aprender mais EENNSSIINNOO FFUUNNDDAAMMEENNTTAALL –– AANNOOSS FFIINNAAIISS Língua Portuguesa Edição 2011 3 9 5 A B W Eduardo Henrique Accioly Campos GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO Anderson Stevens Leônidas Gomes SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO Margareth Zaponi SECRETÁRIA EXECUTIVA DE GESTÃO DA REDE Paulo Dutra SECRETÁRIO EXECUTIVO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Aurélio Molina SECRETÁRIO EXECUTIVO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO Hugo Monteiro Ferreira GERENTE DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL Rosiane Salviano Feitona CHEFE DE UNIDADE Wanda Maria Braga Cardoso ELABORAÇÃO - EQUIPE TÉCNICA DE ENSINO APRESENTAÇÃO A Secretaria de Educação desenvolve ações para garantir o compromisso da oferta de uma educação pública de qualidade para todos os estudantes. A escola possui o importante papel de sistematizar o conhecimento socialmente construído para que os (as) alunos (as) construam suas aprendizagens nas diversas áreas de conhecimento. Nesse contexto, o professor é agente primordial no processo de construção do conhecimento junto aos estudantes. É o professor quem observa, mais de perto, as necessidades dos (as) alunos (as) em relação aos conteúdos ministrados em sala de aula. Em função disso, a Secretaria de Educação desenvolveu, em 2009, o PROJETO APRENDER MAIS com o objetivo de atender aos (as) estudantes da 4ª série/5º ano, 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio das escolas estaduais que apresentavam defasagem e/ou dificuldades de aprendizagens. Os resultados obtidos foram bastante positivos, de forma que em 2011, a Secretaria de Educação está reeditando este Projeto. Esta iniciativa está em consonância com a LDB – 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que estabelece como dever do Estado garantir padrões mínimos de qualidade do ensino e a obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para casos de baixo rendimento escolar, como política educacional. É imprescindível que, ao identificar as dificuldades e possibilidades dos estudantes, o professor trabalhe atividades pedagógicas desenvolvendo dinâmicas de sala de aula que possibilitem ao (a) estudante construir o seu próprio conhecimento. A problematização de situações didáticas que estimulem a compreensão, interpretação, análise e síntese das novas aprendizagens, priorizando as diferentes linguagens devem ser desenvolvidas com dinâmicas diversificadas, utilizando materiais existentes na escola – jogos pedagógicos, revistas e livros, entre outros. Apresentamos o material do APRENDER MAIS para o desenvolvimento de ações para reensino, em horários complementares, de forma concomitante aos estudos realizados no cotidiano da escola. Desta forma, conseguiremos fortalecer a educação de Pernambuco, contribuindo, por conseguinte, para o desenvolvimento do nosso Estado. Pois, quanto mais qualidade oferecermos em sala de aula, mais preparados estarão os estudantes para se desenvolverem profissionalmente e atuarem na sociedade. Contamos com todos! ANDERSON GOMES Secretário de Educação do Estado LÍNGUA PORTUGUESA | PROJETO APRENDER MAIS ORIENTAÇÕES Este caderno reúne um conjunto de atividades pedagógicas da área de conhecimento de Língua Portuguesa com o objetivo de serem aplicadas em sequências didáticas para o ensino de conteúdos curriculares em que os alunos apresentem necessidades e dificuldades em conceitos que não foram consolidados a partir de diagnóstico das necessidades dos seus alunos e alunas. O trabalho com sequências didáticas permite a elaboração de contextos de produção de uso da linguagem de forma mais próxima da realidade, por meio de atividades e exercícios múltiplos e variados com a finalidade de ajudar o aluno a consolidar melhor um determinado gênero textual, uma regra ortográfica, compreensão de leitura, noções, técnicas e instrumentos que desenvolvam suas capacidades de expressão oral e escrita em diversas situações de comunicação. Uma sequência didática é um conjunto de atividades escolares organizadas de maneira sistemática, em torno de um determinado conteúdo. Ela também serve para dar acesso aos alunos a práticas de linguagens novas ou de difícil apreensão. Por exemplo, o professor poderá organizar módulos, constituídos por várias atividades ou exercícios, utilizando, assim, instrumentos necessários para esse domínio