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como as mães ensinam a amar PDF

239 Pages·2015·2.57 MB·English
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COMO AS MÃES ENSINAM A AMAR UM ESTUDO FEITO COM HOMENS HOMOSSEXUAIS INÊS DE ALMEIDA BARREIRA Orientadora de Dissertação: PROFESSORA DOUTORA ÂNGELA VILA-REAL FERNANDES COSTA Orientadora de Dissertação: PROFESSORA DOUTORA ÂNGELA VILA-REAL FERNANDES COSTA Dissertação submetida como requisito parcial para a obtenção do grau de: MESTRE EM PSICOLOGIA Especialidade em Psicologia Clínica 2015 Dissertação de Mestrado realizada sob a orientação da Professora Doutora Ângela Vila-Real Fernandes Costa, apresentada no Instituto Superior de Psicologia Aplicada para a obtenção do grau de Mestre na especialidade de Psicologia Clínica. II AGRADECIMENTOS À Professora Doutora Ângela Vila-Real Fernandes Costa, minha orientadora, por todo o apoio e disponibilidade demonstrados desde o início até ao fim; pelo bom humor e satisfação transmitidos durante as sessões de discussão da dissertação; por incrementar o meu interesse e fascínio pela Psicanálise e pela sua área de investigação. Um muito obrigado! Aos participantes do estudo. Sem eles esta dissertação não seria possível. Aos meus avós, por me fazerem sorrir sempre que estava mais cansada e desanimada e se disponibilizarem para me receber com o meu jantar favorito, Oreos e Coca-Cola. À minha mãe, por testar os meus limites e fazer-me acreditar que todo o esforço vale a pena quando estamos a fazer aquilo que gostamos. Ao meu pai, por todos os valores transmitidos que me tornaram a mulher que sou. À minha família, por estarem presentes nos momentos importantes da minha vida e me apoiarem incondicionalmente. Aos meus amigos, por me fazerem sair de casa e me fazerem descontrair nos momentos mais exigentes; por todas as tristezas e alegrias que partilhámos juntos. Ao meu namorado, por nunca me deixar cair e querer sempre fazer-me sorrir; por todas as brincadeiras e miminhos trocados que nos tornam únicos; por sonhar e crescer comigo. III RESUMO No presente estudo, de carácter qualitativo, procurou-se compreender a ligação entre a identidade da mãe e do filho homossexual e entre a forma como cada uma se relaciona com o parceiro. Estudos anteriores caraterizaram a mãe apenas na relação com o filho. Concluíram que a mãe é superprotetora, possessiva, dominante e intrusiva com o filho, o que não nos permite compreender a mãe enquanto sujeito e de que forma essas caraterísticas influenciaram a identidade do sujeito. O estudo analisou não só a forma como a mãe e o filho se relacionam, mas também como se relacionam com os seus respetivos parceiros. Desta forma, fizemos uma ligação entre a escolha de objeto de amor e identificações da mãe e do filho. Através de duas entrevistas nas quais utilizámos o método FAN (Free Association Narrative) e o T.A.T. (Thematic Apperception Test), recolhemos os dados de 5 sujeitos homossexuais com idades compreendidas entre 22 a 27 anos de idade. A análise dos resultados foi elaborada de maneira a perceber a mãe e o filho enquanto sujeitos, as suas identificações com os pais, as suas identificações com o masculino ou o feminino, a relação que mantêm com os outros, mais especificamente com o parceiro, e a relação que mantêm entre si. Os resultados evidenciam que existem três tipos de identificação do filho (relativamente aos pais, ao género e ao poder) que estão interligados e todos são influenciados pela mãe, pela sua identidade, pela forma como se relaciona com o filho e como se posiciona na relação com o parceiro. Palavras-chave: Relação mãe-filho; identidade; identificação; escolha de objeto de amor; Free Association Narrative; T.A.T. ABSTRACT In this qualitative study, we tried to understand the link between the identity of the mother and homosexual son and between how each relates to the partner. Previous IV studies have characterized the mother only in relation to the child. They concluded that the mother is overprotective, possessive, dominating and intrusive, which