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Bruno, Galileu, Campanella PDF

292 Pages·1973·34.108 MB·Portuguese
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OS PENSADORES XII GIORDANO BRUNO SOBRE O INFINITO, O UNIVERSO E OS MUNDOS GALILEU GALILEI O ENSAIADOR TOMMASO CAMPANELLA A CIDADE DO SOL EDITOR: VICTOR CIVITA Títulos originais: De 1’Infinito, Universo e Mondi II Saggiatore Civitas Solis l.a edição — maio 1973 © — Copyright desta edição, 1973, Abril S.A. Cultural e Industrial, São Paulo. Direitos exclusivos da Abril S.A. Cultural e Industrial, São Paulo, sobre as traduções: Sobre o Infinito, O Universo e os Mundos (com a Epístola Preambular) e O Ensaiador. Tradução publicada sob licença de Edições de Ouro, São Paulo: A Cidade do Sol. Sumario SOBRE O INFINITO, O UNIVERSO E OS MUNDOS .......................... 7 Epístola Preambular .............................. 9 Dialogo primeiro . . . :......................... . ............................................ 21 Dialogo segundo . ........................................ 33 Dialogo terceiro ......................................... 49 Dialogo quarto .................................................................................... 67 Diálogo quinto .................................................................................... 79 O ENSAIADOR ............................................................................................. 99 ACIDADEDOSOL .........................‘.......................................................... 239 Dialogo entre o Grao-Mestre dos Hospitalários e um almi­ rante GENOVES ................................................,.............'.................. 241 I — A Cidade do Sol e a doutrina política ............................... 273 II — Sobre a comunidade dos bens externos ............................. 279 UI — Sobre a comunidade das mulheres e filhos .................... 285 GIORDANO BRUNO SOBRE O INFINITO, O UNIVERSO EOS MUNDOS Tradução de Helda Barraco e Nestor Deola (Epístola Preambular) EPÍSTOLA PREAMBULAR PARA O ILUSTRÍSSIMO SENHOR MICHEL DE CASTELNAU Senhor de Mauvissière, Concressau.lt e Joinville, Cavaleiro da Ordem do Rei Cristianíssimo, Conselheiro do seu Conselho privado, Capitão de cinquenta homens de armas, e Embaixador junto à Sereníssima Rainha da Inglaterra. Se eu, ilustríssimo Cavaleiro, manejasse um arado, apascentasse um rebanho, culti­ vasse uma horta, remendasse uma veste, ninguém me daria atenção, poucos me observa­ riam, raras pessoas me censurariam e eu podería facilmente agradar a todos. Mas, por ser eu delineador do campo da natureza, por estar preocupado com o alimento da alma, interessado pela cultura do espírito e dedicado à atividade do intelecto, éis que os visados me ameaçam, os observados me assaltam, os atingidos me mordem, os desmascarados me, devoram. E não é só um, não são poucos, são muitos, são quase todos. Se quiserdes saber por que isto acontece, digo-vos que o motivo é que tudo me desagrada, detesto o vulgo, a multidão não me contenta. Somente uma coisa me fascina: aquela em virtude da qual me sinto livre na sujeição, contente no sofrimento, rico na indigência e vivo na morte. Aquela em virtude da qual não invejo os que são servos na liberdade, sofrem no prazer, são pobres nas riquezas e mortos em vida, porque trazem no próprio corpo os gri­ lhões que os prendem, no espírito o inferno que os oprime, na alma o erro que os debilita, na mente o letargo que os mata. Não há, por isso, magnanimidade que os liberte nem longanímídade que os eleve, nem esplendor que os abrilhante, nem ciência que os avive. Daí sucede que não arredo o pé do árduo caminho, como se estivesse cansado. Nem, por indolência, cruzo os braços diante da obra que se me apresenta. Nem, qual desesperado, volto as costas ao inimigo que se me opõe. Nem, como desnorteado, desvio os olhos do divino objeto. No entanto, sinto-me geralmente apontado como um sofista, que mais se preocupa em parecer sutil do que em ser verídico. Um ambicioso, que mais se esforça por suscitar nova e falsa seita do que consolidar a antiga e verdadeira. Um trapaceiro, que persegue avidamente o resplendor da glória, projetando as trevas dos erros. Um espírito inquieto que subverte os edifícios da boa disciplina, tomando-se maquinador de perversidades. Oxalá, Senhor, os santos numes afastem para bem longe de mim todos aqueles que injustamente me odeiam. Que sempre me seja propício o meu Deus. Oxalá me sejam favoráveis todos os governantes do nosso mundo. Oxalá os astros 10 BRUNO me tratem tal como a semente o faz ao campo e o campo à semente, de forma que apare­ ça ao mundo algum fruto útil e glorioso do meu trabalho, por despertar o espírito e abrir o sentimento àqueles que estão privados de luz. Pois, em verdade, eu não me entrego a fantasias, e, se erro, não creio errar intencionalmente; falando e escrevendo, não disputo pelo simples amor da vitória em si mesma (porque eu considero inimigas de Deus, abje­ tas e sem motivo de honra todas as reputações e vitórias, quando não fundamentadas na verdade), mas por amor da verdadeira sabedoria e por dedicação à verdadeira contem­ plação eu me afadigo, me sacrifico, me atormento. Eis o que irão comprovar os argumen­ tos demonstrativos, baseados em raciocínios válidos que procedem de um juízo reto, informado por imagens não falsas, as quais, como verdadeiras embaixatrizes, despren­ dem-se das coisas da natureza e se tomam presentes àqueles que as procuram, patentes àqueles que as contemplam, claras para os que as assimilam, certas para todos aqueles que as compreendem. Eis, pois, que agora vos apresento a minha especulação acerca do infinito, do universo e dos mundos inumeráveis. Argumento do Primeiro Diálogo Encontrareis, portanto, no primeiro diálogo: Primeiro, a inconstância dos sentidos demonstra que eles não são princípio de certe­ za e não a determinam senão por certa comparação e conferência de um objeto sensível com outro e de uma sensação com outra. Daí se infere que a verdade é relativa nos diver­ sos sujeitos. Segundo, inicia-se a demonstrar a infinidade do universo, e se apresenta o primeiro argumento, tirado do fato de não saberem onde termina o mundo aqueles que por obra da fantasia querem lhe fabricar muralhas. Terceiro, o seguinte argumento se depreende do fato de ser inconveniente afirmar que o mundo é finito e que existe em si mesmo, porque isto convém unicamente ao ilimi­ tado. A seguir, tira-se o terceiro argumento da inconveniência e impossibilidade de ima­ ginar o mundo como existindo em nenhum lugar, pois de qualquer modo se concluiría daí pela sua inexistência, atendendo que todas as coisas, sejam elas corpóreas ou incor- póreas, corpórea ou incorporeamente, significam lugar. Quarto, este argumento decorre de uma demonstração ou questão muito premente, que fazem os epicuristas: Depois, se se aceitar que todo o espaço éfinito e se alguém chegar correndo aos últi­ mos bordos e daí lançar um volátil dardo, achas que, arremessado com toda a força, se dirigirá aonde foi atirado, voando ao longe, ou te parece que alguma coisa o poderá impedir ou deter? Efetivamente, quer haja um obstáculo que o impeça de atingir o ponto aonde foi arremessado, aí parando, quer prossiga a carreira, o que é certo é que não partiu do extremo limite.1 Quinto, a definição de lugar, proposta por Aristóteles, não convém ao primeiro, maior e mais comum dos lugares. Nem vale tomar a superfície próxima e imediata ao 1 Lucrécio, Da Natureza, I, 968-73, 977-79. (N. do T.)

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