de maneira sistemática e aprofundada. O professor poderá solicitar aos alunos uma produção final, pode por em prática os conhecimentos adquiridos nas oportunidades de reensino e aferir os progressos alcançados por alunos e alunas. Esta produção final poderá servir, também, para uma avaliação do tipo somativo, que incidirá sobre os aspectos trabalhados durante a sequência. Dessa forma, as sequências didáticas devem esclarecer quais são os elementos próprios da situação de comunicação em questão, levar o aluno a ter contato com os mais variados gêneros textuais e exercitá-los no domínio discursivo de suas particularidades. As etapas da sequência didática estão assim representadas: 1. Apresentação da proposta de trabalho com um gênero textual, sempre associada a questões de interesses do aluno; 2. Partir dos conhecimentos prévios dos alunos; 3. Estabelecer contato inicial com o gênero textual em estudo; 4. Ampliação do repertório, com leitura e análise de vários textos do gênero escolhido; 5. Propor a escrita de um texto no gênero, como forma de diagnosticar o que os alunos sabem sobre ele e o que precisa ainda ser aprendido; 6. Organização e sistematização do conhecimento: estudo detalhado dos elementos constitutivos do gênero, suas situações de produção e circulação; 7. Produção de um texto coletivo, tendo o professor como mediador, para tornar o gênero e seus elementos um conteúdo partilhado pela classe; 8. Produção individual de um texto o mais próximo possível do gênero estudado; 9. Revisão e reescrita do texto individual, respeitando elementos do gênero, coesão e coerência a correção ortográfica e gramatical. 03 LÍNGUA PORTUGUESA | PROJETO APRENDER MAIS ORIENTAÇÕES Este caderno reúne um conjunto de atividades pedagógicas da área de conhecimento de Língua Portuguesa com o objetivo de serem aplicadas em sequências didáticas para o ensino de conteúdos curriculares em que os alunos apresentem necessidades e dificuldades em conceitos que não foram consolidados a partir de diagnóstico das necessidades dos seus alunos e alunas. O trabalho com sequências didáticas permite a elaboração de contextos de produção de uso da linguagem de forma mais próxima da realidade, por meio de atividades e exercícios múltiplos e variados com a finalidade de ajudar o aluno a consolidar melhor um determinado gênero textual, uma regra ortográfica, compreensão de leitura, noções, técnicas e instrumentos que desenvolvam suas capacidades de expressão oral e escrita em diversas situações de comunicação. Uma sequência didática é um conjunto de atividades escolares organizadas de maneira sistemática, em torno de um determinado conteúdo. Ela também serve para dar acesso aos alunos a práticas de linguagens novas ou de difícil apreensão. Por exemplo, o professor poderá organizar módulos, constituídos por várias atividades ou exercícios, utilizando, assim, instrumentos necessários para esse domínio de maneira sistemática e aprofundada. O professor poderá solicitar aos alunos uma produção final, pode por em prática os conhecimentos adquiridos nas oportunidades de reensino e aferir os progressos alcançados por alunos e alunas. Esta produção final poderá servir, também, para uma avaliação do tipo somativo, que incidirá sobre os aspectos trabalhados durante a sequência. Dessa forma, as sequências didáticas devem esclarecer quais são os elementos próprios da situação de comunicação em questão, levar o aluno a ter contato com os mais variados gêneros textuais e exercitá-los no domínio discursivo de suas particularidades. As etapas da sequência didática estão assim representadas: 1. Apresentação da proposta de trabalho com um gênero textual, sempre associada a questões de interesses do aluno; 2. Partir dos conhecimentos prévios dos alunos; 3. Estabelecer contato inicial com o gênero textual em estudo; 4. Ampliação do repertório, com leitura e análise de vários textos do gênero escolhido; 5. Propor a escrita de um texto no gênero, como forma de diagnosticar o que os alunos sabem sobre ele e o que precisa ainda ser aprendido; 6. Organização e sistematização do conhecimento: estudo detalhado dos elementos constitutivos do gênero, suas situações de produção e circulação; 7. Produção de um texto coletivo, tendo o professor como mediador, para tornar o gênero e seus elementos um conteúdo partilhado pela classe; 8. Produção individual de um texto o mais próximo possível do gênero estudado; 9. Revisão e reescrita do texto individual, respeitando elementos do gênero, coesão e coerência a correção ortográfica e gramatical. 