ANTÓNIO CARLOS NEVES DE VALERA CALCOLÍTICO E TRANSIÇÃO PARA A IDADE DO BRONZE NA BACIA DO ALTO MONDEGO: ESTRUTURAÇÃO E DINÂMICA DE UMA REDE LOCAL DE POVOAMENTO Dissertação apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto para obtenção do grau de Doutor em Pré-História e Arqueologia, sob orientação da Professora Doutora Susana Oliveira Jorge VOLUME I PORTO Março de 2006 ANTÓNIO CARLOS NEVES DE VALERA CALCOLITICO E TRANSIÇÃO PARA A IDADE DO BRONZE NA BACIA DO ALTO MONDEGO: ESTRUTURAÇÃO E DINÂMICA DE UMA REDE LOCAL DE POVOAMENTO Dissertação apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto para obtenção do grau de Doutor em Pré-História e Arqueologia, sob orientação da Professora Doutora Susana Oliveira Jorge. VOLUME I PORTO Março de 2006 INDICE VOLUME I Pág ÍNDICE 3 AGRADECIMENTOS 9 RESUMO DA DISSERTAÇÃO (Abstract / Résumé) 11 Parte I - A problemática da investigação 15 Capítulo 1 - PROBLEMÁTICAS E METODOLOGIAS DA INVESTIGAÇÃO 17 1.1 O Assunto 17 1.2 Sobre a necessidade de uma preocupação epistemológica 23 1.3 Conhecer: entre a ideologia e a ontologia 25 1.4 Questões de metodologia e de métodos 77 Capítulo 2 - O ESPAÇO DA INVESTIGAÇÃO: UMA CARACTERIZAÇÃO GERAL 85 2.1 Localização administrativa 85 2.2 Caracterização geomorfológica geológica 85 2.2.1 Enquadramento regional 85 2.2.2 Enquadramento local 90 2.3 Localização dos contextos arqueológicos de estudo 97 2.4 Dados paleoecológicos 102 2.4.1 Os dados do Castro de Santiago 103 2.4.2 Os dados da Malhada 104 2.4.3 Algumas observações a propósito dos dados do Castro de Santiago e da Malhada 106 Parte II - Os dados arqueológicos: 113 construção de uma base documental Capítulo 3 -0 CASTRO DE SANTIAGO 115 3.1 Localização administrativa e geográfica 115 3.2 Áreas intervencionadas, estratigrafias e faseamento 116 3.3 A componente artefactual 123 3.3.1 Os materiais cerâmicos 123 3.3.2 A pedra talhada 132 3.3.3 A pedra polida 140 3.3.4 Elementos de moagem 142 3.3.5 Elementos de adorno 143 3.3.6 Nota aos materiais da campanha de 2004 143 3.4 Cronologias absolutas 143 Capítulo 4 - A MALHADA 147 4.1 Localização administrativa e geográfica 148 4.2 Areas intervencionadas, estratigrafia e faseamento 149 4.2.1 Sector A 149 4.2.2 Sector B 150 4.2.3 Sector C 155 4.2.4 Sector D 157 4.2.5 Sector E 161 4.2.6 Sector F 162 4.2.7 Os socalcos da vinha sul e o Sector H (vinha norte) 163 4.3 Conjuntos artefactuais 163 4.3.1 Recipientes cerâmicos 163 4.3.2 Pesos de tear 180 4.3.3 Colheres 181 4.3.4 Pedra talhada 182 4.3.4.1 Materiais relativos à produção 182 4.3.4.1.1 Núcleos 182 4.3.4.1.2 Utensílios de talhe 183 4.3.4.2 Produtos e utensílios 184 4.3.4.2.1 As lamelas 184 4.3.4.2.2 As lascas 186 4.3.4.2.3 As lâminas 187 4.3.4.2.4 Raspadeiras, raspadores e denticulados 188 4.3.4.2.5 Furadores e brocas 188 4.3.4.2.6 Buris e U.A.D. 188 4.3.4.2.7 Pontas de seta 189 4.3.4.3 Organização da produção de pedra talhada 191 4.3.5 Pedra polida 194 4.3.6 Elementos de moagem 196 4.3.7 Elementos de adorno 197 4.3.8 Metalurgia 197 4.3.9 Dados faunísticos 198 4.4 Cronologias absolutas 198 Capítulo 5 - A FRAGA DA PENA 203 5.1 Localização administrativa e geográfica 203 5.2 As intervenções arqueológicas (1991 a 1998) 204 5.2.1 O Sector 1 205 5.2.2 O Sector 2 209 5.2.3 O Sector 3 213 5.3 Conjuntos artefactuais 215 