Janeiro* Briófitas do arboreto do Jardim Botânico do Rio de * Lianna de Castro Molinaro' Denise Pinheiro da Costa' RESUMO O trabalhoapresentaos resultados do levantamento das espécies de briófitas do Arboreto do InstitutodePesquisasJardim BotânicodoRiodeJaneiro. Foramidentificados98táxons(1 antóceros, 40 hepáticas e 57 musgos), distribuídos em 61 gêneros e 37 famílias, existindo um predomíniode musgos (58%)sobre hepáticas (41%). Seis formas de vidaforamcaracterizadas (coxim, pendente, taloso, tapete,tramaetufo), predominandotufo, tramaetapete(85%).Cincotiposdesubstratosão colonizados(corticícola,epífila,epíxila, rupícola, terrícola),prevalecendoocorticícola(36%). Sete padrões de distribuiçãogeográfica foram caracterizados (Cosmopolita, Pantropical, Neotrópico e África,AméricaTropicaleSubtropical,Neotropical, Disjuntoerestritoao Brasil), predominandoo Neotropical (46%). Bryum pseudocapillare, Calymperes tenerum, Ceratolejeunea laetefusca, Cololejeunea minutíssima subsp. myriocarpa e Fissidens submarginatus são ocorrências novas para o Rio de Janeiro. Bryum pseudocapillare, Bryum renauldii e Calymperes tenerum são citadas pela segunda vez para o Brasil. Os dados foram comparados com aqueles obtidos para outros Jardins Botânicos e mata atlântica de baixada. Os resultados estão de acordo com os encontrados nas florestas secundárias de terra baixa ou urbanas, que são mais secas e abertas, e sofrem influênciadiretadapoluição,temperaturae luminosidadealtas. Palavras-chave: briófitas, Arboreto, Jardim Botânico, RiodeJaneiro. ABSTRACT A floristic study ofthebryophytes was carriedout in the parkofthe RiodeJaneiro Botanical Garden. Ninetyeighttaxaot bryophyteswerefound(1 anthocerote,40hepaticsand57 mosses), in 61 gcneraand 37 families, predominating more mosses (58%) than hepatics (41%). Six life-forms were found (cushion, pendent, thallose, carpet, mat, turf), the most common are turf, carpet, and mat(85%). Fivekindsofsubstrateswerecolonized(corticolous,epiphyllous,epixylous,saxicolous, terricolous),predominatingthecorticicolous(36%). Sevendistribution pattemswerecharacterized (Cosmopolitan, Pantropical,NeotropicalandÁfrica,TropicalandSubtropicalAmerica, Neotropical, Disjunct,andrestricttoBrazil),themostcommonbeingNeotropical (46%).Bryumpseudocapillare, Calymperes tenerum, Ceratolejeunea laetefusca, Cololejeunea minutíssima subsp. myriocarpa and Fissidens submarginatus are new records to Rio de Janeiro. Bryum pseudocapillare, Bryum renauldii, and Calymperes tenerum are recorded by the second time to Brazil. The data were compared to those found in other Botanical Gardensand in lowland atlantic rainforest. Theresults aresimilarto those found in secondary lowland rainforestsorin urban areas, thataredry andopen areas,sufferingdirectly influenceoftheairpollution, high temperaturesand light intensities. Keywords: bryophytes. Arboreto, Botanic Garden, Rio deJaneiro. *MonografiaaserapresentadaaoCursodeCiênciasBiológicas,UniversidadeFederal RuraldoRiodeJaneiro. ^BolsistadeIniciaçãoCientífica,JardimBotânicodoRiodeJaneiro(PIB1C/CNPQ). *PesquisadorTitular.JardimBotânicodoRiodeJaneiro,RuaPachecoLeão915.Cep22460-030,RiodeJaneiro,Brasil, e-mail:[email protected] SciELO/JBRJ 13 14 Molinaro, L de C. Costa, D. P. da 108 INTRODUÇÃO da água ou auxiliam na conservação do O ArboretodoJardim Botânico, situa-se material genético, dos nutrientes, da umidade nacidadedo RiodeJaneiro,entreos paralelos e matéria orgânica do solo. Todos estes 22U58’14”S e 43°13’18”W, ocupando uma aspectos são de grande importância para a área de ca. 54 hectares, atravessado pelo Rio conservação