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Biografia de Manoel Ribas PDF

14 Pages·1996·5.91 MB·Portuguese
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\ \ \ \ BIOGRAFIA DE MANOEL RIBAS NA DATA EM QUE SE INAUGURA O PARQUE AMBIENTAL QUE LEVA SEU NOME PONTAGROSSA, 14jDEZEMBROj1996 MANOEL RIBAS Cinqüenta anos já se passaram do desaparecimen- to do grande homem público que foi MANOEL RIBAS, um dos verdadeiros artífices do moderno Paraná. Sua fecunda obra administrativa e suas idéias a respeito de administração pública, vencido mais de meio século, vêm sendo agora estu- dadas e apreciadas, quando se conclui, de forma inapelável, que esse filho dos Campos Gerais, homem simples e enérgi- co, foi um luminoso estadista; daqueles que conseguem vis- lumbrar, nas linhas enevoadas do futuro, os melhores cami- nhos para o desenvolvimento e para a grandeza. Ponta Grossa, que lhe serviu de berço no dia 8 de fevereiro de 1873, incorpora-se, hoje, ao grupo de historiado- res, políticos e paranistas, que pretendem realçar a sua vida e a sua obra. Filho do Comendador Augusto Lustoza de Andrade Ribas e de dona Pureza Maria da Conceição Branco de Carvalho, neto do Brigadeiro Ribas que comandou a defesa da fronteira do Estado no transcorrer da Guerra do Paraguai, Manoel começou precocemente a sua vida de trabalho, des- locando-se, ainda rapazote, para a cidade de Castro, onde estudou as primeiras letras na escola do Professor Serapião, tendo sido inclusive aluno do historiador Rocha Pombo e onde, também, abriu uma loja para venda de arreios e equipamen- tos de montaria. Na cidade do Rio lapó, Ribas casou com dona Zelinda da Fonseca Ribas, com quem teve seis filhos: Odete, casada com Edgard Paternot; Prudência Ribas; Augusta, casada com Francisco Rodrigues de Macedo; Ma- ria, casada com Luiz Curcio; Helena Ribas e Gustavo Ribas, casado com Marina Martins Ribas. Muitos anos depois, pela segunda vez, contrairia núpcias com a senhora Anita Ribas. Em Castro, enquanto procurava o seu lugar ao sol, recebeu convite,. em 1897, do pai de um cunhado, para que, juntos, instalassem um armazém na cidade gaúcha deiSanta Maria, importante centro ferroviário do Sul. Aí, veio a prestar serviços à empresa Economat, organização que tinha por objetivo a venda de gêneros alimentícios e demais mercado- rias, par preços mais acessíveis, aos ferroviários. Logo a Economat evoluiu e deu origem, em 1904, à Cooperativa dos Empregados da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, cuja organização e administração ficaram a cargo de Manoel Ribas. No mister de dirigir a Cooperativa, Ribas esteve por mais de dez vezes na Europa, abrindo, inclusive, um es- critório de representação na cidade de Paris. Por esse tempo, assim, o jovem ponta-grossense, que não tinha formação acadêmica, mas que falava fluente- mente o francês e o espanhol, já demonstrava dinamismo e rara visão, sendo, daí, convidado a disputar o cargo de Pre- feito da cidade de Santa Maria, o qual ocupou a partir de 1927, nele aprimorando as suas habilidades de administrador e de homem público. . Através do lendário Sorges de Medeiros, travou co- nhecimento com Getúlio Vargas, o qual, quando se deslocava para sua fazenda em São Sarja, pernoitava na residência de Ribas, desses encontros nascendo a forte amizade que sem- pre os uniu. Vitoriosa a Revolução de 1930, quando o interventor do Paraná, general Mário Tourinho, renunciou ao cargo, Getú- lio foi buscar Manoel Ribas, então Prefeito de Santa Maria, para assumir essa relevante função, considerando-o a melhor solução para apaziguar os confrontos de grupos políticos do Paraná. Vargas, obviamente, também tinha em conta o suces- 2 Manoel Ribas saudando oPresoGetúlio Vargas quando davisita deste aoParaná 3 so de Ribas nas áreas empresarial e pública. No dia 30 de janeiro de 1932, Manoel Ribas assu- miu a Interventoria do Paraná, permanecendo à testa do go- verno paranaense por treze anos (de 1932 a 1934, como Interventor; de 1935 a 1937, como Governador eleito constitu- cionalmente; e de 1937 a 1945, outra vez como Interventor). Manoel Ribas, que não aceitava ser chamado de "doutor" ou de "coronel", mas apenas de "Seu Ribas", en- controu o Paraná em situação