03 ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS LÍNGUA PORTUGUESA – PROJETO APRENDER MAIS Por fim, ao usar uma sequência didática, algumas questões devem ser formuladas: É dentro dessa perspectiva que se garante um espaço privilegiado para desenvolver um trabalho com os gêneros textuais, manifestações das práticas discursivas que se estabeleceram Qual o gênero será abordado? no decorrer dos anos, para cumprir determinados propósitos comunicativos, e que continuam Quais as regras ortográficas que determinados alunos não compreenderam? em mudança. Em todos os âmbitos de atuação do ser humano, desde as relações pessoais até o O que os alunos e alunas respondem sobre esse conteúdo? universo artístico, jurídico, escolar etc., há gêneros que preenchem determinadas funções Que forma assumirá a produção? Gravação? Uma peça de teatro? sociais, como: o bilhete, o poema, a lei, o e-mail, o requerimento, a fábula, a piada, a história Quem participará, todos os alunos? Em grupos? em quadrinhos, o blog, o conto, o diário, o debate, a receita, a notícia, a reportagem, a entrevista, o resumo, a biografia, o seminário, a peça de teatro, a letra de música etc. Cada Veja, por exemplo, o livro texto da BCC (Base Curricular Comum), a qual se encontra gênero tem características e especificidades próprias, modos específicos de produção, organizada a partir de eixos teórico-metodológicos da língua, devendo servir como referencial à circulação e recepção, além de implicações ideológicas particulares. avaliação do desempenho dos alunos, atualmente conduzida pelo Sistema de Avaliação Dessa forma, torna-se necessário trazer para a sala de aula as múltiplas práticas de Educacional do Estado de Pernambuco (SAEPE), que apresenta, através da Matriz de linguagem, materializadas nos gêneros textuais, através de situações de ensino e Referência, os descritores, conforme explicitado no quadro a seguir. Após a leitura, consulte as aprendizagem desafiadoras. Contudo, apenas trazer gêneros variados para dentro da sala de OTMs - Orientações Teórica Metodológicas, as quais são concebidas como referenciais aula não garante a construção e a ampliação de capacidade de leitura, escrita, oralidade e estruturadores das práticas de ensino da Língua Portuguesa. Elas estão disponíveis no site da análise da língua. Ao serem levados de outras esferas para o ambiente escolar, os gêneros são Secretaria, www.educacao.pe.gov.br . Consulte também os materiais pedagógicos e atividades tratados conforme os objetivos da escola, relativos ao ensino e aprendizagem. Por exemplo, ao do GESTAR II, disponíveis no site do MEC, www.mec.gov.br . lermos um poema fora da escola, não temos de responder a questões de leitura, o que é bastante comum quando se lê um poema em sala de aula. A escolarização não é um problema em si, pois é função da escola tratar os gêneros segundo as necessidades de ensino e aprendizagem dos alunos. No entanto, deve-se ter o cuidado de, na escolarização dos gêneros, procurar não artificializar as práticas de leitura/escuta e produção, sem perder de vista o que é necessário aprender. Nesse contexto, consideramos de suma importância levar os alunos a refletirem sobre como se constituem esses gêneros, partindo dos aspectos mais amplos, como, por exemplo, o contexto em que são produzidas as notícias, os critérios para considerar determinados fatos passíveis de serem noticiados, até aspectos mais pontuais, como o uso do tempo presente nos títulos das notícias, para dá a impressão de se tratar de acontecimentos recentes. Refletindo sobre como e por que razão um determinado gênero é produzido, o aluno estará mais habilitado a lê-lo de forma crítica e a produzi-lo de forma mais adequada, quando for solicitado. É nesse âmbito que se integram as práticas pedagógicas de compreensão (leitura/escuta), análise lingüística e produção (escrita/oral), conforme vêm apontando pesquisas sobre ensino de língua materna e documentos oficiais que orientam esse processo de ensino. Para produzir um trabalho com os gêneros textuais nos diversos eixos de ensino, acreditamos que as práticas de leitura/escuta na escola devem ultrapassar a identificação manifesta, explorando-se estratégias de levantamento e checagem de hipótese, inferências, comparações, sínteses