5.3.1 Recipientes cerâmicos 215 5.3.2 Pedra talhada 229 5.3.2.1 Materiais relativos à produção 229 4 5.3.2.1.1 Núcleos 229 5.3.2.1.2 Utensílios de talhe 230 5.3.2.2 Produtos e utensílios 230 5.3.2.2.1 As lamelas 230 5.3.2.2.2 As lascas 231 5.3.2.2.3 As lâminas 232 5.3.2.2.4 Raspadeiras, raspadores, entalhes e denticulados 233 5.3.2.2.5 Furadores 233 5.3.2.2.6 Buris 233 5.3.2.2.7 Pontas de seta 233 5.3.2.2.8 Geométrico 235 5.3.2.3 Indústria macrolítica talhada 235 5.3.2.4 Organização da produção de pedra talhada 235 5.3.3 Pedra polida 239 5.3.4 Elementos de moagem 239 5.3.5 Metais 240 5.3.6 Elementos de tecelagem 240 5.3.7 Objectos de adorno 240 5.3.8 Artefactos do sagrado 241 5.3.9 Pintura 241 4.4 Cronologia 243 Capítulo 6 - A QUINTA DA ASSENTADA 249 6.1 Localização administrativa e geográfica 249 6.2 As intervenções arqueológicas (1991 a 1998) 251 6.3 Os conjuntos artefactuais 258 6.3.1 Recipientes cerâmicos 259 6.3.2 Pesos de tear 264 6.3.3 Pedra talhada 264 6.3.3.1 Materiais relativos à produção 264 6.3.3.1.1 Os núcleos e material de reavivamento 265 6.3.3.2 Produtos e utensílios 266 6.3.3.2.1 Lamelas 266 6.3.3.2.2 Lascas 267 6.3.3.2.3 Lâminas 267 6.3.3.2.4 Raspadeiras, raspadores e denticulados 268 6.3.3.2.5 Furadores e brocas 268 6.3.3.2.6 Buris 268 6.3.3.2.7 Pontas de seta 268 6.3.3.2.8 Pesos de rede 270 6.3.3.3 Organização da produção de pedra talhada 270 5 6.3.4 Pedra polida 273 6.3.5 Elementos de moagem 273 6.3.6 Metalurgia (?) 274 6.4 Cronologia 274 Capítulo 7 - OUTROS CONTEXTOS HABITACIONAIS, FUNERÁRIOS E VESTÍGIOS AVULSO 277 7.1 A Quinta das Rosas 277 7.1.1 Localização administrativa e geográfica 278 7.1.2 Trabalhos arqueológicos (2003 - 2005) 278 7.1.3 Os materiais atribuíveis ao 3o milénio AC 283 7.2 A Quinta dos Telhais 284 7.3 As Provilgas 285 7.4 Vestígios avulso 286 7.4.1 Penedo da Pena 286 7.4.2 Quinta do Carvalho 286 7.4.3 Infias 287 7.4.4 Esporão 287 7.4.5 Figueiró da Granja 287 7.4.6 Forcadas 287 7.4.7 Fornos de Algodres 1 287 7.4.8 Algodres (Ladeira) 288 7.4.9 Pinhal dos Meios 288 7.4.10 Seminário de Fornos de Algodres 289 7.4.11 Quinta dos Carvalhais 289 7.4.12 Vitureira 289 7.4.13 Cortegada 289 7.4.14 Vale Domeiro (Campo de futebol de Cortiço) 289 7.4.15 Quinta do Inferno 290 7.4.16 Quinta do Coelho 290 7.4.17 Vale da Vinha 290 7.5 Contextos funerários 290 7.5.1 Anta da Matança (Casa da Orca de Corgas de Matança) 290 7.5.2 Anta de Cortiço (Casa da Orca) 292 7.5.3 Anta de Aldeia Velha 293 7.5.4 Monumentos do Carapito 293 7.5.4.1 Monumento 1 294 7.5.4.2 Monumento 2 295 7.5.4.3 Monumento 3 296 7.5.4.4 Monumento 4 297 6 Capítulo 8 - COMPORTAMENTO DOS CONJUNTOS ARTEFACTUAIS AO LONGO DO 3° MILÉNIO AC: UMA ABORDAGEM COMPARADA. 299 8.1 Sequência cronológica 299 8.2 Caracterização comparada da cultura material 310 8.2.1 As cerâmicas 311 8.2.2 Os elementos de tear 328 8.2.3 Indústria lítica talhada 330 8.2.4 Indústria de pedra polida 338 8.2.5 Os elementos de moagem 343 8.2.6 Outras materialidades 348 8.3 Resumindo ... 