da biodiversidade nas regiões dos Macacos, que abastece os lagos, canais e tropicais. canaletasdetodooparqueflorístico,comsolos O presente trabalho tem por objetivo aluviaisdistróficoseeutróficos, texturamédia contribuir para oconhecimento da briofiorado e argilosa e clima tropical úmido chuvoso, ArboretodoJardim BotânicodoRiodeJaneiro, sendo dezembro,janeiroe fevereiro os meses comoumacolaboraçãopioneira,sendoosegundo mais chuvosos (IndexSeminum, 1990). estudorealizadonoBrasilcombriófitasdeJardins E um parque que abriga espécies Botânicos. Assim como, dar continuidade ao brasileiras e exóticas de inestimável valor inventário das plantas do parque (Projeto científico,comrepresentaçãodosecossistemas Inventário e Identificação das Coleções brasileiros e alguns estrangeiros. No total o Botânicase Históricasdo Arboretodo Instituto Arboreto contém 122 aléias, 40 seções, 194 dePesquisaJardim BotânicodoRiodeJaneiro), canteiros, 6 estufas e viveiros, com ca. de fornecendo dados sobre a briofiora de áreas 8.200 espécies e 40.000 exemplares plantadas em regiões urbanas. (S. Iamamoto - comunicação pessoal). Os Jardins Botânicos contribuem para a MATERIAL E MÉTODOS conservação dos recursos vivos, mantendoos Entre agosto de 1999 e fevereiro de processos ecológicos e os sistemas vitais 2001, foram realizadas 39 excursões para essenciais,preservandoadiversidadegenética coleta de material briofítico na área do e assegurando a utilização sustentável das Arboreto do Jardim Botânico, sendo uma espécies e dos ecossistemas. Segundo destinada a coleta nas copas das árvores. Heywood (1990), é objetivo de um Jardim Também foram estudados os exemplares Botânico elaborar um inventário das plantas depositados no acervo do herbário RB, de suas reservas e publicar os resultados. coletados entre 1923-1927. Todas essas Noqueserefereacomposição florística amostrasforamchecadas,algumasauxiliaram doparque, desde 1999 vem sendo realizado o na identificação dos exemplares coletados e Projeto de Inventário e Identificação das poucas necessitaram de identificação. Coleções Botânicas e Históricas do Arboreto A técnica de coleta, herborização e do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do preservaçãodomaterial botânico, segueYano Rio de Janeiro, com as fanerógamas, sendo a (1984b). briofioratotalmentedesconhecida. A classificação adotadaé a proposta por No Brasil poucossãoos trabalhos sobre Vitt (1984) para a Divisão Bryophyta, por a briofiorade florestas secundárias, de áreas Schuster (1980) para a Divisão Hepatophyta urbanas ou degradadas (Bastos & Yano, e Hüssel de Menéndez (1988) para a Divisão 1993; Costa, 1999b; Rebelo et ai, 1995; Anthocerotophyta. Hirai et ai, 1998). Os resultados são apresentados SegundoBrown& Lugo(1990),diversas abrangendoasseguintesanálises: composição razõesjustificam a importância do estudo da florística; formas de vida; tipos de substrato; flora de florestas secundárias nas regiões distribuiçãogeográfica; riqueza florística. Na tropicais, principalmente devido ao aumento tabela 1,ostáxonsestãoordenadospordivisão deste tipo de formação na região. Em muitos taxonômica, em ordem alfabética de família, aspectos as florestas secundárias fornecem gênero c espécie e para cada táxon, são condiçõesquemelhoramossoloseaqualidade fornecidos dados sobre forma de vida, tipode Rodriguisia 52(81): 107-124. 