Sumário LIVROS LENDO MORTIMER ADLER COMO MORTIMER ADLER NOS ENSINA A LER PREFÁCIO DA EDIÇAO AMERICANA DE 1972 1. A LEITURA: ARTE E ATIVIDADE LEITURA ATIVA OS OBJETIVOS DA LEITURA: LER PARA SE INFORMAR E LER PARA ENTENDER LEITURA É APRENDIZADO: A DIFERENÇA ENTRE ENSINO E DESCOBERTA PROFESSORES PRESENTES E AUSENTES 2. OS NÍVEIS DE LEITURA 3. A LEITURA ELEMENTAR OS ESTÁGIOS NA ALFABETIZAÇÃO ESTÁGIOS E NÍVEIS OS NÍVEIS SUPERIORES DE LEITURA E O ENSINO MÉDIO A LEITURA E O IDEAL DEMOCRÁTICO DA EDUCAÇÃO 4. A LEITURA INSPECIONAL LEITURA INSPECIONAL I: PRÉ-LEITURA OU SONDAGEM SISTEMÁTICA LEITURA INSPECIONAL II: LEITURA SUPERFICIAL A VELOCIDADE DA LEITURA FIXAÇÕES E RETROCESSOS A QUESTÃO DA COMPREENSÃO RESUMO DA LEITURA INSPECIONAL S. A ARTE DA LEITURA EXIGENTE A ESSÊNCIA DA LEITURA ATIVA: AS QUATRO PERGUNTAS BÁSICAS A ARTE DE TOMAR POSSE DE UM LIVRO OS TRÊS TIPOS DE ANOTAÇÃO FORMANDO O HÁBITO DA LEITURA MUITAS REGRAS EM UM HÁBITO 6. A CLASSIFICAÇAO DE UM LIVRO A IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO DE LIVROS O QUE VOCÊ PODE APRENDER COM O TÍTULO DO LIVRO LIVROS PRÁTICOS VERSUS LIVROS TEÓRICOS TIPOS DE LIVROS TEÓRICOS Z COMO RADIOGRAFAR O LIVRO TRAMAS E COMPLÔS: COMO EXPRESSAR A UNIDADE DE UM LIVRO DOMINANDO A MULTIPLICIDADE: A ARTE DE DELINEAR UM LIVRO LER E ESCREVER: AS ARTES RECÍPROCAS COMO DESCOBRIR AS INTENÇÕES DO AUTOR O PRIMEIRO ESTÁGIO DA LEITURA ANALÍTICA 8. CHEGANDO A UM ACORDO COM O AUTOR PALAVRAS VERSUS TERMOS COMO ENCONTRAR AS PALAVRAS-CHAVE PALAVRAS TÉCNICAS E VOCABULÁRIOS ESPECIAIS COMO ENCONTRAR OS SENTIDOS 9. COMO ESPECIFICAR A MENSAGEM DO AUTOR FRASES VERSUS PROPOSTAS COMO ENCONTRAR AS FRASES-CHAVE COMO ENCONTRAR AS PROPOSIÇOES COMO ENCONTRAR OS ARGUMENTOS COMO ENCONTRAR AS SOLUÇÕES O SEGUNDO ESTÁGIO DA LEITURA ANALÍTICA 10. COMO CRITICAR UM LIVRO O ENSINAMENTO É UMA VIRTUDE O PAPEL DA RETÓRICA A IMPORTÂNCIA DE SUSPENDER O JULGAMENTO POR QUE É IMPORTANTE EVITAR CONTROVÉRSIAS COMO RESOLVER DISCÓRDIAS 11. CONCORDAR COM O AUTOR OU DISCORDAR? PRECONCEITO E JULGAMENTO COMO JULGAR A SOLIDEZ DE UM AUTOR COMO JULGAR O GRAU DE COMPLETUDE DE UM AUTOR O TERCEIRO ESTÁGIO DA LEITURA ANALÍTICA 12. MATERIAIS DE APOIO O PAPEL DA EXPERIÊNCIA RELEVANTE OUTROS LIVROS COMO APOIOS EXTRÍNSECOS À LEITURA COMO USAR COMENTÁRIOS E RESUMOS COMO USAR OBRAS DE REFERÊNCIA COMO USAR O DICIONÁRIO COMO USAR UMA ENCICLOPÉDIA 13. COMO LER LIVROS PRÁTICOS OS DOIS TIPOS DE LIVROS PRÁTICOS O PAPEL DA PERSUASAO QUAL A CONSEQUÊNCIA DE CONCORDAR COM O AUTOR DE UM LIVRO PRÁTICO? 14. COMO LER LITERATURA IMAGINATIVA COMO NAO LER LITERATURA IMAGINATIVA REGRAS GERAIS PARA A LEITURA DE LITERATURA IMAGINATIVA 15. SUGESTÕES PARA A LEITURA DE NARRATIVAS, PEÇAS E POEMAS COMO-LER NARRATIVAS UMA NOTA SOBRE OS ÉPICOS COMO LER PEÇAS TEATRAIS UMA NOTA SOBRE A TRAGÉDIA COMO LER POESIA LÍRICA 16. COMO LER LIVROS DE HISTORIA O CARÁTER ESQUIVO DOS FATOS HISTÓRICOS TEORIAS DA HISTÓRIA O UNIVERSAL NA HISTÓRIA O QUE PERGUNTAR A UM LIVRO DE HISTÓRIA COMO LER BIOGRAFIAS E AUTOBIOGRAFIAS COMO LER SOBRE ATUALIDADES UMA NOTA SOBRE OS TEXTOS RESUMIDOS lZ COMO LER LIVROS DE CIÊNCIAS E DE MATEMÁTICA PARA COMPREENDER O PROJETO CIENTÍFICO SUGESTÕES PARA A LEITURA DE LIVROS CIENTÍFICOS CLÁSSICOS COMO ENFRENTAR O PROBLEMA