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Categorias Italianas - Estudos de poética e literatura PDF

239 Pages·2014·7.055 MB·Portuguese
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© 2014 Giorgio Agamben Direção editorial: Paulo Roberto da Silva Capa: Leonardo Gomes da Silva Editoração: Carla da Silva Flor Revisão: Heloísa Hübbe de Miranda Ficha Catalográfica (Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina) A259c Agamben, Giorgio Categorias italianas : estudos de poética e literatura / Giorgio Agamben ; tradução Carlos Eduardo Schmidt Capela, Vinícius Nicastro Honesko ; tra­ dução das passagens e citações em latim Fernando Coelho. - Florianópolis : Editora da UFSC, 2014. 245 p. Inclui índice. 1. Literatura italiana. 2. Poesia italiana. 3. Giorgio Agamben. I. Título. CDU: 850 ISBN 978.85.328.0706-9 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, arquivada ou transmitida por qualquer meio ou forma sem prévia permissão por escrito da Kditora da UFSC. Impresso no Brasil Sumário Nota dos tradutores....................................................................7 Advertência à presente edição...................................................9 Prefácio......................................................................................13 1. Comédia....................................................................................15 0 problema...........................................................................15 Culpa trágica e culpa cômica................................................25 Pessoa e natureza..................................................................30 Pessoa e comédia..................................................................37 2. CORN: da anatomia à poética.................................................45 História................................................................................45 Alegoria................................................................................50 Tropologia............................................................................53 Anagogia..............................................................................57 Seu sensus mysticus..............................................................61 Epílogo.................................................................................65 3. O sonho da língua....................................................................69 4. Pascoli e o pensamento da voz................................................89 5. O ditado da poesia...................................................................103 6. Desapropriada maneira...................... 115 7. O “logos erchomenos” de Andréa Zanzotto.........................131 8. Heráldica e política................................................................139 9. O torso órfico da poesia.........................................................149 10. Paródia....................................................................................159 11. A festa do tesouro escondido.................................................171 12. O fim do poema......................................................................179 Apêndice..................................................................................187 Um enigma da Basca...........................................................187 A caça da língua.................................................................193 Interjeição em cesura..........................................................196 A cidade e a poesia..............................................................199 Os justos não se nutrem de luz............................................200 Ronda dos con-versos..........................................................203 A anti-elegia de Patrizia Cavalli..........................................206 A despedida da tragédia......................................................209 Nota aos textos....................................................................213 Posfácio - Língua nova, língua minguante..........................215 índice de nomes.....................................................................237 Conforme a “Nota aos textos” com que Giorgio Agamben encerra as Categorias italianas (na p. 213 desta tradução), os ensaios reunidos na primeira edição da coletânea foram, salvo o então inédito “Corn”, publicados entre o final da década de 1970 e meados da década de 1990. A estes, a segunda edição do livro, aqui traduzida, incorporou originais escritos ou editados pela primeira vez