does not allow us to understand the mother as a subject and how these features influenced the identity of the homosexual male. The study examined not only how the mother and child are related but also how they relate to their respective partners. In this way, we made a connection between the love object choice and mother and child identifications. Through two interviews in which we used the method FAN (Free Association Narrative) and TAT (Thematic Apperception Test), we collect data from five subjects homosexuals aged 22-27 years old. The analysis was developed in order to realize the mother and child as subjects, their identifications with their parents, their identification with the masculine or the feminine, the relationship they have with others objects, specifically with the partner, and the relationship they have with each other. The results show that there are three child identification types (relative to parents, gender and power) that are interconnected and all are influenced by the mother, because of her identity, the way she relates to the child and how is positioned in a relationship with the partner. Keywords: mother-child relationship; identity; identification; love object choice; Free Association Narrative; T.A.T. V ÍNDICE INTRODUÇÃO 7 1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 8 A importância do complexo de édipo na relação mãe-filho 8 A identidade do sujeito homossexual 25 As mães na relação com os filhos 33 2. PROBLEMA 41 3. METODOLOGIA 42 Instrumentos de recolha de dados 42 T,A.T. 42 Entrevista 45 Participantes 47 Método 48 Procedimento 49 4. RESULTADOS 52 5. DISCUSSÃO 65 6. CONCLUSÃO 72 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75 VI I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO A Importância do Complexo de Édipo na Relação Mãe-Filho 1.A Evolução do Complexo de Édipo Ao longo da obra de Freud, o complexo de Édipo foi evoluindo progressivamente. O complexo de Édipo é uma descoberta freudiana essencial para o desenvolvimento da criança e constitui a base central da vida psíquica do indivíduo em torno da qual se estrutura a identidade sexual do indivíduo, para além de que, para Freud, é um complexo universal (Quinodoz, 2007). A primeira vez que Freud mencionou o complexo de Édipo foi numa carta a Fliess em 1897 (cit. por Masson, 1985) quando na sua autoanálise se apercebeu que a sua libido havia sido despertada por volta dos dois anos de idade quando fez uma viagem com a sua mãe. Nessa viagem, Freud dormiu com a mãe e pode vê-la nua. “Encontrei, também no meu caso, ter sentimentos de amor em relação à minha mãe e de inveja em relação ao meu pai, e agora considero isso um evento universal na infância precoce (…).” – forma direta do complexo de Édipo no menino que deseja ocupar o lugar do pai (Freud, 1897, cit. por Masson, 1985). Quando Freud, em A Interpretação dos Sonhos (1900) nos diz que a censura do sonho incide sobre desejos sexuais infantis recalcados, ele menciona o complexo de Édipo a propósito dos sonhos de morte de pessoas queridas, neste caso, dos pais. Os sonhos de morte aplicam-se geralmente ao pai do mesmo sexo da criança. Freud conclui que já existe uma preferência sexual em que o menino vê o pai como um rival no amor, e cuja eliminação/morte só lhe traria vantagens para com a sua mãe. Este tipo de sonho deriva de um desejo recalcado que passa pela censura sem modificações. Após esta obra, diversos foram os casos em que Freud mencionou o complexo de Édipo. No caso Dora (1905), a paciente revela aspetos inconscientes das suas fantasias, seja a fuga para o seu pai quando seduzida por um homem do qual tem medo, seja num sonho quando revela o seu desejo inconsciente de substituir o sedutor pelo pai. Mais tarde, Freud apercebe-se que a paciente faz um deslocamento do pai para si próprio, como já antes havia feito para o senhor K. Dora faz, portanto, uma projeção do pai nestes dois homens. No caso do pequeno Hans (1909), a afeição pela mãe tornou-se demasiado intensa porque a mãe o mimava demasiado e com facilidade o levava para