e extrapolações, além de outras. Em relação à produção oral e escrita, é necessário pensar em orientações claras sobre as condições de produção e circulação dos gêneros: qual o objetivo para elaborar o texto, qual o gênero, quem é o interlocutor, em que suporte será veiculado etc. Diante disso, torna-se necessário promover oportunidades para as etapas de planejamento, produção, revisão e reescrita/refacção. Importa, ainda, observar a necessidade de familiaridade com o tema do texto a ser produzido, o que implica um trabalho prévio de discussão, de leitura de outros textos sobre o tema, de levantamento de idéias principais, dúvidas e eventuais polêmicas. 04 05 ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS LÍNGUA PORTUGUESA – PROJETO APRENDER MAIS Por fim, ao usar uma sequência didática, algumas questões devem ser formuladas: É dentro dessa perspectiva que se garante um espaço privilegiado para desenvolver um trabalho com os gêneros textuais, manifestações das práticas discursivas que se estabeleceram Qual o gênero será abordado? no decorrer dos anos, para cumprir determinados propósitos comunicativos, e que continuam Quais as regras ortográficas que determinados alunos não compreenderam? em mudança. Em todos os âmbitos de atuação do ser humano, desde as relações pessoais até o O que os alunos e alunas respondem sobre esse conteúdo? universo artístico, jurídico, escolar etc., há gêneros que preenchem determinadas funções Que forma assumirá a produção? Gravação? Uma peça de teatro? sociais, como: o bilhete, o poema, a lei, o e-mail, o requerimento, a fábula, a piada, a história Quem participará, todos os alunos? Em grupos? em quadrinhos, o blog, o conto, o diário, o debate, a receita, a notícia, a reportagem, a entrevista, o resumo, a biografia, o seminário, a peça de teatro, a letra de música etc. Cada Veja, por exemplo, o livro texto da BCC (Base Curricular Comum), a qual se encontra gênero tem características e especificidades próprias, modos específicos de produção, organizada a partir de eixos teórico-metodológicos da língua, devendo servir como referencial à circulação e recepção, além de implicações ideológicas particulares. avaliação do desempenho dos alunos, atualmente conduzida pelo Sistema de Avaliação Dessa forma, torna-se necessário trazer para a sala de aula as múltiplas práticas de Educacional do Estado de Pernambuco (SAEPE), que apresenta, através da Matriz de linguagem, materializadas nos gêneros textuais, através de situações de ensino e Referência, os descritores, conforme explicitado no quadro a seguir. Após a leitura, consulte as aprendizagem desafiadoras. Contudo, apenas trazer gêneros variados para dentro da sala de OTMs - Orientações Teórica Metodológicas, as quais são concebidas como referenciais aula não garante a construção e a ampliação de capacidade de leitura, escrita, oralidade e estruturadores das práticas de ensino da Língua Portuguesa. Elas estão disponíveis no site da análise da língua. Ao serem levados de outras esferas para o ambiente escolar, os gêneros são Secretaria, www.educacao.pe.gov.br . Consulte também os materiais pedagógicos e atividades tratados conforme os objetivos da escola, relativos ao ensino e aprendizagem. Por exemplo, ao do GESTAR II, disponíveis no site do MEC, www.mec.gov.br . lermos um poema fora da escola, não temos de responder a questões de leitura, o que é bastante comum quando se lê um poema em sala de aula. A escolarização não é um problema em si, pois é função da escola tratar os gêneros segundo as necessidades de ensino e aprendizagem dos alunos. No entanto, deve-se ter o cuidado de, na escolarização dos gêneros, procurar não artificializar as práticas de leitura/escuta e produção, sem perder de vista o que é necessário aprender. Nesse contexto, consideramos de suma importância levar os alunos a refletirem sobre como se constituem esses gêneros, partindo dos aspectos mais amplos, como, por exemplo, o contexto em que são produzidas as notícias, os critérios para considerar determinados fatos passíveis de serem noticiados, até aspectos mais pontuais, como o uso do tempo presente nos títulos das notícias, para dá a impressão de se tratar de acontecimentos recentes. Refletindo sobre como e por que razão um determinado gênero é produzido, o aluno estará mais habilitado a lê-lo de forma crítica e a produzi-lo de forma mais adequada, quando for solicitado. É