350 Parte III - Dinâmica de uma rede local de povoamento: discursos de síntese 353 Capítulo 9 - ESPAÇOS, ARQUITECTURAS E FUNCIONALIDADES 355 9.1 Jogos de sentido: organizações espaciais internas, arquitecturas e actividades 359 9.1.1 Os sítios "abertos" 374 9.1.1.1 A Malhada 374 9.1.1.2 A Quinta da Assentada 393 9.1.1.3 Quinta das Rosas e sítios prospectados 401 9.1.2 Os recintos 403 9.1.2.1 O Castro de Santiago 403 9.1.2.2 A Fraga da Pena 418 Capítulo 10 - DINÂMICA DO POVOAMENTO LOCAL DURANTE O 3 o MILÉNIO AC 447 10.1 Questões de periodização e de escala de análise 447 10.2 O discurso existente: limites e potencialidades de modelos e perspectivas de abordagem 455 10.2.1 Tentativa de uma modelização regional 456 10.2.2 A primeira proposta de modelização para a área de Fornos de Algodres 466 10.3 A organização do povoamento local ao longo do 3o milénio AC: um aprofundamento sustentado por novos dados empíricos e uma reorientação teórica. 473 10.3.1 Que realidade Neolítica? 473 10.3.2 Breve nota sobre as suportes teóricos dos discursos sobre a calcolitização 479 10.3.3 Génese de um território de identidade (1o quartel do 3o milénio AC) 483 10.3.4 A afirmação de uma tradição local (meados do 3o milénio AC) 509 10.3.5 A integração numa dinâmica de "globalização regional" (finais do 3o quartel do 3o milénio AC - 520 Início do 2o milénio AC) 10.4 O problema dos abandonados na dinâmica global da ocupação do vale 537 10.5 Problemas de uma integração regional 547 7 Capítulo 11 - (RE)CONSTRUÇÃO DE UMA DINÂMICA DE IDENTIDADE E DE TRADIÇÃO LOCAL 551 11.1 Arqueologia e identidade social: breve panorâmica de uma relação antiga 552 11.1.1 A identidade como essência instrumentalizada 553 11.1.2 A travessia do deserto 555 11.1.3 A recuperação num contexto de transformações sociais e pluralidade paradigmática 556 11.2 Para uma abordagem arqueológica da problemática da identidade 559 11.2.1 O que é a Identidade? O problema ontológico e as consequências epistemológicas 560 11.2.2 Processos de identificação 569 11.2.2.1 Dualidade identitária: o problema da dicotomia indivíduo / colectivo no fenómeno social 570 11.2.2.1.1 Identidades individuais 572 11.2.2.1.2 Identidades colectivas ou grupais 575 11.2.2.2 Agentes de identificação 579 11.2.2.3 Sumariação dos processos de identificação e da sua conceptualização 581 11.3 Dinâmica identitária e construção de uma tradição local 582 11.3.1 Será possível uma paleopsicologia? O modelo de estrutura mental finalista e as suas potencialidades para uma Arqueologia Contrastante das identidades 584 11.3.2 Os sentidos da Paisagem e as relações com os processos locais de identificação 598 11.3.3 O estilo: expressão das dinâmicas de identificação 618 11.3.3.1 Estilos arquitectónicos, organização do micro espaço e tradição local 626 11.3.3.2 Cultura material e estratégias locais de identidade 635 11.4 Concluindo 648 Capítulo 12 - POSTSCRIPTUM OU A CONTINGÊNCIA E A REPERCUSSÃO SOCIAL DO DISCURSO 655 12.1 Breve recapitulação de um percurso pessoal 655 12.2 Da necessidade de um envolvimento social 660 VOLUME II ÍNDICE 673 LISTAGEM DE FIGURAS (do Volume I) 675 LISTAGEM DE ESTAMPAS (do ANEXO 4) 679 BIBLIOGRAFIA 685 ANEXO 1 - Métodos de escavação e registo e critérios de análise 717 ANEXO 2-Quadros e Gráficos 735 ANEXO 3 - Matrizes 791 ANEXO 4 - Estampas 839 ANEXO 5 - Trabalhos arqueométricos complementares 1015 8 AGRADECIMENTOS O meu primeiro agradecimento vai para a Professora Doutora Susana Oliveira Jorge, por ter aceite a orientação desta dissertação e pelo apoio e simpatia que para comigo sempre revelou. A influência