Na luta íntima do impetuoso Reyes, no fatalismo de Ranulfo González, este Ulisses campeiro, nas visões e superstições dos irmãos Correa, na honradez do Sargento Maciel, no mudo desespero de Martiniano Ríos, na coragem reconquistada de Diego Alonso, no desejo de Pedro Arzábal que a natureza mata como a fêmea dos mantídeos ao macho, no destino incontornável do duelista Paredes e na atmosfera pagã que comanda o assalto ao padeiro Orsi, o estupendo narrador que é o uruguaio Mario Arregui lega à literatura os traços essenciais do homem do Sul e renova os dramas universais com a riqueza peculiar da ordem regional. Cavalos do amanhecer reúne alguns de seus melhores contos, entre os quais "Lua de outubro", transformado em filme em 1997, com direção de Henrique de Freitas Lima.
Mario Arregui nasceu em Trinidad (Uruguai), em 1917, descendente de imigrantes bascos e lombardos. Passou a infância no campo e em 1935 foi estudar em Montevidéu. Eram os anos da ditadura Gabriel Terra. Na Europa, estalava a guerra civil espanhola. Em 1937-8, engajado no movimento de ajuda à República Espanhola, começou a exercer militância política (que nos anos setenta o levaria a prisão, como a milhares de outros uruguaios) e a escrever. Nessa época, esteve no Paraguai e, mais tarde, no Brasil, Chile, Peru e também na Europa. Em Cuba, foi membro da comissão julgadora do concurso anual de literatura da Casa das Américas. Seus contos já foram traduzidos para diversos idiomas, entre eles o russo, o tcheco, o italiano e o português. Faleceu em Montevidéu, em 1985. Obras: Noche de San Juan y otros cuentos, 1956; Hombres y caballos, 1960; La sed y el agua, 1964; Líber Palco, 1964; Três libros de cuentos, 1969; El narrador, 1972; La escoba de Ia bruja, 1979 e Ramos generales, 1985.