falimentar: quando tomou posse na Interventoria, a dívida interna era superior a 140 mil contos de réis e a externa atingia a assombrosa quantia de 90 mil contos de réis; os funcionários públicos estavam há um ano sem receber; o pagamento de juros e apólices sorteadas, encontrava-se suspenso ... O clima era de desconfiança, por- que os títulos emitidos pelo governo ':leixaram de ser resgata- dos nos vencimentos, determinando, em conseqüência, uma crise sem precedentes no comércio e na própria vida econô- mica do Estado. As rendas estaduais eram deficitárias em relação às despesas obrigatórias: para uma receita de 23 mil contos de réis, em 1932, havia uma despesa de 27 mil contos de réis. O inchaço no funcionalismo público, chaga que ainda hoje assola todo o País, era considerável, o que só fazia au- mentar o caos reinante. Frente a todas essas adversidades, Ribas não se amesquinhou. Uma das primeiras medidas radicais que ado- tou, foi a demissão sumária de 50% (cinqüenta por cento) do funcionalismo, o que gerou comentários do tipo - "O Maneco passou o facão nos servidores e cortou a folha pela metade". Daí se originou o apelido que o acompanhou até o fim de sua vida pública - "Maneco Facão". Muitas histórias são contadas a respeito de Ribas, colocando sempre' em foco o seu temperamento um tanto rude e as tiradas espirituosas que adotava nas mais variadas situ- ações. Afora o folclore em torno do verdadeiro mito chamado Manoel Ribas, o que deve ser ressaltado é a sua figura mai- úscula de administrador e de saneador da vida econômica do 4 Estado. Enfrentando todas as imensas dificuldades que encontrou no início de sua gestão, Ribas, em pouco tempo, aumentou a arrecadação estadual, sem majorar impostos, mas incrementado obras públicas necessárias, como a construção de estradas, pondo em contato fácil e rápido os centros de produção com os mercados de consumo. Wilson Martins, historiador e crítico literário de re- nome internacional, após dizer que o Paraná de hoje não poderia existir sem o governo de Manoel Ribas, acentua: "até 1930, o Paraná não tinha importância política nenhuma. Era um Estado obscuro, com a sua vidinha provinciana. Curitiba tinha 100 mil habitantes; o Norte do Paraná não existia para nós; o Porto de Paranaguá era uma coisa primitiva; toda a pecuária e agricultura eram rudimentares. O salto qualitativo do governo Manoel Ribas é coisa espantosa. Ele lançou os fundamentos, as bases, e a partir daí que o Estado se desen- volveu. Isso é cumulativo. O governo, por exemplo, promove a agricultura ou a pecuária, o que for; e o governo seguinte já recebe isto acumulado, já recebe todos os benefícios desta ação, e é a partir daí que ele continua. Sem querer exagerar, o Manoel Ribas começou mais ou menos da estaca zero. E os que vieram depois, não; se beneficiaram, já, com tudo o que estava feito". O professor David Carneiro, disse que "Manoel Ribas descobriu o Paraná para a geração presente e lançou seguros alicerces do Paraná para as gerações futuras: abriu- lhe o porto e rasgou estradas; criou escolas e fundou hospi- tais; compôs-lhe as finanças combalidas e estimulou, com grande descortino, as forças vitais de sua poderosa econo- mia; deu a conhecer a seu povo bravo e operante, as riquezas da terra incomparável. E despertou, em todos, a confiança neste Paraná que a geografia brasileira destinou para uma grande missão civilizadora". O acervo de obras deixado por Manoel Ribas, é impressionante: no plano rodoviário, sempre tendo em mira a 5 ligação da Capital e dos portos de mar, por estradas de roda- gem, aos principais centros produtores do Estado, reconstruiu a Estrada da Graciosa e construiu, como uma das maiores obras, a estrada do Cerne, ligando,ao longo de 700 quilometros,o litoral e a Capital do Estado ao Norte do Para- ná, via Piraí-Londrina e Piraí-Ribeirão Claro, o que colocou a região cafeeira em simbiose com o porto de Paranaguá e o sistema tributário do Estado; expandindo a cafeicultura e, com ela, o Norte do Paraná, desde então integrado, psicológica e administrativamente, ao resto do Estado", como diz Wilson Martins. Iniciou as obras das estradas de Curitiba a União da Vitória e de Ponta Grossa a