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Como a Alemanha se tornou o centro da ideologia reacionária? PDF

161 Pages·2021·1.771 MB·Portuguese
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Georg Lukács (1885-1971) é o filósofo O processo de decadência ideológica do pensamento burguês MANIFESTO DE LANÇAMENTO contemporâneo que mais se dedicou a oscila entre o irracionalismo e o agnosticismo. O irracionalismo é G estudar o problema do irracionalismo uma tendência que visa “absolutizar” os “limites do conhecimento EO Atravessamos tempos difíceis! e seus efeitos e consequências sobre intelectual” convertendo-os em uma resposta “suprarracional” R A tendência da crise estrutural G a vida humana em geral. O debate na medida em que se sustenta principalmente na intuição. L vivenciada pelo capital é de U sobre essa problemática aparece na agravamento. Consequentemente o Já o agnosticismo toma como ponto de partida a “equipara- K sua obra em textos como: Gran Hotel Á que presenciaremos nos próximos ção entre entendimento e conhecimento” ao reconhecer os C Abismo, Nietzsche como precursor da S anos será um aprofundamento das próprios limites do entendimento como as fronteiras máximas a estética fascista, Marx e o problema - desumanidades próprias desta ordem que o conhecimento pode chegar, gerando, através de modelos C da decadência ideológica, Escritos O social. de pesquisa e dos critérios gnosiológicos, um conhecimento M de Moscú. Estudios sobre política y O literatura, Goethe y su época, Sobre o fenomênico do real, capaz de manipular variáveis da realidade A reprodução da sociedade capitalista A Prussianismo, O jovem Marx e outros fenomênica. Em Como a Alemanha se tornou o centro da A só é possível, hoje, na medida que L escritos de filosofia, Concepção aristo- ideologia reacionária?, o filósofo húngaro Georg Lukács aborda, E extermina milhões de vidas humanas, M crática e concepção democrática do dentre outras coisas, as mediações existentes entre o fenômeno por fome ou em guerras sem sentido. A mundo, Existencialismo ou marxis- da decadência ideológica do pensamento burguês e a constituição N Além disso, o capital, em crise, H mo?, Por que a burguesia precisa do encontra meios de expulsar um de uma ideologia reacionária, o fascismo, e a concepção de mundo A desespero, Estética, Prolegômenos, S número enorme de trabalhadores de nacional-socialista, demonstrando com isso como a Alemanha se E Para uma ontologia do ser social e A T seus locais de origem afastando-os tornou, no século 19 e 20, o país clássico do irracionalismo. O destruição da razão. de seus meios de trabalho e R N subsistência promovendo, desta Mariana Andrade e Sergio Gianna O Mariana Andrade é professora de U maneira, uma das maiores tragédias Serviço Social na Universidade Federal O humanas de nossos tempos. Tudo isso de Alagoas. Participou como revisora C para que estes trabalhadores sirvam E técnica em alemão da tradução dos N como mão de obra barata nos países T Prolegômenos e de Para a ontologia R centrais a fim de garantir os lucros e a O do ser social de Georg Lukács, manutenção do capitalismo. D publicada pelo Coletivo Veredas em A 2018. Baseada na Ontologia de ID COMO A Diante desta realidade os trabalhadores E Lukács, escreveu o livro Ontologia O começam a se movimentar em várias L dever e valor em Lukács (2016) e As obras do Coletivo Veredas podem ser adquiridas pelo preço de O ALEMANHA SE TORNOU partes do mundo. Podemos mesmo artigos sobre a obra do filósofo. G afirmar que estamos nos aproximando custo, acrescido do frete, em nosso site. Não aceite comprar as nossas I A Atualmente traduz a Estética de Lukács. de um período histórico de acirramento publicações com aqueles que querem obter lucro. R E O CENTRO DA IDEOLOGIA e aprofundamento da luta de classes. A C I O Um dos aspectos mais importantes vendas no site: N www.coletivoveredas.com Á REACIONÁRIA? desta luta é o combate ideológico. E é R para contribuir neste combate I A ? (colocando-se na trincheira ao lado dos ISBN: 978-65-88704-13-4 trabalhadores) que nasce o Coletivo Georg Lukács Veredas. Georg Lukács Como a Alemanha se tornou o centro da ideologia reacionária? Título Original: Wie ist Deustschlands zum Zentrum der reak- tionären Ideologie geworden? In: Zur Kritik der faschistischen Ideologie. Berlin, Weimar: Aufbau-Verl., 1989. Diagramação: Sergio Gianna Revisão: Sidney Wanderley Capa: Laura de Bona Ilustração da capa: Laura de Bona Catalogação na Fonte Departamento de Tratamento Técnico Coletivo Veredas _________________________________________________________ L954c Lukács, Georg. Como a Alemanha se tornou o centro da ideologia reacionária? / Georg Lukács ; tradução: Mariana Andrade. – Maceió : Coletivo Veredas, 2021. 