a cama. Por essa razão, Hans queria ver-se livre do pai manifestando o desejo que o pai morresse. É 8 um pai que Hans odiava enquanto rival, mas amava como sempre, pois era o seu modelo, o seu companheiro de brincadeira. A impossibilidade de resolver o conflito edipiano devido à conjunção do desejo incestuoso pela mãe e de um sentimento de culpa por odiar o pai faz com que Hans ganhe medo de ser castigado com a castração por os seus desejos proibidos. Em 1910, na obra Um tipo especial de escolha de objeto feita pelos homens (Contribuições à psicologia do amor I), Freud acentua que a escolha de objeto amoroso é feita como uma substituição da mãe, ou seja, é derivada de uma fixação infantil dos sentimentos de ternura pela mãe, sendo uma das consequências dessa fixação. Em suma, o menino tem como primeiro objeto de afeição a mãe que ele deseja ter para si, mas entre os 3 e 5 anos o menino sente que o pai é um rival e por isso odeia-o. O menino fica com medo de ser castrado pelo pai (que lhe corte/retire o pénis) por causa dos seus desejos incestuosos pela mãe e do seu ódio por ele. A angústia causada pela ameaça de castração faz com que o menino acabe por renunciar aos seus desejos sexuais incestuosos em relação à mãe e entre no período de latência. Na busca de generalizar o complexo de Édipo como papel estruturante na constituição da personalidade de cada indivíduo, Freud (1913) afirma que quando nas sociedades primitivas os filhos assassinam o pai e depois o comem para se tornarem valentes como ele, saciaram o seu ódio ao pai por ser um obstáculo que não lhe permitia satisfazer os seus desejos (desejos sexuais e desejos de se identificarem com ele), mas foram invadidos por um sentimento de culpa por infringirem dois dos tabus que as sociedades primitivas consideravam como crimes, o homicídio e o incesto. Estes dois tabus correspondem a dois desejos recalcados do complexo de Édipo. Em o Ego e o Id (1923), Freud acrescentou a noção do complexo de Édipo negativo ou invertido. No complexo de Édipo negativo, o menino deseja o pai e pretende eliminar a mãe, que é vista como rival. Nas identificações, a diferença é que, no complexo de Édipo positivo, o menino quer ser como o rival, o pai, e, no caso do complexo de Édipo negativo, o menino quer ser a sua mãe e não como a sua mãe. Ou seja, há uma regressão na identificação, que constitui segundo Freud, a forma mais precoce de amor pelo objeto. Os desejos passivos femininos que o menino sente em relação ao pai levam-nos a renunciar os desejos heterossexuais em relação à mãe, como também renunciar a identificação com o rival paterno. No caso de Schreber (1911), um caso de paranoia, o delírio persecutório do sujeito consistia na ideia que o seu médico queria castrá-lo, transformá-lo numa mulher 9 e posteriormente ser abusado sexualmente e depois largado. O delírio evolui para uma fantasia menos angustiante e mais aceitável: já não era o médico que queria que ele se transformasse em mulher, mas sim Deus que queria fecunda-lo com raios divinos para que Schreber gerasse novos seres. Na verdade, Freud (1911) afirmava que Schreber gostava e admirava muito o seu primeiro perseguidor, o médico, e fez uma reversão do amor em ódio. Foi esse apego erótico intenso pelo médico que fez com que Schreber desejasse ser mulher para que pudesse ser copulada por ele. Para Freud, o desejo de ser transformado em mulher é resultado do medo de ser castrado pelo pai por causa da masturbação infantil, o que faz com que o menino adote uma posição homossexual passiva ou uma posição feminina. No caso do Homem dos Lobos (1918), a irmã do sujeito, dois anos mais velha que ele, envolveu-o em jogos sexuais com ela. Mas a irmã não lhe agradava como objeto sexual porque a via como uma rival no amor pelos pais. O sujeito com a chegada da governanta decidiu mostrar-lhe o seu pénis, situação que fez com que a governanta o repreendesse. Foi uma tentativa de sedução por parte do sujeito à qual a governanta disse que ele poderia ser castigado com uma ferida nessa zona – surge a angústia de