nesse âmbito que se integram as práticas pedagógicas de compreensão (leitura/escuta), análise lingüística e produção (escrita/oral), conforme vêm apontando pesquisas sobre ensino de língua materna e documentos oficiais que orientam esse processo de ensino. Para produzir um trabalho com os gêneros textuais nos diversos eixos de ensino, acreditamos que as práticas de leitura/escuta na escola devem ultrapassar a identificação manifesta, explorando-se estratégias de levantamento e checagem de hipótese, inferências, comparações, sínteses e extrapolações, além de outras. Em relação à produção oral e escrita, é necessário pensar em orientações claras sobre as condições de produção e circulação dos gêneros: qual o objetivo para elaborar o texto, qual o gênero, quem é o interlocutor, em que suporte será veiculado etc. Diante disso, torna-se necessário promover oportunidades para as etapas de planejamento, produção, revisão e reescrita/refacção. Importa, ainda, observar a necessidade de familiaridade com o tema do texto a ser produzido, o que implica um trabalho prévio de discussão, de leitura de outros textos sobre o tema, de levantamento de idéias principais, dúvidas e eventuais polêmicas. 04 05 ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS LÍNGUA PORTUGUESA – PROJETO APRENDER MAIS As atividades de análise lingüística propostas buscam, como primazia, a produção de TRABALHANDO COM GÊNEROS sentidos e a reflexão sobre o fenômeno da linguagem. Não propomos, nessas atividades, a memorização de nomenclaturas nem a resolução de exercícios de classificação Tomamos como ponto de partida para realização desse trabalho a visão bakhtiniana morfossintática. Então, julgamos necessário oportunizar ao aluno a reflexão sobre as regras de sobre gêneros do discurso. Bakhtin postula que tudo o que comunicamos só se faz possível uso e funcionamento da língua, ajudando-o a construir definições a partir do trabalho com o através de gêneros. Um dos aspectos mais interessantes dos gêneros, que alude de forma direta texto ou a atividade. Dessa maneira, é fundamental que as suas falas sejam valorizadas e à questão do “uso” é o fato de que devemos considerar o gênero como meio social de produção sistematizadas de forma coletiva. e de recepção do discurso. Assim, a vivência das situações de comunicação e o contato com os É papel da escola propiciar o desenvolvimento de capacidades amplas de diferentes gêneros que surgem no cotidiano, exercitam a competência linguística do leitura/escuta, escrita, oralidade e análise linguística, além de uma exploração adequada da falante/ouvinte produtor de textos. Essa competência é inerente ao ser humano social que diversidade textual em sala de aula, a qual pode contribuir para que os alunos sejam cada vez interage, comunica, cria e recria. Na medida em que um indivíduo avança em grau de mais capazes de compreender e elaborar gêneros diversos, em várias situações de interação escolaridade, ele tende a tornar-se cada vez mais proficiente na operacionalização de variadas social. categorias textuais. Sendo assim, pretendemos desenvolver a competência linguístico- Supomos que algumas sequências parecerão mais atraentes para uma determinada discursiva e pragmática dos nossos alunos como cidadãos co-construtores do seu espaço na turma de alunos que outras e algumas demandarão mais trabalho que outras. De outra forma, sociedade. uma sequência que tenha sido planejada para uma etapa de escolaridade (ciclo/série) pode ser utilizada para alunos de outra fase (ciclo/série), desde que o professor faça as adaptações necessárias. Assim, a intervenção do professor com eventuais alterações e ampliações, será I – CRÔNICA sempre bem aceita, atuando nesta empreitada como co-autor nessa incessante busca do que é aprender e ensinar. A Crônica, por ser um texto curto, leve, lírico ou humorístico, e algumas vezes crítico, Na esteira dessas considerações, a aprendizagem dos alunos é o objetivo maior da aborda o dia-a-dia de nossa sociedade. Acreditamos que esse gênero pode ser experimentado proposta de trabalho de reforço escolar sugerida por esta gerência. Compreende-se, dessa pelos alunos nas aulas de língua materna, uma vez que a crônica é um dos gêneros mais forma, uma ação que deve consolidar e ampliar conhecimentos, enriquecer as experiências utilizados pelos livros didáticos, sem prescindir da sua circulação no domínio midiático, como