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caracterização da cadeia produtiva da pesca artesanal do camarão em farol de são thomé PDF

18 Pages·2015·0.94 MB·Portuguese
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CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DA PESCA ARTESANAL DO CAMARÃO EM FAROL DE SÃO THOMÉ/ RJ Leandro Gomes Barcelos1; Viviane da Silva Gomes2; Cristiano Peixoto Maciel 3 1 Instituto Federal Fluminense Campus Campos-Centro - Estudante do Curso de Pós-Graduação lato sensu em Educação Ambiental 2 Instituto Federal Fluminense Campus Campos-Centro - Estudante do Curso de Pós-Graduação lato sensu em Educação Ambiental 3 Instituto Federal Fluminense Campus Campos-Centro – Prof. M.Sc. em Engenharia Ambiental (orientador) RESUMO O presente trabalho teve como objetivo caracterizar os diferentes segmentos da cadeia produtiva do camarão e as principais características socioeconômicas dos pescadores em Farol de São Tomé no município de Campos dos Goytacazes/RJ, além de sugerir atividades de sensibilização da comunidade envolvida. O camarão é um importante recurso pesqueiro, fonte de renda e alimentação para muitas famílias que vivem na comunidade, tornando relevante essa pesquisa. Foram realizadas visitas de campo à localidade de Farol, no segundo semestre de 2013 e primeiro semestre de 2014, para observação e delimitação da área, registro de imagens, onde foram aplicados 30 questionários aos atores principais. A pesquisa demonstrou que os pescadores dominam conhecimentos empíricos sobre a pesca e a cadeia produtiva do camarão. Muitos pescadores precisam complementar a renda da pesca com outras atividades, em sua maioria os filhos dos pescadores não desejam dar continuidade a profissão do pai. Para os pescadores a pesca do camarão fica proibida num período onde os indivíduos estão adultos. Espera-se que através desta proposta, seja viável reunir dados para aplicação de políticas públicas de valorização da atividade pesqueira no Farol de São Thomé, promover melhorias sociais e ainda atividades de educação ambiental na comunidade em questão. Palavras - chave: Pescadores de camarão, cadeia produtiva, educação ambiental. ABSTRACT This study aimed to characterize the different segments of the production chain of shrimp and key socio-economic characteristics of fishermen in Farol de São Tomé in the municipality of Campos dos Goytacazes / RJ, and suggest community outreach activities involved. Shrimp is an important fishing resource, income and food source for many families living in the community, relevant this research. Field visits were carried out at Farol location in the second half of 2013 and first half of 2014, to observation and delimitation of the area, the image recordings, which were applied 30 questionnaires to the main actors. Research has shown that fishermen dominate empirical knowledge about fishing and shrimp production chain. Many fishermen need to supplement the income from fishing with other activities, mostly the children of fishermen do not wish to continue his father's profession. For shrimp fishermen is forbidden in period where individuals are adults. It is hoped that through this proposal is feasible to gather data for implementation of public policies for valuing fishing activity in Farol de São Thomé, promote social improvement and even environmental education activities in that community . Keywords: Shrimpers, Production chain, Environmental education. 0 1. INRODUÇÃO A praia de Farol de São Thomé é a única no município de Campos dos Goytacazes/RJ, possui 16 quilômetros de extensão de orla e muitos de seus moradores praticam a pesca artesanal nas águas oceânicas e águas interiores (SALES, 2011). Para a maioria dos pescadores o conhecimento é passado de pai para filho ou pelas pessoas mais experientes de suas comunidades. Os pescadores dominam o ambiente onde trabalham, como: o mar, as marés, os manguezais, os rios, lagoas e os animais que nestes ecossistemas coexistem. Até a década de 60 a pesca artesanal utilizava embarcações pequenas (de até 5 metros de comprimento), entre as décadas de 70 e 80, estas embarcações foram substituídas por embarcações maiores (entre 6 a 9 metros), e dessa época em diante, as embarcações eram lançadas ao mar através de tratores e retiradas para a praia pelos mesmos (SALES, 2011). Com a pesca sendo motorizada, os barcos utilizavam duas portas de compensado com chapas de ferro na parte inferior das mesmas, para abrir a rede no fundo do mar e com uma corda em cada ponteira das portas que vinham até a embarcação, depois que arrastavam, puxava-se a rede e traziam diversas espécies de camarão e fauna acompanhante (pequenos peixes, crustáceos, moluscos e outros invertebrados) (SALES, 2011). A Lei nº 11.959 (BRASIL, 2009), classifica a pesca artesanal como pesca comercial quando praticada diretamente por pescador profissional, de forma autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de produção próprios ou mediante contrato de parceria, desembarcado, podendo utilizar embarcações de pequeno porte. No entanto, pode-se acrescentar a valorização da pesca artesanal que, de acordo com Pasquotto e Miguel (2004), tem a alimentação e a renda como os principais objetivos, mas principalmente pela característica típica e subjetiva de ter o trabalho fortemente condicionado por dinâmicas e fatores ambientais. O Ministério da Pesca e Aquicultura do Brasil (MPA) desenvolveu o Registro Geral da Pesca (RGP) em que o pescador artesanal profissional homem ou mulher tem acesso aos programas sociais do governo federal, tais como microcrédito e o seguro desemprego que é pago no período de defeso (MPA, 2013). Além da espécie de interesse da pesca, no caso o camarão, arrasta-se a fauna acompanhante previsível, que são espécies passíveis de comercialização por coexistirem na mesma área de ocorrência, cuja captura não pode ser evitada. Costa e Di Beneditto (2009) em estudos sobre a captura acidental de invertebrados bentônicos durante a pesca de camarão em Farol de São Tomé no município de Campos dos Goytacazes sugerem o aproveitamento destes como fonte de renda secundária para os pescadores. Diante desta realidade, tornou-se necessário a caracterização da cadeia produtiva do camarão na praia de Farol de São Thomé, seja para aperfeiçoar a produção pesqueira ou mesmo promover e ou subsidiar ações de educação ambiental. No primeiro momento deste trabalho foram apresentadas algumas considerações teóricas sobre a pesca artesanal, enfatizando a pesca, a fauna acompanhante. Na segunda parte, teve como destaque a cadeia produtiva da pesca e por fim a importância da Educação Ambiental como proposta para mitigar os problemas socioambientais. 1.1 A Pesca Artesanal Na praia de Farol de São Thomé, no município de Campos dos Goytacazes/RJ, ocorre um tipo de pesca artesanal que é praticada diretamente por pescador profissional, de forma 1 autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de produção próprios ou mediante contrato de parceria, desembarcado, podendo utilizar embarcações de pequeno porte como prevê o art. 8º da lei nº 11.959, de 29 de Junho de 2009 (BRASIL, 2009). Esse tipo de pesca é exclusivo da região norte fluminense, ocorrendo em águas da zona econômica exclusiva prevista no art. 2º, inciso XVII da Lei da Pesca (BRASIL,2009). O que se espera é que o pescador não explore inadequadamente os estoques, e não ultrapasse a capacidade de resiliência ou recuperação populacional das espécies que garante a continuidade da obtenção desse recurso. O camarão-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri) é uma das principais espécies-alvo das capturas no Estado do Rio de Janeiro, apresentando relevância econômica e social, sustentando um expressivo segmento do setor pesqueiro no litoral sudeste-sul brasileiro. Paralelamente, para Lopes (1996) sua produção tem flutuado bastante no decorrer dos anos, instabilizando o setor da sociedade que se apoia na sua