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Carta a uma Nação Cristã PDF

76 Pages·0.528 MB·Portuguese
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DADOS DE ODINRIGHT Sobre a obra: A presente obra é disponibilizada pela equipe eLivros e seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudíavel a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo. Sobre nós: O eLivros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a educação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site: eLivros. Como posso contribuir? 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Mas você não precisa (como posso atestar pessoalmente) se encaixar no perfil desse “você” para desfrutar este maravilhoso livrinho. Cada palavra sai zunindo como uma elegante flecha, desferida de uma corda tensionada ao máximo, e voa veloz, traçando um gracioso arco e atingindo o alvo bem no centro, para grande satisfação do leitor. Se você faz parte do alvo, desafio-o a ler este livro. Será um teste saudável para a sua fé. Se você conseguir sobreviver à barragem da argumentação de Sam Harris, poderá enfrentar o mundo inteiro com equanimidade. Mas perdoe- me se duvido: Harris nunca erra o alvo, nem em uma única frase, e é por isso que este livro tão breve tem um poder devastador tão desproporcional. Se você já compartilha das dúvidas de Harris, e minhas, acerca da fé religiosa e não faz parte desse alvo, este livro lhe dará armas poderosas para argumentar contra o outro lado. Ou talvez você seja cristão, mas não faça parte do alvo. Este livro reconhece que existem cristãos que adotam, segundo eles próprios creem, uma visão mais nuançada: “I...] os cristãos liberais e moderados nem sempre vão reconhecer a si mesmos nesse ‘cristão’ a quem me dirijo. Mas com certeza reconhecerão muitos de seus vizinhos — e mais de 150 milhões de americanos”. E este é o ponto principal. Foi a ameaça desses 150 milhões que motivou este livro. Se as crenças religiosas que você adota são tão vagas e nebulosas que até as flechadas mais certeiras ricocheteiam sem ser notadas, Harris não está escrevendo diretamente para você. Mesmo assim, você deveria se preocupar com essa situação de emergência que tanto preocupa a ele — e também a mim. Enquanto eu, como educador científico, fico desalentado ao constatar que 50% da população americana acredita que o mundo tem 6 mil anos de idade (o equivalente a acreditar que a distancia entre Nova York e San Francisco é menor que um campo de críquete), Sam Harris se preocupa com outras crenças desses mesmos 50%: Portanto, não é exagero dizer que, se Londres, Sydney ou Nova York de repente virassem uma grande bola de fogo, uma porcentagem significativa da população americana veria um lado auspicioso na nuvem em forma de cogumelo que se seguiria. Para essas pessoas, seria o sinal de que a melhor coisa que jamais vai acontecer no mundo está prestes a acontecer: a volta de Jesus Cristo. Deveria ser óbvio e evidente que crenças desse tipo pouco ajudam a humanidade a criar para si mesma um futuro duradouro seja na esfera social, econômica, ambiental ou geopolítica. Imagine as consequências se algum componente significativo do governo americano realmente acreditasse que o mundo está prestes a acabar, e que o fim do mundo será glorioso. O fato de que quase a metade da população americana acredita nisso, puramente com base em um dogma religioso, deve ser considerado uma emergência moral e intelectual. A nação cristã para quem o livro foi originalmente escrito é, naturalmente, os Estados Unidos. Mas seria descaso e loucura se descartássemos a questão como se fosse apenas um problema americano. Os Estados Unidos ao menos são protegidos por uma esclarecida separação, colocada por Jefferson, entre Igreja e Estado. Já na Grã-Bretanha a religião faz parte, historicamente, do nosso establishment oficial; neste momento a liderança política do nosso país, a mais piedosa desde Gladstone, está decidida a apoiar as “escolas religiosas” E não são apenas as escolas cristãs tradicionais, note-se, pois nosso governo, açulado por um herdeiro ao trono que deseja ser conhecido como “Defensor da Fé” tem simpatia ativa pelas outras “comunidades de fé” que vão balindo “nós também”, ansiosas para obter uma doutrinação religiosa para seus filhos subsidiada pelo Estado. Seria possível conceber uma fórmula educacional mais capaz de gerar dissensão e discórdia? E, o mais importante, a única superpotência mundial da atualidade está perto de ser dominada por eleitores que acreditam que o universo inteiro começou depois da domesticação do cão. Acreditam também que serão pessoalmente "arrebatados" para as alturas celestiais ainda durante seu tempo de vida, fato que será seguido por um Armagedom muito bem-vindo como arauto do Segundo Advento de Cristo. Mesmo aqui do outro lado do Atlântico, a expressão de Sam Harris, “emergência moral e intelectual”, já começa a parecer até moderada. Comecei dizendo que Sam Harris não é amigo de divagações sem rumo. Um dos seus argumentos é que nenhum de nós pode se dar a esse luxo. Carta a uma nação cristã vai perturbar você. Seja para incentivá-lo a uma ação defensiva ou ofensiva, este livro com certeza vai exercer uma mudança em você, de alguma maneira. Leia, nem que seja a última coisa que vá fazer na vida. E com a esperança de que não seja a última. Nota ao leitor Desde a publicação do meu primeiro livro, The end of faith: Religion, terror, and the future of reason [O fim da fé: religião, terror e o futuro da razão], milhares de pessoas já me escreveram para dizer que estou errado em não acreditar em Deus. As mensagens mais hostis vêm de cristãos. É uma ironia, pois os cristãos em geral imaginam que nenhuma religião transmite tão bem como a sua as virtudes do amor e do perdão. A verdade é que muitos que afirmam ter sido transformados pelo amor de Cristo são intolerantes à crítica — de uma intolerância profunda, até assassina. Podemos atribuir isso à natureza humana, mas é claro que tal ódio recebe considerável apoio da Bíblia. E como eu sei disso? Entre os meus correspondentes, os mais mentalmente perturbados sempre citam capítulos e versículos bíblicos. Embora se destine a pessoas de todas as religiões, este livro foi escrito sob a forma de uma carta aos cristãos dos Estados Unidos. Nele, respondo a muitos dos argumentos que os cristãos conservadores apresentam em defesa de suas crenças religiosas. Assim, o "cristão" a quem me dirijo ao longo do texto é um cristão em um sentido limitado da palavra. Uma pessoa assim acredita, pelo menos, que a Bíblia é a palavra de Deus, escrita por inspiração divina, e que apenas os que acreditam na divindade de Jesus Cristo terão a salvação depois da morte. Dezenas de pesquisas de opinião, realizadas de maneira científica, sugerem que mais da metade da população americana acredita nesses postulados.{1} É claro que essas crenças metafísicas não se limitam a nenhuma nacionalidade e a nenhuma denominação especial do cristianismo. Os cristãos conservadores de todos os países e de todas as seitas — católicos, protestantes de linhas majoritárias, evangélicos, batistas, pentecostais, testemunhas de jeová e assim por diante — estão todos igualmente implicados na minha argumentação. Embora nenhum outro país desenvolvido se iguale aos Estados Unidos em termos de religiosidade, hoje todos os países precisam conviver com as consequências de tudo em que meus compatriotas americanos acreditam. Como é bem sabido, atualmente as crenças dos cristãos conservadores exercem uma influência extraordinária sobre o discurso público neste país — em nossos tribunais, nossas escolas e em todas as esferas do governo. Se o propósito mais amplo do meu trabalho é dar munição aos secularistas de todas as sociedades contra seus opositores, cada vez mais fervorosos, em Carta a uma nação cristã me propus especificamente a demolir as pretensões intelectuais e morais do cristianismo em suas formas mais ardorosas. Assim, os cristãos liberais e moderados nem sempre vão reconhecer a si mesmos nesse “cristão” a quem me dirijo. Mas com certeza reconhecerão muitos de seus vizinhos — e mais de 150 milhões de americanos. Não tenho dúvida de que muitos cristãos que vivem fora dos Estados Unidos se sentirão tão perturbados como eu por essas bizarras convicções da direita cristã. É minha esperança, porém, que eles também comecem a perceber que o respeito que concedem às crenças religiosas