2001 SciELO/ JBRJ cm 13 14 15 16 17 18 .. ‘ BriófitasdoarboretodoJardimBotânicodoRiodeJaneiro 109 substrato, variação altitudinal no Brasil e Os padrões de distribuição foram distribuiçãogeográficano Brasil e no mundo. baseados em dados da literatura sobre a A nomenclaturaadotadaparaos tiposde distribuição geográfica de cada táxon. substrato segue a caracterização feita por Os estados brasileiros são apresentados Robbins(1952). por região geográfica e os nomes estão A classificação adotada para as formas abreviados de acordo com o IBGE, como de vida segue a de Magdefrau (1982), com apresentado a seguir. modificações feitas por Richards (1984). Adistribuiçãogeográficadasespéciesno Região norte: Brasil e no mundo foi baseada nos trabalhos RR - Roraima de: Alves (1992); Bastos (2000); Bastos & RO - Rondônia Bôas-Bastos (1998, 2000); Bastos et al. AP - Amapá (1998a, 1998b, 2000); Behar et al. (1992); AC - Acre Bischler (1964, 1967, 1984); Bôas & Bastos AM - Amazonas (1998); Bonner(1953); Bononi (1989); Buck PA - Pará (1998); Costa (1992, 1994, 1999a,); Costa & TO - Tocantins Yano(1988, 1993, 1995. 1998); Evans(1925); Região nordeste: Florschtltz (1964); Florschiitz de - Waard MA -Maranhão (1986); Fulford (1945, 1976); Germano & PI - Piauí & Pôrto (1996); Giancotti Vital (1989); CE - Ceará Gradstein (1981, 1994); Gradstein & Buskes RN - Rio Grande do Norte (1985); Gradstein et al. (1992); Hassel de PB - Paraíba Menéndez (1961, 1989); Harley (1995); HelI PE - Pernambuco (1969); Herzog (1925); Jovet-Ast (1993); FN - Ilha Fernando de Noronha Lemos-Michel (1980, 1983, 1999); Lisboa AL - Alagoas & (1994); Lisboa Ilkiu-Borges (1995, 1997); SE - Sergipe Lisboa & Maciel (1994); Lisboa & Yano BA - Bahia (1987); Lisboa et al. (1998); Martins et al. Região centro-oeste: (1990);Oliveira(2001);OliveiraeSilva(1998); GO - Goiás Pôrto (1990); Pôrto & Bezerra (1996); Pôrto MT - Mato Grosso & Yano (1998); Pôrto et al. (1999); Pôrto & MS - Mato Grosso do Sul Oliveira (2000); Reiner-Drehwald & Goda Região sudeste: (2000); Sá & Pôrto (1996); Sampaio (1916); MG - Minas Gerais Santiago (1997); Schafer-Verwimp (1989, ES -Espírito Santo 1991; 1996); Schafer-Verwimp & Giancotti RJ - Rio de Janeiro & (1993); Schafer-Verwimp Vital (1989); SP - São Paulo & Schiffner Arnell (1964);Sharpetal. (1994); Região sul: Spruce(1884-1885); Stotler(1969); Stotleret PR - Paraná al.(1999); Vianna (1970, 1976, 1981, 1985); SC - Santa Catarina Visnadi (1998), Visnadi & Vital (1989); Vital RS — Rio Grande do Sul et al. (1991); Vital & Visnadi (1994); Yano (1984a, 1987, 1989, 1993, 1994, 1995, 1996); Todos os exemplares estão depositados Yano & Andrade-Lima (1987); Yano & na coleção de briófitas do herbário do Jardim Colletes (2000); Yano & Costa (1992, 2000); Botânico do Rio de Janeiro (RB), com Yano& Lisboa (1988);Yano& Mello(1992); duplicatas paraeventual intercâmbio. Yano & Santos (1993); Yuzawa (1988, 1991) e Yuzawa & Koike (1989). Rodrigufiia 52(81): 107-124. 2001 SciELO/JBRJ cm 13 14 15 Molinam, L. deC„ Costa, D. P. da no RESULTADOS E DISCUSSÃO foram encontradas algumas espécies típicas Composição Florística de áreas perturbadas, como Darbula agraria Foram encontradas no Arboreto do Hedw., Bryum argentum Hedw., Frullania Jardim Botânicodo RiodeJaneiro,37 famílias ericoides (Nees) Nees c Hyophila involuta de briófitas (1 de antóceros, 12 de hepáticas ® (Hook.) A. Jaeger (Lisboa & Ilkiu-Borges, 2234ddeemheupságtoisc)a,seem376d1egêmnuesrgooss)(,1 dee98anetsópcéecrioess, 1995;EOrlpiovediirua,m2g0l0a1zi;oSvéirigiHo,am1p98e1)g.eralmente (1 de antóceros, 40 de hepáticas e 57 de é encontrado junto com Fabronia ciliaris musgos),ocorrendopredominânciademusgos (Brid.) Brid. var. polycarpa (Hook.) W. R. (58%) em relação as hepáticas (41%) (Tabela BuckeFrullanianeesiiLindenb.Vital (1980), 1). Este resultadoésemelhanteaoencontrado também