nas décadas de 1990 e 2000. A essa dispersão temporal soma-se a diversidade de modelos e propósitos a que respondem os textos: parte deles são de caráter rigorosamente ensaístico (como “Comédia” ou “Corn”, por exemplo), outros apareceram a princípio como prefácios (caso de “Desapropriada maneira” ou “Heráldica e política”), e outros, ainda, foram preparados para serem apresentados oralmente, em congressos ou encontros acadêmicos (“A festa do tesouro escondido” ou “O ‘logos erchomenos’ de Andréa Zanzotto”). É natural, portanto, e isso na medida em que Giorgio Agamben não se preocupou com a uniformização dos textos, que estes não sigam um padrão ou uma formatação fixa. Que o leitor não se espante, e tampouco se incomode, com esta dispersão de formas e modalidades, de estilos e maneiras. A presente tradução, de todo modo, procurou ser o mais fiel possível aos textos tais como apareceram na segunda edição de Categorias italianas (o recurso a itálicos, negritos, caixas- altas, aspas, hífens e outros sinais gráficos, por vezes em desacordo com as normas estabelecidas, obedecem assim às opções do autor). As notas de nossa responsabilidade acrescentadas aos ensaios estão todas assinaladas com a sigla (N.T.), “Nota dos tradutores”. Por fim, queremos deixar manifesto nosso sincero agradecimento a Fernando Coelho, que prontamente se dispôs a traduzir as diversas passagens em latim transcritas nos originais. C.E.S.C. - V.N.H. s a n a ali s it a ri o g e at C 0 0 vavertencif a a\ presente edição O livro, cuja primeira edição saiu pela Marsílio, em 1996, e aqui republicado, é, pelo número e importância dos textos acrescentados, substancialmente novo. Os oito textos mais recentes, todavia, de tal modo se deixam inscrever sem esforços no projeto originário, cristalizado no título Categorias italianas, que, em acordo com o editor, o autor decidiu deixá-lo inalterado. Será o leitor que deverá verificar se as duplas dialeto/língua, no ensaio sobre Zanzotto, hino/elegia, no estudo sobre o Torso órfico da poesia, ou, ainda, as bifurcações da paródia, no ensaio homônimo, são pertinentes à atitude categorial em cujo cruzamento o livro se propunha colher as estruturas de suporte da cultura literária italiana. Inédita é, ao contrário, em relação ao projeto inicial, a preocupação - advertida hoje também pela crítica mais jovem - de redesenhar os mapas deturpados da poesia do Novecentos. Os estudos aqui reunidos são obra de um filósofo a quem não são estranhos interesses filológicos em sentido técnico. A situação do saber e da sua organização no nosso tempo é tal, no entanto, que esse simples fato parece demandar a necessidade de algumas justificações. Enquanto parecería ao menos cortês supor que, na nossa sociedade escolarizada, todos saibam tudo, lodo especialista assume hoje, ao contrário, que os outros ignoram a sua disciplina tão ingenuamente como ele ignora as demais. E, de resto, não é possível ver todos os dias, confirmando implicitamente essa presunção, filósofos lerem textos literários sem a mínima cautela filológica, e filólogos, por sua vez, fornecendo edições de textos em relação aos quais não estão à altura de entender a espessura semântica? No mais, o preconceito especialista parece ter alguma boa razão, ainda mais em um tempo como o nosso, em que as competências profissionais parecem apagadas para a exclusiva vantagem do estatuto midiático do seu detentor, e em que “um banqueiro canta, um advogado torna-se informante da polícia, um ator governa... um cozinheiro disserta sobre os tempos de cozimento como momentos essenciais da história universal”.1 Na verdade, a relação entre filosofia e filologia (como aquela entre sentido e som na linguagem) é um tanto mais complexa quanto s a essas considerações deixam ver. Os filósofos e os filólogos sobre os n a ali quais se comentou pecam não tanto por excessiva especialidade s it quanto por cegueira em relação à própria disciplina: maus filólogos, a ri o porque não amam suficientemente a palavra para exaurir-lhe o g e at significado; filósofos péssimos, que amam tão pouco a verdade ao C ponto de deixar a outros o cuidado da sua demora na língua. Uma o vez que o princípio segundo o qual não há filosofia sem filologia por certo responde à mais genuína intenção platônica (Fedro, 89d), também é verdade que uma filologia puramente glossolálica (isto é, que não tivesse cuidado com o sentido dos textos com que se ocupa) é simplesmente impossível. Não só, como é óbvio, som e sentido jamais são separáveis, mas eles nem mesmo podem coincidir perfeitamente em algum enunciado linguístico. O jogo - o agio2 - entre eles constitui o momento poético da linguagem, que 0 filólogo e o filósofo devem, cada um a seu modo, custodiar. A 1 Aqui, assim como em alguns dos ensaios reunidos em Categorias italianas, Giorgio Agamben não fornece a fonte de algumas das passagens citadas, opção essa que foi por nós respeitada (N.T.). 