-militar norte-americano

Rodrigo Torres de Almeida Construção e Expansão do Complexo Industrial-Militar Norte-Americano: Um passo em direção ao poder global Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de MESTRE em Economia Política Internacional Banca Examinadora: ______________________ Prof. Dr. Maurício Medici Metri (Orientador) ______________________ Prof. Dr. José Luís da Costa Fiori ______________________ Prof. Dra. Clarice Menezes Vieira RIO DE JANEIRO – UFRJ - IE Julho/2013 Para Amanda, que tanto me incentivou, com amor. 2 Agradecimentos Em primeiro lugar, desejo agradecer à CAPES, que ajudou-me imensamente com o financiamento parcial de meu Mestrado no programa de Economia Política Internacional, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Agradeço também a grande paciência de que desfrutei por parte dos funcionários da secretaria do Instituto de Economia dessa mesma faculdade, os quais, sempre solícitos, facilitaram o trâmite burocrático de meu trabalho. Sou grato ao Professor Dr. Maurício Medici Metri que sempre esteve disposto a trabalhar pelo meu sucesso. Sem dúvida foi um grande orientador do qual extraí bons ensinamentos e conselhos. Sou grato também ao Professor Dr. José Luis da Costa Fiori, quem foi responsável por um avanço sem igual nos ensinamentos sobre o sistema internacional e o poder global. À professora Dra. Clarice Menezes Vieira, a quem eu conheci apenas recentemente, fica a melhor das impressões com o cuidado e a prontidão com que ela aceitou fazer parte de minha banca examinadora. Por último, mas não menos importante entre meus professores, agradeço o carinho e o conhecimento passados a mim pela Professora Dra. Marta Skinner, quem primeiro me forneceu acesso aos jargões e aos desafios da Economia. Finalmente, quero agradecer à Amanda R. B. Torres de Almeida, minha queria esposa e a quem dedico esse trabalho, por todo o seu amor para comigo. Destaco aqui sua fundamental positividade e carinho que foram prementes na conclusão desse trabalho. A você, meu amor, minhas mais altas estimas. 3 Resumo O termo Complexo Industrial-Militar foi utilizado pelo presidente americano Dwight D. Eisenhower para descrever o intricado processo pelo qual os EUA cada vez mais produziam armas e tecnologias bélicas. Esse complexo influiu e ainda influi fortemente no desenho da política externa norte-americana. Esse trabalho tem por objetivo analisar o desenvolvimento desse complexo, delimitando seus elementos formadores. Quer-se desvendar a dinâmica desse complexo e entender as relações existentes em seu interior. Para isso, tentar-se-á ir às origens desse objeto em um esforço de investigação histórico bem como analítico de sua situação política e econômica. Espera-se verificar que o complexo industrial-militar dos EUA é um ente híbrido em sua constituição e que permanentemente é utilizado como fator de expansão do poder americano no mundo. 4 Abstract The expression Military-Industrial Complex has been used by the American President Dwight D. Eisenhower to describe the complicated process through which the United States of America increasingly has been producing weapons and military technology. The main goal of this work is to analyze this complex, identifying its overall structure and mapping its internal dynamics. In this light, a historic-investigative effort will be applied in order to unveil the economic and political development of the Military-Industrial Complex. I hope to verify that the Military-Industrial Complex of USA is a hybrid entity in its constitution and that it uses its drive to expand the American power throughout the world. 5 Índice INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO 01 1.1 – As Origens 14 1.2 – A Casa da Guerra 26 1.3 – O Congresso Americano e seu papel no rearmamento para a guerra 33 CAPÍTULO 02 2.1 – Uma luz que não era desse mundo 43 2.2 – Uma reavaliação de rumos 50 2.3 – E agora? 