160 p. Título original: Wie ist Deustschlands zum Zentrum der reaktionären Ideologie geworden? Inclui bibliografia. Índice onomástico: 157-159. ISBN: 978-65-88704-13-4 . 1. Georg Lukács, 1885-1971. 2. Decadência ideológica. 3. Irracionalismo. 4. Fascismo. 5. Agnosticismo. I. Título. II. Andrade, Mariana, trad. CDU: 65.61”7129” ____________________________________________________________ Elaborada por Fernanda Lins de Lima – CRB – 4/1717 Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecom- mons.org/licenses/by/4.0/. Esta licença permite cópia (total ou parcial), distri- buição, e ainda, que outros remixem, adaptem, e criem a partir deste trabalho, desde que atribuam o devido crédito ao autor(a) pela criação original. 1ª Edição 2021 Coletivo Veredas www.coletivoveredas.com Georg Lukács Como a Alemanha se tornou o centro da ideologia reacionária? Tradução: Mariana Andrade 1ª Edição Coletivo Veredas Maceió 2021 Sumário Apresentação................................................................................................7 Sergio Gianna e Mariana Andrade Prefácio.......................................................................................................21 Introdução...................................................................................................25 I. O caminho histórico da Alemanha.........................................................37 II. O humanismo do classicismo alemão...................................................61 III. A destruição do humanismo na ideologia alemã................................77 IV. O fascismo como sistema teórico e prático da barbárie.....................109 Apresentação Nos últimos anos, o leitor de língua portuguesa tem tido cada vez mais acesso ao que se conhece como o conjunto da obra madu- ra e tardia1 do filósofo e militante comunista húngaro György Luká- cs.2A recuperação de sua obra e sua difusão entre os círculos inte- lectuais e militantes não são o resultado de um processo meramente casual. Tal obra contém em si elementos inovadores que podem nos auxiliar nas respostas à presente conjuntura concreta de constitui- ção de uma “nova direita” e do avanço (neo)conservador, além de conter elementos de continuidade com sua própria tradição teórica e política. Neste sentido, a nosso ver, a obra do pensador magiar se torna um farol perante esse momento histórico, pelo menos em dois aspectos fundamentais. O primeiro deles remonta à análise profunda que o filósofo faz do processo de gênese e desdobramento da “decadência ide- ológica do pensamento burguês”. Há vários textos nos quais ele aborda esta questão e até mesmo suas influências e impactos na cultura, tanto na arte quanto na ciência e na filosofia.3 Este processo 1 Processo que começa com a “virada ontológica” do pensador a partir de seus escritos dos anos de 1930. Mais elementos a este respeito podem ser encontrados em Oldrini, Guido. György Lukács e os problemas do marxismo do século 20. Maceió: Coletivo Veredas, 2017. 2 Apenas para citar as produções mais relevantes dos últimos anos: a reedição de Pensamento vivido. Autobiografia em diálogo (Instituto Lukács, 2017) e a Introdução a uma estética marxista (Instituto Lukács, 2017); a edição dos Prolegômenos e de Para a ontologia do ser social (Coletivo Veredas, 2018); O jovem Hegel e os problemas da sociedade capitalista (Boitempo, 2018); Essenciais são os livros não escritos. Últimas entrevistas (1966-1971) (Boitempo, 2020) e A destruição da razão (Instituto Lukács, 2020). 3 Sem a pretensão de ser exaustivo, podemos nos referir aos seguintes textos: de 1933, histórico já foi tratado por Marx em seus escritos sobre a distinção existente entre a economia política clássica e a economia política vul- gar. A primeira capaz de se aproximar de um estudo desinteressa- do da realidade e a segunda constituindo numa mera “espadacharia mercenária”, pois responde diretamente ao postulado de que este ou aquele teorema é sustentado como “útil ou prejudicial”, “cômodo ou incômodo” ao capital.4 Esta virada no campo do pensamento se inicia a partir dos anos 1830 e 1840, sobretudo com o que ficou conhecido como a “primavera dos povos”, termo que sintetiza um conjunto comple- xo e diversificado de processos revolucionários que ocorreram no continente europeu e cujo resultado revelou um aspecto central: a consolidação da burguesia como classe dominante e a constituição do proletariado como classe antagônica àquela. Pode-se, portanto, dizer que nos processos revolucionários de 1848, ocorreu pela primeira vez um enfrentamento direto entre a burguesia e o proletariado. Não por acaso, no texto de Lukács Marx e o problema da decadên- cia ideológica, são analisados os resultados deste choque entre as