Apucarana, intensificando o fo- mento à agricultura, mediante a construção de inúmeras esco- las rurais e distribuição de sementes selecionadas. Intensifi- cou a melhoria da pecuária com a criação de cavalos de corrida e a importação de reprodutores da raça "Jersey". Remodelou e reaparelhou o Porto de Paranaguá; construiu o Colégio Estadual do Paraná e "muito antes de ser a moda demagógica de nossos dias, Manoel Ribas desenvol- veu um programa sistemático de atendimento aos chamados "meninos de rua", não por meio de caridade assistencial, mas criando e desenvolvendo escolas profissionais como a Casa do Pequeno Jornaleiro, a Escola de Aprendizes Artífices, hoje Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-PR), o In- ternato de Meninas e a Escola Agronômica. Criou o Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas e possibilitou a insta- lação das poderosas Indústrias Klabin do Paraná. Implantou a obra revolucionária referente às con- cessões de terras, fazendo retornar ao patrimônio público estadual, milhares e milhares de hectares que, depois, de forma racional e escorreita, eram destinados aos trabalhos de colo- nização que incentivou. Como disse, enfim, seu filho Gustavo, "antes do meu pai, o Sul e o Norte do Paraná não sabiam da existência um do outro". A grande obra administrativa, pois, de Manoel Ribas, 6 tornou-se perene porque visou; antes de tudo, à perfeita integração das diversas regiões do Paraná, dentro de uma ótica onde a honestidade e o respeito pela coisa pública fo- ram os princípios maiores .. Ribas, ao fazer relatório de suas atividades ao Presidente da República, em suas palavras simples e since- ras, disse: "O que o meu governo fez, aí está para ser visto, examinado ejulgado. Se alguma vez errei, o foi na intenção de acertar; se acertei, valha-me a maior das satisfações, ou seja, a .de haver cumprido o meu dever". Com isso, resumia a sua filosofia de vida que, segundo seu filho Gustavo, foi "querer fazer, ser honesto e ter feito". Quando de sua morte, no dia 28 dejaneiro de 1946, o excelente administrador, o autodidata, o homem severo e rude, mas dono de um grande coração, recebeu manifesta- ções de profundo respeito e admiração de toda a comunidade paranaense. Ojornal "Gazeta do Povo", disse, na ocasião: "o desvelo administrativo, a solicitude do seu ânimo de homem experimentado e patriota, enfrentando a solução dos proble- mas que interessavam à coletividade, projetam seu governo às esferas da posteridade pelos marcos indeléveis que dei- xou, de benemerência pública, em todos os quadrantes da terra que tão bem governou".E o "Diário da Tarde" de Roberto Barrozo: ... Um outro Manoel Ribas estava sempre, ao lado do homem quase intratável. Era o Manoel Ribas a conduzir enfer- mos e a afagar os pequenos abandonados ou desvalidos. O Manoel Ribas que detestava a pusilanimidade e admirava os fortes, destemidos e francos. Era, afinal, o Manoel Ribas na casa dos desfavorecidos a enviar-lhe o carneiro, o suíno, a vaca, o poldro, as sementes, as roupas e agasalhos, os remé- dios. E os filhos às escolas rurais ...". A história do Paraná passa, obrigatoriamente, pela profícua gestão de Manoel Ribas, o homem que, por mais tempo, governou este Estado. Hoje, quando se dá o seu nome a este Complexo Ambiental, além de se fazer justiça a um dos mais brilhantes 7 filhos da Princesa dos Campos, cumpre-se, também, o que o próprio Manoel Ribas um dia afirmou aos seus amigos de Ponta Grossa, que desejavam trocar o nome da Praça Barão do Rio Branco pelo seu: "Não posso aceitar. Se algum dia, após a minha morte, vocês acharem que eu mereço, me ho- menageiem, mas não em detrimento de grandes brasileiros como o Barão do Rio Branco". E essa homenagem, embora tardia, é agora con- cretizada pela ação do Prefeito Paulo Cunha Nascimento, que, sensível aos clamores da história e aos vultos eméritos da Capital Cívica do Paraná, empresta o nome de Manoel Ribas a um dos logradouros mais modernos e aconchegantes da atualidade. Josué corrêe Femandes - Secretário Municipal de Administração e Negócios Jurídicos 8 o PARQUE AMBIENTAL GOVERNADOR MANOEL RIBAS EAS PRAÇAS DOAR, DA ÁGUA, DA TERRA E DO FOGO

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