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Cinema documentário brasileiro em perspectiva PDF

338 Pages·6.385 MB·Portuguese
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C I N Antônio da Silva Câmara E Rodrigo Oliveira Lessa M (Organizadores) A RODRIGO OLIVEIRA LESSA é graduado no curso de Cinema Documentário Brasileiro em Perspectiva é o resultado Este livro é resultado de um trabalho coletivo D Licenciatura em Ciências Sociais UFBA, com de intensas pesquisas acerca da sociologia da arte e, mais envolvendo pesquisadores que buscam compreender, O Bacharelado em Sociologia, é mestre e atualmente especificamente, da sociologia do cinema. O livro apresenta C sob a ótica da Sociologia da Arte, as origens, doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em estudos teóricos aprofundados sobre categorias elementares U sentidos e importância do cinema documentário M Ciências Sociais na mesma universidade. Mantém- da estética sociológica, delimitando o campo de apreciação e para a compreensão da contemporaneidade. se atuando em pesquisa junto ao NUCLEAR leitura imagética dos objetos fílmicos. Os capítulos revelam um E Organizado em duas partes, fixa na primeira N (Núcleo de Estudos Ambientais e Rurais) desde movimento que conduz os elementos universais da sociologia noções básicas que permitem compreender T 2005, e integra o grupo Representações sociais: arte, da arte aos aspectos mais particulares de uma estética Á teórica e historicamente este tipo de cinema. ciência e ideologia, onde realiza pesquisa na área documental, cujo sentido evoca o princípio de representação R Inicialmente, retoma as discussões que aproximam da Sociologia da Arte com ênfase em imagens, fílmica enquanto uma categoria sociológica fundamental. I e diferenciam Sociologia da Arte e Estética, atendo- O cinema, cinema documentário, movimentos Desse modo, a realização imagética apresenta-se como uma se à análise dos dois grandes próceres da filosofia B sociais e conflitos sociais no campo. leitura criativa da realidade à luz do conteúdo objetivo e da moderna (Kant e Hegel), caminhando depois para R asserção subjetiva sobre um material potencialmente vasto. compreender a relação subjetividade/objetividade A ANTÔNIO DA SILVA CÂMARA é professor Associado IV do O documentário é a expressão objetivada da vida cotidiana. S na arte e as questões da representação e da I montagem no cinema documentário. Na segunda Departamento de Sociologia da Universidade Federal O mundo é desvelado artisticamente face as tensões e L E parte, os autores debruçaram-se sobre o cinema da Bahia (UFBA), onde atua na graduação e na pós- contradições que se manifestam nos mais variados círculos de CINEMA I graduação em Ciências Sociais realizando pesquisas sociabilidades. Nesse sentido, Cinema Documentário Brasileiro R documentário brasileiro, situando-o historicamente na área de Sociologia da Arte, Sociologia da Cultura em Perspectiva também analisa um arcabouço de produções O DOCUMENTÁRIO e exercitando a análise de documentários e movimentos sociais no campo. É co-fundador do fílmicas cujas representações revelam traços significativos da E emblemáticos da cinematografia nacional, com M NUCLEAR (Núcleo de Estudos Ambientais e Rurais) realidade brasileira. Com efeito, o documentário brasileiro é destaque para grandes temáticas, tais como: lutas e coordena o grupo de pesquisa Representações analisado conforme a sua capacidade de reverberar expressões P BRASILEIRO sociais, exclusão, migração, memória, corpo e sociais: arte, ciência e ideologia, onde se debruça materiais do cotidiano assentado em técnicas cinematográficas E cultura. Essas temáticas surgiram dos próprios R principalmente sobre as representações sociais de exposição perpectivada, no qual fragmentos sensíveis EM PERSPECTIVA documentários investigados e são produto da S no cinema ficcional e no cinema documentário. do mundo são problematizados pela forma-câmera. P dedicação dos pesquisadores em compreenderem de modo particular as representações sociais que Tem orientando com prioridade estudantes que E C emergem de filmes documentários. Por fim, cabe se dedicam a compreender temáticas vinculadas T dizer que este livro é um balanço dessa investigação à Sociologia da Arte e da Cultura, e na docência I V coletiva, mas aponta para caminhos específicos dedica-se às teorias sociológicas clássicas, A dos pesquisadores que continuam a pesquisar e epistemologia, sociologia da arte e marxismo.  aprofundar temáticas que aqui aparecem esboçadas. cinemadocumentario_CAPA_FINAL.indd 1 26/09/2013 09:14:39 CINEMA DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO EM PERSPECTIVA cinema_documentario_brasileiro_em_perspectiva_MIOLO.indb 1 23/09/2013 10:11:53 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Reitora Dora Leal Rosa Vice-reitor Luís Rogério Bastos Leal EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Diretora Flávia Goulart Mota Garcia Rosa CONSELHO EDITORIAL Alberto Brum Novaes Angelo Szaniecki Perret Serpa Caiuby Alves da Costa Charbel Ninõ El-Hani Cleise Furtado Mendes Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti Evelina de Carvalho Sá Hoisel José Teixeira Cavalcante Filho Maria Vidal de Negreiros Camargo cinema_documentario_brasileiro_em_perspectiva_MIOLO.indb 2 23/09/2013 10:11:55 Antônio da Silva Câmara Rodrigo Oliveira Lessa (Organizadores) CINEMA DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO EM PERSPECTIVA Salvador Edufba 2013 cinema_documentario_brasileiro_em_perspectiva_MIOLO.indb 3 23/09/2013 10:11:55 © 2013, autores Direitos para esta edição cedidos à EDUFBA. Feito o depósito legal. Grafia atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009. Normalização Mariclei dos Santos Horta Revisão Eduardo Ross Projeto gráfico, capa e editoração Gabriel Cayres Sistema de Bibliotecas - UFBA Cinema documentário brasileiro em perspectiva / Antônio da Silva Câmara, Rodrigo Oliveira Lessa (Organizadores) ; prefácio, Jorge Nóvoa, Soleni Biscouto Fressato. - Salvador : EDUFBA, 2013. 333 p. ISBN - 978-85-232-1098-4 1. Documentário (Cinema) - Brasil. I. Câmara, Antônio da Silva. II. Lessa, Rodrigo Oliveira. III. Nóvoa, Jorge. IV. Fressato, Soleni Biscouto, 1969- CDD - 791.430981 editora filiada a EDUFBA Rua Barão de Jeremoabo, s/n Campus de Ondina 40.170-115 - Salvador - Bahia - Brasil Telefax: 0055 (71) 3283-6160/6164 [email protected] www.edufba.ufba.br cinema_documentario_brasileiro_em_perspectiva_MIOLO.indb 4 23/09/2013 10:11:57 Sumário Prefácio 7 Jorge Nóvoa Soleni Biscouto Fressato PARTE I – ELEMENTOS PARA UMA ESTÉTICA DIALÉTICA DO CINEMA DOCUMENTÁRIO Da estética à sociologia da arte 15 Antônio da Silva Câmara Bruno Andrade de Sampaio Neto Rodrigo Oliveira Lessa A subjetividade/objetividade na arte 43 Antônio da Silva Câmara Bruno Evangelista da Silva As representações da vida cotidiana no cinema documentário 55 Rodrigo Oliveira Lessa A função da montagem na representação fílmica 87 Bruno Evangelista da Silva PARTE II – CINEMA DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO Panorama do cinema documentário brasileiro 107 Danielle Freire de Souza Santos Glauber Rocha e a estética do cinema documentário brasileiro 123 Humberto Alves Silva Junior A poética como instrumento de crítica: o país de São Saruê 153 Rodrigo Oliveira Lessa Cabra marcado para morrer: a história mediada pelo cinema 177 Sérgio Elísio Peixoto cinema_documentario_brasileiro_em_perspectiva_MIOLO.indb 5 23/09/2013 10:11:57 Imagens da exclusão social 199 Antônio da Silva Câmara Bruno Evangelista da Silva Luta, exploração e morte: Migrantes, Chico Mendes e Expedito 221 Pérola Virgínia de Clemente Mathias Lucas Silva Moreira À margem do corpo: interdição, loucura e morte 243 Rosa dos Ventos Lopes Heimer Lucas Silva Moreira Zumbi somos nós e a Frente 3 de Fevereiro 257 Leandro Lacerda Teixeira Girlane de Souza Nunes Antônio da Silva Câmara Movimentos sociais e ocupação de espaço público: análise do filme Ocupação da Conder 265 Bruno Vilas Boas Bispo O cotidiano em tempo de luta: Terra para Rose 277 Rodrigo Oliveira Lessa O rap no documentário: Fala tu 303 Valfrido Moraes Neto Ana Argentina Castro Sales O fim e o princípio: memórias no sertão 319 Anderson de Jesus Costa Glauber Barreto Luna Sobre os autores 329 cinema_documentario_brasileiro_em_perspectiva_MIOLO.indb 6 23/09/2013 10:11:57 prefácio Cinema: do deslumbramento ao conhecimento Jorge Nóvoa Soleni Biscouto Fressato Deslumbrado com tantas e tão maravilhosas invenções, o povo de Macondo não sabia