culturais e sociais dos alunos e auxiliá-los a vencer obstáculos em sua aprendizagem, jornais e revistas. favorecendo o sucesso na escola e na vida. Como toda ação pedagógica, o reforço exige um cuidadoso planejamento, a definição Objetivos: (re) conhecer características do gênero crônica, relacionando-as às das metas, a escolha de alternativas e o envolvimento dos interessados. Este caderno aponta temáticas do cotidiano; reconhecer algumas estratégias discursivas de produção de sentido, alguns caminhos, propõe ações, e discute assuntos que consideramos importantes para que o como marcas da oralidade – uso de gíria, variantes linguísticas, repetições; paragrafação; reforço complemente com êxito o trabalho desenvolvido em sala de aula e, sobretudo, seja uma perceber a relação de sentido entre os tempos verbais; produzir crônica a partir de um fato, ação articulada ao projeto educativo, compondo o plano pedagógico da escola. destacando a particularidade sobre o cotidiano como ponto de partida para a produção. Normalmente, a crônica representa um diálogo explícito entre o produtor do texto e o leitor. Em alguns casos, ela é escrita na primeira pessoa, realçando a impressão do autor sobre um determinado assunto, definindo seu ponto de vista, o que resulta em uma maior interação com o leitor. A linguagem utilizada não tem rebuscamento, assumindo, algumas vezes, um tom informal. As tipologias textuais predominantes são a narrativa e a descritiva, no entanto outras sequências tipológicas podem surgir no texto, como a argumentativa e expositiva. Assim, a produção de crônicas pelos alunos deve ser orientada com atenção, organizando o tempo em uma familiarização mais cuidadosa com o gênero para que eles conheçam as estratégias utilizadas pelos cronistas na elaboração destes textos. É interessante sensibilizar os alunos para que percebam o que há de particular, de único, de fascinante, de engraçado nas situações corriqueiras pelas quais passamos. BAKHTIN, M. A Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 06 07 ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS LÍNGUA PORTUGUESA – PROJETO APRENDER MAIS As atividades de análise lingüística propostas buscam, como primazia, a produção de TRABALHANDO COM GÊNEROS sentidos e a reflexão sobre o fenômeno da linguagem. Não propomos, nessas atividades, a memorização de nomenclaturas nem a resolução de exercícios de classificação Tomamos como ponto de partida para realização desse trabalho a visão bakhtiniana morfossintática. Então, julgamos necessário oportunizar ao aluno a reflexão sobre as regras de sobre gêneros do discurso. Bakhtin postula que tudo o que comunicamos só se faz possível uso e funcionamento da língua, ajudando-o a construir definições a partir do trabalho com o através de gêneros. Um dos aspectos mais interessantes dos gêneros, que alude de forma direta texto ou a atividade. Dessa maneira, é fundamental que as suas falas sejam valorizadas e à questão do “uso” é o fato de que devemos considerar o gênero como meio social de produção sistematizadas de forma coletiva. e de recepção do discurso. Assim, a vivência das situações de comunicação e o contato com os É papel da escola propiciar o desenvolvimento de capacidades amplas de diferentes gêneros que surgem no cotidiano, exercitam a competência linguística do leitura/escuta, escrita, oralidade e análise linguística, além de uma exploração adequada da falante/ouvinte produtor de textos. Essa competência é inerente ao ser humano social que diversidade textual em sala de aula, a qual pode contribuir para que os alunos sejam cada vez interage, comunica, cria e recria. Na medida em que um indivíduo avança em grau de mais capazes de compreender e elaborar gêneros diversos, em várias situações de interação escolaridade, ele tende a tornar-se cada vez mais proficiente na operacionalização de variadas social. categorias textuais. Sendo assim, pretendemos desenvolver a competência linguístico- Supomos que algumas sequências parecerão mais atraentes para uma determinada discursiva e pragmática dos nossos alunos como cidadãos co-construtores do seu espaço na turma de alunos que outras e algumas demandarão mais trabalho que outras. De outra forma, sociedade. uma sequência que tenha sido planejada para uma etapa de escolaridade (ciclo/série) pode ser utilizada para alunos de outra fase (ciclo/série), desde que o professor faça as