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Fabio Giambiagi Colaboração: Marcelo Nonnenberg BRASIL RAÍZES DO ATRASO PATERNALISMO VERSUS PRODUTIVIDADE As dez vacas sagradas que acorrentam o país 4a EDIÇÃO Cadastre-se em www.elsevier.com.br para conhecer nosso catálogo completo, ter acesso a serviços exclusivos no site e receber informações sobre nossos lançamentos e promoções. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Copidesque Gypsi Canetti Editoração Eletrônica DTPhoenix Editorial Revisão Gráfica Marco Antonio Correa Conversão para E-book Freitas Bastos Projeto Gráfico Editora Campus/Elsevier A Qualidade da Informação Rua Sete de Setembro, 111 - 16o andar 20050-006 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Telefone: (21) 3970-9300 Fax (21) 2507-1991 E-mail: [email protected] Escritório São Paulo Rua Quintana, 753 - 8° andar 04569-011 - Brooklin - São Paulo - SP Telefone: (11) 5105-8555 ISBN 13: 978-85-352-2441-2 ISBN (versão digital) 978-85-352-4085-6 ISBN 10: 85-352-2441-6 Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação à nossa Central de Atendimento, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão. Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação. 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CDD: 338.981 CDU: 338.1(81) 07-0352 A Eustáquio Reis, José Cláudio Ferreira da Silva e Regis Bonelli, com o devido reconhecimento aos mestres. “Nada é mais difícil e cansativo do que tentar demonstrar o óbvio.” NELSON RODRIGUES “É perigoso ter razão em assuntos sobre os quais as autoridades estão erradas.” VOLTAIRE “A doença comum a todos nós é a desesperança; já não nos resta mais tempo: ele foi embora.” JORGE SÁBATO, pensador argentino, nos anos 80, opinando sobre a geração de argentinos nascidos nas décadas de 1920 e 1930 do século XX Prefácio Fabio Giambiagi é incansável. Impressiona sua disposição para lutar pela racionalidade econômica no Brasil. Há semelhanças com o trabalho do saudoso Roberto Campos, com a vantagem de que já não mais é necessário pregar no deserto, como Campos fez durante muito tempo. O país avançou. Aos poucos, a lógica econômica penetra as mentes. Tem crescido a percepção de que os indivíduos se movem basicamente por incentivos e não pelo ativismo do Estado. É preciso, no entanto, não perder de vista que esse processo mal começou. Por isso, Giambiagi reconhece que a maioria não comunga de suas idéias. A cultura prevalecente ainda é esperar tudo do Estado. Muitos pensam ganhar dinheiro sem grande esforço ou até sem esforço nenhum. Câmbio generoso, TJLP “desenvolvimentista”, proteção contra a “ameaça” chinesa e outras generosidades são, em sua essência, irmãs gêmeas das demandas em torno de uma boa aposentadoria sem correspondência nas contribuições ou de uma sinecura no governo. Esta obra é uma excelente contribuição para acelerar a nossa transição, que tem origem nos anos 80. Lá, começamos a rever o modelo de desenvolvimento liderado pelo Estado, mais pelo seu desmoronamento do que pela escolha de novos caminhos. Os pobres intuíram que a inflação os prejudicava. Ao lado dessa nova e fundamental realidade, iniciamos a busca de um modelo que combina democracia com economia de mercado, mas ainda estamos longe dele. Como se vê vinte anos depois, o caminho é longo e árduo. Essa transição acontece na maioria da América Latina. O Chile dá mostras de que a está concluindo. Em outros países, assiste-se a um promissor desenvolvimento institucional e à renovação de crenças. Há diferentes estágios. Provavelmente, nunca a região experimentou tão distintas situações. se o Chile está vencendo, o Brasil e o México se encontram a meio caminho. Uruguai, Colômbia, Peru e Costa Rica adotam o mesmo diapasão, mas Venezuela, Bolívia e Equador flertam com um insondável “socialismo bolivariano do século XXI”. Até o século XVIII, a América Latina era mais rica do que a do Norte. Aqui existiam ouro e prata. A região produzia açúcar, então uma commodity muito valorizada na Europa. O Norte não tinha uma coisa nem outra. seus colonos cultivavam cereais e praticavam a caça. Algumas de suas primeiras tentativas de colonização fracassaram porque não se sustentavam apenas com a agricultura de subsistência e o comércio de peles. A situação começou a se inverter nas proximidades do século XIX. A fonte de riqueza passou a depender do investimento privado, da educação e de incentivos à