observou a associação destas três pBoortâLniiscboosad&oImlukniiuc-íBporigoedse(1B9e9l5)é,mp(aPrAa)J,aerdpionrs cesopméuciness,ecmompearnqtuaensdoejaairnddian,s.quesãoespécies Costa (1999b), para formações primárias e Bryum renauldii Rol ex Ren. & Card. é secundárias de Mata Atlânticade Baixada no umaespéciecujasexualidadeeradesconhecida Estado do Rio de Janeiro. (Sharp et al., 1994), e que no arboreto A família Lejeuneaceae é a mais apresenta populações femininas com ramos caducos como forma de reprodução representativa dentre as hepáticas (47,5%), com 11 gêneros e 19 espécies (Tabela 1), vegetativa. Observações feitas ao longode 12 incluindoduasocorrênciasnovasparaoEstado meses nunca revelaram a fase esporofítica ou do Rio de Janeiro Ceratolejeunea laetefusca mesmo populações masculinas. Segundo ( (Austin) R. M. Schust. e Cololejeimea Oliveira (2001), este fato é observado em minutíssima (Sinith.) Schiffn. subsp. poucas espécies de musgos, existindo duas myriocarpa (Nces & Mont.) R. M. Schust.). possibilidadesemrelaçãoasexualidadedestes, Asfamíliasmaisrepresentativasdemusgosão ou a espécie é dióica e as populações Bryaceae, Calymperaceae, Fissidentaceae e masculinassãodesconhecidas nanatureza,ou Sematophyllaceae(Tabela 1),astrêsprimeiras é monóica e as condições ambientais não com 5 espécies cada (8,7%), e permitem a expressão do caráter masculino. Sematophyllaceae com 6 espécies (10,5%), Formas de Vida enquanto o restante apresentou 4 ou menos espécies. Estas famílias estão entre as 15 Foramcaracterizadosseistiposdeformas principais encontradas em inventários de vida (Tabela I), predominando trama (32 florísticosdebriófitasnoNeotrópico(Gradstein espécies - 33%), tufo (32 espécies - 33%) c & Pócs, 1989). tapete (19 espécies - 19%), totalizando 85% Dentre as 98 espécies estudadas, 14 das espécies estudadas (Gráfico 1). Este (14%) foram encontradas nas copas das resultado é semelhante aos encontrados por árvores, sendo que Acroporium longirostre Costa (1999b) e Montfoort & Ek (1990) para (Brid.) \V. R. Buck, Anoplolejeunea conferia as FlorestasTropicais de Terras Baixas, onde (Meissn.) A. Evans e Syrrhopodon ligulatus formas de vida agregadas como tapete, trama Mont. estavam restritas, no parque, a este e tufo, são características e predominam em ambiente. Dessas três espécies, somente áreas abertas, com intensidade luminosa e Anoplolejeunea conferia e Syrrhopodon umidade do araltas. ligulatus são citadas na literatura, como Apesar de trama, tufo e tapete serem ocorrendo também nas copas de árvores predominantes no parque, as talosas se (Gradstein, 1994eReese, 1993). destacam também devido ao grande número Por ser o arboreto uma área artificial e de espécies encontradas: Dumortiera hirsuta urbana,sofrendoinfluênciadiretadapoluição. (Sw.) Nees, Marchantia chenopoda L.. Rodriguésia S2<81): 107-124. 2001 SciELO/ JBRJ cm 13 14 15 16 17 18 .. BriófitasdoarboretodoJardimBotânicodoRiodeJaneiro' 111 Metzgeria fureata (L.) Corda, M. Algumasespéciesocorrememsubstratos psilocraspeda Schiffn., Monoclea artificiais como o cimento da margem de gottschei Lindb. subsp. elongata Gradst. & canaletas, rios e canteiros do parque (Bryttm Mues, Phaeoceros laevis (L.) Prosk., argentam Hedw., Entodontopsis leucostega Riccia curtisii (James ex Austin) Austin, (Brid.) W. R. Buck & Ireland, Fissidens R. stenophylla Spruce. Symphyogyna pahnatus Hedw., F. zullingeri Mont., aspera Steph. e S. podophylla (Thumb.) Hyophyla involuta (Hook.) A. Jaeger, Mont. & Nees. Alguns desses táxons, como Lejeunea fiava (Sw.) Nees, L. laetevirens as espécies de Riccia, são