Proibida a reprodução total ou parcial em qualquer mídia sem a autorização escrita da Editora. Os infratores estão sujeitos às penas da lei. A Editora não é responsável pelo conteúdo deste livro. O Autor conhece os fatos narrados, pelos quais é responsável, assim como se responsabiliza pelos juízos emitidos. Consulte nosso catálogo completo e últimos lançamentos em www.editoracontexto.com.br. Copyright © 2018 do Autor Todos os direitos desta edição reservados à Editora Contexto (Editora Pinsky Ltda.) Montagem de capa e diagramação Gustavo S. Vilas Boas Preparação de textos Lilian Aquino Revisão Bruno Rodrigues Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Pilati, Ronaldo Ciência e pseudociência : por que acreditamos naquilo em que queremos acreditar / Ronaldo Pilati. – São Paulo : Contexto, 2018. 160 p. Bibliografia ISBN 978-85-520-0056-3 1. Ciência – Filosofia 2. Teoria do conhecimento 3. Psicologia social I. Título 18-0435 CDD 501 Andreia de Almeida CRB-8/7889 Índices para catálogo sistemático: 1. Ciências 2. Filosofia e ciência 2018 EDITORA CONTEXTO Diretor editorial: Jaime Pinsky Rua Dr. José Elias, 520 – Alto da Lapa 05083-030 – São Paulo – SP PABX: (11) 3832 5838 [email protected] www.editoracontexto.com.br À Gabriela, que, quando me nasceu pai, me fez compreender como é imperativo apreender a essência da ciência. À minha amada Juliana, que me ajudou, ao longo das décadas, a andar devagar e reconhecer que muito pouco sei! Sumário A MÁQUINA DE CRENÇAS E A CIÊNCIA Tendência em acreditar naquilo que queremos acreditar Apreender a ciência Além do banco escolar O QUE CARACTERIZA O CONHECIMENTO CIENTÍFICO Ciência e tecnologia Ciência ou ciências? Nada é perfeito: o lado obscuro da ciência A PSICOLOGIA HUMANA E O CONHECIMENTO CIENTÍFICO Self e os vieses cognitivos Os Escaninhos Mentais PARECE MAS NÃO É: A SEDUÇÃO DA PSEUDOCIÊNCIA Pseudociência, protociência e ciência picareta: o que são e em que diferem? Pseudociência e suas características fundamentais Pseudociência dentro da universidade CIÊNCIA E RELIGIÃO O caráter infalível da religião e sua consequência Quais os motivos para se fazer ciência? CIÊNCIA: INCERTEZA, PECADO E REDENÇÃO AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NOTAS O AUTOR A máquina de crenças e a ciência Um homem sábio faz com que sua crença seja proporcional à evidência David Hume Diariamente somos bombardeados por informações científicas. Do entretenimento ao autoconhecimento, passando por questões ligadas a alimentação, suplementos alimentares e medicamentos para manter a saúde e curar doenças. Você já deve até mesmo ter assistido a documentários na televisão que tratam de assuntos intrigantes, como óvnis, o pé-grande ou alienígenas que viveram no passado. Esses programas trazem pessoas que se apresentam como cientistas interessados em desvendar esse tipo de mistério. Em geral, as evidências que esses pesquisadores mostram para provar suas teses são relatos de testemunhas de pretensos discos voadores, vídeos borrados de uma figura humanoide com mais de dois metros de altura e esculturas milenares enormes que não poderiam ter sido movimentadas com a tecnologia ancestral. Você já parou para pensar se, de fato, tais evidências podem ser consideradas científicas? Imagine outra situação, também corriqueira. Você vai a uma livraria e encontra nas principais prateleiras, com muito destaque, um livro que chama a atenção. Bem evidente na capa está o nome do autor associado a um título acadêmico, como PhD ou doutor. O título do livro é bem sugestivo: Teoria do autoconhecimento inconsciente. Logo nas primeiras páginas o autor discorre sobre sua larga experiência profissional como psicoterapeuta e sobre uma teoria científica inovadora que desenvolveu durante décadas de trabalho. O autor afirma conseguir explicar o que nenhuma outra teoria científica desenvolvida até então nas áreas de psicologia, psiquiatria e neurociências havia conseguido: desvendar o mistério da relação entre consciência e inconsciência. Apresentando sua teoria, o autor descreve vários conceitos científicos novos, tais como a “autoinspeção intuitiva da memória inconsciente” e a “transmutabilidade da energia psíquica consciente-inconsciente”. Ele diz que compreender a teoria trará ao leitor grande autoconhecimento sobre a relação do consciente e inconsciente, o que permitirá ter clareza sobre os principais mistérios de sua psicologia e do que motiva o seu comportamento. Você julgaria que a informação desse livro é científica? Se a considerar científica, isso aumentaria a chance de você comprar o livro? Há outros assuntos relevantes para nossa vida que também são apresentados como científicos. As pessoas que nos vendem produtos e serviços, muitas vezes, apresentam argumentos que envolvem concepções científicas. Quem nunca recebeu uma ligação de um serviço de telemarketing dizendo sobre a capacidade preventiva do ômega 3? Tal capacidade foi descoberta por pesquisadores de uma conceituada universidade, é o que, em geral, nos dizem seus vendedores. Tendo esse tipo de argumento como pano de fundo, o vendedor fala das propriedades do ômega 3 para a redução dos radicais livres e antioxidantes, responsáveis pelo envelhecimento precoce e pelo surgimento de inúmeras doenças. O fato de o vendedor informar que há conhecimento científico sobre ômega 3 é relevante para sua decisão de comprar as cápsulas? Se para você não é, julga que seria para outras pessoas? O argumento de que se trata de conhecimento científico também é utilizado para abordar outros temas. Tomo como exemplo a “teoria da Terra plana”,1 que virou uma febre de discussões na internet, em redes sociais e vídeos. Alguns argumentos utilizados pelos defensores da alegada “teoria” asseveram que existem muitos cientistas que investigam a possibilidade de que a Terra seja plana. Seus defensores afirmam que o verdadeiro motivo que leva a maioria a argumentar que a Terra é uma esfera é o interesse escuso de corporações que lucram com isso. É interessante notar como as justificativas para defesa de uma tese como essa, da Terra plana, são colocadas com um emaranhado de negações e interpretações equivocadas de informações científicas. E tudo somado com alegações de que os cientistas começam a se interessar pelo assunto. Isso posto, pergunto: para você, esses argumentos aumentam a credibilidade das alegações de que a Terra é plana? Você julga que isso funcionaria para outras pessoas?
Description: