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Capítulo 1 Literatura e Humanidade PDF

234 Pages·2008·0.83 MB·Spanish
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ÍNDICE Resumo................................................................................................................ 1 Abstract............................................................................................................... 2 Agradecimentos.................................................................................................. 3 Apresentação.................................................................................................... 5 Capítulo 1 – Literatura e Humanidade.......................................................... 10 1.1. Palavras e problemas................................................................................... 11 1.2. Definições e fronteiras de humanidade....................................................... 14 1.3. Humanismo e Humanidades....................................................................... 38 1.4. A humanidade da literatura......................................................................... 61 Capítulo 2 – A Humanidade de um Admirável Mundo Novo...................... 77 2.1. Mundos novos, ciência e arte...................................................................... 78 2.2. O progresso da ciência e o futuro da sociedade humana............................ 91 2.3. “A liberdade de ser uma cunha redonda num buraco quadrado”................ 109 Capítulo 3 – A Condição Humana neste Mundo........................................... 133 3.1. Xangai em 1927: História, histórias e ideias............................................... 134 3.2. Razões para viver e para morrer.................................................................. 160 3.3. As vozes da humanidade............................................................................. 184 Conclusão: Histórias Falsas e Verdades Humanas....................................... 195 Referências bibliográficas............................................................................... 220 Resumo Esta dissertação equaciona as relações entre a literatura e a noção de humanidade. Descreve-se o universo de questões que, historicamente, caracterizaram a aproximação das práticas literárias à problemática do humano, e discutem-se as perspectivas críticas mais recentes. Para evidenciar o modo como a representação do humano constitui um problema artístico fundamental, são comentados mais demoradamente os romances Brave New World (1932), de Aldous Huxley (1894-1963), e La Condition humaine (1933), de André Malraux (1901-1976), e ainda as narrativas breves do volume Seis falsas novelas (1927), de Ramón Gómez de la Serna (1888- 1963). Palavras-chave Literatura Humanidade Aldous Huxley, Brave New World André Malraux, La Condition humaine Ramón Gómez de la Serna, Seis falsas novelas 1 Abstract This dissertation considers the relations between literature and the notion of humanity. It presents a description of the questions which, historically, have characterized the connexion between literature and human issues, and also an analysis of contemporary critical views. In order to explain how the representation of the human is a fundamental artistic problem, some narratives are commented in detail: the novels Brave New World (1932), by Aldous Huxley (1894-1963), and La Condition humaine (1933), by André Malraux (1901-1976), and also the short novellas from the volume Seis falsas novelas (1927), by Ramón Gómez de la Serna (1888-1963). Keywords Literature Humanity Aldous Huxley, Brave New World André Malraux, La Condition humaine Ramón Gómez de la Serna, Seis falsas novelas 2 Agradecimentos A elaboração desta tese, pensada desde 2001, contou com a orientação de Maria de Lourdes A. Ferraz e, a partir de Julho de 2004, também de Miguel Tamen. A ambos os Professores quero expressar o meu muito reconhecido agradecimento pela atenção, pela disponibilidade, e pelo diálogo crítico e rigoroso com que sempre acolheram o meu trabalho. Agradeço, ainda, a compreensão e o incentivo que manifestaram nos momentos mais difíceis deste percurso. O enquadramento deste projecto no Programa em Teoria da Literatura da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa propiciou, em particular na sua fase inicial, diversas ocasiões de reflexão e de debate que me ajudaram a discernir melhor o tópico escolhido. Agradeço, por isso, aos Colegas que me acompanharam nos seminários de orientação e aos Professores dos seminários curriculares, António M. Feijó, Manuel Gusmão e Charles Platter. Durante as diferentes etapas do curso de doutoramento, pude usufruir de vários apoios institucionais, que aqui assinalo e vivamente agradeço: O Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa concedeu-me dispensa do serviço lectivo em 2003-2004 e 2005-2007, permitindo a disponibilidade de tempo e a concentração fundamentais a este tipo de estudo. O Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa apoiou a minha participação nos cursos Synapsis – European School of Comparative Literature (Università degli Studi di Bologna, Agosto de 2001) e Hermes – European Network for Cultural, Aesthetic and Literary Studies (Justus Liebig Universität, Giessen, Junho de 2004), e também a minha permanência como “visiting scholar” no Departamento de Literatura Comparada da Pennsylvania State University (Março-Abril de 2006), sendo que a experiência proporcionada nestas ocasiões foi directamente relevante para o prosseguimento da investigação. Ao Centro de Estudos Comparatistas devo ainda um apoio menos perceptível, mas não menos decisivo: encontrei sempre aí a reconfortante sensação de amparo, estímulo e reconhecimento pessoal, que muito agradeço a todos os Colegas e, especialmente, a Helena Carvalhão Buescu, coordenadora do Centro. 3 A Universidad Internacional Menéndez Pelayo atribuiu-me a bolsa que facultou a minha admissão no III Curso Superior de Filología para Jóvenes Hispanistas (Santander, Agosto de 2005), durante o qual pude expor e discutir aspectos importantes do trabalho em curso. A Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e o Conselho Directivo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa concederam o apoio financeiro que possibilitou a minha participação no congresso de 2006 da ACLA - American Comparative Literature Association, sobre The Human and Its Others, organizado na Princeton University, e também a minha permanência como “visiting scholar” na Brown University (Julho de 2002) e na Pennsylvania State University (Março-Abril de 2006). Devo sublinhar que as oportunidades de usufruir das privilegiadas condições de trabalho oferecidas por estas universidades constituíram momentos da maior importância neste percurso. A Djelal Kadir, “The Edwin Erle Sparks Professor of Comparative Literature” da Pennsylvania State University, e à sua esposa Juana Celia Djelal agradeço, muito reconhecidamente, a diligência e a atenção com que trataram do meu acolhimento em University Park, PA. O meu trabalho destes anos, sempre dominado pelos fascínios e pelas inquietações decorrentes da elaboração da tese, beneficiou do exemplo e do bom conselho de Professores e Colegas a quem quero também, reconhecidamente, agradecer. A Cristina Almeida Ribeiro, Isabel Almeida, João Dionísio e Serafina Martins agradeço a disponibilidade para repartir preocupações e os efectivos gestos de alento para as ultrapassar. A Clara Rowland agradeço, ainda, as animadas conversas que me foram persuadindo da possibilidade de continuar a partilhar o entusiasmo pela literatura. E, muito em especial, a Maria Idalina Resina Rodrigues agradeço a alegria, o saber e a generosidade com que sempre orientou a minha formação hispanista. Por fim, quero exprimir o meu muito afectuoso agradecimento aos Amigos que generosamente me ajudaram a enfrentar este desafio. Não esqueço, em particular, a presença e o cuidado de Ana Lúcia Santos, Ana Sofia Ferreira, Conceição Pereira, Elisabete Sousa, Isabel Dâmaso Santos, Mónica e Gonçalo Calheiros, e Rita Patrício. Aos meus Pais, devo o maior dos agradecimentos pela compreensão e pelo apoio incondicional em todos os momentos. 4 Apresentação Too many questions, as I am well aware, for an essay that has no excuse but its brevity. Nietzsche said that the big problems were like cold baths: you have to get out as fast as you got in. Bruno Latour. We Have Never Been Modern 5 Apresentação Esta dissertação pretende equacionar as relações entre a literatura e a noção de humanidade. No capítulo inicial, é traçado um mapa da multiplicidade de problemas suscitados pela simples menção da palavra humanidade, e termos conexos, no âmbito dos estudos literários. Sem menosprezar o risco de incorrer em imprecisões ou ambiguidades, afigurou-se-me pertinente considerar mais exaustivamente a questão, em especial porque, neste limiar do século XXI, a perspectivação do valor da literatura, e das práticas a ela associadas, articula-se em larga medida com a possibilidade de assumir um renovado olhar sobre as mútuas implicações entre a experiência literária e o entendimento da vida humana. O capítulo “Literatura e Humanidade” visa esclarecer a tripla vertente em que se desdobra este tópico. Do ponto de vista da definição do conceito de humanidade, enquanto espécie e enquanto qualidade distintiva, os problemas concentram-se em torno da noção de natureza humana, sendo que os animais e as máquinas constituem os tradicionais alvos de comparação para o estabelecimento das incertas fronteiras da espécie. O elenco tanto de características biológicas como de constantes comportamentais não permitiu, nem permite, qualquer conclusão definitiva, mas não há como negar a permanência e a relevância histórica das discussões acerca da identidade humana. Numa segunda perspectiva, podem ser apreciadas as maneiras como a questão da definição do humano se cruzou, desde a Antiguidade Clássica, com a identificação de atitudes distintivas seja no campo da educação dos indivíduos, traduzidas na valorização de determinados acervos de conhecimento e de certas modalidade de saber 6 radicados no uso da linguagem verbal, seja no domínio dos valores morais, consubstanciados na apologia de comportamentos solidários face aos outros membros da espécie. A confusão, que se tornou quase indistinção, entre estes dois aspectos emana da ambiguidade original do termo latino humanitas, ao qual se associou tanto uma acepção educativa (de que é conexa a definição das Humanidades, ou dos estudos humanísticos), como uma conotação ética (que se concretizou em propostas de moralidade dita humanista, ou humanitária). Esta indistinção terminológica e conceptual acompanhou, historicamente, a valorização crescente do ser humano face a todos os demais seres, e da dimensão humana, contingente, face a quaisquer outras ordens de existência. Quando, no final do século XIX, esta visão entrou abertamente em crise, emergiram os discursos de crítica ao humano, demasiado humano, com a consequente perspectivação positiva do inumano ou da desumanização. Nas primeiras décadas do século XX assistiu-se, assim, à explícita revisitação da ideia de humanidade na sua amálgama significativa, através de um escrutínio crítico que, em especial, procurou distinguir a vertente ética das vertentes artística e epistemológica, explorando uma estreita correlação entre estas últimas. A terceira forma de olhar o assunto aqui em causa enquadra essa implicação entre os modos de conhecimento e de representação da humanidade que, historicamente, encontraram na literatura um privilegiado campo de experimentação, e também um assinalável universo de análise e questionamento. Ao equacionar a tópico da “humanidade da literatura,” pretende-se sublinhar a importância de perspectivar no plano artístico a presença do humano na criação e na recepção literárias. A literatura revela a uma específica marca de humanidade na justa medida em que se assume como incessante tentativa de articulação entre, por um lado, o trabalho artístico sobre a linguagem verbal e, por outro, a inevitável apresentação de retratos de vida, ou imagens 7 de realidade. Esse fundamental problema de gestão da inescapável transitividade da representação literária repercute precisamente a questão do reconhecimento das imagens e das definições da humanidade. Os capítulos “A Humanidade de um Admirável Mundo Novo” e “A Condição Humana neste Mundo” tomam como ponto de partida a leitura dos romances Brave New World (1932), de Aldous Huxley (1894-1963), e La Condition humaine (1933), de André Malraux (1901-1976), respectivamente. No capítulo conclusivo, “Histórias Falsas e Verdades Humanas,” resumem-se as principais conclusões acerca da natureza artística dos problemas de conhecimento e de descrição da humanidade, procurando enfatizar esse argumento com a leitura das narrativas breves do volume Seis falsas novelas (1927), de Ramón Gómez de la Serna (1888-1963). O objectivo é mostar como um conjunto de narrativas literárias, provenientes de diferentes universos linguísticos e culturais europeus, mas cronologicamente coincidentes no âmbiente literário das décadas de 1920 e 1930, testemunham aspectos fundamentais a propósito das afinidades entre a literatura e a humanidade. Numa época em que se ensaiavam as mais radicais cisões entre a arte e a vida, estas narrativas dão conta da estreita confluência entre os dois domínios, não porque perfilhem paradigmas estéticos distintos dos do seu tempo, mas apenas porque fazem assentar a sua legibilidade numa arguta reunião dos dois planos, i.e., a experimentação discursiva e a invocação de temas da realidade contemporânea. De entre esses temas, sobressaía o questionamento em torno das definições de humano, humanidade e humanismo. Brave New World tematiza explícitamente previsíveis consequências do progresso científico e tecnológico na configuração biológica dos seres e na estruturação social da comunidade humana. La Condition humaine evoca os dilemas íntimos dos indivíduos confrontados com a definição de razões para viver, e para intervir numa 8 sociedade em profunda mudança. As narrativas de Seis falsas novelas evidenciam a diversidade de cenários geográficos e culturais em que se desenvolve a vida dos humanos, entretanto confrontados pelas flagrantes diferenças entre si, e desafiados num contacto cada vez mais próximo e intenso. Conforme aqui se demonstra, nem os romances de Huxley e de Malraux, nem as novelas de Gómez de la Serna procuravam apresentar respostas definitivas, ou sequer verdadeiramente coerentes, a essa pluralidade de questionamentos. Aliás, como repetidamente se argumenta no decurso desta dissertação, a literatura, por definição, não se confunde com a reflexão ética ou epistemológica – ou dito de outro modo, evocando o título de Gómez de la Serna, as “histórias falsas” não se confundem com as “verdades humanas.” Contudo, as histórias revelam-se humanas na proporção directa em que as verdades, ou as realidades, deixam também entrever a sua fundamental margem de falsidade. A literatura proporciona, assim, um modo privilegiado de entender os procedimentos de representação, entre o reconhecimento da realidade e o exercício das faculdades inventivas, assumindo-se como imagem singular de cruciais aspectos característicos da humanidade. 9

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Literatura. Humanidade. Aldous Huxley, Brave New World. André Malraux, La Condition humaine. Ramón Gómez de la Serna, Seis falsas novelas
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