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Cabral e o Marxismo PDF

12 Pages·1983·0.396 MB·Portuguese
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Correio , Carlos SÉRIE:DISCURSOS . E REFLEXÕES MUONNIODE*Oni ,i CABRAL E O MARXISMO ANDGHOST INTERVENÇÃO DO CAMARADA CARLOS CORREIA MEMBRO DO BUREAU POLÍTICO DO PAIGC NA CONFERÊNCIA CIENTÍFICA INTERNACIONAL DO COMITÉ CENTRAL DO PSUA 3 DT 613.7 It C12 C67 1983 EDIÇÃO DODEPARTAMENTO DE INFORMAÇÃO PROPAGANDA ECULTURA DOCCDO PAIGC STANFORD UBRARIES STANFORD LIBRARIES INSTITUTION ImprensaNacionaldaGuiné-Bissau BISSAU «CABRAL E O MARXISMO >> Camarada Presidente, apreciado camarada Erick Honecker, Secretário-Geral do Comité Central do PSUA; Camaradas do Comité Central; Camaradas e amigos; Estimados conferencistas. E para nós, simultaneamente, uma grande honra e um enorme prazer representar o PAIGC - Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde - nestas jornadas científicas sobre aquele que foi o criador da moderna filosofia revolucionária, KARL MARX. Ao celebrar-se em Berlim, capital da RDA Socialista o 100.0 aniver sário da morte de Marx e o 165.º do seu nascimento, queriamos felicitar o PSUA pela oportunidade da sua iniciativa, que não deixará de ter reper cussões nos mais vastos dominios, políticos, científicos, culturais e sociais. Queríamos também aproveitar esta oportunidade para agradecermos o caloroso e fraternal acolhimento de que aqui fomos alvos como comba tentes da mesma frente comum de luta contra o imperialismo, o colonia lismo, o racismo, em defesa da Paz e do Progresso. O facto de estarem aqui presentes, combatentes e revolucionários, homens do pensamento e de acção provindos dos mais diversos pontos do globo é por si só já, uma prova da importância que o pensamento e a obra de Karl Marx, à qual não podemos deixar de associar o nome do seu maior e mais fiel companheiro de luta e de trabalho, Friederich Engels, tiveram na transformação ulterior do mundo. Camarada Presidente; Caros Camaradas e Amigos; Após uma luta de libertaçao nacional rica em ensinamentos, a Guiné -Bissau de hoje, livre e independente, continua a ser tributária do pensa mento de Amilcar Cabral, fundador da nossa nacionalidade e militante n.0 1 do nosso Partido. Proceder, pois, a uma análise da nossa formação ideológica e do nosso passado histórico recente significa recorrer ao impor tante e valioso legado histórico do nosso líder imortal. É nesse âmbito, 1 e levando em linha de conta os objectivos deste encontro, que procedere mos a uma rápida apresentação do contributo da teoria marxista para a formulação da base teórica revolucionária da luta armada de libertação nacional, saída do pensamento esclarecido de Amílcar Cabral. Gostaríamos de começar por dizer que o movimento de libertação nacional em Africa é uma consequência da tomada de consciência dos seus povos, após as guerras que arrasaram a Europa e surgiu da necessidade imperiosa da sua libertação e independência. Essa epopeia não teria sido possível sem a contribuição da Revolução Socialista de Outubro, que, sob a égide de Lénine, transformou o mundo, an dar a conhecer a primeira experiência de aplicação do socialismo cientí fico. A esta concretização real dos princípios da teoria marxista veio juntar -se-lhe um complemento indissociável - o Leninismo - Recordar Marx, para nós, é também recordar o homem que foi capaz, de uma forma revolucionária, de nos fornecer os instrumentos de análise, os conceitos e os métodos científicos de avaliação das sociedades humanas. Em vários aspectos Amílcar Cabral utilizou este aparelho conceptual. Na sua primeira publicaçao de carácter eminentemente político, editada sob o pseudónimo de Abel Djassi em 1960, Cabral teceu considerações sobre a dominação colonial portuguesa, A sua análise é sem complacências e inspira-se já nos conceitos económicos do marxismo. Serve-se destescomo base para uma contestação da situação de exploraçao em que vive o seu povo. Este principio norteador inspirá-lo-á sempre, ao longo da sua vida. Assim, quando mais tarde escreve os «Princípios do Partido», que pode ser considerado, a justo título, como um dos mais importantes docu mentos do PAIGC, Cabral vai analisar de uma forma simples, mas não simplista as razões da unidade e da luta para concluir que tudo se deve basear na realidade da nossa terra. Citamos: «E preciso realismo, considerar a realidade concreta. Mesmo na questão de certas coisas que estão a avançar aos poucos. No começo, os homens não queriam reuniões com as mulheres. Passo a passo, não forçámos, enquan to noutras áreas as mulheres entraram logo nas reuniões sem problemas. Nós temos que ter consciência da realidade, não só da realidade geral da nossa terra, mas da realidade particular de cada coisa, para podermos orientar a luta correctamente»(sic...... E a este principio de interpretação da prática social acrescenta uma tipica formulação do materialismo dialéctico, voltamosa citar: 2 «Os responsáveis ou dirigentes que têm esse sentido da realidade em consideração, que não pensam que a realidade é aquilo que têm na cabeça, só esses é que podem orientar bem o seu trabalho de militantes, de respon sáveis, numa luta como a nossa»(sic...): A terminologia é adaptada às condições concretas da luta, uma con cepção do imediato que não retira lugar ao que transcende. Mas a verdadeira análise científica de Cabral é-nos ilustrada sem equivo cos, no seu discurso na Conferência Tricontinental de Havana, que o trans formou num verdadeiro teórico da revolução africana. Ao traçar os funda mentos e objectivos da libertação nacional em relação com a estrutura social, Cabral consolidou a sua verdadeira arma da