por onde começar a se espan- tar. [...] Indignaram-se com as imagens vivas que o próspero comerciante Sr. Bruno Crespi projetava no teatro de bilhete- rias que imitavam bocas de leão, porque um personagem morto e enterrado num filme, e por cuja desgraça haviam derramado lágrimas de tristeza, reapareceu vivo e trans- formado em árabe no filme seguinte. O público que pagava dois centavos para partilhar das vicissitudes dos persona- gens, não pôde suportar aquele logro inaudito e quebrou as poltronas. O alcaide, por insistência do Sr. Bruno Crespi, explicou num decreto que o cinema era uma máquina de ilusão que não merecia os arroubos passionais do público. [...] Era como se Deus tivesse resolvido pôr à prova toda a capacidade de assombro e mantivesse os habitantes de Ma- condo num permanente vaivém do alvoroço ao desencan- to, da dúvida à revelação, ao extremo de já ninguém poder saber com certeza onde estavam os limites da realidade. Era uma intrincada maçaroca de verdades e miragens. (GARCÍA MÁRQUEZ, 1977, p. 216-7) Macondo é a cidade imaginária1 criada por Gabriel García Márquez em Cem anos de solidão, obra fabulosa que lhe rendeu o prêmio Nobel de o 1  Na verdade Macondo, apesar de ter sido criada por García Márquez, possui muitos elementos da reali- áci dade: pode ser uma alusão à Aracataca e/ou à Barranquilla, cidades do litoral colombiano; passou por Pref um falso progresso impulsionado pela instalação de uma companhia bananeira norte-americana que acabou por destruir a cidade com suas práticas capitalistas; passou pelo processo de modernização 7 desenvolvimentista, tão comum às cidades latino-americanas em meados dos anos 1950. cinema_documentario_brasileiro_em_perspectiva_MIOLO.indb 7 23/09/2013 10:11:57 Literatura em 1982. O deslumbramento e o susto vivido pelo povo de Ma- condo ao ver as primeiras imagens em movimento não é singular, foram várias pessoas em diferentes épocas, de acordo com o ritmo da chegada do cinematógrafo, que ficaram impressionadas com essas imagens que mais pareciam a realidade em si, do que uma representação dela. Foi o que aconteceu no final de 1895, no Grand Café, quando os ir- mãos Lumière mostraram seu invento. Para um público pagante de 33 pessoas, atraído não pela possibilidade de visualizar a realidade, mas pela imagem dela, é que foram exibidos três filmes: Saída dos operários das Usinas Lumière (La Sortie des ouvriers de l’usine Lumière), Chegada de um trem à estação (L´arrivée d´un train à la Ciotat) – ambos reproduzin- do cenas do cotidiano, e O regador regado, um jardineiro que se molha com a mangueira (L’arroseur arrosé), primeira película de ficção cômi- ca. Conta a lenda que a “chegada do trem” assustou a plateia: ingenua- mente, como em Macondo, acreditou-se que o trem atravessaria a tela, invadiria a sala e atropelaria os espectadores. Curiosamente, o público não percebeu que as imagens não tinham cor, nem som, nem relevo. O impacto e a imposição das imagens em movimento impressionavam e surpreendiam, colocava a própria realidade diante do olhar. O sonho de capturar a vida em movimento e de recriar o mundo à sua imagem não foi específico do homem de fins do século XIX. As sombras chinesas e a lanterna mágica já revelavam a necessidade de representar a vida como ela realmente é. Não estática, mas com todo o seu movimento e dinamismo. Mas, foi somente em fins do século XIX, após as pesqui- sas e experiências de Isaac Newton (ainda no século XVII) e, com mais o sat precisão, de Louis e Auguste Lumière, que o mundo pôde experenciar o s e o Fr fascínio das imagens em movimento: estava criado o cinematógrafo, in- ut co venção mecânica que permitia a obtenção de fotografias animadas. s Bi ni Os primeiros filmes, registros curiosos de imagens em movimento, e ol S eram expressão da técnica, que apenas registravam o que ocorreu, não e a o v passavam por ilhas de edição ou por montagens, eram apenas sequên- ó N ge cias emendadas umas nas outras para serem, em seguida, projetadas. or J Nessa perspectiva, ainda em 1898, o polonês Boleslas Matuszewski, 8 câmera da equipe dos Irmãos Lumière, já defendia o registro cinemato- cinema_documentario_brasileiro_em_perspectiva_MIOLO.indb 8 23/09/2013 10:11:57

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