em geral acaba por dar abrigo a extremistas de todas as religiões. Embora a maioria dos crentes não arremesse aviões contra edifícios, nem organize sua vida com base nas profecias apocalípticas, poucos questionam a legitimidade de criar e educar um filho de forma que ele acredite que é cristão, muçulmano ou judeu. Assim, até as religiões mais progressistas dão seu apoio tático para as divisões religiosas do nosso mundo. Contudo, em Carta a uma nação cristã me dirijo à cristandade em seu aspecto mais desagregador, destrutivo e retrógrado. Nesse aspecto, tanto liberais e moderados como não-crentes podem reconhecer uma causa em comum. Segundo uma pesquisa recente da Gallup, apenas 12% dos americanos acreditam que a vida na Terra evoluiu através de um processo natural, sem a interferência de uma divindade. Para 31%, a evolução foi “guiada por Deus”.{2} Se a nossa visão do mundo fosse submetida a um plebiscito, os conceitos de “design inteligente” derrotariam a ciência da biologia por quase três votos a um. E isso é perturbador, pois a natureza não apresenta nenhuma prova convincente da existência de um "designer inteligente" e apresenta incontáveis exemplos de “design não-inteligente”. Mas a atual polêmica sobre o chamado “design inteligente” não deve nos impedir de perceber as verdadeiras dimensões da confusão e ignorância dos americanos religiosos no alvorecer do século XXI. A mesma pesquisa da Gallup revelou que 53% dos americanos são, na verdade, criacionistas. Isso significa que, apesar de um século inteiro de descobertas científicas que atestam como é antiga a vida na Terra, e mais antigo ainda o nosso planeta, mais da metade da população americana acredita que o cosmos inteiro foi criado há 6 mil anos. Diga-se de passagem que mil anos antes disso os sumérios já tinham inventado a cola. Os que têm o poder de eleger presidentes, deputados e senadores — e muitos dos que são eleitos — acreditam que os dinossauros sobreviveram aos pares na arca de Noé, que a luz de galáxias distantes foi criada a caminho da Terra e que os primeiros membros da nossa espécie foram modelados a partir do barro e do hálito divino, em um jardim com uma cobra falante, pela mão de um Deus invisível. Entre os países desenvolvidos, os Estados Unidos estão sozinhos ao adotar essas convicções. De fato, tenho a dolorosa consciência de que meu país hoje parece, como em nenhum outro momento da sua história, um gigante belicoso, desengonçado e mentalmente obtuso. Qualquer pessoa que se preocupe com o destino da civilização faria bem em reconhecer que a combinação de um grande poder com uma grande estupidez é simplesmente aterrorizaste, até para os amigos. A verdade, porém, é que muitos de meus compatriotas talvez não se preocupem com o destino da civilização. Nada menos que 44% da população americana está convencida de que Jesus vai voltar para julgar os vivos e os mortos, em algum momento dos próximos cinquenta anos. E, segundo a interpretação mais comum da profecia bíblica, Jesus só vai voltar depois que as coisas derem errado — terrivelmente errado — aqui na Terra. Portanto, não é exagero dizer que se Londres, Sydney ou Nova York de repente virassem uma grande bola de fogo, uma porcentagem significativa da população americana veria um lado auspicioso na nuvem em forma de cogumelo que se seguiria. Para essas pessoas, seria o sinal de que a melhor coisa que jamais vai acontecer no mundo está prestes a acontecer: a volta de Jesus Cristo. Deveria ser óbvio e evidente que crenças desse tipo pouco ajudam a humanidade a criar para si mesma um futuro duradouro — seja na esfera social, econômica, ambiental ou geopolítica. Imagine as consequências se algum componente significativo do governo americano realmente acreditasse que o mundo está prestes a acabar e que o fim do mundo será glorioso. O fato de que quase a metade da população americana acredita nisso, puramente com base em um dogma religioso, deve ser considerado uma emergência moral e intelectual. O livro que você agora vai ler é minha resposta a essa situação de emergência. Meu sincero desejo é que para você ele seja útil. Sam Harris 1º de novembro de 2006 Nova York

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