xerotolerantes, Mont. & Nees, Lopliocolea martiana Nees estando adaptados a sobreviver em e Monoclea gottscliei Lindb. subsp. elongata ambientes relativamente secos (Gradstein et Gradst. & Mues); parede de pedra do ai, 2001). bebedouro (Lejeunea laetevirens (Hedw.) A. Jaeger); portal de pedra da antiga Academia de Belas Artes (Helicodontium capillare (Hedw.) A. Jaeger); saco de areia dentro do Rio dos Macacos Marchuntia chenopoda ( L. e Riccia stenophylla Spruce). Outras como, Cololejeunea minutíssima (Smith) & Schiffn. subsp. myriocarpa (Nees Mont.) R. M. Schust., Lejeunea glaucescens Grafico 1. Formasdevidadasbriófitasdoarboretodo Gottsche e Sematophyllum subpinnatum Jardim BotânicodoRiodeJaneiro. (Brid.) E. Britton, crescem sobre bambu Tipos de Substrato (Tabela 1). No arboreto do Jardim Botânico as briófitascolonizamdiversostiposdesubstrato: corticícola,epíxila,epífila,rupícola,terrícolae artificiais (Tabela 1). Dentre as 98 espécies, 39 (40%) não apresentaram preferência por substrato, crescendo sobre mais de um tipo (Gráfico 2). Em relação às espécies que u ocorreram em apenas um tipo de substrato, Grafico 2. Tipos de subsirato colonizados no arboreio predominaram as corticícolas (35 espécies - doJardim BotânicodoRiodeJaneiro. 36%), o que era esperado por se tratar de um Distribuição Geográfica arboreto formado principalmente porárvores Dentre os padrões de distribuição c arbustos. Nenhuma espécie estudada é caracterizados (Tabela 1 e Gráfico 3), exclusivamente epíxila. apesar deste ser um predominou o Neotropical com 44 espécies dostiposdesubstratocolonizado. (46%),seguidodoPantropicalcom 5espécies 1 Estaausênciadepreferênciaporum tipo (16%), Neotrópico e África com 9 espécies de substrato se deve, provavelmente, a (10%) e Cosmopolita com 9 espécies (10%). uniformidadedaestruturadeumaáreaartificial Logo, 82% das espécies de briófitas do como a do arboreto doJardim Botânico, com arboreto apresentam uma distribuição condições de luminosidade, temperatura e relativamente ampla no mundo, sendo este umidade do ar uniformes e ausência de um também um resultado esperado, visto que as gradiente microclimático. Como exemplo, briófitas, de uma maneira geral estão podemoscitarLejeuneaflava(S\v.) Nees,que amplamentedistribuídas. foi observada em quase todos os tipos de Schiffneriolejeunea polycarpa (Nees) substratos, com exceção das folhas (epífila). Gradst. é umaespécie pantropical, ocorrendo Rodriguésia 52(81): 107-124. 2001 SciELO/JBRJ 13 14 15 Molinam, L de C. Costa, D. P. da 112 em florestas secundárias de baixa altitude, encontradosnosJardinsBotânicosdomunicípio apresentando distribuição disjunta, entre o de Belém (Tabela 2), ocorrem no parque Méxicoe nortedaAméricadoSul eoSudeste (Barbula agraria Hedw., Callicostella doBrasil,estandoausentenaregiãoequatorial pallida (Hornsch.) Aongstr., C. merkelii (Gradstein, 1994). (Hornsch.) A. Jaeger. Calymperes Bryum pseudocapillare Besch., lonchophyllum Schwaegr., C. palisotii Calymperes tenerum Miill. Hal., Schwaegr. subsp. richardii (Miill. Hal.) S. Ceratolejeunea laetefusca (Austin) R. M. Edwards, Fissidens guianensis Mont., Scliust., Cololejeunea minutíssima (Smith) Hyophila involuta (Hook.) A. Jaeger, Schiffn. subsp. myriocarpa (Nees & Mont.) Lejeunea flava (Sw.) Nees, L. glaucescens R. M. Schust. e Fissidens submarginatus Gottsche,Leucobryummartianum(Hornsch.) Bruch são citados pela primeira vez para o Hampe, Lophocolea martiana Nees, estado do Rio de Janeiro. Bryum Octoblepliarum albidum Hedw., Philonotis pseudocapillare (Bastos & Bôas-Bastos, uncinata (Schwaegr.) Brid., Sematophyllum 1998), Bryum renauldii Rol ex Ren. & Card. adnatum (Michx.) E. Britton, S. subpinnatum (OliveiraeSilva, 1998)eCalymperestenerum (Brid.) E. Britton e Vesicularia vesicularis Miill. Hal. (Visnadi, 1998), são citados pela (Schwaegr.) Broth.). segunda vez para o Brasil. Em relação a Poço das Antas (Tabela Leptophascum leptophyllum (Miill. 