57 2.4 – A influência indevida 64 CAPÍTULO 03 3.1 – O Vietnã 74 3.2 – O caso C-5A 78 3.3 – Do Vietnã à nova ordem mundial 82 3.4 – O viés militar do poder global 89 CONSIDERAÇÕES FINAIS 97 BIBLIOGRAFIA 101 6 Introdução O discurso da política externa americana, em sua quase totalidade, foi expansionista. Desde a Doutrina Monroe de 1823 até a Doutrina do Ataque Preventivo de 2003, o movimento do Estado americano foi o de avançar. Nesse avanço, muito foi estudado sobre o papel das finanças, das agências governamentais e da moeda, porém, é comum se esquecer que esse caminho para frente também foi feito por meio da intervenção violenta. Quanto a esse aspecto, o desenvolvimento das armas americanas possui grande importância. Não se quer dizer com isso que o desenvolvimento do Complexo Industrial- Militar possa ser estudado sem sua relação íntima com a política e a economia. Armas, servem ao objetivo da expansão do poder e da riqueza de um país, e seu emprego e desenvolvimento necessitam tanto de investimento econômico quanto de suporte político. Pela definição adotada neste trabalho, o Complexo Industrial-Militar Americano é formado por um tripé, que, desde o início, já atesta sua natureza híbrida. Identificar quais são esses três componentes e quais são as relações entre eles é o primeiro desafio desse trabalho. Como primeiro elemento do Complexo está o Pentágono, sede do Departamento de Defesa Americano. É normalmente o Pentágono que identifica as necessidades materiais a serem adquiridas ou desenvolvidas para que os objetivos de defesa nacional sejam alcançados. Esses objetivos são normalmente estabelecidos em um plano de defesa que representa um esforço conjunto dos burocratas do Departamento de Defesa, da Casa Branca e das diversas Comissões no Congresso Americano. É difícil estabelecer com exatidão quais desses grupos possuem premência no estabelecimento das orientações da política externa ou de defesa dos EUA, porém, o Pentágono, como estrutura burocrática permanente, possui, no longo prazo, bastante peso, uma vez que governos mudam, mas o Pentágono permanece. Nesse sentido, é difícil definir uma hierarquia sobre o processo de tomadas de decisão. O que se pode divisar é que há um limite institucional que não deve ser cruzado pelos cargos políticos eletivos no governo americano. 7 Em termos econômicos, o Pentágono estabelece a demanda por produtos militares que devem obedecer à doutrina do armamento superior, adotada desde o final da Segunda Guerra Mundial pelos militares americanos. Tal doutrina estabelece a necessidade de que haja uma enorme estrutura de inovação no desenvolvimento de armas cada vez mais avançadas. Essa estrutura nos leva ao segundo elemento do Complexo Industrial Militar: as corporações e seus tecnopólos. As empresas de material militar e as instituições de pesquisa públicas e privadas entram no mercado de defesa do lado da oferta, buscando constantemente firmar contratos com o governo. É importante perceber que esses contratos não dizem respeito apenas à produção de armas, mas também englobam serviços os mais variados. Hoje, atividades que vão desde a limpeza de instalações militares até a alimentação dos soldados nos cenários de guerra são realizadas por empresas terceirizadas, que investem cada vez mais para reduzir seus custos e obter melhores produtos. O que se assiste hoje é uma verdadeira terceirização da logística das Forças Armadas americanas. Nessa especialização cada vez maior no mercado armamentista, é imprescindível verificar que a rede de instituições de pesquisas e empresas desse ramo alcançou seu enorme dinamismo a partir da organização e do desenvolvimento de sistemas integrados de administração e gerenciamento de projetos complexos que tiveram seus fundos providos pelo Estado e justificados pelo cenário de ameaça que a Segunda Guerra e principalmente a Guerra Fria estabeleceram. Nesse momento, introduz-se o terceiro elemento do Complexo Industrial Militar americano: o Congresso dos Estados Unidos. Curioso perceber que é o Congresso americano que aprova as verbas para projetos militares custeados pelo Estado, bem como é ele que possui o maior peso no momento de se estabelecer o orçamento anual para os Estados Unidos. Assim, o Congresso é a verdadeira caixa de ressonância de todos os lobistas do país que desejam ver seus setores privilegiados pelas verbas estatais. Correspondendo à quase metade do orçamento americano, o setor de defesa é sem dúvida aquele que possui o maior número de lobistas em Washington e as disputas por melhores alocações de recursos são, sem dúvida, ferozes. 