adaptações necessárias. Assim, a intervenção do professor com eventuais alterações e ampliações, será I – CRÔNICA sempre bem aceita, atuando nesta empreitada como co-autor nessa incessante busca do que é aprender e ensinar. A Crônica, por ser um texto curto, leve, lírico ou humorístico, e algumas vezes crítico, Na esteira dessas considerações, a aprendizagem dos alunos é o objetivo maior da aborda o dia-a-dia de nossa sociedade. Acreditamos que esse gênero pode ser experimentado proposta de trabalho de reforço escolar sugerida por esta gerência. Compreende-se, dessa pelos alunos nas aulas de língua materna, uma vez que a crônica é um dos gêneros mais forma, uma ação que deve consolidar e ampliar conhecimentos, enriquecer as experiências utilizados pelos livros didáticos, sem prescindir da sua circulação no domínio midiático, como culturais e sociais dos alunos e auxiliá-los a vencer obstáculos em sua aprendizagem, jornais e revistas. favorecendo o sucesso na escola e na vida. Como toda ação pedagógica, o reforço exige um cuidadoso planejamento, a definição Objetivos: (re) conhecer características do gênero crônica, relacionando-as às das metas, a escolha de alternativas e o envolvimento dos interessados. Este caderno aponta temáticas do cotidiano; reconhecer algumas estratégias discursivas de produção de sentido, alguns caminhos, propõe ações, e discute assuntos que consideramos importantes para que o como marcas da oralidade – uso de gíria, variantes linguísticas, repetições; paragrafação; reforço complemente com êxito o trabalho desenvolvido em sala de aula e, sobretudo, seja uma perceber a relação de sentido entre os tempos verbais; produzir crônica a partir de um fato, ação articulada ao projeto educativo, compondo o plano pedagógico da escola. destacando a particularidade sobre o cotidiano como ponto de partida para a produção. Normalmente, a crônica representa um diálogo explícito entre o produtor do texto e o leitor. Em alguns casos, ela é escrita na primeira pessoa, realçando a impressão do autor sobre um determinado assunto, definindo seu ponto de vista, o que resulta em uma maior interação com o leitor. A linguagem utilizada não tem rebuscamento, assumindo, algumas vezes, um tom informal. As tipologias textuais predominantes são a narrativa e a descritiva, no entanto outras sequências tipológicas podem surgir no texto, como a argumentativa e expositiva. Assim, a produção de crônicas pelos alunos deve ser orientada com atenção, organizando o tempo em uma familiarização mais cuidadosa com o gênero para que eles conheçam as estratégias utilizadas pelos cronistas na elaboração destes textos. É interessante sensibilizar os alunos para que percebam o que há de particular, de único, de fascinante, de engraçado nas situações corriqueiras pelas quais passamos. BAKHTIN, M. A Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 06 07 ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS LÍNGUA PORTUGUESA – PROJETO APRENDER MAIS CRÔNICA I | A minha São Paulo de 1985 CRÔNICA II | A Bola A lembrança mais forte é a de um cortejo passando pela esquina da Avenida Brasil com a rua onde eu morava, nos Jardins, a caminho do Aeroporto de Congonhas, saudado com lenços brancos por centenas de milhares de pessoas de rosto contraído, algumas chorando. Dava-se adeus a uma esperança, Tancredo Neves, o presidente que não chegou a ser. Ele havia sofrido sua longa agonia no Instituto do Coração, e o povo da cidade despedia-se dele com emoção. Aquela cidade vinha sendo agredida, mas o traço civilizado resistia nela bravamente. Nos muros das ruas por onde o esquife passava já havia, sim, algumas pichações, ainda com humor, como aquela frase "Rendam-se, terráqueos!", ou a outra, "Liberte o gay que existe em vossa senhoria", e a misteriosa e onipresente"Cão fila km 29", que até os órgãos de segurança andaram investigando. São Paulo, a principal meta das migrações que despovoaram os campos e incharam as cidades na era comum, havia que buscá-la no bairro da Liberdade e década anterior, criando necessidades insolúveis, em alguns enclaves de Pinheiros. Restaurantes finos tentava manter seus costumes, localizáveis nos O pai deu uma bola de presente ao filho. — Claro que é uma bola. Uma bola, bola. Uma bola abriam-se para as tendências mundiais, mas a cozinha, entremeios da elegância, do trabalho, da tradição, da Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua mesmo. Você pensou o quê? mesmo a internacional, era mais brasileira, se é que me cultura diversa, da solidariedade entre vizinhos. primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial — Nada, não. entendem. A violência ainda não impedia que de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Novidades? Inaugurado o Aeroporto de houvesse, por exemplo, carros conversíveis de sucesso, Mas era uma bola. O garoto agradeceu, disse “Legal” de novo, e Cumbica. Descobre-se que o procurado médico nazista como o Escort, e muros baixos nas residências. Não se O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a Joseph Mengele viveu nos arredores da cidade; usava o insufilm que esconde as pessoas dentro dos disse “Legal!” Ou o que os garotos dizem hoje em dia bola nova ao lado, manejando os controles de um exumam-se seus ossos. Em junho o governo cria uma lei automóveis, para dificultar assaltos, dificultando quando gostam do presente ou não querem magoar o videogame. Algo chamado Monster Ball, em que times folgazã, antecipando para a segunda-feira todo feriado também a cordialidade; dava-se adeusinho de um carro velho. Depois começou a girar a bola, à procura de de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em que caísse no meio da semana. Quanto tempo durou? para outro, não raro uma piscada tinha êxito. À noite, alguma coisa. forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que Penso no verso de Manuel Bandeira: "Tão Brasil!". podia-se ser surpreendido por uma brincadeira boba de tentavam se destruir mutuamente. O garoto era bom no Tanta coisa não havia. Fashion Week, por adolescentes: quando passavam de carro por algum — Como é que liga? – perguntou. jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava exemplo. As moças podiam usar um ridículo laçarote de ajuntamento, eles baixavam a calça e colavam o — Como, como é que liga? Não se liga. ganhando da máquina. chiffon na cabeça, moda copiada da personagem Viúva bumbum no vidro das janelas, gritando para chamar O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas Porcina, da telenovela que fazia enorme sucesso, atenção. O trânsito era ruim, mas não a ponto de O garoto procurou dentro do papel de embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, Roque Santeiro. Não havia telefone celular, jogos de infestarem a cidade com motoboys. Rodízio só havia o embrulho. como antigamente, e chamou o garoto. computador, televisão a cabo, DVD. A moeda era o das churrascarias. cruzeiro, de inflação esquizofrênica. Podia-se andar nas ruas à noite. Grande — Não tem manual de instrução? — Filho, olha. Isso não impedia que a paulicéia dançasse número de cinemas era de rua; os shopping centers, desvairada em casas noturnas com nomes esquisitos ainda poucos, eram focados nas compras, mal O pai começou a desanimar e a pensar que os O garoto disse “Legal”, mas não desviou os como Napalm, Madame Satã, Rose Bom Bom ou despertavam para o filão do entretenimento e da tempos são outros. Que os tempos são decididamente olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a Aeroanta sucessos do rock pesado estrangeiro, mas comida rápida. Muita gente ia a pé dos teatros da Bela outros. cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de também das bandas brasileiras, gritando "a gente Vista ou do centro para os restaurantes da área. couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de somos inútil" ou "nós vamos invadir sua praia". As Poucas pessoas bebiam vinho. Os jornais não — Não precisa manual de instrução. instrução fosse uma boa idéia, pensou. Mas em inglês, menininhas ingênuas dançavam marcadinho com os dedicavam a ele um espaço semanal, porque não era — O que é que ela faz? para a garotada se interessar. Menudos. E Cazuza cantava com um travo amargo: "O cult, conhecê-lo não era então uma meta de status da — Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela. tempo não pára..." classe média. Padarias não faziam o sucesso — O quê? gastronômico de hoje nem eram tratadas pelo — Controla, chuta... (VERÍSSIMO, Luis Fernando. A bola. Comédias da vida privada; (ANGELO, Ivan. In: Veja São Paulo 20 anos, edição especial para escolas. Porto Alegre: L&PM, 1996.p.96-7). diminutivo afetuoso de "padá". Comida japonesa não Edição Especial de Aniversário, 07 de setembro de 2005). — Ah, então é uma bola. 08 09
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