classes sociais antagônicas e sua incidência sobre o campo do pensamento: “[...] agora fogem também os ideólogos da burguesia, preferindo in- ventar os mais vulgares e insípidos misticismos a encarar de frente a luta de classes entre burguesia e proletariado, a compreender cientifi- camente as causas e a essência desta luta.”5 Estes misticismos criados pela ciência e pela filosofia denotam uma verdadeira virada nestes complexos sociais, uma vez que estes não se dedicam mais a responder “às últimas questões do espírito”, e publicado postumamente, Gran Hotel “Abismo” (Anuário Lukács, 2015); de 1935, Nietzsche como precursor da estética fascista (Editora UFRJ, 2009); de 1938, Marx e o problema da decadência ideológica (Anuário Lukács, 2015); de 1934 a 1940, Escritos de Moscú. Estudios sobre política y litera- tura (Editorial Gorla, 2011); de 1934 e 1936, Goethe y su época (Grijalbo, 1968); de 1940, Sobre o Prussianismo, de 1943 (Anuário Lukács 2019); de 1946, O jovem Marx e outros escritos de filosofia; de 1947, Concepção aristocrática e concepção democrática do mundo (Editora UFRJ, 2007); de 1947, Existencialismo ou marxismo? (Senzala, 1967); de 1948, Por que a burguesia precisa do desespero? (Anuário Lukács 2019). Ou às referências encontradas na obra de maturidade tardia, como o segundo capítulo do volume I da Estética; as múltiplas referências nos Prolegômenos (ex., o item I.); em Para uma ontologia do ser social (ex., o item sobre Neopositivismo e existencialismo). Escusado dizer, a exaustividade do tratamento em A destruição da razão, que, segundo o filósofo, come- çou a ser escrita durante a Segunda Guerra Mundial e concluída em 1952. 4 Marx, Karl. O Capital. Crítica da economia política. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996, p. 17. 5 Lukács, György. Marx e o problema da decadência ideológica. In: Anuário Lukács 2015. Miguel Vedda, Gilmaisa Costa e Norma Alcântara (Orgs.) São Paulo: Instituto Lukács, 2015, p. 100. 8 Como a Alemanha se tornou o centro da ideologia reacionária? a subsidiar um processo de constituição de disciplinas independen- | G tes em que seus objetos são definidos a partir de um processo de e o fragmentação e segmentação, no qual determinações como as so- r g ciais são separadas das econômicas, políticas e culturais, e cada uma L u delas é abordada por uma disciplina específica.6 Enquanto a filosofia ká c assume a função de “guarda-fronteira” que atua vigiando para que s cada disciplina independente não penetre no campo específico de uma das outras disciplinas.7 O processo de decadência ideológica do pensamento burguês oscila entre o irracionalismo e o agnosticismo. O primeiro, sendo uma tendência que “absolutiza” os “limites do conhecimento inte- lectual” e os converte em uma resposta “suprarracional”, ou seja, que vai além da razão e se sustenta principalmente na intuição. Enquanto o segundo toma como ponto de partida a “equiparação entre entendimento e conhecimento”, ao reconhecer os próprios limites do entendimento como as fronteiras máximas a que o co- nhecimento pode chegar, gerando, através de modelos de pesquisa e dos critérios gnosiológicos, um conhecimento fenomênico do real, capaz de manipular variáveis da realidade fenomênica.8 Estas determinações, já presentes em A destruição da razão, ga- nham pleno desenvolvimento na obra de maturidade tardia, em parti- cular, em Para a ontologia do ser social, na qual as ligações e relações entre o irracionalismo e o agnosticismo são plenamente desenvolvidas atra- vés do tratamento da relação entre existencialismo e neopositivismo. Esta função social que a ciência e a filosofia passam a de- sempenhar na etapa decadente do pensamento burguês contrasta profundamente com sua etapa progressista, ou primeiro período, como o chama em Existencialismo ou marxismo?, visto que a ciência e a filosofia tinham uma tarefa substancialmente distinta: elaborar uma concepção de mundo burguesa, codificando “[...] os princípios últimos e a concepção geral do mundo, próprios a este vasto movi- mento progressivo e libertador, que tão profundamente reformou a sociedade.”9 Mas, sobretudo, Lukács realça o papel do cientista e do filósofo neste processo, sendo capaz de tomar distância e inde- pendência diante das táticas conjunturais da burguesia e, com isso, desenvolver a crítica desde “de dentro” e como parte da burguesia. 6 As referências lukacsianas ao surgimento da sociologia são bem conhecidas. Sobre isto, ver: Lukács, Georg. A destruição da razão. São Paulo: Instituto Lukács, 2020, p. 506-508. 7 Lukács, Georg. Existencialismo ou marxismo? São Paulo: Senzala, 1967, p. 34. 8 Lukács, Georg. 2020, p. 86. 9 Lukács, Georg. 1967, p. 31. 9

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