8 Atualmente, o peso político do setor de defesa é muito grande no Legislativo Federal americano. Isso se percebe quando mais de três milhões de americanos estão diretamente empregados pelo Complexo Industrial-Militar, seja servindo em uniformes ou construindo os meios para que soldados exerçam o melhor possível seu trabalho. O papel do congressista, entre outras coisas, é garantir que os empregos vinculados à indústria de defesa no seu Estado não desapareçam, pois isso teria consequências ruins nas próximas eleições. Essa realidade pode ser ainda mais dura quando se verifica que em alguns Estados americanos, metade da renda gerada provém direta ou indiretamente do setor de defesa. O Complexo Industrial-Militar Americano, em seu tripé, funciona a partir de relações dialéticas, que, apesar de muitas vezes contraditórias, apontam, ao final, sempre para um movimento expansivo, em que poder é sempre mais poder (P=+P). É importante perceber que o diálogo que o Pentágono trava com a Casa Branca e o Congresso é uma mescla de assessoria militar ao presidente, bem como um esforço para manter seu orçamento e seu status na burocracia americana. O Pentágono não é ente apolítico que atua apenas em nome de seus valores e da segurança nacional em estrito. As pressões que os militares exercem por mais recursos, por sua vez, também estão presentes no setor econômico responsável pela produção de armamentos e serviços militares em geral. Essas empresas têm o objetivo de lucrar e satisfazer seus acionistas. Repare que acoplado ao dever do Pentágono de prover os meios necessários à segurança nacional está o interesse econômico dos diversos atores privados envolvidos no setor de defesa. Para se ter ideia da enorme força dialética entre esses dois atores, é difícil mapear muitas vezes, por exemplo, quem é o gerador da demanda por novos ativos militares, se as empresas ou o Pentágono. No entanto, se há dificuldade em entender de onde partem os pedidos e encomendas, não se deve ter dúvida de que as empresas do setor de defesa precisam do Estado e das Forças Armadas para sobreviverem, uma vez que estes são seus maiores compradores. Se invertermos os sujeitos, o Pentágono e as Forças Armadas conseguem exercer melhor seu poder tanto burocrático como militar mediante sua expertise e suas armas, as quais são providas por um ambiente privado. 9 Aqui podemos ver uma conexão entre o poder e a riqueza, na qual um não vive nem é gerado sem o outro. As empresas, nesse cenário, estão preocupadas em estabelecer posições privilegiadas em relação à burocracia americana, em especial ao Pentágono. Isso as leva a gastar tanto em lobby e influência quanto no desenvolvimento de seus produtos. Por seu lado, o Pentágono, no meio dessa competição por posições privilegiadas, tem sua importância relativa elevada no Estado americano. Hoje, aliás, em termos de política externa, o Departamento de Estado, órgão responsável pela mesma, vem perdendo espaço em suas formulações para o Departamento de Defesa. Esse fenômeno vem se tornando cada vez mais claro desde o 11 de Setembro. As contradições no Complexo Industrial-Militar atingem novos patamares ao adicionarmos o Congresso Americano na equação. O Congresso é um ambiente nebuloso, pois se destacarmos seu interesse como instituição, veremos um corpo de cidadãos americanos que devem guardar pela República e pela democracia. Porém, ao analisarmos os congressistas, individualmente, veremos seres humanos que nem sempre atendem ao interesse da nação. Ao contrário, preferem, muitas vezes, realizar sua agenda privada e desconectada da vontade popular. Mais do que isso, mesmo quando tentam realizar seu trabalho em pró da nação, é importante lembrar que os congressistas, antes de atenderem aos interesses da União, atendem ao interesse de seus respectivos Estados. A força do federalismo americano não deve ser reduzida nesse cenário macro da política americana. Ao congressista interessa, acima de tudo, cuidar de sua base eleitoral, e isso significa, em primeiro lugar, garantir empregos no seu Estado. Nesse sentido, é importante entender, que a espacialidade do complexo industrial-militar é abrangente e quase beira a ubiquidade. Assim, não importa o Estado americano de que falemos, todos os congressistas estão mais ou menos sujeitos à força que provém dos setores de defesa. Portanto, o debate entre os grupos de interesse interno não é nada fácil e raramente termina com todos os lados satisfeitos. Porém, o que se deve destacar é que apesar de raramente haver consenso sobre como, quando ou onde o Estado americano deverá intervir, ou com quem ficarão os contratos de um determinado setor, é premente perceber que o movimento do poderio militar americano é sempre para frente, é sempre expansivo. Mesmo que haja momentos de leve estagnação, como no imediato pós- 10

Description:
armas cada vez mais avançadas. Essa estrutura nos leva ao COHEN, Theodore. Remaking Japan: The American Ocupation as New Deal. New.
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.