exploração. Tais variações são oriundas de um conjunto de condições climáticas, ambientais e do mar em períodos sazonais, já que em determinadas configurações como ventos fortes ou entrada de frentes frias, presença de cnidários e desprendimento de algas macrófitas inviabilizam a pesca por dias ou até semanas. Refletindo ao longo de uma linha temporal queda na produção. Realizada através de rede de arrasto-de-fundo, a pesca dirigida a camarões caracteriza- se por um produto de captura extremamente heterogêneo, em decorrência da baixa seletividade do aparelho empregado (LOPES, 1996). Hoje as embarcações que dirigem seu esforço de pesca à espécie na região variam de 8 a 12 metros de comprimento, sendo uma exceção permitida pelo órgão fiscalizador, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) para pesca de arrasto do camarão sete-barbas e fauna acompanhante devido às condições do mar e a maneira que os barcos entram e retornam sendo empurrados e puxados por tratores para a areia da praia (SALES, 2011). Sendo considerada uma forma inusitada e particular de entrada e saída do mar. Como o arrasto de fundo é pouco seletivo, o número de espécies que são pescadas junto ao camarão é considerável, por isso é tão importante lembrar a fauna acompanhante. 1.1.1 A Fauna acompanhante De acordo com Lopes (1996) a fauna acompanhante é caracterizada por “todo indivíduo ou conjunto de indivíduos, de qualquer tamanho ou espécie, capturado(s) junto(s) com a espécie-alvo de uma pescaria, sem que isso implique obrigatoriamente em qualquer relação biológica entre eles”. Incluindo uma alta diversidade e grande quantidade de pescado comparando à espécie alvo, por acontecer com regularidade caracteriza a pesca com rede de arrasto. A fauna acompanhante pode ser subdividida em duas porções: a) a que é desembarcada, composta por indivíduos de espécies de valor comercial e em tamanhos comercializáveis; b) a que é rejeitada, constituída por indivíduos de espécies sem valor econômico ou por exemplares pequenos, mesmo que de espécies valiosas (Lopes, 1996). São exemplos de fauna acompanhante espécies de pequenos peixes, crustáceos (siri, caranguejo e outras espécies de camarão); moluscos e outros invertebrados (cnidários, ofiúros, estrelas, holotúrias, anêmonas, poliquetas, entre outros). Considerando a representatividade dessa fauna acompanhante, e a inclusão de parte dela na comercialização do pescado, ressalta-se a economia envolvida em toda a atividade pesqueira. 2 1.2 Cadeia produtiva A cadeia produtiva é composta por todas as atividades econômicas que se relacionam à montante e à jusante, no fornecimento de bens e serviços a um determinado mercado. Ou seja, são empresas articuladas verticalmente no fornecimento e aquisição de bens e serviços, de vários segmentos industriais, que possibilitam a produção e comercialização de um determinado produto. Na cadeia produtiva de pescado têm-se três segmentos importantes relacionados: a captura; o beneficiamento e a comercialização de pescado. A partir dos quais se pode obter o número de empresas e empregos diretos vinculados à atividade. Sendo a confecção de redes, construção e manutenção dos barcos, combustível, gelo e a puxada “trator” as atividades que iniciam a cadeia. A região Norte Fluminense caracteriza-se principalmente pela alta concentração da pesca artesanal e do setor atacadista de pescado. Essa combinação de atividades indica que o número de intermediários no processo de distribuição e comercialização seja elevado, bem como uma infraestrutura pesqueira deficiente, com prejuízos aos pescadores artesanais no processo de negociação do pescado, que recebem preços baixos pelo produto de suas capturas (SOARES, et al, 2009). Portanto, há necessidade da sensibilização dos envolvidos, a fim de impulsionar essa economia trazendo melhorias para toda a comunidade pesqueira, principalmente no que diz respeito ao meio ambiente e a manutenção dos recursos naturais. 