AUSTREGÉSILO CARRANO BUENO CANTO DOS MALDITOS Uma história verídica que inspirou o filme Bicho de sete cabeças. CANTO DOS MALDITOS Austregésilo Carrano Bueno Edição revista e alterada pelo autor fíòacr Copyright © 2004 by Austregésilo Carrano Bueno Direitos desta edição reservados à EDITORA ROCCO LTDA. Rua Rodrigo Silva, 26 - 4o andar 20011-040 — Rio de Janeiro ~ RJ Tel.: (21) 2507-2000 - Fax: (21) 2507-2244 [email protected] www.rocco.com.br Printeâ in Brazií/lmpresso no Brasil preparação de originais ANDRÉA DORÉ com a colaboração de VANIA GUIMARÃES CÍP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Carrano, Austregésilo, 1957- C299c O canto dos malditos/Austregésilo Carrano Bueno. - Ed. rev. e alte rada pelo autor. — Rio de Janeiro: Rocco, 2004. ISBN 85-325-1762-5 1. Toxicomania. 2. Drogas e juventude. 3. Toxicômanos. — Hospitais. 4. Assistência em hospitais psiquiátricos. I. Título. CDD - 362.293 01-1915 CDU - 364.272 SEQÜELAS... E... SEQÜELAS Seqüelas não acabam com o tempo. Amenizam. Quando passam em minha mente as horas de espera, sincera mente, tenho dó de mim. Nó na garganta, choro estagnado, revolta acompanhada de longo suspiro. Ainda hoje, anos depois, a espera é por demais agoniante. Horas, minutos, segundos são eternidades martirizantes. Não começam hoje, adormeceram, a muito custo... comigo. Esta espera, oh Deus! E como nunca pagar o pecado original. É ser condenado à morte várias vezes. Quem disse que só se morre uma vez? Sentidos se misturam, batidas cardíacas invadem a audição. Aspirada a respiração não é... é introchada. Os nervos já não tre mem... dão solavancos. A espera está acabando. Ouço barulho de rodinhas. A todo custo, quero entrar na parede. Esconder-me, fazer parte do cimento do quarto. Olhos na abertura da porta rodam a fechadura. Já não sei quem e o que sou. Acuado, tento fuga alu cinante. Agarrado, imobilizado... escuto parte do meu gemido. Quem disse que só se morre uma vez? Austregésilo Carrano Poema das 4 horas de espera para ser eletrocutado... (aplicação da eletroconvulsoterapia) AGRADECIMENTO DE CORAÇÃO A Leilah Santiago Bufrem, que me disse: “Carrano, quem diz que só se morre uma vez nunca esteve preso para tomar o eletrochoque.” A você, minha querida amiga, que se sensibilizou com a voz agoniada de milhares de vítimas da psiquiatria. Agradeço pela editoração. DEDICATÓRIA Dedico esta obra aos milhares de vítimas de uma psiquiatria mesquinha e criminosa. Sou uma dessas vítimas. Esta é minha história.