2), de um total de 75 espécies, apenas 16 Hal.) J. Guerra & M. J. Cano foi citada por (21,3%) são encontrados no arboreto Oliveira e Silva (1998), como primeira (Callicostella merkelii (Horsnch.) A. Jaeger, referência para o Brasil, embora Sharp et al. Calymperes tenerum Miill. Hal., Fruhania (1994), já reportava a espécie para o Brasil neesii Lindenb., Helicodontium capillare sem citara localidade. (Hedw.) A. Jaeger, Isopterygium tenerifoUum Mitt., /. tenerum (Sw.) Mitt.. Lejeuneaflava (Sw.) Nees, L. glaucescens Gottsche, Leucobryum martianum (Hornsch.) Hampe, Leucolejeunea unciloba (Lindenb.) A. Evans, L xanthocarpa (Lehm. & Lindenb.) A. Evans, Lophocolea martiana Nees, Octoblepliarum albidum Hedw., Pterogonidiumpulchellum(Hook.)Miill. Hal., Sematophyllum subpinnatum (Brid.) E. Britton e Syrrhopodon incompletas Schwaegr.). A (íráfico3.Padrõesdedistribuiçãogeográficadasbriófitas diferença observada entre a brioflora doarboretodoJardim BotânicodoRiodeJaneiro. destas três áreas não foi importante em relação Riqueza Florística ao número total de espécies e sim nos táxons Os resultados encontrados foram encontrados.Esteresultadocomprova,emparte, comparados com aqueles obtidos por Lisboa adiferençaobservadaentre abriofloradeáreas & Ilkiu-Borgcs(1995),paraJardins Botânicos com florestas primárias e áreas com florestas do município de Belém (PA) e por Costa secundárias (como áreas degradadas ou, (1999b),paraa Reserva BiológicadePoçodas plantadas ou urbanas), que sofrem influência Antas (RJ), porse tratarde uma áreade Mata direta da poluição, temperaturae luminosidade Atlântica de Baixada no Rio de Janeiro, com altas. Sérgio(1981).estudandoasalteraçõesda formações primárias e secundárias. brioflora na área urbana de Lisboa nos últimos Apenas 16(20%)deumtotalde80táxons 140anos,encontrou resultadossemelhantes. Kodríguésia 52(81): 107-124. 2001 SciELO/JBRJ cm 13 14 15 .. P m ) BriófitasdoarboretodoJardimBotânicodoRiodeJaneiro' Dentreas 17espéciesdoparquecoletadas se deve, provavelmente, à mudança das por Maria do Carmo Vaughan Bandeira, entre condições ambientais ao longo desses anos, 1923-1927,edepositadasnoherbáriodoJardim principalmenteoaumentodapoluiçãodoar,visto Botânico, apenas Fntllania dusenii Steph. e que algumas espécies de briófitas são Sqitamidiwn brasiUense (Homsch.) Broth. não reconhecidamente sensíveis a este tipo de foram reencontradas na área do arboreto. Isto poluição(Rao, 1982). Tabela 1.BriofloradoarboretodoJardimBotânico.Formadevida(CX=coxim.P=pendente.TF=tufo.TL=taloso, TP= tapete. TR= trama). Tipo de Substrato (C = corticícola, EX = epíxila, EF= epífila. O = outros, R = rupícola. T = terrícola). Negrito = ocorrência nova para o Estado do Rio de Janeiro. * = Espécies do parque que estavam representadasno herbárioantesdesteestudo. Espécies Formade Tipode AltVudinaÍno Dis,ribuif°Geofáfif vida Substrato B„rasi.l. nomundoeno Brasd ANTHOCEROTOPHYTA (1 Anthocerotaceae Phaeoceroslaevis(L.) Prosk.