1.3 Educação Ambiental As estratégias de enfrentamento da problemática ambiental, para surtirem o efeito desejável na construção de sociedades sustentáveis, envolvem uma articulação coordenada entre todos os tipos de intervenção ambiental direta, incluindo neste contexto as ações em educação ambiental. Dessa forma, assim como as medidas política, jurídicas, técnico- científicas, institucionais e econômicas voltadas à proteção, recuperação e melhoria socioambientaldespontam também as atividades no âmbito educativo (ProNEA, 2005). O art. 205 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) também cita a colaboração da sociedade na promoção e incentivo a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O art. 13 da lei 9.795 (BRASIL, 1999) relaciona a educação ambiental não-formal às ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Analisando com um viés em educação ambiental, a relação do homem com a natureza dentro de uma comunidade pesqueira, poderá ser estreitada. Ao passo que a Educação Ambiental pode vir a ser uma ferramenta de mitigação dos conflitos gerados na relação homem/natureza, assim como de melhoria da qualidade de vida dos pescadores de camarão e seus familiares. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar os diferentes segmentos da cadeia produtiva do camarão e as características socioeconômicas dos pescadores em Farol de São Thomé no município de Campos dos Goytacazes/RJ, além de sugerir atividades de sensibilização da comunidade envolvida. 3 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 2.1 Área de Estudo O presente trabalho ocorreu com a comunidade pesqueira de Farol de São Thomé no município de Campos dos Goytacazes, localizado na região norte do estado do Rio de Janeiro, cujas coordenadas são 22° 3' 9" S 41°4' 13" W, conforme o Código Postal. A área de estudo dista aproximadamente 50 km da cidade de Campos dos Goytacazes (Figura 1). De acordo com o site da Marinha do Brasil, no cabo de São Thomé/RJ há uma predominância dos ventos N-NE (Norte-Nordeste) e correntes marítimas de NE (Nordeste) ao longo do ano com intensidade nos meses de agosto a outubro. A praia do Farol de São Thomé recebeu esse nome devido a instalação de um monumento de 45 m de altura inaugurado em 1882, projetado pelo engenheiro francês Gustave Eiffel, e serve como ponto de referência para os navegantes proporcionando segurança. Tornou-se ainda mais importante com o aumento do tráfego de embarcações de apoio as plataformas de petróleo na região. A sua importância tende a aumentar com a entrada em operação do Porto do Açu. Um terminal pesqueiro foi construído com objetivo de implementar a pesca no Farol de São Thomé, mas suas obras foram paralisadas e ficaram pela metade, dificultando a atividade pesqueira, já que os barcos são lançados e retirados ao mar, para essa manobra, são utilizados tratores que puxam os barcos em direção à areia contra a arrebentação. A praia possui uma APA (Área de Proteção Ambiental), APA Lagamar que possui águas salobras devido à mistura de água doce com água salgada. Na zona estuarina encontra- se o mangue de Carapeba localizado na praia do Farol de São Thomé-RJ que se encontra em consultoria pública para ser inserido como UC (Unidade de Conservação). Na praia ainda, pode-se observar o último remanescente de mata de restinga do litoral norte do estado do Rio de Janeiro, a restinga do Xexé, que a partir de março de 2012 tornou-se também uma unidade de conservação: Parque Estadual da Lagoa do Açú (PELAG) localizado nos municípios de Campos dos Goytacazes e São João da Barra. Figura 1: Mapa de localização da praia de Farol de São Thomé Fonte: Google Maps 4 2.2 Métodos e Técnicas A pesquisa foi realizada por meio de levantamento bibliográfico que foi utilizado como base teórica na obtenção de informações sobre o tema estudado seguida de saídas de campo para observação e registro de imagens, com o objetivo de identificar variáveis em relação ao objetivo da pesquisa, assim como explicar esses objetivos para