teoria. Passou em revista os conceitos elementares do materialismo histórico para os adaptar à análise da estrutura social dos países africanos. Daí conclui a ausência da ideologia, como facto determinante nas contradições engendradas pelo movimento de libertação nacional. Disse: «A deficiência ideológica, para não dizer a falta total de ideologia, por parte dos movimentos de libertação nacional que tem a sua justificação de base na ignorância da realidade histórica que esses movimentos pretendem transformar constituem uma das maiores senão a maior fraqueza da nossa luta contra o imperialismo». Outros conceitos tais como o de luta de classes, e o seu papel como força motriz da história, modo de produção, e a sua evolução no quadro da relação forças produtivas/relações de produção, bem como o carácter do imperialismo, merecem a atenção de Cabral. A sua utilização do marxismo é, para além de muitas outras referên cias, comprovada pela conclusão i que chega numa das partes do irabalho que citamos, quando afirma sem rodeios: «Basta lembrar que, nas condições históricas actuais liquidação do imperialismo que lança mão de todos os meios para perpetuar a sua dominação sobre os nossos povos, e consolidação do socialismo sobre uma parte considerável do globo – só duas vias são possíveis para uma nação independente : voltar à dominação imperialista (neocolonialismo, capita lismo, capitalismo de Estado) ou adoptar a via socialista» (sic...): Mas é sobretudo na análise do papel da pequena burguesia nas socie dades africanas que Cabral dá uma contribuição inovadora e sensível às teses marxistas de interpretação social. Poderíamos eventualmente multi plicar os exemplos teóricos comprovativos da utilização necessária do marxismo na elaboração de conceitos vivos e coerentes mas, mais do que isso, transportamos connosco uma prova que não deixa lugar aos detrac 3 tores: a nossa luta de libertação nacional, cuja consecução nunca seria possível sem tais princípios norteadores. Camaradas, Nunca o mundo viveu a situação socio-económica hoje reinante, que concentra nas mãos de minorias privilegiadas a riqueza produzida por milhões de seres humanos. As desproporções e as contradições entre os países capitalistas, baluartes do imperialismo, tendem a transformar-se em autêntico descalabro humano de consequências imprevisíveis. No mundo morrem todos os dias pessoas com fome, enquanto outros não sabem onde expurgar as frustaçoes provocadas pelo consumo. Como agravante desta situação económica de crise, enormes somas são empregues na fabricação de armamentos, ameaçando a paz e a estabili dade no nosso planeta. Face a esta situação, tornou-se imperioso dar respostas ás justas soli citações dos que lutam pela paz, o progresso e a justiça social. E necessário encontrar novos caminhos para a solidariedade humana. O exemplo que nos inspiram os países socialistas são uma prova de esperança de que é possível construir um mundo melhor. Ora é sabido que isso depende em grande parte do legado revolucioná rio de certas personalidades, cujo papel se destaca na história. Neste âmbito, Marx ocupa um lugar privilegiado por ter conseguido revolucionar os conceitos idealistas da filosofia, chamando a atenção para o facto de que até agora os filósofos se têm limitado a interpretar o mundo, quando o que é preciso é transformá-lo. Devemos salientar que na época actual, os ensinamentos e a doutrina revolucionária de Marx estão indissoluvelmente ligados à de um outro grande gigante do pensamento e acção revolucionária, pela libertação do homem do jugo da exploração e da opressão VLADIMIR ILITCH LENINE -. Em consequência, o marxismo tornou-se com a contribuição enriquecedora de Lénine e com o aperfeiçoamento que este trouxe às ideias de Marx e Engels, em marxismo-leninismo, Ao referir-se a Lénine, Cabral explicou: «Durante a vida dos grandes revolucionários, as classes opressoras 1 recompensam-nos com incessantes perseguições; acolhem as suas doutrinas com um furor selvagem, com um ódio tenaz, com as mais intensas campanhas de mentiras e calúnias. Depois da sua morte, tentam fazer deles ícones inofensivos, canonizam-nos, por assim dizer, rodeando o seu nome com uma 4 certa auréola a fim de «consolar» as classes ou as nações oprimidas e de as mistificar; fazendo-a, esvaziam a doutrina revolucionária do seu conteúdo; depreciam-na e destroem -lhe a força revolucionária» (sic...): Tal como ele próprio confessou, Cabral parafraseava o que o próprio Lénine dissera sobre Marx e nós dizemos que este conceito também deve ser alargado a muitos outros exemplos. Nas Teses do Comité Central do Partido Socialista Unificado da Ale manha para o ano Karl Marx salienta-se a dada altura que «Marx atribuiu uma importância decisiva à interacção entre o nacional e o internacional, cuja consideração correcta continua a ser até hoje o problema-chave de uma autêntica política revolucionária». Esta coerência passa necessaria mente por um reconhecimento da própria contribuição histórica de Karl Marx para uma efectiva solidariedade entre os povos amantes da paz, do progresso e da justiça social e está na base da prática do internacionalismo proletário. Estimados Camaradas, Em breves palavras era esta a mensagem que queríamos trazer do nosso povo revolucionário, temperado nas duras dificuldades em que construímos uma nova sociedade. Os nossos votos são os de que este ano de 1983 aprofunde o conhecimento de Marx e da sua contribuição nos diferentes domínios da sua actividade multifacetada. Seguros estamos que esta preocu pação é a da esmagadora maioria dos presentes. Quanto a nós, não o deixa remos de fazer. 5

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