2 Agio, em italiano, pode significar tanto uma vantagem auferida quanto o bem- estar, o conforto advindo de uma situação específica. Prefiriu-se manter o termo original, em itálico, na medida em que esse nomeia um conceito-chave do pensamento de Giorgio Agamben (N.T.). advertência nietzschiana, segundo a qual é preciso sentir o que os outros chamam forma “como o conteúdo, como a própria coisa”, vale para ambos - com a condição de que ela seja tida também em sentido inverso. Janeiro de 2010. D retacio Entre 1974 e 1976 regularmente me encontrava, em Paris, com ítalo Calvino e Cláudio Rugafiori para definir o programa de uma revista que, nas nossas intenções, deveria ter sido publicada pela editora Einaudi. O projeto era ambicioso e nas conversas seguiam-se, às vezes sem contraponto, os motivos dominantes e os ecos abafados dos trabalhos de cada um. No entanto, a respeito de uma coisa estávamos todos de acordo: uma seção da revista devia ser dedicada à definição do que, entre nós, chamávamos “categorias italianas”. Tratava-se de identificar, por meio de uma série de conceitos polarmente conjugados, nada menos do que as estruturas categoriais da cultura italiana. Cláudio havia de imediato sugerido arquitetura/vagueza (isto é, o domínio da ordem matemático-arquitetônico adjacente à percepção da beleza como coisa vaga); ítalo já sistematizava obsessivamente imagens e temas sobre as coordenadas velocidade/leveza; eu (então trabalhando no estudo sobre o título da Comédia, que abre esta coletânea) propunha explorar as oposições tragédia/comédia, direito/criatura, biografia/ fábula. Por razões que não é aqui o lugar de esclarecer, o projeto não se realizou. No mais, retornando à Itália, lançamo-nos todos, mesmo que de modo diverso, na reviravolta política que se preparava e que teria impressa sua forma obscura nos anos oitenta [1980]: não era tempo, evidentemente, de definições programáticas, mas de resistência e êxodo. Do projeto comum, além de um amplo conjunto de esboços que permaneceram entre as cartas de ítalo, é possível ^çncontrar alguns ecos nas suas Lições americanas,3 Da minha parte, tentei fixar-lhe a fisionomia, antes que em definitivo se apagasse, no “programa para uma revista”, publicado in limine em Infância e história.4 (Quem tiver vontade poderá encontrar nessas páginas o elenco provisório das categorias restituídas ao seu contexto problemático). A seu modo, os oito estudos aqui reunidos (o primeiro da mesma época do projeto, o último terminado em 1995) permaneceram fiéis àquele programa. No decorrer do tempo outras categorias agregaram-se às primitivas, desenvolvendo-as em direção à relação entre a literatura italiana e a sua língua: língua materna/ língua gramatical, língua viva/língua morta (esta última inventada em âmbito humanístico), estilo/maneira. Cada um dos ensaios s na procura assim definir uma dupla categorial aproximando-as em um a ali caso exemplar: as razões do título da Comédia dantesca e a obstinada s it intenção anti-trágica da cultura italiana (ainda ativa no caso de todo a ri o especial de Elsa Morante); a língua da poesia como língua morta em g e at Polifilo e em Pascoli; a relação entre poesia e biografia (poetado e C vivido) em Delfini; a dialética do estilo e maneira em Caproni; e, por fim (orientando a oposição arquitetura/vagueza para uma filosofia - ou uma crítica - da métrica ainda não existente), o significado da arquitetura métrica em Dante e Arnaut Daniel e o fim do poema como estrutura poética em todos os sentidos fundamental. O programa inicial de uma grade sistemática das categorias portadoras da cultura italiana permaneceu, não obstante, em aberto, e o livro não oferece nada mais do que um torso da ideia que nos cabe agora entrever. Ele é dedicado, portanto, mais do que à memória do grupo, à lembrança daquele de nós que não está mais presente para dar-lhe vida e testemunho. 3 Há uma edição brasileira publicada com o título: Seis propostas para o próximo milênio. Tradução de Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1990 (N.T.). 4 Na edição brasileira: Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: UFMG, 2005. p. 159-170 (N.T.).

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