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Brasil, Construtor de Ruínas PDF

373 Pages·2.031 MB·Portuguese
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DADOS DE ODINRIGHT Sobre a obra: A presente obra é disponibilizada pela equipe eLivros e seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudíavel a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo. Sobre nós: O eLivros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a educação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site: eLivros. Como posso contribuir? Você pode ajudar contribuindo de várias maneiras, enviando livros para gente postar Envie um livro ;) Ou ainda podendo ajudar financeiramente a pagar custo de servidores e obras que compramos para postar, faça uma doação aqui :) "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível." eeLLiivvrrooss ..lloovvee Converted by ePubtoPDF ELIANE BRUM BRASIL CONSTRUTOR DE RUÍNAS UM OLHAR SOBRE O BRASIL, DE LULA A BOLSONARO Créditos © Eliane Brum, 2019 Capa e projeto gráfico Brand&Book — Paola Manica e equipe Fotografia da capa Lilo Clareto Pesquisa e checagem Solange Azevedo Revisão Fernanda Lisbôa e Tito Montenegro Na fotografia da capa deste livro, árvores mortas no reservatório da usina hidrelétrica de Belo Monte, em 2018, no rio Xingu, Amazônia. Todos os direitos desta edição reservados a ARQUIPÉLAGO EDITORIAL LTDA. Rua Hoffmann, 239/201 CEP 90220-170 Porto Alegre — RS Telefone 51 3012-6975 www.arquipelago.com.br Sumário Por que escrever este livro Brasil, construtor de ruínas Uma esquina entre identidade e destino Os pobres não são um genérico Lula, o conciliador O pouco que se fez, para alguns, era demais O que roubavam da classe média os garotos negros dos rolezinhos? Do mito da democracia racial à exposição do apartheid No Brasil, o melhor branco só consegue ser um bom sinhozinho A revolta das domésticas A Amazônia paga o custo da conciliação Belo Monte, o ovo da serpente O mundo do tudo é possível O golpe que barra a operação de apagamento 2013: o fim da conciliação A imagem estilhaçada no espelho Eduardo Cunha, o nosso vilão do Batman O tucano arrasta as penas nos esgotos A herança mais maldita do PT Impeachment e misoginia: como a primeira presidenta da história virou a “puta” e a “louca” Na política, mesmo os crentes precisam ser ateus Tupi or not to be O golpe e os golpeados: a crise da palavra “Eu MORO com ele”: a lambança entre o público e o privado na Lava Jato A Lava Jato foi purgação e também maldição O retrato Democracia sem povo O Brasil não é para amadores, tampouco para profissionais A arte de fabricar monstros Por que o “monstro” escolhido foi o pedófilo e não um outro? A invenção da infância sem corpo Gênero, raça e classe: as tensões que marcaram a eleição de 2018 A potência do #EleNao De Dilma a Amélia, de Marcela a Fernanda Quem mandou matar Marielle? E por quê? A boçalidade do mal O homem mediano chega ao poder A coisa do “coiso” Bolsonaro e a autoverdade A autoverdade e “o povo de deus” A autoverdade e a perversão da linguagem A autoverdade a serviço da (re)falsificação do Brasil A autoverdade a serviço da destruição da Amazônia e dos povos da Amazônia A autoverdade e a destruição do comum A esquerda que não sabe quem é Mourão, o “moderado”, e a volta dos militares ao poder Cem dias sob o domínio dos perversos Agradecimentos “O pecado capital do genocida é presumir que pode escolher com quem coabitar, numa Terra a cuja exclusividade ninguém pode pretender.” Peter Pál Pelbart, a partir de Hannah Arendt “A memória é uma das poucas armas acessíveis a quem viu a maré da história se voltar contra si. Ela é capaz de se infiltrar furtivamente para chacoalhar o muro.” Agmad Sa'di e Lila Abu-Lughod “Nossos segredos e mentiras são praticamente o que nos define. Quando a verdade nos ofende, nós mentimos e mentimos, até que não nos lembramos mais de que a verdade existe. Mas a verdade ainda está lá. Cada mentira que contamos gera uma dívida com a verdade. Cedo ou tarde essa dívida deverá ser paga.” personagem do cientista russo Valery Legasov, na série de ficção Chernobyl Por que escrever este livro O grande desafio do jornalismo é escrever sobre a história em movimento. Para o repórter, raramente há o “distanciamento histórico”, aquele que permite o assentamento dos fatos, a clareza conferida pelo passar dos anos, o olhar confortável pelo espelho retrovisor. Estamos sempre escrevendo com os fatos se desenrolando. E nossa cobertura — a honestidade ou não dela, a competência ou não da nossa apuração — interfere nos acontecimentos. Esse é o tamanho da responsabilidade de quem se arrisca a ser ao mesmo tempo testemunha e narrador da sua época. Em 2009, me tornei, além de repórter, colunista de opinião. Primeiro, no site da revista Época. A partir de novembro de 2013, no site do El País Brasil e, desde 2018, na editoria de internacional do jornal El País, na Espanha. Quando iniciei essa nova escrita, não havia como saber que em pouco tempo seria desafiada a analisar um Brasil em convulsão. Em 2009, eu também acreditava que o país havia finalmente chegado ao futuro, embora com uma boa dose de passado exposta pelo “mensalão” e pela decisão do governo do PT de materializar a hidrelétrica de Belo Monte no amazônico Xingu. Ser colunista de opinião é ser intérprete do seu tempo. Tom Jobim dizia que o Brasil não é para amadores. Os últimos anos mostraram que também não é para profissionais. Busquei responder a esse desafio ancorada em duas linhas de reportagem que percorro desde o início dos anos 2000: a escuta nas periferias da Grande São Paulo e a escuta dos povos da floresta amazônica. No último caso, a partir de 2011, me concentrei particularmente no Médio Xingu, junto a famílias ribeirinhas atingidas por Belo Monte. Decidi que também era necessário inverter o ponto de vista desde onde eu olhava para o Brasil. Em 2017, passei a

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