* TL R.T 0-1250m Ampla. Brasil: AM, PE, BA, MG, ES, RJ, SP, SC e RS. IEPATOPHYTA I (40) ClIONECOLACEAE Clwnecolcadoeliingeri(Nees)Crolle* TP C 0-1000 Pantropical. Brasil: MG, ES. RJ,SP,e RS. Cylindrocoleaceae Cylindrocolea rhizantha (Mont.) R. M. TP C 0-1000m Neotropical. Brasil: PE, Schust. BA, ES. RJeSP. Fossomhroniaceak Fossombronia porphyrorhiza (Nees) TR R 0-1100m Neotropical. Brasil: PE, Prosk. MT. MG. ES,RJeSP. Fruxamaceae Fndlaniacaulisequa(Nees)Nees* TP C 0-1000m Neotropical. Brasil: RR, AC, PA. PE. SE, BA, MG, ES, RJ. SP, SC e RS. F. ericoides(Nees)Nees * TP C.R 0-1300m Pantropical. Brasil: PA, PB, PE, FN. BA, GO, MT. MG. ES, RJ. SP e RS. F.neesiiLindenb.* TP C 0-2400m Neotropical. Brasil: RR, AC, AM, CE, PB, PE. SE, BA, MT, MG. ES, RJ, SP, PReRS. F. riojaneirensis(Raddi)Aongstr. I C 0-1100m Pantropical. Brasil: PA, PB, PE. BA. DF, GO, MT. MG, ES. RJ. SP e RS. Lkjeuneaceae Anoplolejeunea conferia (Meissn.) A. TR C 0-2400m Neotropical. Brasil: PE, Evans BA. MG, ES, RJ. SP e RS. Archilejeuneapanifiora(Nees)Schiffn. TR C.R 0-1500m Neotropical. Brasil: RR. RO. AC, AM, PA, PE, MG, ES.RJ eSP. Ceratolejeunea laetefusca (Austin) R. M. TR C 0-1300m Neotropical. Brasil: AC. Schust. AM. PA, PE, MG, ES. RJeSP. Cheitolejeunea rigidida (Mont.) R. M. TP C 0-1000m Neotrópico e África Schust. tropical. Brasil: AC.AM, PE. BA. ES. RJ eSP Rodriguésia 52(81): 107-124. 2001 SciELO/JBRJ. cm 13 14 15 Molinaro, L deC, Costa, D. P. da ] 14 Espécies Forma de Tipo de AltViatruidiançaãlono Distribuição Geográfica sida Substrato no mundo e no Brasil Brasil Cololejeunea cardiocarpa (Mont.) A. TR EF 0-1000 m Pantropical. Brasil: RR, Evans AM, PB, ES, RJ,c SP. C. Minutíssima(Smith.) SchifTh. subsp. TR C. O 0-1000 m Pantropical. Brasil: RJ e myriocarpa(Nees& Mont.) R. M. Schust. SP. Drcpanolejeuneamosenii(Steph.) Bisclil. TR C 0-2000 m Neotropical. Brasil: AM, PE, MG, ES, RJ, SP, PR, SCe RS. Lejeuneacaespitosa Lindenb. TR R, C 0-800 m Neotrópico e África. Brasil: AC, PA, RJ eSP. L. cristulata(Steph.)E. Reiner&Goda TR C, R 0-1500 m Restrito ao Brasil.: PE, MG, RJ, SPcSC. Lflava(Sw.)Nees* TR C, R. EX.0 0-2400 ni Pantropical. Brasil: RR, . AC, AM, PA, PE, GO, BA, MG, ES, RJ, SP e RS. L. glaucescensGottsche* TR C, R,T.0 0-1100 m Neotropical. Brasil: AC, PA, PE, BA, ES, RJ e SP. L. laetevirensMont. &Nees TR C, R, T,O 0-1500 m Neotropical. Brasil: PA, PE, FN, BA, ES, RJ e SP. L.phylobolla(A. Evans)Grollc TR C 0-800 ni Neotrópico e África. Brasil: PA, ES, RJ eSP. L. trinitensisLindenb. TR C 0-800 m Disjunto, ocorrendo na Américatropical cÁfrica (Comores). Brasil: AC, AM, GO, MT, MS, BA, MG, ES, RJ, SPc PR. Leucoiejeunea unciloba (Lindenb.) A. TR C 0-1300 m Neotrópico c África. Evans Brasil: PE, BA, ES, RJ e SP L. xanthocarpa (Lehm. & Lindenb.) A. TR R,C 0-2500 m Pantropical. Brasil: PE, Evans BA, MG, ES, RJ, SP e SC. Microlejcuneabullata(Taylor)Steph. TR C 0-2400 m Neotropical. Brasil: RR, AC. SE, ES, RJ eSP. Omphalanthusflliformis(Sw.)Nees TR C 0-2000m Neotropical Brasil: AM, PE, BA. MG, ES, RJ e SP. Scbiflheriolejeunca polycarpa (Nees) TR C 0-1000 m Pantropical. Brasil: AM, Gradst. PA, PE, BA. GO, MG, ES. RJ. SP,SCc RS. Lopiiocoleaceae Lophocoleabidentata(L.) Dumort. TR R 0-1500 m Ampla. Brasil: AC, AM, GO, MG. ES. RJ, SP e RS. L. martianaNees* TR T, R. 0 0-1850 m Neotrópico c África. Brasil: AP, AM, PA, PE, SE. BA, MG, ES, RJ, SP, PR.SCc RS. Marciiantiaceae Dumorticrahirsuta(Sw.)Nees TL T 0-2000m Ampla. Brasil: AC, AM, PA, MT, DF, MG, ES, RJ, SP. PR, SCc RS. MarchantiachcnopodaL. TL R.O 0-1500 m Neotropical Brasil: AM, MT, DF. MG, ES, RJ, SP. PRe RS. Rudriguésia 52(81): 107-124. 