castração. O sujeito faz uma regressão à fase sádico-anal e assume uma posição passiva feminina. O pai que antes era um objeto de identificação de uma corrente ativa tornou- se objeto sexual de uma corrente passiva na fase sádico-anal da criança. A identificação foi substituída pela escolha objetal, ao mesmo tempo que a transformação da atitude ativa para a passiva era consequência da sedução. O menino começou por comportar-se mal com episódios de raiva, fúria e maldade com o propósito de ser castigado pelo pai de maneira a obter uma satisfação sexual masoquista e apaziguar o sentimento de culpa. Através do sonho dos lobos, Freud (1918) pode concluir que o menino estava angustiado pela fantasia de ser satisfeito sexualmente pelo pai. A expressão dessa angústia, o medo de ser comido pelo lobo, era uma transposição regressiva do desejo de servir o pai a nível sexual, ou seja, ser satisfeito sexualmente como a sua mãe foi. O seu fim sexual e a sua atitude passiva em relação ao pai foram recalcadas e o medo do pai ocupou lugar sob a forma de fobia de lobos. As duas formas do complexo de Édipo, a positiva e a negativa, coexistem no psiquismo de todo o indivíduo, de forma que o complexo de Édipo implica quatro pessoas: a mãe, o pai, a disposição feminina da criança e a disposição masculina da criança – bissexualidade psíquica que é própria de todos os indivíduos (Freud, 1923). A 10 identidade sexual de um indivíduo resulta da prevalência de uma tendência sobre a outra. A Dissolução do complexo de Édipo (Freud, 1923) remete não para a situação edipiana, mas para a dissolução do conflito edipiano. A situação edipiana persiste no inconsciente de cada indivíduo perdendo o seu carater patológico. Nesta dissolução, os investimentos do objeto são abandonados e substituídos por identificações. A autoridade do pai ou dos pais é introjetada no ego e forma-se o núcleo do superego, que faz com que persista a proibição do incesto, defendendo assim o ego contra o retorno do investimento libidinal. Resumidamente, segundo Laplanche e Pontalis (1970, p. 119), o complexo de Édipo fornece ao sujeito funções fundamentais: (a) Escolha do objeto de amor, na medida que este depois da puberdade, se conserva marcado ao mesmo tempo pelos investimentos de objeto e pelas identificações inerentes ao complexo de Édipo e pela interdição de realizar o incesto; (b) Acesso à genitalidade, na medida em que esta não é garantida pela simples maturação biológica. A organização genital supõe a instauração do primado do falo, e dificilmente se pode considerar instaurado esse primado sem que se resolva a crise edipiana pela via da identificação; (c) Efeitos sobre a estruturação da personalidade, sobre a constituição das diferentes instâncias, e especialmente as do superego e do ideal do ego. 2. Contributos Posteriores sobre o Complexo desenvolvido por Freud O encontro com o Édipo envolve que haja uma tomada de conhecimento pela criança da diferença entre a relação entre os pais que é genital e procriativa e a relação pais-criança que não o é (Britton, 1985). Esta descoberta faz com que surjam sentimentos de perda e de inveja que se forem demasiado intensos podem resultar em queixas e numa auto-desvalorização. Se este encontro com o Édipo começar sem que o indivíduo estabeleça segurança baseada no objeto materno, então a situação edipiana será vista de uma forma muito primitiva pela criança porque esta não reconhecerá normalmente a triangulação. Britton (1985) acrescenta ainda que a criança face à realidade psíquica do complexo de Édipo produz ilusões edipianas que são fantasias defensivas que ocultam essa realidade. Se a criança persistir nessas ilusões então a passagem pela fase edipiana será feita normalmente, com sequências de rivalidade e renúncia. Estas ilusões surgem quando as crianças sabem parcialmente o que existe 11

Description:
pela figura paterna levando a inverter o Édipo. A ansiedade de Freud, S. (1924), The dissolution of the Oedipus Complex. The ego and the ID and.
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