a comunidade. A partir dessa fase, definiu-se pela aplicação de questionário estruturado, com questões referentes à cadeia produtiva do camarão e aos aspectos socioeconômicos da população de pescadores, aos atores principais com o objetivo de verificar o conhecimento dos pescadores sobre a pesca do camarão e sua cadeia produtiva (ANEXO 1). Na aplicação de questionários foi utilizada a técnica snowball como procedimento metodológico, onde o entrevistado indicou um ator social da comunidade, este indicou um outro, até que foi alcançado o “ponto de saturação”, como sugere Baldin e Munhoz (2011). A técnica snowboll possibilitou aplicar 30 questionários com os pescadores mais representativos, no universo de 316 pescadores de camarão cadastrados na Colônia de Pescadores Z-19 (número fornecido pelo vice-presidente da Colônia de Pescadores Z-19, em entrevista). Os questionários foram aplicados no segundo semestre de 2013, cada questionário durou cerca de 30 a 45 minutos e, na maioria das vezes, foi efetuado no porto. Antes de sua realização, era informado ao entrevistado que sua identidade seria preservada a fim de proporcionar credibilidade e ética à pesquisa. Após a observação das informações, estas foram tabuladas com o auxílio do programa Microsoft Office Excel. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Análise das Entrevistas A pesquisa apontou que os pescadores do camarão da praia do Farol de São Thomé dominam conhecimentos empíricos, passados de geração em geração sobre o mar, a pesca camaroeira e a cadeia produtiva do camarão. As entrevistas foram realizadas com 30 pescadores, todos do sexo masculino, demonstrando que na atividade pesqueira predomina o sexo masculino na localidade em questão, o que pode ser justificado pelo relato de um dos pescadores entrevistados de 50 anos “as mulheres trabalham como marisqueiras, descascando o camarão”. No gráfico 1, pode-se observar que a faixa etária dos pescadores é de 21 a 80 anos, no qual 40% tem de 41 a 50 anos, e 33% tem de 31 a 40 anos, demonstrando que a maioria dos pescadores possuem meia idade. Constatando que os mais jovens não se interessam mais pela pesca, conforme relatado pelos entrevistados. Gráfico 1- Porcentagem da idade dos pescadores 5 Quanto a função na atividade pesqueira, 54% dos entrevistados trabalham como ajudantes na embarcação, 30% são donos de embarcação, 13% são mestre. (Gráfico 2). Diferente dos resultados encontrados em trabalho sobre pesca artesanal no Perequê, Guarujá (SP), onde 68% dos pescadores eram proprietários da embarcação (SOUZA, et all, 2009). A maioria dos pescadores, ou seja, 36% trabalham 8h diárias, seguido de 27% que trabalham 12 h e outros 27% que trabalham 18h (Gráfico 3), isso implica diretamente na quantidade de camarão pescada (Foto 1 e 2) semanalmente e consequentemente na renda da família. Foto 1: Camarão pescado, Autor, 2013 Foto 2: Camarão pescado, Autor, 2013 Gráfico 2 – Função na atividade pesqueira Gráfico 3- Jornada de trabalho por dia Entre os entrevistados, 70% já permaneceram de 2 a 3 dias no mar trabalhando continuamente, e apenas 7% permaneceram 1 semana no mar (Gráfico 4). Considera-se esse dado importante, já que, segundo os próprios entrevistados, eles consideram o mar da praia do Farol de São Thomé extremamente perigoso, um dos entrevistados de 45 anos relatou “o mar do Farol sempre foi e continua sendo muito bravo, com ondas enormes, principalmente 6 quando está de ressaca”. Outro entrevistado de 53 anos relatou que “as variações do clima interferem nas condições do mar, mas o mar de Farol já tem fama de ser muito violento” (Foto 3). Gráfico 4 – Maior tempo que trabalhou continuamente no mar Foto 3: Mar do Farol de São Thomé, Autor, 2013 Quando perguntados quantas vezes por semana entram no mar, 47% dos entrevistados disseram que entram no mar 3 vezes por semana, 30% relatam que entram no mar 4 vezes e 23% entram 5 vezes (Gráfico 5). Influenciando diretamente na quantidade de camarão pescada