do seu pensamento e do seu contributo para o desenvolvimento da Pré-História Recente peninsular é por demais evidente neste trabalho. Um trabalho desta natureza não é, naturalmente, um trabalho solitário. Para a sua concretização contribuíram inúmeras pessoas, a começar por todos os que durante vários anos participaram nos trabalhos de campo e de gabinete desenvolvidos no âmbito desta investigação. Permitam-me os demais que saliente a amizade e a colaboração sempre presente da Maria de Luz Rocha e do João Rebuge. São igualmente credoras do meu agradecimento as Doutoras Isabel Dias e Isabel Prudêncio, pelo apoio e investigações complementares que realizaram no âmbito das abordagens arqueométricas. Mas muito pouco poderia ter sido feito sem o apoio do Município de Fornos de Algodres (um dos principais sustentáculos financeiros do trabalho) e sem o permanente suporte que o seu presidente, Dr. José Miranda, sempre concedeu à investigação arqueológica que ali tenho desenvolvido, de forma continuada, nos últimos 18 anos. A ele se deve, em grande medida, a possibilidade de desenvolver este estudo (que continua) e de ir disponibilizando os seus resultados ao público local e geral. No capítulo financeiro, contudo, há ainda a referir o apoio dado pelo Instituto Português de Arqueologia, no âmbito de um projecto do Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos (assim como em estudos complementares no âmbito dos concursos para investigação arqueométrica e paleoecológica, esta realizada pelo CIPA), e pela empresa ERA Arqueologia S.A., à qual se deve um importante apoio em termos logísticos e nos trabalhos topográficos. Ao Miguel Lago, administrador delegado da ERA Arqueologia S.A., onde trabalho actualmente, fico a dever esse apoio e um importante incentivo para levar acabo este trabalho, assim como a latitude e a confiança que me permitiram conciliar a sua concretização com as funções que desempenho naquela instituição. À Lucy Evangelista agradeço a "desesperante" revisão desta dissertação (as "gralhas" que nela existirem serão, naturalmente, da minha inteira responsabilidade). Por último, agradeço a todos aqueles que, em Fornos de Algodres, sempre me acolheram da melhor forma e participaram, à sua maneira, para que este trabalho se pudesse realizar. 9 RESUMO DA DISSERTAÇÃO Com esta dissertação visa-se estabelecer um modelo para as dinâmicas sociais de ocupação de um espaço de escala local, centrado na área do Concelho de Fornos de Algodres (Guarda, Portugal) e franjas de concelhos limítrofes. Essas dinâmicas são articuladas com um processo específico de territorialização e com uma Paisagem local, e perspectivadas como uma expressão local, com as suas particularidades e ritmos diferenciados, do trend estrutural de longa duração de transição entre as comunidades neolíticas e as sociedades hierarquizadas da Idade do Bronze. Presta-se particular atenção ao papel desempenhado pela variável identidade nas dinâmicas de constituição de um Espaço de Tradição Local durante o 3o milénio AC. No modelo proposto, a expressão local desta dinâmica social revela, contudo uma trajectória personalizada que a individualiza como espaço de tradição relativamente a outras áreas locais e regionais. Este espaço de tradição local constituiu-se durante