DA MATEMÁTICA COMO LIDAR COM A MATEMÁTICA NOS LIVROS DE CIÊNCIAS UMA NOTA SOBRE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA 18. COMO LER LIVROS DE FILOSOFIA AS PERGUNTAS FEITAS PELOS FILÓSOFOS A FILOSOFIA MODERNA E A GRANDE TRADIÇAO SOBRE O MÉTODO FILOSÓFICO OS ESTILOS FILOSÓFICOS INDICAÇÕES PARA LER LIVROS DE FILOSOFIA SOBRE TER OPINIÕES PRÓPRIAS UMA NOTA SOBRE A TEOLOGIA COMO LER LIVROS ״CANÔNICOS״ 19. COMO LER LIVROS DE CIÊNCIAS SOCIAIS O QUE SÃO AS CIÊNCIAS SOCIAIS? A APARENTE FACILIDADE DE LER LIVROS DE CIÊNCIAS SOCIAIS DIFICULDADES DA LEITURA DE CIÊNCIAS SOCIAIS A LEITURA DE LITERATURA DE CIÊNCIAS SOCIAIS 20. O QUARTO NÍVEL DA LEITURA: A LEITURA SINTÓPICA1 O PAPEL DA INSPEÇÃO NA LEITURA SINTÓPICA OS CINCO PASSOS DA LEITURA SINTÓPICA A OBJETIVIDADE NECESSÁRIA UM EXEMPLO DE EXERCÍCIO DE LEITURA SINTÓPICA: A IDEIA DE PROGRESSO O SINTÓPICO E O MODO DE USÁ-LO SOBRE OS PRINCÍPIOS QUE SERVEM DE BASE À LEITURA SINTÓPICA RESUMO DA LEITURA SINTÓPICA 21. A LEITURA E O CRESCIMENTO INTELECTUAL O QUE OS BONS LIVROS PODEM NOS PROPORCIONAR A PIRÂMIDE DOS LIVROS A VIDA E O CRESCIMENTO DA INTELIGÊNCIA APÊNDICE A APENDICE B INTRODUÇÃO I. EXERCÍCIOS E TESTES DO PRIMEIRO NÍVEL DE LEITURA: A LEITURA ELEMENTAR II. EXERCÍCIOS E TESTES DO SEGUNDO NÍVEL DE LEITURA: A LEITURA INSPECIONAL III. EXERCÍCIOS E TESTES DO TERCEIRO NÍVEL DE LEITURA: A LEITURA ANALÍTICA IV EXERCÍCIOS E TESTES DO QUARTO NÍVEL DE LEITURA: A LEITURA SINTÓPICA ÍNDICE REMISSIVO LENDO MORTIMER ADLER COMO MORTIMER ADLER NOS ENSINA A LER José Monir Nasser Todo alfabetizado sabe ler até certo ponto, mas como esse ponto pode estar muito baixo, é preciso melhorar a habilidade da leitura em geral. Esse problema é um dos mais complexos das artes da educação. Tratou desse assunto, na obra Como Ler Livros, o filósofo americano Mortimer Adler, um desses sujeitos monomaníacos que, justamente por isso, tornam-se imprescindíveis. Tendo vivido entre 1902 e 2001, Adler dedicou seu quase século de vida à restauração, por meio da leitura dos clássicos, da cultura do Ocidente, tentando salvá-lo dele mesmo. Além de ter escrito uma pletora de grandes livros e ter convencido Robert Hutchins, reitor da Universidade de Chicago, a reformar o currículo universitário para bases aristotélicas e tomistas (o que Hutchins tentou fazer três vezes, sem sucesso), influenciou a irmã Miriam Joseph a ressuscitar a metodologia do Trivium como premissa de toda a vida universitária e foi o organizador da coleção Great Books of the Western World, editada pela Encyclopaedia Britannica, reunindo em sessenta volumes as obras imprescindíveis para entender a civilização ocidental, independentemente do mérito em si, considerando apenas a influência relativa na formação intelectual do homem do Ocidente. Mortimer Adler, na realidade, é o maior filósofo da educação do século XX, tendo lutado para preservá-la dos modismos produzidos por pedagogos revolucionários e engenheiros sociais, origem das novas pedagogias pseudolibertadoras. A seu projeto de recuperação do ensino público americano deu o nome de Paideia, seguindo a tradição da formação do homem grego. Nos mais de cinquenta livros que escreveu, o tema da educação é recorrente e, com ele, o tema da leitura. Por