concorrência e à inovação, ou seja, de ganhos permanentes de produtividade. O ambiente para o investimento se beneficiou de direitos de propriedade bem definidos e do respeito aos contratos, isto é, do Estado de Direito. As instituições se tornavam fonte básica dos incentivos ao desenvolvimento. Os Estados Unidos e o Canadá estavam preparados para a nova realidade. A colonização baseada na pequena propriedade havia gerado uma ampla classe média. A religião protestante estimulara a educação. O objetivo desta era assegurar aos indivíduos a leitura da Bíblia sem intermediários, mas gerou uma externalidade positiva, qual seja a qualificação da mão-de-obra. Ambos os países eram herdeiros das crenças e instituições que haviam levado a Inglaterra à Revolução Industrial e à opulência. A América Latina foi herdeira do padrão ibérico, que solidificou uma cultura de intervencionismo e paternalismo estatal. Aqui, em lugar de uma economia vibrante e impulsionada pela operosidade dos indivíduos e pela ação das empresas privadas, o modelo engendrou um ambiente de privilégios, descaso pela educação, protecionismo, ausência de concorrência e rentismo. No princípio do século XX, a ampla intervenção estatal na economia e na sociedade latino-americanas virou paradigma. Depois da segunda Guerra, sob a influência adicional da Cepal, adveio o nacional-desenvolvimentismo, particularmente na Argentina e no Brasil. Esse modelo se exauriu nos anos 80 em meio às suas contradições, ao endividamento externo e à inflação. Os Estados Unidos e o Canadá foram herdeiros de oito séculos de evolução institucional que, tendo se iniciado na Idade Média, preparou a Europa Ocidental, particularmente a Inglaterra, para o desenvolvimento. Sistemas políticos competitivos eliminaram o arbítrio e o comportamento tributário predador. Direitos de propriedade bem definidos e crenças capitalistas permitiram que a renda proveniente do trabalho árduo fosse apropriada por quem o realizava, a salvo de ações confiscatórias. Para o historiador David Landes, esses sistemas políticos derivaram do processo de descentralização radical que caracterizou a Europa no período. Uma de suas conseqüências foi o florescimento das empresas privadas: “Dado o seu papel crucial de parteira de uma nova era e de instrumento de poder em um contexto de múltiplos e competitivos sistemas políticos (em contraste com o centralismo dos impérios do Oriente e do Mundo Antigo), a empresa privada ocidental exibia uma vitalidade social e política sem precedentes”. Surgiu uma nova classe social, constituída de capitalistas, comerciantes e industriais, que se tornou imune à interferência deletéria da formidável força dos detentores do poder, que se opunham às mudanças institucionais, ao crescimento e à inovação. Produtos e fatores de produção passaram a ser transacionados livremente. Pela primeira vez na História, a renda per capita podia crescer por longo período de tempo. Sem esses ingredientes institucionais e mentais, a América Latina ficou para trás. Felizmente, alguns de seus países começaram a despertar para a adoção de instituições e do ambiente que enriqueceram grande parte da Europa. O Brasil está nesse jogo. Consolidamos instituições que inibem o arbítrio e o voluntarismo inconseqüente. A democracia veio para ficar. Fortes instituições monetárias e fiscais, ao lado da intolerância da sociedade à inflação, garantiram inéditos doze anos consecutivos de gestão macroeconômica responsável. Essa realidade tende a fazer parte de nossos usos e costumes, como já ocorre no Chile. O Brasil precisa, como disse em 1989 o saudoso Mário Covas, de um choque de capitalismo. Ocorre, infelizmente, que a visão anticapitalista que ainda impregna a sociedade nos diz que a tarefa não será simples. Transformações dessa magnitude costumam ser lentas e incrementais. Será preciso enterrar mitos, rever conceitos e incutir a lógica econômica desde a infância. Precisamos aprender a escolher os inimigos corretos, como dizia Campos. Temos que deixar de atacar vilões que não existem. Nesse sentido, a obra de Giambiagi presta um enorme serviço. De forma didática e fundamentada, ele mostra como temos feito escolhas erradas, muitas das quais na Constituição de 1988. Ele assevera, com razão, que o país se perdeu nos descaminhos das opções erradas dos constituintes. Na hora de apontar esse verdadeiro desastre, a Constituição de 1988 será julgada