a primeira metade do 3o milénio, onde se faz sentir uma significativa autarcia de um território relativamente pequeno. Desenvolve-se uma nova territorialidade, associada à moderada consolidação de uma economia produtora e novas identidades, as quais se conjugam na estruturação de numa rede de povoamento local. Esta organiza-se de acordo com trajectórias de circulação e com uma representação da paisagem ainda enraizada na tradição cosmológica neolítica. A maior fixação e controlo do território, com as suas características geográficas e com as suas representações, articulam-se com dinâmicas identitárias que terão nas decorações cerâmicas e no Castro de Santiago duas das expressões emblemáticas. As novas aportações exógenas, sobretudo no domínio das arquitecturas, são colocadas ao serviço dessa nova expressão territorial e identitária, mas considera-se que as transformações económicas, tecnológicas e sociais em curso são ainda enquadradas e conformadas por esquemas mentais que se encontram em continuidade com o passado neolítico e que podem ser perspectivados no âmbito de um modelo cognitivo finalista de espaços geográficos e sociais qualitativos. Em meados do 3o milénio uma tradição local e uma organização do território parecem consolidados. No sítio da Malhada, os elementos emblemáticos, assim como os menos activos presentes na cultura material do Castro de Santiago, reforçam a imagem de uma tradição estabelecida. Contudo, alguns sinais de mudança começam a vislumbrar-se nas fases mais recentes de ocupação deste sítio. Estes sinais estão sobretudo relacionados com novidades estilísticas ao nível da morfologia e decoração das cerâmicas, as quais revelam a absorção de padrões que circulam por áreas periféricas Possivelmente já dentro do 3o quartel, surgem as primeiras evidências de metalurgia, ainda que aparentemente com uma expressão reduzida. Os sinais de desestruturação desta tradição local tornam-se evidentes a partir dos finais do 3o quartel. A estruturação do povoamento no território mantém a sua organização, mas assiste-se à drástica redução das expressões estilísticas emblemáticas e à sua substituição por novos modelos de circulação transregional, revelando uma abertura e uma inserção em dinâmicas de escala mais vasta. Esta dinâmica de integração consolida-se no último quartel do milénio, associada a alterações na organização social interna. A tradicional expressão estilística emblemática local é substituída por novas organizações decorativas associadas a novas formas cerâmicas e modelos metálicos de expressão transregional. A presença de elementos interpretáveis como objectos de prestígios indica a alterações na tradicional organização social, sugerindo a emergência de elites que se procuram diferenciar e expressar o seu poder através desses bens. Estas mudanças serão correlativas de alterações ao nível das identidades, nomeadamente com o reforço das autonomia dos processos de individuação. A edificação de um centro cerimonial na Fraga da Pena neste novo momento de transição (para a Idade do Bronze) assume uma papel de gestão da mudança, procurando, através da evocação da tradição local a vários níveis, regular as tenções provocadas pela mudança na ordem social local. 11
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