semanalmente, que varia muito, de 100kg a 700 kg, essa variação se dá pelo número de vezes que cada pescador entra no mar por semana, além do tempo que levam pescando ao dia. Verificou-se que 23% dos pescadores afirmaram pescar 600 kg/semana e 20% dos Gráfico 6 mesmos pescam 300kg/semana (Gráfico 6). G ráfico 5 – Quantas vezes por semanaa entra no mar Gráfico 6 – Quantos kilos são pescados por semana Quanto ao tempo de atuação na pesca, 37% dos entrevistados possuem de 11 a 20 anos, 33% de 21 a 30 anos, 23% de 31 a 40 anos e 7% de 0 a 10 anos (Gráfico 7). Quanto à renda gerada pela pesca, foi perguntado se é suficiente para sustentar suas famílias e observou-se que 97% dos entrevistados não conseguem sustentar sua família exclusivamente com a renda da pesca e 3% conseguem (Gráfico 8). Foi contextualizado com o relato dos entrevistados, um dos entrevistados de 47 anos confessou que “quando não estou no mar, 7 trabalho como ajudante de pedreiro”, outro entrevistado de 45 anos relatou que “tenho que complementar a minha renda trabalhando como ajudante de pedreiro, senão não dá”. Gráfico 8 – Sustenta a família com a Gráf ico 7 – Tempo que atua na pesca renda da pesca Durante a aplicação dos questionários foi perguntado aos pescadores acerca da formação escolar e percebeu-se que 63% possuem ensino fundamental, 27% possuem ensino médio e 10% são analfabetos (Gráfico 9). De acordo com Souza, et all, (2009), a maioria dos pescadores artesanais de camarão possuem ensino fundamental incompleto. A maioria das respostas foi negativa, o equivalente a 87% quando os entrevistados foram perguntados sobre a opção dos filhos em seguir a profissão dos pais (Gráfico 10). SOUZA, et all (2009), e trabalho sobre pesca artesanal no Perequê, Guarujá (SP), também encontrou uma baixa adesão dos filhos dos pescadores na pesca do camarão. O número reduzido de filhos envolvidos pode estar relacionado com melhor escolaridade e com a chegada de grandes empreendimentos para a região, trazendo melhores condições de trabalho. Gráfico 10 – Filhos querem seguir a Gráf ico 9 – F ormação escolar profissão Quando perguntados a respeito dos melhores meses para a pesca do camarão 76% dos entrevistados consideram pelo menos um dos meses destinados ao defeso como sendo os melhores meses para pesca do camarão (Gráfico 11). Os pescadores contestaram o período destinado ao defeso, segundo os quais “nos meses de março, abril e maio pescamos camarão com tamanho de adulto, como pode a pesca ficar proibida nesse período”. Lopes (1996) destaca que nos meses de março e abril o IBAMA decreta o defeso para camarão, 8 defeso esse que atua contrariamente em relação a produção de biomassa. Considerando que ao respeitar esse defeso a população de camarão não vai ser protegida, que nos meses citados os indivíduos possuem tamanho comercial e que ocorre morte natural, segundo os pescadores a pesca está sendo prejudicada com o período de defeso imposto. Gráfico 11 – Melhores meses para a pesca do camarão Os entrevistados foram questionados sobre a representatividade do mar para eles e observou-se que 77% vê o sustento como representação do mar, 7% fonte de vida, 4% dependência, 3% mãe, 3% respeito, 3% risco e 3% vitória (Gráfico 12). Como foi dito anteriormente o mar do Farol de São Thomé é conhecido pela sua agitação, justificando a resposta dos 70% de pescadores que já presenciaram acidentes com ondas, quando lhes foram perguntados qual tipo de acidente eles presenciaram (Gráfico 13) Principalmente, pela forma única com que os barcos pesqueiros entram e saem do mar. É preciso que tratores os empurrem e puxem para que consigam executar a pesca camaroeira (Foto 4 e 5). Gráfico 12 – O que o mar representa Gráfico 13 – Acidentes presenciados 9

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Palavras - chave: Pescadores de camarão, cadeia produtiva, educação Com a pesca sendo motorizada, os barcos utilizavam duas portas de
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