2001 SciELO/ JBRJ 13 14 BriófitasdoarboretodoJardimBotânicodoRiodeJaneiro' 115 Espécies Forma de Tipo de AltViatruidiançaãlono Distribuição Geográfica vida Substrato no mundo e no Brasil Brasil Metzgeriaceae Metzgeriafurcata(L.)Corda TL C 0-1500m Ampla. Brasil: AC. PE. BA. GO. RJ. SP. PR e RS. M psilocraspedaSchilTn. TL C 0-2000 m Restrito ao Brasil.: MG. ES. RJ. SP. PR e SC. Mosocleaceae MonocleagottscheiLindb. subsp. elongata TL R. 0 0-2000 m América tropical e Gradsi. & Mues subtropical. Brasil: AM, PE. RJ. SPe RS. Pau.anktniaceae Syin/ihyogynaasperaSleph. TL T 0-2200ni Neotropical. Brasil: AM. PE. MG. ES. RJ. SP, SC e RS. S.podopltylla(Thuinb.) Mont.& Nees TL T O-lSÜOm Disjunto, ocorrendo no neotrópico e regiões temperadas do hemisfério Sul. Brasil: AM. MG. ES. RJ eSP. Plagiociiilaceae 1‘lagiochila corrugata (Nees) Nees & P C 0-2300ui Neotropical. Brasil: Mont. PE.BA. MG. ES. RJ. SP, PR. SCe RS. Pmartiana(Nees) Lindenb. P C. R 0-1 100m Neotropical. Brasil: PE. MG. RJ. SP. SCe RS. /’. raddianaLindenb. P C 0-l350m Neotropical. Brasil: PA. PE. MT. MG. ES. RJ. SP e PR KlCCIACF.AE Riccia ajf. curtisii (James ex. Austin) TL T 0-500m América tropical e Austin subtropical. Brasil: ES. RJ. SPe RS. R. slenophyllaSpruce TL R. T.O 0-1000m América tropical e subtropical. Brasil: PE. BA. GO. MT. ES, RJ, SP. PR. SCe RS. BRYOPIIVTA (57) Bartrami.vce.ae Pliilonoiisgardncri(Müll. Mal.)A. Jaeger TF T.C 0-2000m Restrito ao Brasil: MG. RJ. SP. PRe RS. /’. uneinata(Schwaegr.) Brid. TF R 0-800m Pantropical. Brasil: RO, AM. PA. PI. PB. PE. BA. GO. MT, MG. ES. RJesc. BRVCIIYTHECIACEAE Bracliyiliedumsp. TR C Rhyncbostegium scariosum (Taylor) A. TP T 0-800m Neotropical. Brasil: PE. Jaeger RJ. SPe RS. Bricimaceae TremaUnionlongicollisMichx. TP T 0-800m Neotrópico. Ásia. Havaí e Papua - Nova Guiné. Brasil: RO. PA. PE. ES. RJ. SP. PR. SCe RS. Brvaceae BryuinargenteumHedw. TF 0 0-1300m Ampla. Brasil: AM. CE. PB. PE. AL BA. DF. GO. MT. MG. ES. RJ, SP. PR. SC e RS. Rodnguésia 52(81): 107-124. 2001 SciELO/JBRJ cm 13 14 15 Molinaro, L deC., Cosia, D. P. da 116 Variação Fornia dc Tipo de Distribuição Geográfica Espécies Altitudinal no vida Substrato no mundo e no Brasil Brasil li. densifoHiwi Urid. TF T. R. FX.C 0-1200m Neotropical. Brasil: AC. PE. BA. DF. MG. ES. RJ. SP. PR. SCe RS. II. linibatiiin Midi. Hal. TF R. EX 0-800 m Neotropical. Brasil: MG. FS. RJ. SP. PR. SCe RS. BryumpsetidocapillareBesch. TF C nível domar América tropical e subtropical. Brasil: BA e RJ. li. renaiddiiRol ex. Ren. & Card. TF R niveldomar Neotropical. Brasil: RJ. Callicostaceae Calliscotellamerkelli(Ilornsch.)A. Jaeger TR T. R. FX 0-800m Neotropical. Brasil: PA, MG. RJ. SPeSC. C.pallida(Hornsch.)Aongstr. TR R 0-1300m Neotropical. Brasil: RR. RO. AP. AC. AM. PA. PE. SE, BA. (iO. MT. MG. ES. RJ. SP. PR e RS. Calvmperaceae CalymperesloncliophyllumSchwaegr. TF R 0-800m Pantropical. Brasil: RR. RO. AP. AC. AM. PA. MA. PE. AL. BA. MT. ES. RJ. SPe PR. C. palisotii Schwaegr. subsp. richardii TF C. R 0-200m Neotrópico. África (Miill. Hal.)S. Edwards tropical e oeste da Ásia.Brasil: RO. AP, AM. PA. RN. PB. PE. FN. AL, BA. go. es. rj e pr. C. leneriimMidi. Ilal. TF C. R níveldomar Pantropical.Brasil: RJ e SP. SyrrhopodonincomptelusSchwaegr. TF C 0-800 m. América tropical e subtropical e África tropical. Brasil: RR. RO. AP. AC. AM. PA. PE, BA. CiO. MT. RJ. SP e SC. S. liguiatiis Mont. TF C 0-800m Neotropical. Brasil: RR. RO. AP. AM. PA. PE. BA. GO. MT. MG. RJ e SP. DICRANACEAE Canipylopusdichroslis(Midi. 1lai.)Paris TF C 0-800m. Restrito ao Brasil: BA. GO. MG e RJ. C.jtilicaulisBroth. TF C 0-2200m Restrito ao Brasil: BA. RJ. SP. PR. SCe RS. C. occultusMitt. TF C 0-2500m Sul da América do sul. Brasil: MA. PE. BA. GO. MG. ES. RJ. SP. PR eRS. Entoüontaceae Enihrodonliuintongiselum(llook.) Paris TF C.O 0-800m Neotropical. Brasil: PE. GO. MG. RJ. SP. PR e RS. Rodriguésia 52(81): 107-124. 2001 SciELO/ JBRJ cm 13 14 ..