causa disso, no centro da obra de Mortimer Adler está Como Ler Livros, seu livro mais difundido, tendo o Brasil já recebido tradução das duas primeiras versões, algo diferentes entre si, editadas nos Estados Unidos respectivamente em 1940 e 1967. Há, finalmente, duas traduções da última versão, escrita em parceria com Charles Van Doren, editada nos Estados Unidos em 1972, sendo a mais recente a competente tradução a quatro mãos por Edward Wolff e Pedro Sette-Câmara. Adler não começou nada do ovo. Como a leitura é o instrumento central de qualquer estudo, a arte de ler, confundida com a arte de estudar, tem sido tema tradicional da vida intelectual cristã, centrada no estudo da Bíblia. Não surpreendentemente, Santo Agostinho (354-430), na obra Da Religião Cristã, já fez verdadeiro tratado de hermenêutica das Escrituras. Na Idade Média, Hugo de São Vítor (1 096-1141) escreveu a obra cristã clássica sobre o tema, Didascálicon: Da Arte de Ler, em cujo prefácio está marcado: "São três as regras mais necessárias para leitura: saber o que se deve ler, em que ordem se deve ler, como se deve ler. Neste livro se trabalha sobre essas três regras, uma por uma". 1 Essa tríade resume as três grandes esferas da arte de ler. Um pouco mais tarde, Dante Alighieri ( 1265-13 21), no Convito, diz, em bom florentino, que há quatro tipos de leitura: “si possono intendere e debbonsi sponere massimamente per quattro sensi",1 2 que René Guénon interpretou como leitura literal, leitura filosófica, leitura político-social e leitura iniciática ou metafísica. Já bem perto de nós, o padre A.-D. Sertillanges (1863-1948), na obra A Vida Intelectual, estabelece quatro modalidades de leitura: para formação, para informação, para inspiração e para entretenimento. Nas palavras do próprio autor: Para ser um pouco mais preciso, eu distingo quatro espécies de leitura. Lê-se para ter uma formação e ser alguém; lê-se em vista de uma tarefa; lê- se como treinamento para o trabalho e para o bem; lê-se por ser uma distração. Há leituras fundamentais, leituras ocasionais, leituras de treinamento ou edificantes, leituras relaxantes. 3 São muitas as contribuições ao tema da leitura, mas só a partir de Mortimer Adler o assunto foi tratado sistematicamente e de maneira abrangente, válida para os principais gêneros. Adler idealizou uma matriz com quatro níveis de leitura na vertical (elementar, averiguativo, analítico e sintópico), de profundidade crescente, e com seis gêneros de leitura na horizontal (poesia, teatro, prosa, história, ciência e filosofia).4 Repare-se que a contribuição de Dante Alighieri está ligada ao nível de leitura, portanto à vertical, enquanto a de Santo Agostinho é mais uma orientação sobre a hermenêutica cristã, um dos gêneros. A abordagem de Dante é qualitativa, no sentido de investigar as diversas profundidades do texto. O modelo de Sertillanges é mais um modelo moral, enquanto Hugo de São Vítor descreve sobretudo técnicas de estudo. Mesmo imperfeitamente, é numa matriz como a de Mortimer Adler que o pensamento maior sobre a arte de ler, de Santo Agostinho a Sertillanges, poderia se unificar. Esquematizando: POESIA TEATRO HISTÓRIA CIÊNCIA PROSA
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